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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

UTP

CURSO DE PSICOLOGIA

Thiago Pereira de Carvalho

ED2-ESTUDO DIRIGIDO

Breve ensaio psicanalítico Winnicottiano sobre o romance: Meias


verdade- autor: Thomas H. Ogden

Curitiba

2022
Thiago Pereira de Carvalho

ED2-ESTUDO DIRIGIDO

Breve ensaio psicanalítico Winnicottiano sobre o romance: Meias


verdade- autor: Thomas H. Ogden

Estudo Dirigido apresentado na disciplina


Psicanálise II, na orientação do professor Luiz
Ramos

Curitiba

2022
ITEM INDICADORES AVALIATIVOS ESPERADO ALCANÇADO
01 -Normas da APA (devidamente utilizada) 1,0
–Segue a sequência correta :capa, folha de
rosto, ficha de avaliação, texto trabalhado
e referências.
02 Revisão do trabalho: O trabalho 0,5
apresenta digitação e ortografia correta
com o número de laudas solicitadas (de 03
a 04) sem contar a capa, folha de rosto e
referências. Obedece a sequência
introdução, desenvolvimento e
considerações finais.
O trabalho deverá estar escrito para ser
lido por um profissional da teoria
Winnicottiana
03 O trabalho deverá ser no formato de 0,5
texto, não separar em tópicos: -
introdução, -desenvolvimento e
considerações finais.
04 . Introdução: (conseguiu introduzir o 2,0
tema da proposta de forma clara, objetiva
e criativa). O texto não deve iniciar
citando o objetivo do trabalho acadêmico
solicitado na disciplina. Não deve trazer o
resumo da história do livro na introdução.
Não iniciar com citações de autores na
introdução
05 Desenvolvimento: (o texto é coerente e 4,0
condiz com a teoria solicitada, obedece
aos critérios exigidos de um texto
apresentando adequadamente as citações
indiretas obrigatórias). Em caso de
citações diretas, apenas de 03 a 04 linhas,
sem recuo e redução da fonte. no
desenvolvimento deverá constar frases do
conto para esclarecer a teoria pensada.
06 Considerações finais: (finaliza o trabalho 1,0
adequadamente). Iniciar a conclusão nos
dois últimos parágrafos.
08 Referências (são indicadas corretamente 1,0
conforme normas da APA)
TOTAL 10,0
A obra apresenta ao leitor, logo nas primeiras páginas, uma característica

marcante a respeito de Warren, filho de Marta e Earl, uma vez que ele com onze anos

ainda chupava o polegar da mão, marcando certa retenção na fase oral, proposta por

Freud. Nesta fase, é possível estabelecer um paralelo com Winnicott, uma vez que ela

inicia a construção do self do bebê, por meio da identificação. De acordo com Diniz

(2006), essa identificação se dá pelo olhar, gestos e toques que a mãe direciona ao bebê,

proporcionando que este incorpore e construa o próprio self.

Em termos de self, Winnicott elucida sobre um falso e o outro verdadeiro. O

verdadeiro é marcado pela onipotência, sendo autônomo, construído pela

espontaneidade que condiz com a realidade vivenciada, deste modo “o self verdadeiro

não se torna uma realidade viva exceto como resultado do êxito repetido da mãe em

responder ao gesto espontâneo ou alucinação sensorial do lactente” (1982, p. 133).

Além da espontaneidade, o objeto transicional é fundamental para a construção do self

verdadeiro, uma vez que ele representa os cuidados maternos, um período de

diferenciação conhecido como “não-eu”. Já o self falso é construído pelo social, pela

imposição de leis e costumes, uma imitação do que é representado, podendo esse ser o

caso de Warren, uma vez que ele apresenta indícios de retenção na fase oral,

caracterizando um self falso.

Caso comprovada a fixação na fase oral de Warren, ela caracterizaria uma

psicose, que pode ser enquadrada pela fixação em um narcisismo primário, que é o

narcisismo dos pais projetado sobre o filho, mantendo-o em figuras primitivas de

identificação, impedindo a criação de novos objetos libidinais, marcando forte ameaça

de morte, fundindo à pulsão de vida, morte e constituição egóica, segundo Miranda e

Kirschbaum (2007).
Marta, enquanto função materna, teve o papel de apresentar o mundo a ele a sua

outra filha Melody, contudo essa função que Marta desempenhou enquadra-se no caso

de uma mãe não suficientemente boa “a criança não é capaz de começar a maturação do

ego, ou então ao fazê-lo o desenvolvimento do ego ocorre necessariamente distorcido

em certos aspectos vitalmente importantes” (1982, p. 56) o que também leva a uma

imposição dos gestos da mãe sobre os gestos do lactante, fazendo com que ele se torne

submisso.

Outro aspecto que marca características de uma mãe não suficientemente boa

em Marta é a própria amamentação, pois com os dois filhos ela não foi capaz de levar a

amamentação até o período adequado, fazendo com que ela não se sentisse como uma

“mãe de verdade” (2017, p.208). Além disso, o “holding” e o “handling” também foram

bem precários, mas graças a sua sogra que a ensinou como manusear e a conhecer os

bebês, além de até mesmo dar mamadeira para Warren até o desmame, visto que Marta

desistiu de amamentá-lo após algumas, esse processo de cuidar e tocar os bebês não foi

mais precário.

No que se refere ao estágio de dependência absoluta, Nasio aborda que “a

criança não tem meios de reconhecer os cuidados maternos” (1995, p.197) das duas

crianças, é possível observar que Marta também apresenta características de uma mãe

suficientemente boa nos cuidados com elas, uma vez que não soube ser instintual,

impossibilitado o crescimento da sensação de onipotência de seus filhos. Em relação ao

ensimesmamento psíquico, que representa as preocupações com o bebê, como por

exemplo se ele nascerá bem ou se permanecerá bem após o nascimento, não teve

indícios de ter ocorrido, até mesmo pelo fato dela estar internada em uma clínica

psiquiátrica e não estar consciente da própria realidade a ponto de conseguir se

preocupar com a Melody em seu ventre.


Marte ficou internada após apresentar um colapso físico e mental, apresentando

incapacidade de reconhecer a realidade a ela apresentada. A fim de obter uma melhora

no quadro, a psiquiatra do hospital acadêmico administrou “altas doses de

medicamentos antipsicóticos e antidepressivos” (2017, p.188) sem comprometer a saúde

do feto. Sendo assim, diante desse colapso, é possível analisar um self falso atuante em

Marta, apresentando a ocultamento da realidade como uma de suas funções positivas, de

modo que o contato com a realidade pode ter sido um dos motivos do seu colapso.

Ogden, em sua obra, não faz menções explícitas correspondentes ao estágio de

dependência relativa, mas é possível pontuar que nele “o lactente sente necessidade da

mãe, é aquele em que o lactente começa a saber em sua mente que a mãe é necessária”

(1982, p. 84), além da criança adquirir a capacidade de “tolera melhor as falhas de

adaptação da mãe, assim se tornando capaz de tirar proveito delas para se desenvolver”

(1995, p. 191). Já no estágio rumo à independência a criança passa a se identificar com

a sociedade, com o mundo no qual ela está inserida, possibilitando uma vivência pessoal

satisfatória.

Portanto, nesse ensaio psicanalítico pode-se observar aspectos importantes

relativos ao self falso na Marta e no seu filho Warren, bem como diversas características

que enquadram Marta como uma mãe não suficientemente boa, além das três funções

maternas e exposições a respeito dos estágios de dependência.


Referências

César, G., & Diniz, V. (2006). As metamorfoses do espelho do rosto materno na

constituição do self da criança Zeferino Rocha.


http://pepsic.bvsalud.org/pdf/malestar/v6n1/08.pdf‌

J.-D. Nasio. (1995). Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein,

Winnicott, Dolto, Lacan. Editora Schwarcz - Companhia das Letras.

Miranda, L., & Kirschbaum, D. I. R. (2007). The triggering of psychosis and its clinical

treatment in substitutive mental health equipment: a theoretical contribution in

the Freudian perspective. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 15(5),


942–948. https://doi.org/10.1590/s0104-11692007000500010‌

Ogden, T. (2017). Meias verdades. Editora Blucher.

Winnicott, D. W. (1982). O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a

teoria do desenvolvimento emocional. Artes Médicas.

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