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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ - UTP

CURSO DE PSICOLOGIA

ANGÉLICA BALDISSARELLI LOCATELLI


ATHYEINE CRISTHYNE PEREIRA
RIBAS
GIOVANNA SILVA VIEIRA
MARLON FRANCO MACIEL
PEDRO PERCEGONA
THIAGO PEREIRA DE CARVALHO

CÈLESTIN FREINET

CURITIBA

2021
ANGELICA BALDISSARELLI LOCATELLI
ATHYEINE CRISTHYNE PEREIRA
RIBAS
GIOVANNA SILVA VIEIRA
MARLON FRANCO MACIEL
PEDRO PERCEGONA
THIAGO PEREIRA DE CARVALHO

CÈLESTIN FREINET

Trabalho acadêmico apresentado à


disciplina de Psicologia Histórico-
Cultural, do curso de Psicologia da
Universidade Tuiuti do Paraná.

Prof. Everton Adriano de Morais

CURITIBA

2021
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Sumário

1 Introdução...........................................................................................................................3
2 Biografia.............................................................................................................................3
3 Pedagogia do Trabalho.......................................................................................................4
4 Escola Moderna..................................................................................................................4
5 As Invariantes Pedagógicas................................................................................................5
5.2 As reações da criança..................................................................................................6
5.3 As técnicas educativas.................................................................................................7
6 As Técnicas da Pedagogia Freinetiana...............................................................................8
7 Considerações Finais........................................................................................................11
8 Referências........................................................................................................................12
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Introdução

O presente trabalho tem por objeto a seleção de conceitos abordados na disciplina


“Psicologia Histórico-Cultural” neste primeiro bimestre, relacionando-os com a obra
cinematográfica escolhida pelo grupo. No caso, optamos pelo filme “A Menina que Roubava
Livros”, produzido em 2013, e baseado no livro homônimo do escritor australiano Markus
Zusak.
Conforme se verá adiante, podemos encontrar nesse longa metragem exemplos de
vários fenômenos afetos à Psicologia Histórico-Cultural, como sociointeracionismo,
materialismo histórico-dialético, teoria da mediação e processos criativos. Além das cenas do
filme, também serão apresentados alguns exemplos cotidianos em que os mesmos conceitos
são aplicáveis.

Biografia

Freinet nasceu em 1896 em Gars (sul da França), foi pastor de rebanhos e na


adolescência se mudou para Nice e lá inicia seu curso de magistério, porém quando estoura a
primeira guerra mundial ele interrompe seus estudos e alista-se no exército (1914 -1918).
Uma das consequências que a guerra trouxe para sua vida foram problemas
pulmonares ocasionados por gases tóxicos aos quais havia sido exposto. Em 1920 ele
começou a lecionar como professor adjunto na aldeia de Bar-sur-loup em uma escola
localizada em uma casa muito precária, Freinet compensou sua falta de experiência e
conhecimento pedagógico ( pois não havia concluído o curso) com respeito e afeto com seus
alunos sempre trazendo coisas diferentes para que as crianças pudessem aprender, como a
aula passeio onde levava seus alunos a lugares diferentes para aprenderem assim despertando
a vontade de aprender dos alunos de uma maneira divertida e que não os deixassem
aprisionados na rotina da sala de aula.
Outras inovações trazidas por ele foram o livro da vida e o jornal escolar.
Em 1925 entrou para o partido comunista, dois anos depois fundou a cooperativa de
ensino leigo com o intuito do desenvolvimento de novos instrumentos pedagógicos, uma
artista plástica chamada Elise entra como colaboradora na cooperativa e os dois acabam se
apaixonando e posteriormente se casando. Todo seu trabalho na cooperativa e na escola
acabam fazendo Freinet perder seu cargo de professor em Saint Paul, ele e sua esposa
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continuam com a cooperativa e depois abrem a escola de Freinet. Na segunda guerra mundial
foi preso em um campo de concentração agravando ainda mais suas doenças.
Após 1 ano é libertado e entra para resistência francesa ao nazismo.
Após o término da guerra ele reorganizou a cooperativa e sua escola.
Freinet havia tido uma filha com seu grande amor, filha essa que, após sua morte
(1966), junto a mãe, continuou a escrever e divulgar seu trabalho.

Pedagogia do Trabalho

Freinet não titubeou ao dizer que o conhecimento vem com a prática, com o contato
com o novo, bem como das significações que a criança faz destes. Para ele, isso era uma
certeza absoluta, de modo que toda a sua teoria apresenta a pauta da ação como forma de
produzir conhecimento. Pode-se observar muito dessa questão do fazer, em sua teoria, como
por exemplo no estudo do meio, aula-passeio e jornal mural, além de contar com a questão
individual, necessitando de um certo interesse da criança em aprender e ressignificar o que
foi absorvido.
Deste modo, o foco é a produção de conhecimento, sendo que este é concebido com o
contato com o novo, bem como das significações que a criança os faz destes. Freinet acredita
que a criança é a artesã de sua própria cultura, neste sentido, ele mostra a importância do
desenho para a criança, chegando a compará-lo com a escrita. Freinet relata também que o
desenho, enquanto uma forma liberdade, não deve ser visto apenas como uma forma de
produzir conhecimento, mas também como descontração. Parte dessa teoria é semelhante à de
Vygotsky, ao falar que desenhar é uma preparação para a escrita, uma vez que a escrita é um
sistema de representação simbólico, sendo o desenho a representação da forma do objeto e a
escrita é a nomeação do objeto.

Escola Moderna

O conceito da escola moderna elaborado por Freinet, tem como pilar ser uma escola
onde não são ignorados os fatores sociais e culturais da criança, e de acordo com o instituto
ICEM. Ademais, acredita-se em um senso cooperativista, pedagogia de livre cooperação
entre educadores e educandos, de caráter internacional, que por sua vez, possibilita uma
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autogestão. Algumas características da pedagogia do trabalho estão presentes nessa escola,


como por exemplo pela busca do conhecimento através do trabalho, mas desassociado à ideia
de labor, livre organização com condições reais para a liberdade pedagógica moderna, bem
como a oposição a ideias meritocrácias.
De acordo como professor Antonio Takao Kanamaru

[...] a construção da pedagogia do trabalho ou da escola moderna, do


francês Célestin Freinet (Gars,1896, Vence,1966), não foi elaborada a
priori e academicamente. Pelo contrário, teve influência de sua
experiência de vida desde os primórdios, quando foi pastor de
ovelhas, nos Alpes Marítimos, já nos seus primeiros anos de vida
(FREINET, 1979). Essa profissão lhe exigia tomar decisões
importantes relacionadas à segurança do rebanho, principal fonte de
sustento de sua família humilde. (Antonio, 2014, p. 5).

Vale ressaltar que a escola nova/ popular, nada tem a ver com a escola moderna.
Anteriormente, Freinet era vinculado a escola nova, mas por não compactuar com as ideias,
acabou fundando a sua forma de trabalho escolar. Segundo a autora Elisé Freinet, a Escola
Nova é “[…] uma teoria aparentemente perfeita no plano das ideias, (mas) na realidade é
isolada da prática, deixada ao acaso do improviso, quando é na prática que se pode encontrar
solução para os problemas da vida cotidiana”
Muitas das críticas direcionadas à Freinet, referem-se à escola moderna, por propor o
livre cooperativismo, autogestão escolar e o trabalho livre.
Deste modo, a escola moderna, por apresentar uma cooperação internacional entre
aluno, professor e pedagogo, possibilita uma construção dinâmica entre estes, além de
auxiliar a produção do conhecimento através das práticas em campo, marcando a coesão da
teoria proposta por Freinet.

As Invariantes Pedagógicas

Percebendo que muitos educadores exibiram dificuldades em implementar as novas


técnicas de ensino, Freinet criou, em 1964, as 30 invariáveis pedagógicas, com o objetivo de
que servissem como valores educacionais ou princípios básicos para nortear a atuação dos
professores. Tanto é assim que, para cada uma das invariantes, Freinet concebeu uma espécie
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de teste direcionado aos educadores, a fim de possibilitar que realizassem recorrente


avaliação da sua própria postura pedagógica, com base na sinalização típica dos semáforos
(vermelho, amarelo e verde).
As invariantes foram classificadas, por Freinet, em três categorias: a natureza da
criança, as reações da criança e as técnicas educativas, como veremos a seguir.

1.1 A natureza da criança

A criança tem necessidades fisiológicas e emocionais e procura satisfazê-las da


mesma forma com que o adulto faz. Ou seja, ela age e reage a partir dos mesmos impulsos do
adulto. A diferença não seria pela natureza entre um e outro, mas, sim, uma diferença de
grau, porque a criança é mais fraca organicamente, embora com maior potencial energético, e
mais inexperiente e/ou ignorante.
Nesse sentido, Freinet formulou as seguintes invariantes:
1. A criança é da mesma natureza que o adulto.
2. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
3. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado
fisiológico, orgânico e constitucional.

As reações da criança

Freinet observou que todos, crianças e adultos, têm uma tendência natural a reagir em
contrariedade a qualquer força impositiva. Automaticamente se manifestam gestos ou
pensamentos de resistência, ainda que tão logo reprimidos, de modo a dificultar o trabalho
cooperativo. Por isso que, na medida do possível, as crianças devem ser ouvidas, a fim de que
tomem a iniciativa das atividades, competindo ao educador mais o papel de prepará-la para a
tarefa do que conduzi-la. A atividade, ainda, deve ter alguma motivação por parte da criança,
e não existir apenas em função da exigência da escola.
Além disso, algum grau de disciplina se mostra necessário para a organização e boa
convivência no ambiente escolar, e as crianças tendem a aceitá-las com tranquilidade. Por
outro lado, as medidas disciplinares que possam ser interpretadas como supérfluas devem ser
evitadas, pois geram resistência, devendo ser substituídas pela ideia de cooperação.
Pela abolição da Escola Tradicional, Freinet propõe que o educador não seja um mero
árbitro do fracasso, senão, antes, seja um apoiador da busca por novos caminhos ao sucesso.
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Propõe, também, que a educação deve estar calcada no trabalho motivado, capaz de
desenvolver as virtudes da criança, e não em jogos que despertam o interesse superficial.
Sobre esse tópico, Freinet formulou as seguintes invariantes:

4. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.


5. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isto
significa obedecer passivamente uma ordem externa.
6. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo
que, em particular, ele não o desagrade. Toda atitude imposta é
paralisante.
7. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não
seja a mais vantajosa.
8. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina,
sujeitando-se a rotinas nas quais não participa.
9. É fundamental a motivação para o trabalho.
10. É preciso abolir a escolástica.
a. Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe, destrói o
ânimo e o entusiasmo.
b. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho.

As técnicas educativas

Segundo Freinet, as explicações, mesmo quando amparadas em demonstrações, não


servem para a aquisição do aprendizado em profundidade, tampouco são levadas para a
prática do sujeito, em seu meio. Dessa forma, é a experiência que deve formar a base do
conhecimento e, ainda, ser colocada em função da vivência do indivíduo, conforme a sua
realidade singular. Somente em um segundo momento é que se formalizam as regras e leis,
extraídas da experiência. Quer dizer, explicar os conceitos em uma aula expositiva não irá
reter a atenção das crianças, o que já não ocorre se elas participarem ativamente na
construção do conhecimento, a partir, por exemplo, de pesquisa, experimentação e
formulação de dúvidas.
E, assim, Freinet formulou as seguintes invariantes:

11. Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos


essenciais da escola - as únicas vias normais de aquisição de
conhecimento, mas a experiência tateante, que é uma conduta natural
e universal.
12. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a
não ser quando está integrada no tateamento experimental, onde se
encontra verdadeiramente a serviço da vida.
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13. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às
vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar primeiro regras e leis
é colocar o carro na frente dos bois.
14. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um
circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do
indivíduo, como ensina a escolástica.
15. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua
fora da realidade e fica fixada na memória por meio de palavras e
idéias.
16. A criança não gosta de receber lições autoritárias.
17. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende
aos rumos de sua vida.
18. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções.
Isso caracteriza uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se
exercida publicamente.
19. As notas e classificações constituem sempre um erro.
20. Fale o menos possível.
21. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela
prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade
cooperativa.
22. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.
23. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao
fim desejado e não passam de paliativo.
24. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da
vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador.
25. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
26. A concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao
anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras.
27. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um
regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos
democratas.
28. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à
criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só
assim é possível educar dentro da dignidade.
29. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é
uma oposição com o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la
ou modificá-la.
30. É preciso ter esperança otimista na vida.

Portanto, finaliza Freinet com a ideia de que a esperança na vida une todas as
invariantes no propósito comum de formação das crianças que serão os homens de amanhã.

As Técnicas da Pedagogia Freinetiana


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Para SCARPATO (2017, p. 623), a liberdade, para Freinet, significa cada homem
construir sua concepção de mundo com respeito mútuo, expressando seu ponto de vista, que
interferirão nos fatos cotidianos da vida pessoal e do grupo, com discernimento, livre de
imposições e incompreensões.
Assim, é extremamente importante que a escola forneça aos alunos um ambiente
propício para sua livre expressão. E é nesse contexto de uma educação mais livre e de
prestígio à autonomia dos alunos que surgem as Técnicas Freinetianas.
De acordo com SAMPAIO (1989, p. 218), elas têm que ser compreendidas em sua
totalidade, como um conjunto coeso, o qual chama de “Pedagogia da Totalidade”, sendo as
principais delas: a) imprensa na escola; b) texto livre; c) jornal escolar; d) correspondência
interescolar; e) livro da vida; f) jornal-mural; g) fichário escolar cooperativo; h) estudo do
meio; i) aula-passeio; j) biblioteca; l) fichário autocorretivo; m) planos de trabalho; n) cantos
de atividade; e o) complexos de interesse.
As técnicas mais relevantes, no entender do grupo, serão sucintamente comentadas
nos parágrafos seguintes.
Uma das primeiras técnicas de Freinet era a chamada “aula-passeio”. Foi pensada a
partir da constatação de que a atenção dos alunos estava voltada muito mais para fora da sala
de aula do que dentro, onde “estavam presos” à leitura “estéril” de manuais que não lhes
diziam muito. Por isso, Freinet decidiu levá-los ao ambiente externo. Conforme explica
LIMA (2017, p. 88), os estudantes saíam todos pelo bairro, para observar e contemplar todas
as paisagens e possíveis acontecimentos, por vezes paravam “para ver e ouvir o sopro do
vento, as águas dos rios, os pássaros, as flores além de conhecer e apreciar o trabalho dos
habitantes e moradores daquele local” e que, após os passeios, era “nítido o desejo dos alunos
em compartilhar e contar suas vivências”.
Fazendo jus ao nome, o texto livre era um texto escrito pelos alunos de maneira livre
na forma e no tema, elaborado no momento em que a inspiração chegasse (SAMPAIO, 1989,
p. 219). Nas palavras de LIMA (2017, p. 90) é uma manifestação que compreende o registro
das percepções das impressões da vida do aluno; permitia-lhe exteriorizar seus problemas,
seus sonhos, suas fantasias, seus desejos e sua visão de mundo. Esses textos livres eram lidos
perante o grupo em um dia previamente designado para tal, possibilitando sua discussão entre
os alunos e o professor e propiciando oportunidade para que fossem realizadas possíveis
intervenções e modificações no texto, após o que ele iria numa página do jornal escolar.
(Lima, 2017, p. 90).
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A biblioteca de trabalho consiste em uma coleção de livretos elaborados pelos


alunos que decidem o tema específico de cada número a ser editado, o desenvolvem, e o
enviam para outras vinte classes da mesma faixa etária para que façam críticas e deem
sugestões (Sampaio, 1989, p. 184). Semelhantemente, os fichários escolares cooperativos,
elaborados pelos próprios alunos (Sampaio, 1989, p. 200).
Os cantos de atividade designam onde cada criança é que escolhia para onde queria
ir, deste que atendesse as regras decididas em grupo como a quantidade de integrantes de
cada grupo; eram propostos pelos professores com desafios, leituras, colagens, dentre outras
atividades (Lima, 2017, p. 93). SAMPAIO (1989, p. 187) destaca que essa prática permitia
uma vivência cooperativa entre as crianças, pois, como não havia interferência direta dos
adultos, a sociabilização delas ganhava ritmo próprio.
Uma outra técnica, a do jornal escolar impresso tinha, como alguns de seus
objetivos, possibilitar que os alunos vivenciassem a situação de ver seus pensamentos, suas
reações perante o mundo, seus triunfos, suas dúvidas, seus questionamentos, seus temores,
suas aventuras representadas por um texto impresso, e que vivenciassem também as
diferentes etapas do trabalho editorial. O que importava não era o produto final, mas todo o
processo de criação, intervenção e interações realizadas durante a sua construção (Lima,
2017, p. 91).
Além da versão impressa, realizava-se também o jornal falado (Lima, 2017, p. 90-
91), preparado por grupos da sala de aula. A cada equipe incumbia a seleção das notícias,
escolha e resumo dos textos, forma de apresentação e escolha da disposição, roteiro de
apresentação, os ensaios, testes e a apresentação definitiva do “programa”. O jornal era
apresentado aos demais alunos da sala e por eles avaliado.
Por sua vez, a denominada correspondência interescolar tem um nome bem
elucidativo: duas crianças de diferentes classes se correspondiam, de acordo com a
organização dos professores. Segundo SAMPAIO (1989, p. 196), as crianças trocavam
presentes feitos por ela ou pelas famílias, fitas gravadas, comidas típicas, etc., e dava uma
dimensão emocional ao trabalho desenvolvido na escola, considerando que o objeto da
comunicação ia muito além dos limites escolares e envolvia a vida dos alunos. É um primeiro
passo para a descoberta de diferentes personalidades, processo no qual as crianças estariam
aprendendo a respeitar essas diferenças, tolerar e admitir a existência de outros modos de
vida (Sampaio, 1989, p. 197).
O livro da vida era um registro dos acontecimentos mais importantes da turma,
disposta em folhas grandes, que a classe ia compilando. Sua confecção se dava por meio de
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colagens de jornais, fotos, cartas, enfim, tudo que fosse revelante o suficiente para ser
documentado. O “livro” era preenchido pelos próprios alunos ou pelos professores, conforme
o que fosse ditado a eles pelos alunos.
Outra técnica, o jornal-mural, consistia num painel fixado na parede da sala de aula,
contendo três colunas: “eu proponho”, “eu critico” e “eu felicito”, no qual os alunos se
identificavam e registravam suas queixas, seus anseios e comentando aquilo de que gostaram,
tópicos que eram posteriormente discutidos em reunião (SAMPAIO, 1989, p. 207).

Considerações Finais
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Referências

Kanamaru, A. T. (2014). Autonomia, cooperativismo e autogestão em Freinet: fundamentos


de uma pedagogia solidária internacional. Educação e Pesquisa, 40(3), 767–781.
https://doi.org/10.1590/s1517-97022014005000007

Lima, R. R. Contribuições pedagógicas de Célestin Freinet. Ensaios Pedagógicos, Sorocaba,


v. 1, n. 1, p. 87-94, jan./abr. 2017. ISSN: 2527-158X. Disponível em:
<http://www.ensaiospedagogicos.ufscar.br/index.php/ENP/article/view/10>.

Sampaio, R. M. W. F. (1989). Freinet: Evolução Histórica e Atualidades, 1ª ed, São Paulo,


Scipione.

Scarpato, M. A livre expressão na Pedagogia Freinet. Revista Ibero-Americana de Estudos


em Educação, Araraquara, v. 12, n. esp. 1, p.620-628, 2017. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.21723/riaee.v12.n.esp.1.2017.9667>. E-ISSN: 1982-5587.

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