Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FREINET
Louis Legrand
Tradução e organização
José Gabriel Perissé
Editora Massangana
Avenida 17 de Agosto, 2187 | Casa Forte | Recife | PE | CEP 52061-540
www.fundaj.gov.br
Coleção Educadores
Edição-geral
Sidney Rocha
Coordenação editorial
Selma Corrêa
Assessoria editorial
Antonio Laurentino
Patrícia Lima
Revisão
Sygma Comunicação
Revisão técnica
Rogério de Andrade Córdova
Ilustrações
Miguel Falcão
Legrand, Louis.
Célestin Freinet / Louis Legrand; tradução e organização: José Gabriel Perissé.
– Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.
150 p.: il. – (Coleção Educadores)
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7019-556-2
1. Freinet, Célestin, 1896-1966. 2. Educação – Pensadores – História. I. Perissé,
José Gabriel. II. Título.
CDU 37
Louis Legrand3
1
O título original do autor: Célestin Freinet: um criador comprometido a serviço da escola
popular.
2
Este perfil foi publicado em Perspectives: revue trimestrielle d’éducation comparée.
Paris, Unesco: Escritório Internacional de Educação, v. 23, n 1-2, pp. 407-423, 1993.
3
Louis Legrand (França) é professor emérito de Ciências da Educação na Universidade
Louis Pasteur, de Estrasburgo. Ex-professor das Universidades de Besançon e Paris V.
Ex-diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Investigações Pedagógicas (Paris). Autor
de numerosos artigos e obras, dentre os quais cabe mencionar: Pour une pédagogie de
l’étonnement (1960), Pour une politique démocratique de l’education (1977) e L’ecole
unique: a quelles conditions? (1981). É co-autor de Pour un college démocratique. Rapport
au Ministre de l’education nationale (1983) e Enseigner la morale aujourd’hui (1991).
11
12
13
14
15
16
O aprendizado da leitura
A preocupação fundamental com a comunicação produzirá uma
prática original do aprendizado da leitura. A técnica empregada na
17
18
19
20
Ortografia e gramática
Como evitar os erros se não se conhecem as regras e as razões
que definem o certo e o errado? Freinet não desprezava a importân-
cia de trazer o conhecimento necessário no momento adequado. Na
medida do possível, o aluno terá sua autonomia garantida, servin-
do-se ele próprio do dicionário e da gramática, bem como utilizan-
do fichas autocorretivas. Por outro lado, nada impede que o profes-
sor ensine. Mas, diferentemente de como ocorre na pedagogia tra-
dicional, esse ensinamento não decorre de uma progressão teórica e
abstrata. Nasce de necessidades comprovadas: como se escreve esta
ou aquela palavra? Tal palavra é com “s” ou com “z”?
Os exercícios de reforço e aperfeiçoamento deverão sempre
ajustar-se à realidade concreta, sem sobrecarregar a memória do
aluno com regras abstratas. Em geral, serão suficientes as tentativas
do próprio aluno e as palavras de encorajamento por parte do
professor. Em algum caso, porém, e somente quando houver re-
almente necessidade, a aula será ministrada.
Para corrigir, Freinet confiava, de modo especial, na influência
que os alunos recebiam no contato vivo da produção de enuncia-
dos. E chegava a perguntar, de modo provocativo: “A gramática
serve para alguma coisa?”. Estudos experimentais objetivos de-
monstraram, posteriormente, que boa parte dos ensinamentos gra-
maticais é inútil e acarreta confusões persistentes, além do esque-
cimento do que já foi aprendido (Roller, 1948; Dottrens, 1921;
Legrand, 1970).
O cálculo vivo
Expliquei anteriormente como as atividades matemáticas ga-
nham vida quando realizadas com base nas necessidades reais do dia
21
22
23
Educação artística
Assim como a vida e o entorno motivam a expressão escrita,
também a expressão artística, ligada à vida, encontrava ali a base
de seu ensinamento, em particular a pintura. Os textos eram ilus-
trados e se multiplicavam os desenhos pela linogravura, um tipo
especial de impressão. Pintavam-se grandes quadros, individual-
mente ou em grupo. Sem dúvida, existia um estilo Freinet para
essas produções, conforme se vê em L’Art enfantin, publicação
consagrada à arte pictórica e à poesia. Os desenhos eram muito
coloridos e, com frequência, havia até um excesso de tintas. Che-
gou-se a dizer que esse estilo, bem característico, devia-se a uma
manipulação inconsciente, perceptível também na liberdade de
expressão oral e escrita. E, com efeito, os métodos Freinet susci-
24
25
26
Qual é a filosofia?
Freinet, como se vê, é fundamentalmente um homem de ação.
Sua genialidade está em ter inovado a sala de aula e ao mesmo
tempo ter criado um Movimento, um instrumento de produção
de material didático indispensável para disseminar seus conceitos e
práticas. Essa criação em si mesma testemunha seu senso de orga-
nização e o que se poderia chamar o seu “messianismo”. Freinet
acreditava na pedagogia como um caminho ou até mesmo como
o caminho para transformar a humanidade. À medida que fosse
conhecida e adotada, sua prática poderia ser um meio de regene-
ração social e de superação do capitalismo explorador e belicista.
27
28
29
Freinet atual
Freinet faleceu em 1966, mas o movimento de caráter nacio-
nal e internacional a que ele deu início, não morreu, e é em si mes-
mo excepcional, merecedor de nossa reflexão. Contudo, suas con-
tribuições, mesmo que agora estejam, em parte, integradas aos
textos oficiais da pedagogia francesa, continuam sendo contesta-
das. Por isso, para que possamos avaliar corretamente a herança de
Freinet, penso que seja necessário considerar duas questões: as
consequências práticas de suas técnicas no aprendizado, e a filoso-
fia subjacente a essas técnicas.
30
31
32
33
34
35
36