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57 p. : il. color.
Inclui Referências
CDU 504
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INSTITUTO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL – IBAM
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Sumário
2.2.4 A Transamazônica................................................................................................. 21
3.2.1 Lavoura.................................................................................................................... 27
2.2.2 Pecuária.................................................................................................................. 29
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3.2.3 Silvicultura e extração vegetal............................................................................ 31
Bibliografia................................................................................... 55
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Bioma Amazônia e Desmatamento
CONTEXTUALIZAÇÃO
O Bioma Amazônia, que corresponde a 5% da
superfície terrestre e 40% da América do Sul,
está majoritariamente (60%) localizado em ter-
ritório brasileiro, exerce importante papel na
regulação do clima através da inter-relação en-
tre vegetação, solos, rios e outros elementos,
além de possuir uma grande biodiversidade.
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1. Características
gerais e a
importância do
Bioma Amazônia
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comunidades de organismos em avançados
1. CARACTERÍSTICAS estágios de sucessão ecológica.
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Saiba Mais! • Amazônia;
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Os números são igualmente monu- hídrica) é fundamental na compreensão
mentais. A Amazônia é o maior bioma e proposição de qualquer ação de inter-
do Brasil: num território de mais de 4 venção. Contudo, corremos ainda, por in-
milhões de km² (IBGE, 2004), cres- compreensão dessa inter-relação, o risco
cem 2.500 espécies de árvores (ou de eliminar elos importantes do encadea-
um terço de toda a madeira tropical mento dos processos naturais. Os avan-
do mundo) e 30 mil espécies de plan- ços recentes no conhecimento dessas
tas (das 100 mil da América do Sul). inter-relações têm que ser os direciona-
dores das ações de intervenção. Nesse
sentido, é importante que o pessoal en-
A Bacia Amazônica é a maior ba- volvido no planejamento e na gestão da
cia hidrográfica do mundo: cobre execução das ações esteja muito bem
cerca de 6 milhões de km2 e tem qualificado e atualizado sobre os temas.
1.100 afluentes. Seu principal rio,
o Amazonas, corta a região para
desaguar no Oceano Atlântico, lan- É importante destacar – para ilustrar o aspecto
çando ao mar cerca de 175 milhões das inter-relações intrínsecas e extrínsecas e
de litros d’água a cada segundo. das abrangências locais e regionais – as con-
(MMA, 2015). clusões do Relatório de Avaliação Científica
produzido por Nobre (2014), denominado
“Futuro climático da Amazônia”.
O Bioma Amazônia caracteriza-se principal-
mente pela ocorrência da Floresta Pluvial Esse estudo revela a importância das trocas
Tropical na ampla área abrangida pela bacia de gases, água e energia entre a atmosfera, o
hidrográfica do rio Amazonas, de 4.196.943 oceano e a floresta e comprovam o importante
km2 (IBGE, 2004). A área, correspondente a papel exercido pela Floresta Amazônica.
5% da superfície terrestre e 40% da América
do Sul, está majoritariamente (60%) localizada Podemos compreender esse importante papel
em território brasileiro. da floresta por meio de cinco fenômenos que
dependem da Floresta Amazônica:
Seus rios, mesmo possuindo características dis-
tintas entre si, escoam 20% do volume da água
doce do mundo e são influenciados pelo regi- 1 “Chafariz” de umidade
me de chuvas da região. Esse regime, por sua
vez, depende da circulação atmosférica e dos A floresta, mantendo úmido por evapo-
deslocamentos das massas de ar que estão inti- transpiração o ar em movimento, direcio-
mamente relacionadas à integridade da floresta. na as chuvas para o interior do continen-
te. Esta capacidade está relacionada à
Podemos perceber que há uma inter-relação capacidade das árvores, pela extensão e
entre elementos naturais que são caracterís- densidade da floresta, em transferir gran-
ticos do Bioma Amazônia, como seus rios, o des volumes de água para a atmosfera.
clima e a floresta.
2 Indução de chuvas
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3 Sucção de umidade Depois que as nuvens precipitam
seu precioso líquido sobre a flores-
A transpiração abundante das árvores da ta, grande parte da água se esguei-
floresta, associada a uma forte condensa- ra por entre o dossel e infiltra-se
ção na formação das nuvens, faz com que pelo permeável solo florestal, onde
a umidade seja mais forte que aquela so- é armazenada no pacote poroso do
bre os oceanos. Isso provoca a redução solo, ou mais abaixo, em aquíferos
da pressão atmosférica sobre a floresta, gigantescos, verdadeiros oceanos
que acaba por sugar o ar úmido que eva- subterrâneos de água doce.
porou do oceano para dentro da floresta.
Esse processo, conhecido como “teoria A água do solo começa seu retor-
da bomba biótica”, é capaz de aumentar no para a atmosfera absorvida por
e manter a disponibilidade das chuvas. profundos e sofisticados sugado-
res, as raízes; depois sobe desa-
4 “Rios aéreos” fiando a força da gravidade por 40
a 60 m, ou mais, em elaboradas
A floresta amazônica exporta “rios aéreos” tubulações no xilema dos troncos.
de vapor e, assim, transporta chuvas far- Sua última etapa passa pelas es-
tas para distantes regiões do continente truturas laminares evaporadoras
durante o verão. Isso garante o controle das folhas, versáteis painéis so-
da expansão de áreas desérticas no oes- lares químicos capazes de absor-
te dos Andes. ver a energia do sol e aproveitar a
carícia dos ventos para transpirar
e transferir copiosos volumes de
5 Estabilidade atmosférica
água vaporosa para a atmosfera,
completando assim o retorno do
A floresta amazônica tem efeito dosa- ciclo vertical iniciado com a chuva
dor e dissipador de eventos climáticos (NOBRE, 2014, p. 13).
extremos, como os furacões. A textura
absorvente do dossel florestal funciona
como uma “barreira” que atenua a ener- Assim, em concordância com o que conclui
gia dos ventos e inibe a organização de Nobre (2014), a Floresta Amazônica tem uma
furacões pela ocorrência dos ventos la- importância central para as atividades huma-
terais gerados pela “bomba biótica”. A nas que necessitam de chuvas e de um clima
fricção turbulenta local dos ventos com ameno, além de servir como proteção contra
o dossel da floresta impede a concen- eventos extremos que possam causar prejuí-
tração de energia dos ventos destrutivos zos materiais e perdas de vidas.
de furações e tornados.
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1.3 A vegetação e a importância para • Floresta Ombrófila Densa de
a biodiversidade Terras Baixas, geralmente distri-
buída nas planícies costeiras.
Abocanhando 49,29% do território brasileiro, a
Amazônia é hoje o maior bioma do mundo, que • Floresta Ombrófila Densa
abrange nove países (Brasil, Paraguai, Bolívia, Submontana, distribuída em solos
Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana mais secos alcançado o gradiente
Francesa e Suriname). São cerca de 40 mil de 600 m a oeste e nas encostas
espécies de plantas, 300 espécies de mamí- dos planaltos e sobre estas quando
feros, 1,3 mil espécies de aves, habitando em da ocorrência de solos mediana-
4,196.943 km² de florestas densas e abertas. mente profundos.
(ICMBIO, 2015)
• Floresta Ombrófila Densa
O Bioma Amazônia se caracteriza pela pre- Montana, distribuindo-se entre 600
valência de cobertura florestal caracterizada m e 2000 m de altitude, nos platôs e
como Florestas Úmidas, Florestas Pluviais serras mais elevadas da Amazônia.
Tropicais, atualmente denominadas de
Florestas Ombrófilas Densas (ombrófilo, do
grego: amiga da chuva), terminologia adotada Saiba Mais!
pelo IBGE (2012).
Dossel
Tais florestas dominam tanto as planícies alu-
viais dos rios quanto as terras mais secas ou É a parte superior das florestas, princi-
altas, predominantes e identificadas como re- palmente tropicais, que atinge entre 30
gião de Terra Firme (VIEIRA, 1992). m e 50 m de altura. É um “oceano verde
e vivo” ocupado pela copa das árvores,
Saiba Mais! que atuam como uma barreira física às
gotas de chuva e um filtro para a radia-
Planícies aluviais ção solar. Estudos recentes demonstram
que guardam uma enorme biodiversida-
São áreas de pouquíssima inclinação, de (de 70% a 90% das formas de vida
formadas pelo acúmulo, ao longo do das florestas tropicais).
tempo, dos sedimentos transportados
pelos rios.
A variação mais marcante da Floresta
Ombrófila Densa ocorre na Floresta Ombrófila
Essas florestas correspondem a 41,67% do Densa Aluvial, nas planícies ao longo do rio
Bioma Amazônia (MMA, 2006), sendo compos- Amazonas e de seus grandes afluentes, onde
tas, em geral, por árvores altas com dossel. se situam duas grandes formações vegetais:
Podem ou não apresentar árvores emergentes
e se distribuem sobre ambientes diferenciados,
recebendo então denominações mais específi- • Matas de várzeas – periodica-
cas, a seguir listadas: mente inundadas pelas flutuações
cíclicas dos rios.
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Entre outras formações florestais no Bioma Além das formações florestais, o Bioma
Amazônia, que não se enquadram na catego- Amazônia apresenta também outras tipologias
ria de Floresta Ombrófila Densa, destaca-se vegetacionais:
a ocorrência de:
• savana;
• Floresta Ombrófila Aberta – li-
gada à transição climática de úmi- • campinarana;
do a seco.
• formações pioneiras;
• Florestas Estacionais
Semideciduais / Deciduais – até • refúgio vegetacional e suas va-
pouco tempo, eram considera- riações transicionais.
das como transições do Bioma.
Apresentam quatro faciações flo-
rísticas que alteram sua fisionomia: As áreas de transição em geral coincidem com
com palmeiras, com cipós, com faixas de transição climática e de contato entre
bambus e com sororocas. formações geológicas distintas.
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ambientes biogeográficos diferenciados. A in-
TIPOLOGIAS teração das diversas formas de vida animal e
VEGETACIONAIS OCORRÊNCIA vegetal e, principalmente, na atualidade, com a
DO BIOMA ocupação humana, tem criado paisagens dis-
tintas de diferentes matizes naturais e culturais.
Refúgio
Norte do estado do Atenção!
Amazonas e sudoeste
vegetacional
do Pará. A conservação dessa biodiversidade
está sustentada pelo equilíbrio das con-
dições ambientais dos elementos de sua
própria formação. Isto significa dizer que
alterações no regime hidrológico, no cli-
O quadro anterior permite constatar a grande ma e nos processos de disponibilização
diversidade vegetacional, tanto das formações de nutrientes do solo via interação fauna/
florestais quanto das tipologias não florestais do flora e micro-organismos podem causar
bioma e, a partir dessa percepção, considerar danos irreversíveis ao Bioma, depen-
a Amazônia sem a lente da “homogeneidade”. dendo de sua escala e magnitude.
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escalas. No plano local, o tema é cada vez devido a sua importância cultural, econômica e
mais relevante na medida em que grupos so- ambiental. Sobre essa diversidade, o Ministério
ciais se ressentem dos efeitos negativos de do Meio Ambiente afirma que:
algumas atividades produtivas e da expansão
urbana descuidada. Essas atividades, que
causam prejuízos à biodiversidade, afetam a As estimativas situam a região ama-
produtividade pesqueira, a disponibilidade de zônica como a maior reserva de ma-
espécies vegetais de subsistência e, também, deira tropical do mundo. Seus recur-
a qualidade das águas. sos naturais – que, além da madeira,
incluem enormes estoques de borra-
A importância da conservação da biodiversida- cha, castanha, peixe e minérios, por
de do Bioma Amazônia também se consolidou exemplo – representam uma abun-
no plano internacional e na esfera política/insti- dante fonte de riqueza natural. A re-
tucional, via pressões de ONGs e representan- gião abriga também grande riqueza
tes governamentais. cultural, incluindo o conhecimento
tradicional sobre os usos e a forma
A atenção internacional, além de alavancar ini- de explorar esses recursos naturais
ciativas de suporte para ações locais de preser- sem esgotá-los nem destruir o habi-
vação ambiental e de comunidades indígenas, tat natural. (MMA, 2015).
tem promovido numerosos estudos científicos
que contribuem para dar suporte à implemen-
tação de políticas, planos, projetos e ações de Atenção!
defesa e de desenvolvimento sustentável.
É fundamental perceber que todo o po-
A biodiversidade representa, além do valor tencial natural ou econômico do Bioma
cultural atribuído à preservação do ambiente Amazônia não esconde sua fragilidade.
natural, um verdadeiro estoque de material ge- A floresta vive a partir de seu próprio ma-
nético no campo biotecnológico. Além do va- terial orgânico, via reciclagem natural de
lor comercial, tal estoque está associado, por nutrientes. Seu delicado equilíbrio é ex-
exemplo, à segurança alimentar e à produção tremamente sensível a quaisquer inter-
de medicamentos. E, por ser indispensável à ferências de eliminação da vegetação.
manutenção da cobertura florestal, a biodiver- Uma vez eliminada a floresta, o solo se
sidade está diretamente associada às funções torna árido, improdutivo e incapaz de es-
climáticas da Floresta Amazônica. tocar quantidade significativa de nutrien-
tes. (RICHARDS, 1981).
Além disso, em função da preocupação com
eventos associados à perda de biodiversidade
e às mudanças climáticas, os quais têm impac- A questão crítica para a manutenção da rique-
tos diretos sobre a sociedade humana, institui- za natural da Amazônia é a contradição entre a
ções científicas têm investido na estocagem de importância da sua biodiversidade e as demais
sementes em estado de dormência abrigadas funções ambientais e o quadro de ocupação
em estruturas artificialmente mantidas sob es- humana da região que se caracteriza por:
trita regulagem climática. As florestas, em adi-
ção às suas outras funções, também desempe-
nham esse papel, contribuindo para assegurar, • baixos índices socioeconômicos
dentro do seu raio de influência, a manutenção da região;
da vida no planeta.
• carência de tratamento ade-
Existem ainda outros elementos alvo de es- quado às populações nativas e
forços de conservação no Bioma Amazônia tradicionais;
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• confusos padrões de propriedade
das terras;
Saiba Mais!
A Amazônia tem uma importância que
vai além da escala nacional. A geopolíti-
ca da Amazônia é título e tema de um ar-
tigo que trata justamente das demandas
pelo planejamento do desenvolvimento
da região abordando os diversos interes-
ses envolvidos nesse processo.
Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pi-
d=s0103-40142005000100005&script=-
sci_arttext
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2. Histórico de
Exploração e
Colonização no
Bioma Amazônia
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altas cabeceiras dos rios. Algumas tribos indí-
2. HISTÓRICO DE genas encravadas na floresta e parte dos ha-
bitantes atuais das várzeas são os herdeiros
EXPLORAÇÃO E dessa cultura.
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Uma nova visão surgiu, amparada no desejo 2.2.1 A ferrovia Madeira-Mamoré
de conquista e construída na experiência da
árdua sobrevivência dentro de um ambiente A construção da primeira estrada de ferro teve
desconhecido visando à sua exploração eco- início no estado do Pará, no final do século XIX,
nômica e à ampliação de fronteiras. Muitas vi- com o objetivo de escoamento de produção.
das humanas foram perdidas nessas aventu- Conhecida como Madeira-Mamoré, de grande
ras visionárias. dificuldade construtiva e com percurso de 366
km, só foi viabilizada em 1913, após quatro
A imagem exótica de Paraíso Verde foi sendo tentativas iniciadas 40 anos antes. Sua cons-
apagada pela imagem de Inferno Verde. Esse trução causou a morte de mais de 6.200 pesso-
conceito se consolidou a partir de iniciativas as em virtude da precariedade das condições
desastradas de domínio da floresta e do de- de trabalho e das adversidades ambientais.
sencanto com o encerramento do ciclo econô-
mico da borracha e o declínio econômico daí
decorrente.
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2.2.2 A construção de Brasília motivando a declaração de Kubitschek em
1960: “A Brasília-Acre é mais importante do
A construção de estradas locais ligando Manaus que a Brasília-Belém, pois Belém tem saída
a cidades próximas com o objetivo de fomentar para o Atlântico, ao passo que esta região se
a instalação de núcleos agrícolas só avançou na via terrivelmente confinada, sem um pulmão
década de 50. Mas, na verdade, o que permane- por onde pudesse respirar.” (BATISTA, 1976).
cia evidente era que a região Amazônica continu-
ava isolada do resto do território nacional. Esse É importante destacar a incrível diferença de
fato inspirou o presidente Juscelino Kubitschek paradigmas na comparação com os dias atu-
a transformar Brasília em “um trampolim para ais. Na década de 60, na região norte, as es-
a conquista da Amazônia” (BATISTA, 1976), ou tradas eram comparadas aos pulmões, pois
seja, um ponto de ligação com o norte do país. traziam vida às cidades asfixiadas pela mata.
Contudo, atualmente, a floresta é vista como o
“sustento” da vida!
2.2.3 A construção da Brasília-Belém
A década de 60 foi marcada pelo investimen- 2.2.4 A Transamazônica
to em rodovias de longo percurso, tornando-se
uma prioridade nacional para a integração da Na década de 70, com os governos militares,
Amazônia com o resto do país, principalmente surgiu a concepção da Transamazônica − ro-
com o centro do poder federal. dovia transversal que cortava a Amazônia de
leste ao oeste − com a finalidade de integrar a
região ao Nordeste e estabelecer conexões ro-
doviárias com os portos fluviais já consolidados
na região.
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região e à de seus povos tradicionais. Essa prá- de terra firme, apresentam um ambiente ins-
tica gerou conflitos e calamidades, algumas irre- tável para a agricultura (FRAXE, PEREIRA e
versíveis, com destaque para a perda galopante WITKOSKI, 2007).
daquilo que é considerado no jargão econômi-
co, como “ativos” florestais ou “capital” florestal. Sua dinâmica, caracterizada por flutuações drás-
ticas e anuais das águas, impõe limitações para
as formas de uso produtivo dos recursos dispo-
2.3 Políticas de colonização do níveis. Mas, sendo previsíveis, essas alterações
governo sazonais e cíclicas permitem que agricultores
desenvolvam, em pequena escala, estratégias
Migrações internas significativas, oriundas do adaptativas que vêm garantindo, gerações após
Nordeste, do Sul e do Sudeste, foram atraí- gerações, a ocupação humana das várzeas seja
das pelas políticas de colonização do governo. como espaço de moradia ou de uso.
Novos povoados surgiram e se expandiram,
originando Municípios, alguns de origem asso- Assim, ao contrário das áreas de cobertura flo-
ciada às companhias colonizadoras. restal ou de suas áreas transicionais, as vár-
zeas podem hoje ser consideradas como uma
A agropecuária se tornou um grande negócio, “fronteira agrícola” consolidada. Configuram
atraindo grandes investidores e, como supor- ambientes que provavelmente continuarão a
te, expandindo sistema bancário e o industrial, ser ocupados produtivamente pela agricultura
bem como atraindo empresas médias de di- familiar, ou de pequena escala, distintos da-
versos setores, graças aos benefícios fiscais e quelas áreas de terra firme alcançadas pela
subsídios públicos ofertados. abertura de rodovias e em constante alteração
antrópica, foco do agronegócio.
Os estados do Mato Grosso, Tocantins e parte
dos estados do Pará, Maranhão, Rondônia e Saiba Mais!
Roraima são detentores de um modelo de ocu-
pação extensivo em área (BECKER, 2005). Conheça o documentário “Amazônia
Revelada: os descaminhos ao longo da
Em contraste, o modelo de ocupação do estado BR-163”.
do Amazonas é pontual, baseado na concen-
tração industrial na Zona Franca de Manaus, Disponível em: <https://www.youtube.
mediante investimentos em alta tecnologia. Os com/watch?v=6P2eqk_ha2I>.
estados do Acre e do Amapá são identificados
com a implementação de modelos de ocupação
territorial baseados na utilização da floresta.
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3. Desmatamento
e Atividades
Econômicas no
Espaço Rural da
Amazônia
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áreas correspondem também às áreas de ex-
3. DESMATAMENTO E pansão da fronteira agrícola e de maior con-
centração de rodovias federais e estaduais.
ATIVIDADES ECONÔMICAS
Esse cenário amplamente conhecido de re-
NO ESPAÇO RURAL DA lação entre desmatamento, abertura de es-
tradas e avanço da fronteira agropecuária
AMAZÔNIA na Amazônia representa um grande desafio
à gestão ambiental no Bioma, uma vez que
A presente unidade oferecerá um panora- as rodovias são importantes vetores de inte-
ma geral do desmatamento na Amazônia, gração dos Municípios da região entre si e
com ênfase nos processos da década atual. com as regiões vizinhas, e que as atividades
Complementarmente, trataremos das princi- agropecuárias são elementos importantes
pais atividades econômicas do espaço rural para geração de renda para a população e
amazônico que estão associadas diretamente para o PIB de diversos Municípios.
ao desmatamento, buscando caracterizá-las
no contexto da dinâmica econômica regional. Dentre as produções agropecuárias, a pecu-
ária extensiva e a lavoura “convencional” –
em especial a de soja – impõem pressão pela
3.1 O Desmatamento no Bioma derrubada de grandes extensões de floresta
Amazônia para a sua expansão, e não são, em geral,
produções relacionadas a produtores familia-
A distribuição espacial das áreas desma- res de pequeno e médio porte.
tadas até o ano de 2012 (INPE/PRODES,
2012) segue um padrão espacial de maior As rodovias, apesar do papel de conectivida-
concentração nas áreas de fronteira entre o de espacial, tornam acessíveis e/ou viáveis
Bioma Amazônia e o Bioma do Cerrado. Tais novas áreas à ocupação regular e irregular,
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à exploração legal e ilegal de madeira e ao área abrangida pelo programa, com destaque
surgimento de novas vilas e pequenos núcle- para os estados do Maranhão e Tocantins,
os urbanos. que ultrapassam o dobro da porcentagem de
desmatamento médio dos estados, como po-
Saiba Mais! demos observar no gráfico da Figura 2.
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Diversos fatores são apontados por essas Grosso, Rondônia e Pará. Assim como a pre-
instituições como causas do recente aumen- sença de estruturas rodoviárias com acesso
to, algumas das quais já amplamente conhe- e escoamento da produção, como anterior-
cidas. O aumento dos preços dos produtos mente mencionado.
agrícolas tem, historicamente, influência no
aumento do desmatamento, inclusive para
fins especulativos.
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causar impactos significativos na biodiver- 3.2.1 Lavoura
sidade, pouco altera o padrão de resposta
à radiação eletromagnética do conjunto das Com relação à produção de lavoura permanen-
copas das árvores, seja por conta da reso- te, o estado de Rondônia, com a produção de
lução espacial, radiométrica, ou espectral café, e o estado do Pará, com pimenta-do-rei-
inadequada dos sensores, seja por conta no, destacam-se, atingindo valores de apro-
do fato de parte dos indivíduos vegetais re- ximadamente 291 milhões e 346 milhões de
movidos estarem com suas copas localiza- reais, respectivamente, no ano de 2012. Tais
das abaixo dos indivíduos de maior porte. valores são equivalentes a 277 reais por km²
Contudo, há estudos avançados na elabora- no Pará e 1.225 mil reais por km² em Rondônia,
ção e proposição de metodologias para de- considerando a razão do valor da produção pe-
tecção e monitoramento dessa modalidade las áreas dos estados (IBGE, 2013).
de desmatamento.
Já em relação à lavoura temporária, a de
soja, no Mato Grosso, esta destaca-se muito
Atenção! em relação às demais produções, atingindo
valor absoluto de 14,9 bilhões de reais e 16,5
Existem duas formas principais pelas mil reais por km². Destacam-se, ainda, as
quais ocorre a extração de madeira, co- produções de soja do Maranhão, com valor
mumente chamadas de corte seletivo absoluto de 1,22 bilhões de reais e 3,6 mil re-
e de corte raso. ais por km², e mandioca, no Pará, com valor
absoluto de 1,19 bilhões de reais e 951 reais
O corte seletivo é caracterizado pela por km² (IBGE, 2013).
derrubada e extração de pequenas quan-
tidades de indivíduos vegetais, muitas ve- Cabe ainda mencionar que, além do alto
zes selecionados, em meio aos demais, valor de produção da soja no Mato Grosso,
em função de seu maior valor de merca- observa-se também nos demais estados do
do. Esse tipo de corte é mais difícil de ser Bioma Amazônia uma tendência geral de
detectado por instrumentos de monitora- aumento do valor de produção de soja entre
mento por sensoriamento remoto. os anos de 2008 e 2012. Isto ocorre exceto
no estado do Acre, para o qual o IBGE não
O corte raso ocorre com a abertura de contava com dados disponíveis referentes ao
grandes áreas em meio à floresta, na ano de 2012, apesar do aumento do valor de
maioria dos casos com o uso de maqui- produção entre 2008 e 2010 (IBGE, 2013).
nário e com o intuito de que a área sirva
a outras atividades, como a lavoura e a
pecuária, após o corte da floresta.
Saiba Mais!
O Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) disponibiliza um vas-
to acervo de dados oriundos de suas di-
versas frentes de coleta de informações
3.2 Atividades econômicas no
sobre as regiões, estados e Municípios
ambiente rural associadas ao
do país. Parte significativa desses da-
desmatamento
dos pode ser facilmente coletada por
meio do Sistema IBGE de Recuperação
Trataremos agora de caracterizar as prin-
Automática (SIDRA).
cipais atividades econômicas no meio rural
Amazônico que, direta ou indiretamente, es-
Disponível em: http://www.sidra.ibge.
tão associadas ao desmatamento e à gestão
gov.br/
ambiental.
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O gráfico da Figura 3 nos permite comparar Contudo, o valor da produção de soja nos es-
o valor de produção de soja nos estados do tados do Acre, do Amazonas e de Roraima
Bioma Amazônia nos anos de 2008, 2010 e ainda é muito inferior ao dos demais esta-
2012. É possível notar que, apesar de o esta- dos, evidenciando que a fronteira da soja, até
do do Mato Grosso se destacar dos demais, 2012, ainda não avançava de forma expres-
há tendência de aumento no valor da produ- siva sobre esses estados.
ção em todos os estados do Bioma.
O cultivo da soja é uma das principais ativi- • Entre 1970 e 1985: marcada pela
dades econômicas associadas ao desmata- modernização da atividade, incen-
mento e a outros impactos ambientais sobre tivada por programas de crédito,
o Bioma Amazônia. É, em muitos casos, im- expansão de infraestrutura, inves-
plantado, com grau significativo de mecani- timentos em pesquisa, programas
zação e uso de insumos químicos, após o es- de colonização – que induziram
gotamento do solo pela atividade de pecuária fluxos migratórios da região Sul
bovina extensiva. para o Centro-Oeste e Norte, tam-
bém em função de outras ativida-
O cultivo da soja vem sendo incentivado des – e formação dos “complexos
há décadas no Bioma do Cerrado e, na úl- agroindustriais”.
tima década, avança rapidamente sobre a
Amazônia, estando já consolidado nas áreas • De 1985 até a metade da primei-
de transição entre os dois biomas. ra década do século XXI: marcada
pela expansão e consolidação da
Segundo Fernández (2007), temos três fases agricultura mecanizada no Cerrado
da produção de soja no Brasil: e pelo avanço da lavoura de soja
em direção ao Bioma Amazônia.
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se por um lado havia programas inovadores da legislação ambiental e dos direitos das
voltados à proteção da floresta amazônica populações indígenas e investimentos em
oriundos de parcerias internacionais, por ou- grandes obras de infraestrutura representam
tro, diversos países europeus e o Japão es- indícios da continuidade – ou da retomada –
timulavam a expansão da produção de soja, desse cenário dicotômico na Amazônia.
com apoio de investimentos públicos e priva-
dos em infraestrutura e pesquisa. Se tais investimentos encontram-se de um
“lado”, do outro “lado” ocorrem inciativas
Tais processos se enquadravam perfeitamen- de descentralização da gestão ambiental
te no cenário estudado por Becker (2004), para a escala municipal, de implantação do
que consistia em uma forte contradição entre Cadastro Ambiental Rural (CAR) visando
o modelo de desenvolvimento adotado para fomentar a regularização ambiental, além de
a região e os ideais de sustentabilidade. políticas de incentivo à produção de pequeno
porte e à autogestão das atividades das po-
A pesquisadora cita como exemplos, na segun- pulações tradicionais.
da metade da década de 1990, as diversas ini-
ciativas de criação de corredores ecológicos, Saiba Mais!
proteção de recursos naturais e incentivo ao
desenvolvimento de atividades sustentáveis O Cadastro Ambiental Rural (CAR) e
locais e regionais, enquanto, em oposição, im- outras políticas, instrumentos e inicia-
plantavam-se amplos corredores de desenvol- tivas voltadas à conservação ambien-
vimento, com foco no crescimento econômico. tal e regularização ambiental municipal
são assuntos tratados em alguns dos
Para Becker (2004), a Amazônia do final do outros cursos oferecidos pelo Programa
século XX foi marcada por esses dois cená- de Qualificação da Gestão Ambiental –
rios que se contrapõem, embora com sinais Municípios Bioma Amazônia. Consulte
de mudanças. Tais cenários refletiam o inte- nosso portal na internet para conhecer os
resse nacional em seus valores (econômicos demais cursos atualmente disponíveis.
e históricos) e, também, a incorporação de
demandas por cidadania. Disponível em: http://amazonia-ibam.org.br/
29 | Página
tradicionais da pecuária que, na virada do estoques de pescado no Nordeste Paraense,
século XX para o XXI, já mantinham consi- Médio Amazonas e costa Norte do Amapá.
derável produtividade, como a produção de
pescado para consumo interno e para expor- Devido à sua importância econômica e para
tação ao Nordeste e Sul do país. o desmatamento na Amazônia, cabe discutir
de maneira mais aprofundada a pecuária bo-
Contudo, segundo o mesmo autor, tal movi- vina. O avanço da pecuária bovina extensiva
mento comercial, ainda estaria, na década de é hoje a principal causa de desmatamento,
2000 à margem da fiscalização legal e am- principalmente nas porções Sul e Sudeste do
biental. E, em contrapartida – mais uma vez Bioma Amazônia.
relacionada ao padrão dicotômico das polí-
ticas e investimentos na Amazônia (Becker, Para avaliar o cenário da pecuária bovina
2004) – houve significativo aumento da pes- voltada ao mercado de carne, podemos ob-
ca industrial ao longo das duas últimas déca- servar os abates realizados ao longo dos me-
das do século XX e início do XXI, com práti- ses dos anos de 2011 a 2013, no gráfico da
cas mais predatórias e reflexos adversos nos Figura 4.
30 | Página
deslocam sua atenção e esforços para asse- 3.2.3 Silvicultura e extração vegetal
gurar a posse da terra, proteger-se da violên-
cia do campo e enfrentar as condições precá- Em relação à silvicultura, em valor absoluto,
rias a que estão submetidas suas produções. destaca-se a produção de madeira em tora, no
Nesse cenário, ficam prejudicadas a proteção Pará, atingindo 231 milhões de reais. Contudo,
e o adequado manejo dos recursos naturais. a razão do valor da produção pela área estadu-
al da produção no Pará chega a “apenas” 185
Segundo Rivero et al. (2009), mesmo o avan- reais por km², enquanto a produção de madeira
ço da agricultura em larga escala – destacan- em tora do Amapá alcança 547 reais por km² e
do-se a soja – no final da primeira década a de carvão vegetal do Maranhão, 292 reais por
do século XXI, não teve impacto significativo km², com valores absolutos de 78 milhões e 96
na redução da influência da pecuária sobre milhões de reais, respectivamente (IBGE, 2013).
o desmatamento por meio da abertura de
novas áreas para pastagens. O processo de A produção de madeira em tora também se des-
avanço da pecuária sobre a floresta mante- taca na atividade de extração vegetal. Os esta-
ve-se acima do ritmo médio do país, na dé- dos do Pará e Mato Grosso, com valores abso-
cada de 2000. lutos de 862 e 637 milhões, respectivamente, e
valores por km² de 691 e 706 reais, respectiva-
Rivero aponta que a pecuária bovina neces- mente, destacam-se dos demais (IBGE, 2013).
sita de pouco capital para implantação em
grandes áreas em comparação a outras ati- Considerando o conjunto dos nove esta-
vidades menos impactantes, pouco preparo dos abrangidos pelo programa, apenas no
do solo e é pouco restringida pelo relevo e Amazonas, o principal produto de extração ve-
clima da região. getal não é madeira ou derivado, consistindo
em gêneros alimentícios variados, atingindo
Para o autor, um combate eficiente ao des- valores absolutos de 105 milhões de reais e 67
matamento causado pela pecuária bovina reais por km² (IBGE, 2013).
deve estar focado sobre a mitigação dos fa-
tores que favorecem sua expansão/avanço De fato, observando a distribuição espacial dos
sobre novas áreas, o favorecimento da inten- polos madeireiros na Amazônia na Figura 5,
sificação da atividade em detrimento do mo- percebe-se a concentração das atividades nos
delo extensivo, o incentivo e favorecimento mesmos estados onde os valores mais altos de
de boas práticas e, também, deve considerar silvicultura e extração vegetal correspondem à
estratégias diferentes para os grandes e os madeira e derivados (IBGE, 2013).
pequenos produtores.
31 | Página
Mediante a análise da Figura 5, percebemos o acapu e a virola, antes abundantes no estuário
que também há relação entre a localização dos próximo da embocadura do rio Amazonas.
polos madeireiros, as áreas de maior acúmulo
de desmatamento (INPE/PRODES, 2012) e os Assim, não seria equivocado afirmar que a ges-
principais eixos rodoviários, que também cor- tão ambiental na região do Bioma Amazônia
respondem às áreas de maior valor de produ- tem como grande desafio o planejamento, a
ção agropecuária (total) por km² (IBGE, 2013). gestão e a fiscalização, de maneira integrada
das atividades agropecuárias e extrativistas na
O Serviço Florestal Brasileiro e o Imazon região e seus eixos de integração rodoviária.
(2010) desenvolveram estudos para identificar
quais fatores seriam os principais indutores
da expansão do setor madeireiro com vistas a 3.2.4 Mineração
combater atividades associadas à extração ile-
gal. As conclusões a que chegaram indicam os Outro aspecto de relevância para o entendi-
seguintes principais fatores indutores: mento das pressões econômicas que incidem
na região é a ocorrência da atividade de mine-
ração, tanto a intensiva, em locais específicos
1. A construção de estradas, pos- de ocorrência mineral, como a extensiva ao
sibilitando acesso às florestas den- longo de determinados rios e seus afluentes.
sas de terra firme, com madeiras
de valor comercial. A atividade de mineração tem a potencialidade
de produzir um impacto direto maior do que as
2. Baixo custo de aquisição da ma- atividades agropecuárias em termos de polui-
deira, consequência de fiscalização ção ambiental, com reflexos também diretos na
ambiental e fundiária incipiente. saúde humana.
32 | Página
No caso da mineração nos rios, geralmente na Em publicação relacionada a conflitos no cam-
forma de garimpos, ocorre a consequente polui- po brasileiro, a Comissão Pastoral da Terra
ção dos rios por produtos químicos como o mer- (CPT) (CANUTO, et al. 2013) trata de diversos
cúrio, nocivo à saúde humana e outras formas temas associados a conflitos socioambientais.
de vida, além da intensificação dos processos A questão da mineração aparece associada di-
de assoreamento que prejudicam a dinâmica versas vezes à ocorrência de regimes de tra-
hidrológica e o trânsito de espécies aquáticas, balho escravo e à denúncia de impactos sobre
com consequências sobre a cadeia alimentar. terras indígenas e unidades de conservação.
33 | Página
4. Gestão Territorial e
Desmatamento
34 | Página
4. GESTÃO TERRITORIAL E 4.1 Questões fundiárias
DESMATAMENTO As questões fundiárias estão diretamente as-
sociadas ao desmatamento. As políticas de in-
Na presente unidade, abordaremos aspectos centivo, controle e regularização da ocupação
associados à gestão territorial na Amazônia das terras tem um reflexo direto sobre a aber-
relacionados direta ou indiretamente ao des- tura de novas áreas pela derrubada da floresta
matamento e à gestão ambiental. Não se tem e sobre o cenário socioambiental.
por objetivo, no presente curso, tratar de to-
das as questões relacionadas à gestão territo- Na Tabela 1 podemos notar que, no ano de
rial e ao desmatamento. Busca-se focar sobre 2013, 66% do desmatamento ocorrido na
aquelas de maior pertinência nos principais Amazônia se deu em assentamentos, terras
debates do meio acadêmico e da gestão pú- públicas não destinadas e terras sem informa-
blica atualmente. São três temas principais: ção fundiária. Tal quadro ilustra o resultado de
as questões fundiárias, as áreas protegidas e processos de apropriação fundiária inadequa-
as grandes obras de infraestrutura. da aos ideais de conservação e sustentabilida-
de, que ocorrem há décadas na Amazônia.
No entanto, é sempre adequado estarmos aten-
tos a questões peculiares de cada Município Para que se possa compreender tal cenário,
que podem extrapolar a lista de questões aqui é importante tratar de processos fundiários
apresentadas e debatidas. bastante distintos, mas que estão ambos as-
sociados ao desmatamento na Amazônia, a
grilagem de terras e a implantação de assen-
tamentos de reforma agrária.
35 | Página
4.1.1 Grilagem de terras
Essa prática ilegal, associada a graves
A apropriação privada irregular ou ilegal de ter- impactos sociais, econômicos e ambien-
ras públicas, também denominada grilagem, tais, é parte das dinâmicas econômicas
tem sido bastante frequente na formação da da Amazônia, estando associada à espe-
propriedade privada rural no Brasil. O fenôme- culação fundiária para revenda de “pro-
no da grilagem é tão antigo que se torna difícil priedades” e movimentando, assim, de
determinar em que momento ele se tornou um forma ilegal, grandes quantias de capital
procedimento recorrente. e de recursos naturais.
36 | Página
competentes, seja no tocante ao corpo técnico,
seja nas suas condições materiais.
4.1.2 Assentamentos de reforma Pode-se citar como exemplo a ação civil públi-
agrária ca por ato de improbidade administrativa mo-
vida contra o INCRA, pelo Ministério Público
Como importante agente de transformações de Federal, em 2007, em função das irregularida-
uso e cobertura do solo e consequente abertu- des na criação de Projetos de Assentamento e
ra de novas áreas na região, temos os projetos Projetos de Desenvolvimento Sustentável entre
de assentamentos de reforma agrária, que não os anos de 2005 e 2006, no Pará (MPF, 2007).
apenas ocasionam a derrubada da vegetação
nativa – dentro de limites estabelecidos legal- Como outro exemplo de problemas atrelados
mente, atualmente 20% da área dos lotes – aos programas de assentamento, em 2005,
para implantação de atividades agropecuárias, Oliveira abordava a grilagem e a violência, de-
mas também a abertura de estradas. nunciando, entre outros, a apropriação ilegítima
37 | Página
de terras que deveriam ser destinadas à refor- pelo Governo Federal, descaracterizando so-
ma agrária no Oeste do Pará e a criação de um cialmente os assentamentos.
grande número de projetos de assentamentos
e de projetos de desenvolvimento sustentável Ainda nesse sentido, a incerteza fundiária (vide
sem a devida avaliação da viabilidade econô- situações de assentamentos irregulares, ou em
mica e ambiental. conflito territorial e fundiário, comentadas ante-
riormente), os atrasos na concessão de crédito
Ilustrando a permanência da questão como e a implantação de infraestruturas representam
um elemento central frente ao desmatamento, ameaças à sustentabilidade dos assentamen-
29% do total das áreas desmatadas no ano de tos e colaboram para o aumento do desmata-
2013 estavam localizadas em assentamentos, mento nessas áreas.
ao passo que, as áreas protegidas, incluindo
terras indígenas, Unidades de Conservação Segundo Castro (2005), a situação do desma-
de proteção integral e Áreas de Proteção tamento, atrelado aos assentamentos, é agra-
Ambiental, juntas, “contribuem” com apenas vada pela relação desse instrumento com um
14% das áreas desmatadas em 2013. sistema de apropriação de recursos naturais,
em que o assentamento é o primeiro passo
Cabe, porém, destacar que, considerando o so- para a exploração de diversos recursos.
matório das áreas desmatadas em proprieda-
des privadas, terras públicas não destinadas e Saiba Mais!
terras sem informação fundiária, têm-se 57% do
total da área desmatada em 2013, na Amazônia, Tourneau e Bursztyn (2010) tratam das
conforme podemos notar na Tabela 1. contradições entre a política agrária e a
política ambiental na Amazônia, em tor-
Não obstante, em publicação conjunta, IMAZON, no dos assentamentos. Trata-se de um
ISA e IPAM (2013), afirmam, com base de di- artigo cuja leitura pode favorecer uma
versas fontes, que 75% dos desmatamentos abordagem crítica das questões asso-
em assentamentos, no ano de 2013, foram su- ciadas ao desmatamento em assenta-
periores a 10 hectares, enquanto a maioria dos mento e às políticas públicas.
assentados desmata em torno de 2 hectares por
ano, em geral para fins de subsistência. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/
asoc/v13n1/v13n1a08.pdf
Além disso, apontam que 50% do desmata-
mento em assentamentos foram oriundos de
apenas 55, de um total de mais 2.700. Segundo O assentamento se converte, nessa lógica,
as fontes citadas, trata-se de um indício de em ferramenta de legitimação da apropriação
concentração de terras por não assentados, privada de terras públicas por grandes empre-
corroborando para o questionamento de que sas do ramo madeireiro, da produção de soja
o problema mais grave, que associa assenta- e pecuaristas.
mentos ao desmatamento na Amazônia, não
está na criação dos assentamentos em si, mas Segundo a autora, ao observar a dinâmica da
no inadequado planejamento, gestão, ou desti- região no início do século XXI, apesar do dis-
nação final das terras. curso de modernização das práticas produti-
vas, o que se verifica é uma corrida por terras
No mesmo sentido desse questionamento, calcada na visão imediatista e predatória dos
Calandino, Wehrmann e Koblitz (2012), após recursos naturais, própria de parte significativa
análises de assentamentos e desmatamentos dos agentes produtivos que vêm estruturando
no estado do Pará, apontam que, muitas ve- a economia da Amazônia em detrimento das
zes, os de fato beneficiários dos assentamen- demandas ambientais.
tos não fazem parte do público alvo definido
38 | Página
E, nesse percurso, corrompem essa ferramen- A extensão ocupada por UCs cobre aproxi-
ta – assentamentos de reforma agrária – que madamente 1.122.293 km², cerca de 25% do
deveria ser utilizada em prol da justiça socioam- bioma, enquanto as terras indígenas cobrem
biental e de atividades econômicas sustentáveis, aproximadamente 1.064.706 km², cerca de
adequadas a uma gestão ambiental com vistas à 24% do bioma. Considerando as pequenas
redução e à eliminação do desmatamento ilegal. áreas de sobreposições, cerca de 48% do
Bioma no Brasil encontra-se coberto por áreas
Saiba Mais! protegidas (MMA, 2010).
39 | Página
(Arpa). Cerca de 40% das UCs existentes até
envolve consumo, coleta, dano ou des-
2010, na Amazônia Legal, foram criadas neste
truição dos recursos naturais” (BRASIL,
período. (VERÍSSIMO et. al., 2011).
2000. Art. 2º).
No caso das Terras Indígenas, até o final do
Dentre as UCs no Bioma Amazônia,
ano de 2010 havia, na Amazônia Legal, 414
cerca de 29% são de proteção integral
TIs, cobrindo um total de 1.086,950 km², cer-
e cerca de 71%, de uso sustentável. As
ca de 22% do território da Amazônia Legal, a
UCs de esfera federal correspondem a
maior parte – e de extensão mais expressiva
cerca 45% do total de UCs no Bioma,
– na área do Bioma Amazônia.
cerca de 52% são de esfera estadual e
apenas cerca de 3% do total são de es-
Saiba Mais! fera municipal (MMA, 2010).
A Lei Federal Nº 9.985, de 18 de julho De
Disponível em: http://www.planalto.gov.
2000 (BRASIL, 2000), institui o Sistema
br/ccivil_03/leis/l9985.htm
Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza, o SNUC. No texto da lei cons-
tam as categorias de UCs que compõem Já o processo de reconhecimento e demarca-
o sistema nacional e às quais as UCs es- ção de TIs no Brasil teve altos e baixos após
taduais e municipais devem se adequar. o fim do período militar. Logo após a promul-
gação da Constituição Federal de 1988, ou
As UCs brasileiras se dividem em dois seja, até o ano de 1990, foi uma fase marca-
grupos, as de proteção integral, nas da por retrocessos que geraram inseguran-
quais é permitido o uso indireto dos re- ças consideráveis à efetividade dos direitos
cursos naturais para atividades eco- indígenas e fragmentação de algumas TIs,
nômicas, e as de uso sustentável, nas ameaçando a continuidade biológica e cultu-
quais, respeitadas as normas de manejo ral de alguns povos, além da sua exposição
e gestão, é permitido o uso direto dos re- aos avanços de atividades comerciais geral-
cursos naturais. mente atreladas à violência e altos impactos
ambientais, como a exploração de madeira e
Para fins de planejamento, implantação, o garimpo.
monitoramento e fiscalização, entende-
se como proteção integral a “manuten- No período de 1990 a 1992, a Fundação
ção dos ecossistemas livres de altera- Nacional do Índio (FUNAI) foi transferida ao
ções causadas por interferência humana, Ministério da Justiça e passou a concentrar
admitido apenas o uso indireto dos seus suas atividades nas políticas de regularização,
atributos naturais” (BRASIL, 2000. Art. proteção e gestão das TIs.
2º). Como uso sustentável, entende-se
a “exploração do ambiente de manei- De 1990 a 2007 ocorre, de forma geral, o au-
ra a garantir a perenidade dos recursos mento das demarcações de TIs, boa parte
ambientais renováveis e dos processos das quais no âmbito do Projeto Integrado de
ecológicos, mantendo a biodiversidade e Proteção às Populações e Terras Indígenas
os demais atributos ecológicos, de forma da Amazônia Legal (PPTAL), no período de
socialmente justa e economicamente viá- 1996 e 2008. Contudo, entre os anos de 2007
vel” (BRASIL, 2000. Art. 2º). e 2010, ocorreu uma redução considerável do
ritmo de demarcação e TIs, segundo Veríssimo
Ainda relevante, no Sistema Nacional de (2011), em função do Programa de Aceleração
Unidades de Conservação (SNUC), defi- do Crescimento (PAC).
ne-se uso indireto como “aquele que não
40 | Página
Saiba Mais! Amazônia é amplamente citada em diversas
obras acerca do tema e também fica clara
Modalidades de Terras Indígenas ao observarmos que apenas 14% do desma-
tamento ocorrido em 2013 se deram nessas
Nos termos da legislação vigente (CF/88, áreas, somente cerca de 4,5% do desmata-
Lei 6001/73 – Estatuto do Índio, Decreto mento acumulado até 2012 se deram em áre-
n.º1775/96), as terras indígenas po- as de UCs e 6,5% em terras indígenas (INPE/
dem ser classificadas nas seguintes PRODES, 2012).
modalidades:
Apesar de servirem como uma área de frena-
Terras Indígenas Tradicionalmente gem de pressões para o desmatamento, as
Ocupadas: são as terras indígenas de que áreas protegidas estão sujeitas a pressões se-
trata o art. 231 da Constituição Federal de melhantes às de áreas não protegidas.
1988, direito originário dos povos indíge-
nas, cujo processo de demarcação é dis- A exploração ilegal de madeira, os impactos
ciplinado pelo Decreto n.º 1775/96. relacionados à abertura de estradas, as ativi-
dades de mineração industrial, os empreendi-
Reservas Indígenas: são terras doadas mentos de grande porte como os do Programa
por terceiros, adquiridas ou desapropria- de Aceleração do Crescimento (PAC) e a ocu-
das pela União que se destinam à posse pação irregular também impõem pressões
permanente dos povos indígenas. São sobre as UCs e TIs, relacionadas diretamen-
terras que também pertencem ao patrimô- te à perda da cobertura vegetal florestal, que
nio da União, mas não se confundem com se somam a problemáticas mais específicas,
as terras de ocupação tradicional. Existem como o corte seletivo e a caça e a pesca ilegais
terras indígenas, no entanto, que foram (VERÍSSIMO et. al., 2011).
reservadas pelos estados-membros, prin-
cipalmente durante a primeira metade do Além das pressões citadas, há ainda “amea-
século XX, que são reconhecidas como ças formais” às áreas protegidas frente a al-
de ocupação tradicional. terações e propostas de alterações de UCs
e desafetações de UCs. A exemplo do ocor-
Terras Dominiais: são as terras de proprie- rido em Rondônia, onde, frente ao processo
dade das comunidades indígenas, havidas, de instalação da Usina Hidrelétrica de Jirau,
por quaisquer das formas de aquisição do cerca de 9.730 km² de área destinada a UCs
domínio, nos termos da legislação civil. (com precário grau de implantação) foram
revogados.
Interditadas: são áreas interditadas pela
Funai para proteção dos povos e grupos Há, também, a pauta no Congresso Nacional
indígenas isolados, com o estabelecimen- que ameaça alterar o modo de demarcação de
to de restrição de ingresso e trânsito de TIs, submetendo-as à aprovação do Congresso
terceiros na área. A interdição da área Nacional e à possibilidade de sustar as por-
pode ser realizada concomitantemente ou tarias do Ministro da Justiça e do Presidente
não com o processo de demarcação, dis- da República, que declaram a posse indíge-
ciplinado pelo Decreto n.º 1775/96. na e homologam a demarcação das terras,
respectivamente.
Disponível em: http://www.funai.gov.br/in-
dex.php/indios-no-brasil/terras-indigenas Outra questão pertinente se dá em função
da impunidade de infratores ambientais que
era constante, até 2009, segundo Barreto,
A importância das áreas protegidas para a Mesquita, Araújo e Brito (VERÍSSIMO et al.,
contenção do avanço de desmatamento na 2011), em função da lentidão na conclusão
41 | Página
dos processos. Segundo os autores, com
base em dados do IMAZON (2009), até mar- Saiba Mais!
ço de 2008, apenas 3% dos casos estavam
concluídos, 3% das multas aplicadas por in- Informações gerais e sobre a legislação
frações ambientais estavam em fase de co- associada ao ICMS ecológico também
brança administrativa. podem ser obtidas na Secretaria Estadual
de Meio Ambiente de seu estado.
Por último, afirmam ainda que 70% dos ca-
sos ainda estavam em fase de homologa- Além disso, há iniciativas interessan-
ção (confirmação) e que o Instituto Brasileiro tes de acompanhamento, esclareci-
do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais mento e divulgação de dados sobre
(IBAMA) descumpriu o prazo legal para ho- o ICMS Ecológico, como a do portal
mologação de todos os casos em questão, ICMS Ecológico, uma iniciativa da ONG
segundo a Lei Nº 9.605, de fevereiro de 1998 The Nature Conservancy, com apoio da
e da Instrução Normativa Nº 08, de setembro Conservation International, SOS Mata
de 2003. Atlântica e OJIDOS.
42 | Página
despesas de custeio anual – e que seriam ne- dos processos de licenciamento ambiental, no
cessários investimentos da ordem de 1,8 bilhão que se refere à avaliação de impactos ambien-
de reais em infraestrutura e planejamento, con- tais e o consequente estabelecimento precário
siderando as UCs estaduais e federais, para de medidas mitigadoras e de compensação
garantir a eficiência dessas áreas protegidas. ambiental – em função do estreito período para
análise dos impactos dos empreendimentos
Tal cenário coloca o Brasil entre os países de permitido aos órgãos ambientais.
menor investimento por extensão de área pro-
tegida, se comparado com outros países com Também sob tal contexto, tanto as UCs quan-
sistemas de unidades de conservação de pro- to as TIs ficam sujeitas ao lobby dos grandes
porções semelhantes. investimentos com jogo de forças, interesses
econômicos e políticos que prejudicam a ade-
quada conservação ambiental e a garantia dos
4.3 Grandes obras de infraestrutura direitos dos povos indígenas (VERDUM, 2012).
Muitas das grandes obras de infraestrutura na Segundo Leitão (2009), as tendências visíveis
Amazônia se enquadram no padrão contrapo- através do PAC têm reflexo de intensificação
sição abordado por Becker (2004), padrão no de heterogeneidade (econômica e social) (re)
qual, se por um lado há iniciativas de fomento criando áreas de dinamismo restrito e áreas de
às atividades locais, com vistas a garantir a sus- estagnação, em função dos interesses pontu-
tentabilidade e a justiça socioambiental, por ou- ais dos atores envolvidos.
tro os investimentos de maior porte (financeiro e
espacial) tendem a causar graves impactos am- Segundo a autora, a característica de frag-
bientais e sociais nas áreas afetadas por eles. mentação do desenvolvimento é mais nítida ao
se considerar os investimentos em logística e
Apesar de essa contradição não ser recente, energia do PAC, construídos negligenciando
o Programa de Aceleração do Crescimento, critérios regionais e locais. Segundo ela, não se
iniciado em 2007, é apontado por alguns pes- deve acreditar que em um país de desigualda-
quisadores como iniciativa que colabora para a des tão latentes como o Brasil, “a promoção do
manutenção de tal contradição. dinamismo localizado pontualmente [...] possa
constituir alternativa para um pleno desenvolvi-
O PAC tem como objetivo incentivar a “reto- mento territorial” (LEITÃO, 2009, p. 265).
mada do planejamento e execução de grandes
obras de infraestrutura social, urbana, logísti- Além desse caráter pontual dos investimentos,
ca e energética do país, contribuindo para o Rodrigues e Salvador (2011) apontam que as
seu desenvolvimento acelerado e sustentável” intervenções do PAC não apresentam signifi-
(Ministério do Planejamento, 2014). cativa contribuição para a ampliação, universa-
lização e garantia dos direitos sociais, igualda-
Para exemplificar o desequilíbrio entre os in- de social e distribuição de renda, além de não
vestimentos em conservação e aqueles em alterarem a política econômica vigente.
programas de crescimento econômico, soma-
dos os valores investidos no PAC 1 que esta- Assim, segundo os autores, além de criar no-
vam propostos para serem investidos até o fi- vas pressões sobre as áreas protegidas – UCs
nal de 2014 no PAC 2 chega-se a cerca de 1,6 e Tis –, as intervenções do PAC têm potencial
trilhões de reais (VERDUM, 2012), enquanto de agravar as existentes, em especial aquelas
as UCs recebiam cerca de 450 milhões de re- relacionadas a conflitos socioambientais.
ais anuais (MEDEIROS et al., 2011).
43 | Página
5. Entraves para
o Controle do
Desmatamento
44 | Página
dos índices de desmatamento na
5. ENTRAVES PARA Amazônia. Em 2004 foi registra-
da a segunda maior alta nas taxas
O CONTROLE DO de desmatamento da Amazônia
Legal, atingindo 27.772 km², segun-
DESMATAMENTO do dados do PRODES (Projeto de
Monitoramento do Desflorestamento
Na presente unidade, utilizaremos o Plano de na Amazônia Legal, de responsa-
Prevenção e Controle do Desmatamento da bilidade do Instituto Nacional de
Amazônia (PPCDAm, 2013) como referência Pesquisas Espaciais - INPE/MCTI).”
para compreensão da complexidade do desa- (PPCDAm, 2013)
fio e das linhas de ação prioritárias para se al-
cançar a redução do desmatamento e elimina-
ção do desmatamento ilegal no Bioma. A situação-problema do desmatamento da
Amazônia foi caracterizada no PPCDAm, que
Complementarmente, sob a forma de exem- entrou em vigor em 2004, com objetivos estra-
plos, serão estudadas outras iniciativas asso- tégicos alinhados em três eixos, de forma a en-
ciadas à sustentabilidade das atividades do quadrar as ações causais, a saber:
bioma e ao controle do desmatamento.
1. Ordenamento Fundiário e
Em 2003 o Governo Federal cons- Territorial;
tituiu o Grupo Permanente de
Trabalho Interministerial (GPTI), por 2. Fomento às Atividades
meio do Decreto s/n de 3 de julho, Produtivas; e
com a finalidade de propor e coor-
denar ações que visem à redução 3. Monitoramento e Controle.
45 | Página
Na primeira fase do Plano (2004-2008), foi O PPCDAm se aproxima do final de sua 3ª fase
enfatizado o eixo Ordenamento Fundiário e (2012-2015), após ter passado por avaliação,
Territorial, principalmente sob a forma da cria- entre 2010 e 2011, com o intuito de medir os
ção de Unidades de Conservação federais e resultados alcançados até então. Tal avaliação,
estaduais, assentamentos rurais e de homolo- além de ratificar a importância do Plano para o
gação de Terras Indígenas. combate ao desmatamento, permitiu um ganho
de qualidade nas estratégias a serem adotadas
Já em sua segunda fase (2009-2011), a ênfase e na compreensão sistêmica dos processos
foi dada ao eixo Monitoramento e Controle. A que influenciam o desmatamento.
incorporação dos dados oriundos do sistema
DETER e ações integradas do IBAMA, Polícias Abordaremos, a seguir, os três eixos do Plano,
Federal e Rodoviária Federal, Força Nacional e conforme o modelo lógico estabelecido para a
Exército Brasileiro, possibilitaram, em conjunto sua 3ª fase. Tal abordagem permite a compre-
com iniciativas estaduais e municipais, quedas ensão dos processos que contribuem para o
significativas nas taxas de desmatamento. desmatamento, favorecendo, assim, o comba-
te às suas causas e consequências.
Saiba Mais!
Conheça mais sobre o PPCDAm e suas 5.1. O eixo Ordenamento Fundiário e
fases anteriores no portal do Ministério Territorial do PPCDAm
do Meio Ambiente (MMA).
Este eixo abrange três linhas de problemas
Recomenda-se consultar a versão com- principais que se alimentam de um conjunto de
pleta do modelo lógico que serve de re- causas associadas ao ordenamento fundiário
ferência para a abordagem da presente e territorial.
unidade sobre os fatores que dificultam o
controle do desmatamento na Amazônia. As situações-problema se referem à:
PRÁTICAS IRREGULARES Supervisão inadequada do poder judiciário sobre os cartórios de títulos e notas
DE CARTÓRIOS DE
TÍTULOS E NOTAS Baixa informatização dos cartórios de títulos e notas
OCUPAÇÃO Pouca integração e articulação entre órgãos responsáveis e entre informações fundiárias
IRREGULAR DE
TERRAS PÚBLICAS Disputa entre entes federados pelo domínio de terras públicas
Figura 6 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo1 - Ocupação Irregular de Terras Públicas (PPCDAm, 2012)
46 | Página
Conforme se pode notar a partir da Figura 6, a b) o aumento de migrações
ocupação irregular de terras públicas está dire- desordenadas;
tamente associada:
c) a criação de modalidades inade-
quadas de assentamentos; e
a) às práticas irregulares de cartó-
rios de títulos e notas; e d) o baixo grau de implementação
das unidades de conservação.
b) à permanência de terras públi-
cas não destinadas.
Dentre esses itens, o aumento de migrações
está associado à pouca integração entre políti-
No caso dos problemas relacionados aos car- cas de implantação de infraestruturas e de or-
tórios, as principais causas identificadas foram denamento territorial. Por sua vez, tal carência
a supervisão inadequada do poder judiciário e de integração está intimamente relacionada à
a baixa informatização de tais cartórios. Já no fragilidade de instrumentos de ordenamen-
caso das terras públicas não destinadas, as to territorial, especialmente os Zoneamentos
causas são diversas, mas podem ser divididas Ecológico-econômicos (ZEE).
em dois grupos: um relacionado à morosidade
das ações relacionadas às Terras Indígenas, Saiba Mais!
assentamentos e Unidades de Conservação, e
outro grupo relacionado à precariedade do tra- Conheça mais sobre ZEE no portal do
tamento das questões fundiárias e de domínio Ministério do Meio Ambiente.
sobre as terras públicas.
Disponível em: http://www.mma.gov.br/
No caso do crescimento desordenado da ocu- gestao-territorial/zoneamento-territorial
pação sobre a área de floresta, temos quatro
causas principais, conforme podemos perce-
ber na Figura 7: Com relação ao baixo grau de implementação
de Unidades de Conservação, aponta-se como
principais causas a insuficiência de recursos
a) a insegurança e irregularidade humanos e orçamentários para gestão e para
fundiária; a desapropriação e demarcação das unidades.
Figura 7 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo1 - Crescimento Desordenado da Ocupação Sobre a Área de
Floresta (PPCDAm, 2012)
47 | Página
Por último, mas não menos importante, confor- causas associadas ao fomento das atividades
me ilustra a Figura 8, a questão da baixa gestão produtivas.
da malha fundiária é causada por três fatores:
As situações-problema se referem:
CONHECIMENTOS
BAIXA REGIONALIZAÇÃO INSUFICIENTES SOBRE
DAS POLÍTICAS DE PRODUTOS
Foi chamada atenção para o fato de que a di- FOMENTO PARA SUSTENTÁVEIS COM
ficuldade de acesso às informações das ma- ATIVIDADES PRODUTIVAS EFETIVO POTENCIAL DE
lhas estaduais se devia, em 2012, à baixa par- MERCADO
ticipação dos órgãos fundiários estaduais no INSUFICIÊNCIA DE INSUFICIÊNCIA DE
PPCDAm. INSUMOS PARA POLÍTICAS E INCENTIVOS
PRODUÇÃO PARA INSTALAR E
DESENVOLVER INDÚSTRIAS
BAIXA ORGANIZAÇÃO
QUE ATENDAM AS CADEIAS
5.2 O eixo Fomento às Atividades SOCIAL PARA A
PRODUTIVAS
Produtivas do PPCDAm PRODUÇÃO
48 | Página
Em relação à baixa viabilidade das cadeias pro- Com relação à atratividade econômica da pe-
dutivas alternativas ao desmatamento, há um cuária extensiva, ela está diretamente associa-
número significativo de causas. A leitura das cau- da ao fato de os custos ambientais e sociais
sas, a partir da Figura 9, permite-nos perceber das atividades agropecuárias não serem inter-
que praticamente em todas as fases das cadeias nalizados e ao alto custo associado a manter a
produtivas há questões a serem resolvidas para floresta em pé. Custo esse vinculado à insufici-
garantir o aumento da viabilidade das alternati- ência das políticas de valorização da floresta.
vas econômicas às atividades desmatadoras.
BAIXA PRODUÇÃO MADEIREIRA SUSTENTÁVEL
ARRANJO FLORESTAS
INSTITUCIONAL POUCA PÚBLICAS
INSUFICIÊNCIA
INADEQUADO CAPACIDADE COMUNITÁRIAS
DAS POLÍTICAS
INSTALADA NÃO
DE VALORIZAÇÃO
PARA OFERTA HABILITADAS
DA FLORESTA
DE ATER PARA RECEBER
FLORESTAL POLÍTICAS
Figura 10 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo2 PÚBLICAS
- Expansão Desordenada da Agropecuária
(PPCDAm, 2012) Figura 11 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo2 - Baixa
Produção Madeireira Sustentável (PPCDAm, 2012)
49 | Página
associada à pouca capacidade instalada para a) baixa viabilidade das cadeias
oferecimento de assistência técnica rural flo- produtivas;
restal e à não habilitação das florestas comuni-
tárias para receber políticas públicas. b) baixa implementação dos mo-
delos ambientalmente adequados
de assentamentos;
ATIVIDADES PRODUTIVAS DOS ASSENTAMENTOS NÃO
COMPARÍVEIS COM A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL c) morosidade na implantação dos
assentamentos.
BAIXA
IMPLEMENTAÇÃO MOROSIDADE NA Tratando especificamente das causas da mo-
BAIXA
DOS MODELOS IMPLEMENTAÇÃO rosidade na implantação, foi identificado que
VIABILIDADE
AMBIENTALMENTE DO
DAS CADEIAS
ADEQUADOS DE ASSENTAMENTO
os assentamentos carecem de regularização
ASSENTAMENTOS ambiental e que existe baixa capacidade téc-
nica e de pessoal para licenciamento dos as-
sentamentos, assim como baixa capacidade
institucional para implementá-los.
BAIXA
BAIXA
CAPACIDADE
CAPACIDADE
TÉCNICA E DE BAIXA No caso da regularização ambiental, há carên-
INSTITUCIONAL
PESSOAL DOS REGULARIZAÇÃO cia especificamente de metodologias e padrões
PARA A
OEMA’S PARA O AMBIENTAL DOS
LICENCIAMENTO ASSENTAMENTOS
IMPLEMENTAÇÃO adequados para o licenciamento ambiental dos
DOS assentamentos.
DOS
ASSENTAMENTOS
ASSENTAMENTOS
Atenção!
CAR NÃO
RECONHECIDO NA
Como a avaliação realizada sobre o
REGULARIZAÇÃO
AMBIENTAL DOS PCCDAm que resultou na elaboração
ASSENTADOS do modelo lógico explorado no presen-
te curso se deu sobre dados obtidos
no período anterior à publicação da Lei
Complementar nº 140 (LCP 140), algu-
INEXISTÊNCIA DE
METODOLOGIA
PADRONIZAÇÃO mas das atribuições ainda indicadas
INADEQUADA PARA como sendo dos estados, podem agora
MÍNIMA PARA O
O LICENCIAMENTO
LICENCIAMENTO DE estar sob a jurisdição municipal.
AMBIENTAL DOS
ASSENTAMENTOS
ASSENTAMENTOS
ENTRE OS ESTADOS
Disponível em:
50 | Página
DEGRADAÇÃO FLORESTAL E DO SOLO • à sensação de impunidade admi-
nistrativa e criminal relacionada ao
desmatamento ilegal; e
OCORRÊNCIA DE FOGO ACIDENTAL EM ÁREAS
AGRÍCOLAS E FLORESTAIS
• ao baixo grau de responsabiliza-
ção ambiental.
USO INADEQUADO DO FOGO EM
ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS
MOROSIDADE NO
BAIXA CAPACIDADE DAS
LICENCIAMENTO DE PMFS
OEMAS PARA ATENDER AS
POUCA DISSEMINAÇÃO E BAIXA CONTRATAÇÃO ACIMA DE 50.000 HA E DAS
DEMANDAS DOS
TRANSFERÊNCIA DE DAS LINHAS DE CRÉDITO FLORESTAS PÚBLICAS
LICENCIAMENTOS
TECNOLOGIAS DAS ATIVIDADES FEDERAIS
SUSTENTÁVEIS SUSTENTÁVEIS
Figura 14 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo3 -
Figura 13 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo2 - Morosidade no Licenciamento do Desmatamento e
Degradação Florestal e do Solo (PPCDAm, 2012) dos Planos de Manejo (PPCDAm, 2012)
Por sua vez, o uso inadequado tem como cau- A morosidade no licenciamento do manejo e
sas principais a dificuldade no processo de au- supressão florestal tem reflexos também sobre
torização para a queima controlada e a baixa o eixo do modelo lógico do PPCDAm, que trata
tecnologia empregada na produção. Esse últi- do monitoramento e controle do desmatamento.
mo fator é uma consequência direta da pouca
disseminação e transferência de tecnologias Conforme ilustrado na Figura 14, a morosidade
sustentáveis e da baixa contratação de linhas no licenciamento de planos de manejo flores-
de crédito das atividades sustentáveis. tais de grandes áreas e de florestas públicas
federais e a baixa capacidade dos órgãos esta-
duais de meio ambiente para atendimento das
5.3 O eixo Monitoramento e Controle demandas de licenciamento foram indicadas
do PPCDAm como principais causas do problema.
51 | Página
c) fragilidade da estrutura logística e) pouca disponibilidade de infor-
de fiscalização e controle; mações ambientais sistematizadas;
POUCA ARTICULAÇÃO
ENTRE A FUNAI,
ÓRGÃOS DO SISNAMA E
DEFICIÊNCIA NAS DEFICIÊNCIA NA POLÍCIA FEDERAL
UNIDADES DE PROTEÇÃO DAS TERRAS
CONSERVAÇÃO INDÍGENAS FALTA DE COMPETÊNCIA
LEGAL DA FUNAI PARA
FISCALIZAÇÃO
AMBIENTAL
Figura 15 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo3 - Baixa Eficácia da Fiscalização e Controle (PPCDAm, 2012)
52 | Página
inexistência de padrão na produção e no com- administrativa e criminal relacionada ao des-
partilhamento de informações ambientais, bai- matamento legal. Conforme ilustrado na Figura
xa produção de informações e de cruzamento 17, há duas principais causas para tal cenário.
de dados relacionados ao desmatamento, bai-
xa integração dos entes federados na fiscaliza- A primeira é a invalidação judicial dos autos de
ção e carência de planejamento integrado dos infração, embargos e apreensão, que se deve
órgãos federais de controle e comando. à fragilidade técnica de tais autos. A segunda
é a morosidade na comunicação de possíveis
POUCA PRESENÇA DO ESTADO NA AMAZÔNIA crimes às autoridades policiais, que está asso-
ciada à corrupção de servidores públicos frente
CONCENTRAÇÃO E CENTRALIZAÇÃO DOS ÓRGÃOS principalmente às fraudes de caráter fundiário
AMBIENTAIS E DE CONTROLE NAS CAPITAIS e de licenciamento ambiental.
MOROSIDADE NA
INVALIDAÇÃO JUDICIAL
COMUNICAÇÃO DE
DOS AUTOS DE INFRAÇÃO, AUSÊNCIA DE INTEGRAÇÃO ENTRE
POSSÍVEIS CRIMES À
EMBARGOS E APREENSÃO OS SISTEMAS DE LICENCIAMENTO POUCA INFORMAÇÃO DECLARADA
AUTORIDADE POLICIAL
DA PRODUÇÃO DE MADEIRA E OS PELOS AGENTES QUE ATUAM NAS
SISTEMAS TRIBUTÁRIOS DAS CADEIAS PRODUTIVAS
RECEIRAS FEDERAL E ESTADUAL
FRAGILIDADE TÉCNICA
Figura 18 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo3
DOS AUTOS DE INFRAÇÃO
LAVRADOS PELO IBAMA - Baixo Grau de Responsabilidade Ambiental
(PPCDAm, 2012)
53 | Página
associada à deficiência no controle das em- do PPCDAm, é possível notar que muitos dos
presas consumidoras de tal matéria-prima. Por problemas estão relacionados à (in)eficiência
sua vez, essa deficiência se deve à ausên- para licenciamento de atividades, geração e
cia de integração entre os sistemas de licen- informações, descentralização e integração
ciamento da produção e os de tributação das de estratégias e ações. Em diversas dessas
receitas estaduais e federais. Com relação à frentes, os Municípios podem colaborar. Em
rastreabilidade das cadeias de pecuária e de algumas delas, têm responsabilidade direta,
grãos, há uma influência direta da baixa imple- conforme previsto na LCP 140.
mentação do CAR.
Foi possível perceber, também, o alinhamen-
to entre o apontado pelos diversos estudiosos
POUCA EFICIÊNCIA DO MONITORAMENTO DO citados ao longo do curso e os resultados da
DESMATAMENTO, DA DEGRADAÇÃO PROGRESSIVA avaliação dos dados do PPCDAm. Isso indica
E DO CORTE SELETIVO
que muitos avanços ocorreram no sentido da
compreensão dos processos relacionados ao
BAIXA CAPACIDADE DE DETECÇÃO ABAIXO DAS NUVENS desmatamento.
BAIXA RESOLUÇÃO DO DETER PARA DETECÇÃO DOS POLÍGONOS
MENORES QUE 25 HA Apesar de não se afirmar que a compreensão
do problema esteja completa, munidos de co-
POUCA DISPONIBILIDADE DE DADOS ORBITAIS nhecimento acerca dos processos, estamos
em um momento propício para multiplicar e di-
POUCO USO DA FERRAMENTA DE DETECÇÃO DE CORTE SELETIVO fundir os planos, instrumentos e ações em prol
da qualificação dos esforços para o controle do
Figura 19 - Modelo Lógico PPCDAm - Eixo3 - Pouca desmatamento e a adequada gestão ambiental
Eficiência do Monitoramento do Desmatamento, na Amazônia.
da Degradação Progressiva e do Corte Seletivo
(PPCDAm, 2012) E é dentro desse momento, em que as inciati-
vas em prol da conservação do Bioma se mul-
tiplicam, que os Municípios assumem papel
Por último, foi identificada como fator que pre- cada vez mais relevante frente à gestão terri-
judica o monitoramento e a fiscalização do torial e ambiental.
desmatamento a pouca eficiência do monitora-
mento do desmatamento, da degradação pro-
gressiva e do corte seletivo.
54 | Página
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