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Como ajudar o

professor a fazer um
diagnóstico dos
saberes da turma de 4 e
5 anos?
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POR:
Muriele Massucato, Eduarda Diniz Mayrink
04 de Fevereiro de 2014

Nas atividades de diagnóstico, o professor não deve dar dicas e


direcionar consultas
Em qualquer turma de Educação Infantil, o professor precisa ter dois
conhecimentos fundamentais para elaborar o planejamento das
atividades de qualquer eixo de aprendizagem. São eles:
1. Conhecer muito bem quais são as expectativas de aprendizagem de cada
eixo da Educação Infantil;
2. Conhecer os saberes de sua turma e de cada criança nos diferentes eixos.

O primeiro aspecto é fruto de estudos constantes e da elaboração coletiva


de um quadro simples e claro para o conteúdo de cada nível e eixo.
Cabe ao coordenador pedagógico fazer as formações continuadas para
que os professores tenham uma clareza, cada vez maior, dos conteúdos
de aprendizagem. O segundo item precisa de um planejamento
específico de atividades diagnósticas por eixo e é sobre ele que falarei no
texto de hoje.
Diagnóstico dos saberes
Na semana passada, falei sobre a importância de realizar essas atividades
alguns dias após o retorno das férias. Esse período é essencial para a
adaptação das crianças à rotina escolar e para o professor conseguir
repertoriar os pequenos com jogos, brincadeiras e situações de oralidade,
arte, matemática, leitura e escrita.
Bem, passado esse período de mergulho na rotina, é hora de mapear os
saberes da turma. Para tanto, é preciso ter alguns focos definidos por
nível e por eixo. Vocês podem ver um exemplo de quadro diagnóstico
clicando aqui.
Para saber quais são os conhecimentos reais de cada criança, será preciso
planejar atividades que ela faça sem qualquer intervenção do professor.
Isso é importantíssimo! A criança precisa realizar a tarefa demonstrando
o que sabe e o que precisará aprender. Caso o professor dê uma dica ou
direcione para consultas, a situação deixará de ser de diagnóstico e
passará a ser de aprendizagem.

As contribuições de Lev Vygotsky


O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1986-1934) deu uma grande
contribuição à Educação em relação a esse assunto quando diferenciou
a zona de conhecimento proximal da zona de conhecimento real.
A primeira é o que a criança é capaz de fazer com ajuda do professor,
por exemplo, e a segunda é o que ela sabe fazer com a autonomia.
Um exemplo claro disso é quando pedimos para uma criança pequena
quantificar uma coleção de objetos. Se o professor orientá-la a organizar
as peças linearmente e ajudá-la a se lembrar dos números rasos (20 e 30,
por exemplo), ela certamente quantificará corretamente. Entretanto, se
não houver qualquer intervenção do professor, ela se “atrapalha” e conta
cada objeto mais de uma vez, assim como se equivoca ao recitar a
sequência numérica.

Na primeira situação, podemos dizer que o conhecimento de quantificar


está na zona de conhecimento proximal, enquanto a segunda situação se
relaciona com o conceito de zona de conhecimento real.
Estou falando sobre tudo isso, porque acredito que, no dia a dia, as
situações de aprendizagem devem estar na zona de desenvolvimento
proximal, porque são as intervenções pontuais do professor e a troca com
os colegas que vão assegurar as aprendizagens. Por outro lado, nas
atividades de diagnóstico dos conhecimentos queremos identificar o que
cada criança já sabe, ou seja, o que está na zona de conhecimento real.
Daí o porquê de o professor não dar dicas e realizar as atividades
individualmente.
Como propor a atividade diagnóstica para as crianças
Um jeito bacana de fazer isso é compartilhar com os pequenos falando
algo mais ou menos assim:

“Turma, eu estou muito contente de observar como vocês são espertos e


já sabem muitas coisas! Então, hoje nós vamos fazer algumas atividades
para que eu possa registrar o tanto que vocês já sabem. Por isso, cada um
vai fazer do seu jeito. Vou explicar, mas não vou ajudar. E também só
hoje não vale perguntar para o amigo, tudo bem?”

Para fazer isso, o professor precisará estar atento e observar os


procedimentos de cada criança. Esse trabalho pode ficar mais fácil se a
sala for dividida em grupinhos ou em dois grupos. Há de se registrar
todos os dados obtidos para ter conhecimento de quais são os saberes dos
pequenos. Assim, será possível planejar atividades ajustadas para os
diferentes agrupamentos de crianças.

Na próxima semana, falarei sobre o diagnóstico nas turmas de 2 e 3


anos. Até lá, compartilhe conosco como é o diagnóstico no grupo de 4 e
5 anos na sua escola.

Um grande abraço a todos, Leninha

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