Você está na página 1de 21

A VONTADE SEGUNDO KANT

LIVRO BASE: Fundamentação da


metafísica dos costumes
AÇÃO MORAL, RAZÃO, BOA VONTADE E DEVER NA
FUNDAMENTAÇÃO DA METAFÍSICA DOS COSTUMES DE
IMMANUEL KANT (Grundlegung zur Metaphysik der Sitten)
1. Kant, no prefácio à GMS refere-se à divisão tradicional das ciências, a partir da tradição filosófica grega, em Física,
Ética e Lógica, em princípio a recepcioná-la, mas, sob ressalvas, porque considera necessário se assegurar de sua
adequação à época moderna e, neste caso, para “(...) podermos determinar exatamente as necessárias subdivisões.”
(KANT, 2008, p. 13).

2. Kant estabelece divisão das espécies do conhecimento racional humano segundo os critérios das fontes, estrutura e
objeto, distinguindo-as em conhecimentos materiais e conhecimentos formais (KANT, 2008, p. 13-15).

➢ Conhecimentos materiais são aqueles que versam sobre algum objeto e cuja verdade e validade se julgam em relação
com esse objeto.

➢ Conhecimentos formais não têm objeto exterior a si, mas se ocupam da própria razão, isto é, da forma dos juízos e
das regras universais e procedimentos de formulação de pensamentos em geral, independentemente dos objetos pensados.
Continuação
3) A filosofia formal, ou a parte da Filosofia que se ocupa das leis gerais do pensamento correto e das formas dos juízos
ou entendimento se chama Lógica (KANT, 2008, p. 13).

4) As disciplinas filosóficas e ciências materiais ou se ocupam da natureza, ou tratam da ação humana. No primeiro caso,
as disciplinas que se ocupam das leis naturais que regem os fenômenos são as ordenadas sob o nome de Física; as
leis que regem a conduta, vontade, a ação humanas são leis da liberdade e são estudadas pela Ética.

5) A Lógica, como ciência do pensamento correto, ocupa-se das formas, leis gerais e operações da razão. Vez que a
Lógica se ocupa das leis universais e necessárias segundo as quais alguma coisa se possa conhecer, não trata de
objetos particulares; logo, não pode ter parte alguma empírica, não obtém dados à experiência – dados que possa m
existir ou não, ou que existam contingentemente, não de modo necessário –. A lógica é conhecimento formal e
puramente racional, “isto é, um cânone para o entendimento ou para a razão que é válido para todo o pensar e que te m
de ser demonstrado.” (KANT, 2008, p. 13-14)
Continuação
6) A Física e a Ética, por sua vez, como espécies de conhecimento racional material, têm conteúdo ou objetos, os quais,
como têm existência fenomênica ou empírica, sujeitam-se a duas ordens de investigação filosófica: teorética pura
(filosofia pura) e empírica (KANT, 2008, p. 14-16).

7) A filosofia material, por sua vez, se subdivide em âmbitos de investigação conforme o critério das fontes de seus
conhecimentos: se o que conhecem deriva exclusivamente de princípios a priori, denomina-se Filosofia pura e quando
se ocupa da própria razão, de suas leis, operações e formas necessárias, designa-se por Lógica.

8) Quando, porém, as disciplinas têm objeto distinto da pura formalidade, leis e procedimentos do pensamento e se ocupa
das causas e condições de possibilidade de conhecer certos objetos, denomina-se Metafísica (KANT, 2008, p. 14-16).

9) Filosofia Filosofia material e filosofia formal Física, Ética e Lógica natureza, ação, liberdade, razão e
pensamento Filosofia materialmente considerada ou Metafísica (leis da necessidade natural, leis da liberdade);
filosofia pura (leis do pensamento correto); Metafísica dupla: da Natureza, e dos Costumes (Ética).
Necessidade de se fundar uma Metafísica dos Costumes somente em princípios a priori

1) Considerações preliminares sobre Física teórica, avanços das ciências matemáticas e do paradigma newtoniano.

“A crítica não se opõe ao procedimento dogmático da razão no seu conhecimento puro, enquanto ciência (pois esta é sempre dogmática,
isto é, estritamente demonstrativa, baseando-se em princípios a priori seguros), mas sim ao dogmatismo, quer dizer, à presunção de
seguir por diante apenas com um conhecimento puro por conceitos (conhecimento filosófico), apoiado em princípios, como os que a
razão desde há muito aplica, sem se informar como e com que direito os alcançou. O dogmatismo é, pois, o procedimento dogmático da
razão sem uma crítica prévia da sua própria capacidade. Esta oposição da crítica ao dogmatismo não favorece, pois, de modo algum, a
superficialidade palavrosa que toma a despropósito o nome de popularidade nem ainda menos o cepticismo que condena sumariamente
toda a metafísica.” (KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 5. ed.
Lisboa, Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian, 2001 – Prefácio à Segunda Edição da Crítica da Razão Pura – , p. 30 e 31).

“De vez em quando, ouvem-se queixas acerca da superficialidade do modo de pensar de nossa época e sobre a decadência da ciência
rigorosa. Pois eu não vejo que as ciências, cujo fundamento está bem assente, como a matemática, a física, etc., mereçam, no mínimo
que seja, uma censura. Pelo contrário, mantêm a antiga reputação de bem fundamentadas e ultrapassam-na mesmo nos últimos tempos.
Esse mesmo espírito mostrar-se-ia também eficaz nas demais espécies de conhecimentos se houvesse o cuidado prévio de retificar os
princípios dessas ciências. À falta desta rectificação, a indiferença, a dúvida e, finalmente, a crítica severa são outras provas de um
modo de pensar rigoroso. A nossa época é a época da crítica, à qual tudo tem que submeter-se. A religião, por sua santidade, e a
legislação, pela sua majestade, querem igualmente subtrair-se a ela. Mas então suscitam-se contra elas justificadas suspeitas, que
a razão só concede a quem pode sustentar o seu livre e público exame.” (KANT, 2001: nota ao prefácio à Primeira Edição da Crítica
da Razão Pura, p. 5).

A
Objeto e fundamentos da Ética (Metafísica dos Costumes) considerada em
perspectiva pura, racional e exclusivamente a priori (Prefácio, p. 15-19)

1) Considerações distintas sobre a Ética, seja como disciplina filosófica, seja como objeto de investigação (reino das ações,
decisões atos de vontade dos indivíduos em sociedade e seus correspondentes motores e princípios)

2) Delimitação das investigações dos objetos pertinentes à ação, à vontade, às decisões humanas, seus princípios e
condições, segundo a perspectiva estritamente racional de suas causas e princípios a priori (Filosofia Moral estrita ou
Teoria – Metafísica – dos Costumes) e conforme os elementos empíricos, volitivos e históricos, que possam influir sobre as
ações humanas e a liberdade (Antropologia prática, de forte conteúdo psicológico) (KANT, 2008, p. 16-16).

“Todos os progressos da civilização, pelos quais o homem se educa, têm como fim de que os conhecimentos e habilidades adquiridos sirvam
para o uso do mundo, mas no mundo o objeto mais importante ao qual o homem pode aplicá-los é o ser humano, porque ele é seu próprio fim
último. – Conhecer, pois, o ser humano segundo sua espécie, como ser terreno dotado de razão, merece particularmente ser chamado de
conhecimento do mundo, ainda que só constitua uma parte das criaturas terrenas. (...) Uma doutrina do conhecimento do ser humano
sistematicamente composta (antropologia) pode ser tal do ponto de vista fisiológico ou pragmático. – O conhecimento fisiológico do ser
humano tata de investigar o que a natureza faz do homem; o pragmático, o que ele faz de si mesmo, ou pode e deve faze como ser que age
livremente (KANT, Immanuel. Antropologia de um ponto de vista pragmático. Trad. Célia Aparecida Martins. São Paulo: Iluminuras, 2006 –
2ª reimp., 2019 –, Prefácio, p. 17-19).
Objeto da Filosofia Moral estrita, ou Ética
reputada como Metafísica dos Costumes
“Não tendo propriamente em vista por agora senão a filosofia moral, restrinjo a questão posta ao ponto seguinte: – Não é
verdade que é da mais extrema necessidade elaborar um dia uma pura Filosofia Moral que seja completamente depurada de
tudo o que possa ser somente empírico e pertença à Antropologia? Que tenha de haver uma tal filosofia, ressalta com
evidência da ideia comum do dever e das leis morais. Toda a gente tem de confessar que uma lei que tenha de valer
moralmente, isto é, como fundamento duma obrigação, tem de ter em si uma necessidade absoluta...” (KANT, 2008, p. 15)

1) O conceito da Ética como Filosofia moral estrita, e de fundamento da conduta moralmente valorosa depende exclusivamente
de sua derivação racional. Excluem-se de sua construção teórica e da ação humana moralmente considerável qualquer motivação
empírica, toda consideração de ordem psicológica ou histórica própria do estudo da Antropologia (KANT, 2008, p. 16-17)

2) Tendo a razão por fundamento da ação moralmente considerável e cerne do conhecimento filosófico da moralidade – como
objeto, pois, da Ética – Metafísica dos Costumes lida nessa chave – a Filosofia deve ocupar-se do princípio da ação, daquilo que,
por si e em si, determina a conduta do ser humano com exclusividade. Sem extrair seu significado e seu valor de nada mais, a
razão deve dirigir a conduta humana, fixando-lhe a máxima (subjetiva) ou determinando por si a vontade que é a faculdade prática
de eleger um curso de ação como necessário moralmente, tendo o sujeito que a formula como objeto e autor dessa obrigação:
uma ação assim fundada é moralmente boa e investida de significado prático (KANT, 2008, p. 50 – Segunda Seção).
Definições e esclarecimentos prévios
a) Obrigação é a relação de necessidade objetiva e heterônoma de uma ação conforme o fundamento racional de uma lei
universal, embora não suficiente, pois o querer humano, contingente em sua determinação, pode tomar outra finalidade por máxima.

b) Dever: ação moralmente necessária segundo lei universal da razão que a representa desta maneira imperativa ao sujeito.
Dever é o princípio de uma ação moralmente necessária segundo lei universal da razão que a representa (ação) deste modo
imperativo ao sujeito. Representação racional a priori das leis da moralidade (da ação e liberdade) pelo entendimento do dever sob
a forma de imperativo, o qual determina imediatamente a ação (necessidade moral fundada na liberdade). Executada por dever, a
ação faz-se moral porque é livremente dada e aceita pela vontade (prática) do sujeito sob a forma de um princípio universal e puro,
sem contaminação de impulsos sensíveis.

c) Lei é comando de validade universal e incondicionada sob fundamento racional. Difere da máxima, regra individual de ação.

d) Boa vontade é faculdade racional e impulso prático à ação que se funda exclusivamente na racionalidade do ato representada
pelo agente. É tal vontade racional a causa que torna necessária a ação (faz dela moral), pois é o único motivo de seu agir. A boa
vontade se determina exclusivamente pela representação da necessidade da conduta pela razão, ou seja, pelo entendimento que
fornece o princípio único da ação, imune às inclinações ou a quaisquer considerações de finalidade, eficácia, utilidade ou felicidade.
CONCLUSÃO DO PREFÁCIO

“Mas se a razão só por si não determina suficientemente a vontade, se esta está


ainda sujeita a condições subjectivas (a certos móbiles) que não coincidem
sempre com as objectivas; numa palavra, se a vontade não é em si plenamente
conforme a razão (como acontece realmente entre os homens), então as ações
que objectivamente são reconhecidas como necessárias são subjectivamente
contingentes, e a determinação de uma tal vontade, conforme a leis
objectivas, é a obrigação [Nötigung], quer dizer, a relação das leis objectivas
para uma vontade não absolutamente boa representa-se como a determinação
da vontade de um ser racional por princípios da razão.” (KANT, Immanuel.
Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. Paulo Quintela. Lisboa,
Portugal: Edições 70, 2008 – Segunda Secção –, p. 50 – grifos nossos).
Fundamentação da Metafísica dos Costumes, Primeira
Seção: dos conceitos de boa vontade, dever, obrigação
1) Transição do conhecimento moral vulga para o conhecimento filosófico: Kant considera a pluralidade de móbeis da
ação humana e pergunta qual deles, como causa e jamais como fim, poderá investi-la de sentido moral absoluto ou de valor
irrestrito ou incondicionado: os talentos do espírito (argúcia de espírito; discernimento empírico, vivacidade da mente)? As
qualidades do temperamento ou caráter (coragem, decisão, constância de propósitos)? Dons exteriores ou da Fortuna
(reputação, riqueza, saúde, saciedade de necessidades sociais ou corpóreas e satisfação das inclinações que, em seu conjunto,
designa por felicidade?) (KANT, 2008, p. 21-23)

2) Somente a boa vontade, em oposição àqueles bens, é incondicionalmente valorosa, somente ela vale em si mesma e não
contingentemente, pois os talentos do espírito só valem relativamente a fins externos a eles e podem servir a fins maus; os
aspetos do temperamentos ou do caráter ora pertencem, ora se relacionam com as inclinações e sob estas podem ou não ter
significado moral, logo, são relativos e não são inerentemente causas.

3) Só a boa vontade é capaz de imbuir a ação de sua moralidade, pois é faculdade prática racional de dirigir e tender a ação
para fins moralmente necessários porque racionalmente apreendidos e representados, por si e não por referência a fins ou à
eficácia estimada de atos, como causa formal e suficiente (KANT, 2008, p. 22-25; 50).
Ética do dever kantiana e rejeição da ideia utilitarista de felicidade
como satisfação de necessidades individuais e coletivas (Bentham)

1) Bentham: Filosofia Analítica, Utilitarismo e Empirismo – do conceito de felicidade.

Jeremy Bentham (1748–1832), jurista, filósofo e reformador político inglês cujo pensamento foi moldado pelas forças
tanto do Racionalismo francês quanto das filosofias do Empirismo moderno e do Utilitarismo inglês, postulou que os
valores sociais, as instituições, costumes e impulsos humanos, em suas manifestações sensíveis e finalidades,
regem-se pelos princípios do prazer, dor e da utilidade.
“A natureza colocou a espécie humana sob o domínio de dois soberanos: a dor e o prazer. Só a eles cabe
apontar o que devemos fazer, assim como determina o que faremos. O padrão do certo e do errado, por um
lado, e a cadeia de causas e efeitos, por outro, estão presos ao seu trono. Eles nos governam em tudo que
fazemos, em tudo que dizemos, em tudo que pensamos; todo esforço que podemos fazer para nos livrar de
nossa sujeição servirá apenas para demonstrá-la e confirmá-la. (...) o princípio de utilidade reconhece essa
sujeição e a assume para a fundação desse sistema cujo objetivo é erigir a construção da felicidade pelas
mãos da razão e da lei.” (BENTHAM, Jeremy. Uma Introdução aos princípios da Moral e da Legislação.
Apud Os grandes filósofos do Direito: leituras escolhidas em Direito. Clarence Morris (org.). Trad.
Reinaldo Guarany. Rev. Silvana Vieira, Cláudia Berliner Rev. técnica Sérgio Sérvulo da Cunha. São Paulo:
Martins Fontes, 2002, p 261-262 - Coleção Justiça e Direito)
Continuação
2) Prazer, segundo Bentham, é tudo que satisfaz necessidade ou amplia a conveniência de algo. O conceito de bem e o valor
do bom identificam-se, em sua teoria da Moral, com a ideia de utilidade relativa: a maior vantagem física, proveito social, ou o
menor dano possível ao indivíduo, segundo critérios mensuráveis empiricamente e sujeitos a variação.

3) Se as normas da Moral e do Direito – mesmo em perspectiva utilitarista e empírica – têm de servir de algum modo a fins de
cooperação social, atendimento de necessidades e convivência pacífica, se fossem reduzidas a fins e interesses individuais e à
felicidade tida como mera saciedade individual e empírica, redundariam, pois, no puro egoísmo, e se autocontradiriam. Bentham
percebeu que não poderia, sem devidas correções, justificar sua teoria da moralidade e do Direito pura e simplesmente
pela identificação das ideias de bem e utilidade individual e imediata.

4) Se o fizesse, seu Utilitarismo seria visão primária da sociedade se não reconhecesse a necessidade de Direito e Moral
harmonizarem interesses individuais e sectários (composição recíproca dos egoísmos privados) em ordem social de convivência e
condutas lícita. Assim, Bentham condicionou o proveito pessoal a um coeficiente bastante de bem ou utilidade social, com o qual
se concertam interesses individuais.

5) Concluída a retificação, ele reelaborou o princípio utilitarista e empirista da Moral e do Direito: deve-se assegurar a maior
utilidade alcançável ao maior número possível de pessoas.
Continuação
“(...) Quanto ao fim geral e derradeiro, baseado no princípio da utilidade, este não pode ser outro senão o bem maior
de toda comunidade. Mas o bem da comunidade é a soma dos vários bens particulares (se é que o termo pode ser
empregado) dos vários indivíduos dos quais ela é composta; de tal modo que aumentar o bem de qualquer um
desses indivíduos é pro tanto aumentar o bem de toda comunidade. Uma lei, portanto, da qual o fim imediato não é
outro a não ser o bem ou benefício da pessoa de quem é lei, não deixa, por conta disso, de ser uma lei capaz de ser
garantida pelo princípio da utilidade; muito menos deixa de ter o direito de receber o nome de lei. Ora, como o fim se
quer dizer aqui não o fim eventual, que é uma questão de possibilidade, mas o fim tencionado, que é uma questão de
desígnio...” (Bentham, Jeremy. Os limites do Direito definidos. Apud Morris, 2002, p. 278).

7) Kant rejeita os postulados da filosofia de Bentham, como consequência de seu programa crítico e mais amplo de
reavaliação dos postulados do Empirismo inglês, sobretudo os de seu maior nome, David Hume. Assim como, na Crítica
da Razão Pura, ele rejeitara o dogmatismo racionalista que não examinara as condições, faculdades, limites e horizontes
da razão, Kant agora rejeita o ceticismo implicado no Empirismo – decorrente da redução do conhecimento às fontes e
possibilidades da experiência individual – e se opõe à concepção relativista da moralidade fundada em um valor externo à
razão e à vontade (fim almejado contingentemente pelo sujeito), seja esse fim estimado pela tradição, seja um fim ditado
pela busca da felicidade, entendida como soma das inclinações e saciedade de carências e desejos (KANT, 2008, p. 22-
28)
Vontade e boa vontade em sentidos positivo
e negativo
1) Vontade, razão, inclinações, desejos, felicidade.

2) Vontade, razão, representação do dever como fundamento.

3) Exclusão da qualificação teleológica da vontade moralmente boa.

4) Boa vontade, seu valor irrestrito e talentos do espírito (1º sentido negativo)

5) Boa vontade, seu valor irrestrito e a contrária relatividade dos dons da fortuna e das qualidades do
temperamento (segundo sentido negativo)

6) Vontade moralmente boa, fundamento racional e valor absoluto e incondicionado: autodeterminação a partir
do reconhecimento do dever como princípio da ação.

7) Ação conforme o dever, ação por amor do dever como causa de ação ilimitadamente boa (sentido positivo)
As 3 proposições Kantianas
1ª Proposição

Somos também instintivos (temos uma vontade natural), logo a razão não é necessária para guiar a
vontade principalmente no que concerne a uma vontade instintiva. A razão nos foi dada como potência
prática, ou seja, ele é a potência reguladora da vontade. Mas qual é essa vontade? É a boa vontade,
guiada unicamente pela razão, que é boa em si mesma. Essa vontade poderá não ser o único em bem
do homem, mas é em si o Bem Supremo. Todos os bens à boa vontade deve estar condicionados,
até mesmo a felicidade.

A razão não teria seu porque se fossemos guiada unicamento por nosso desejo de satisfação, felicidade e
conservação. A vontade natural daria conta disso. A razão deve produzir a boa vontade.

O Conceito de Boa Vontade - Primeiramente a boa vontade é aquela livre de qualquer intenção ulterior- A
boa vontade contém certas restrições e alguns entraves subjetivos.
Para entendermos melhor o que é a boa Vontade devemos compreender o
conceito de dever, que está inserido na compreensão de Boa vontade. Para
facilitar deixemos de lado todas a ações contrárias ao dever e conformes o dever.

A ação sem dever – Ações realizadas interessadamente, que podem até ser úteis,
mais não entram na safra da Boa vontade.

A ação conforme o dever - Ações que podem ser realizadas com ou sem uma
inclinação imediata, porém contêm certa mancha de interesses pessoais, busca de
si mesmo.

Ação por dever – Somente na ação por dever está o Valor Moral.
Exemplos:

Um Homem por ter uma preocupação com a vida, que é um dever, mais que em si
não tem valor moral, é natural que preservemos nossa vida. Mais uma pessoa
pode estar num estado depressivo tal, que não veja mais razão de viver e mesmo
assim luta pela vida, essa é uma ação por dever.

(Aqui podemos entender bem o que é uma vontade Livre)

Há pessoas que são naturalmente benévolas, não precisam esforçar-se para tal.
Sentem satisfação em fazer o bem. É uma ação conforme o dever mas que não
possui valor moral em si.
2º Proposição

“Uma ação cumprida por dever tira o seu valor moral não do fim que por ela deve
ser alcançado, mas da máxima que a determina. Não depende da realidade do
objeto, mas do princípio do querer.”

Onde está o valor moral das nossas ações já que não é no fim a que tendem a
ações? O valor moral está no princípio da vontade.

A vontade se encontra numa bifurcação

Princípio Formal - A priori - Aqui se pode praticar uma ação por dever

Princípio Material - A posteriori


Deve-se tirar todo princípio Material da ação para que esta tenha valor moral.
Deve haver uma determinação, e está vem do princípio formal do querer em geral.

“A abstração dos fins na consideração dos valores morais opera um deslocamento


do eixo de consideração que permite perceber por contraste aquilo que pode haver
de valor moral nas ações. Caso a moralidade fosse baseada nos fins não
poderíamos distinguir de forma alguma quando este fim foi alcançado de maneira
lícita ou ilícita.”
Nem os efeitos e nem as atividades da vontade merecem nosso respeito. Logo a
lei sendo um princípio formal e algo que não serve a minha inclinação, mas a
domina ( ou tira dela o ato de decidir) pode ser objeto de nosso respeito.

Uma ação cumprida por dever elimina as influências das inclinações naturais e
com elas todo o objeto da vontade.

“Após ter despojado a vontade de todos os impulsos capazes de nela serem


suscitados pela idéia dos resultados provenientes da observância de uma lei, nada
mais resta do que a conformidade universal das ações a uma lei em geral que
deva servir-lhe de princípio: noutros termos, devo portar-me sempre de modo
que eu possa também querer que minha máxima se torne em lei universal.”
OBRIGADO!

Você também pode gostar