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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DO __ JUIZADO

ESPECIAL FEDERAL - SEÇÃO JUDICIÁRIA DO RIO DE JANEIRO/RJ.

URGENTE

COM PEDIDO DE LIMINAR

ANDERSON DA SILVA SODRÉ MONTEIRO, Brasileiro, Solteiro, RG nº


24.766.148-1 , inscrito no CPF sob o nº 124.581.457-52, residente e domiciliado à Ladeira
do Pedro Antônio, nº 26, Apartamento 301, Centro, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20.080-900,
vem, perante Vossa Excelência, promover

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face de UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público, inscrita no CNPJ sob o nº
00.394.411/0001-09, a ser citada na Rua México nº 74, Centro, Rio de Janeiro – RJ – CEP
20031-140; EMPRESA DE TECNOLOGIA E INFORMAÇÕES DA PREVIDÊNCIA -
DATAPREV, inscrita no CNPJ sob o número 42.422.253/0001-01, endereço Setor de
Autarquias Sua, Bl E/F - Parte, nº 01, Bairro Brasília, Brasília/DF, CEP, 70.070-935; e da
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, empresa pública, inscrita no CNPJ nº 00.360.305/0001-04,
com endereço à Avenida Rio Branco 174, Centro, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20.040-007,
com fundamento nos Artigos 300, caput, e Art. 319, e seguintes, do Código de Processo
Civil, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir apresentados:

1. PRELIMINARMENTE

1.1 DO REQUERIMENTO DE GRATUIDADE JUDICIÁRIA.

Ab initio, o requerente informa não dispor de meios suficientes para


arcar com o ônus do pagamento de custas processuais e honorários advocatício, razão pela
qual requer que Vossa Excelência conceda os benefícios da GRATUIDADE DE JUSTIÇA, com
fulcro no Art. 5º, LXXIV da CRFB, bem como o Art. 98 e seguintes da Lei 13.105/2015 c/c
Lei 1.060/50, declarando, assim, ser hipossuficiente sob as penas da lei.
1.2. QUANTO À AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO.

Tendo em vista os impedimentos sanitários decorrentes da pandemia


do coronavírus, bem como pelo fato de a discussão processual ser eminentemente de
direito, manifesta-se, a parte requerente, pelo desinteresse na assentada conciliatória.

2. DOS FATOS

O requerente é beneficiário do auxílio emergencial instituído pelo


Governo Federal visando diminuir o impacto negativo na vida de seus administrados, bem
como na economia Brasileira, resolveu auxiliar grupos seletos de pessoas através do
benefício social conhecido como AUXÍLIO EMERGENCIAL, previsto no Decreto nº
10.316/2020, regulamentado pela Lei nº 13.982/2020:

Ocorre que a parte autora foi surpreendida no mês de Outubro de 2020


com a impossibilidade de movimentação dos valores disponibilizados em Conta
POUPANÇA SOCIAL DIGITAL de nº 3880 1288 962006146-8, aberta pela segunda ré
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL para o recebimento dos valores depositados pela primeira
ré UNIÃO FEDERAL.

Conforme documentação em anexo, ao acessar o aplicativo


disponibilizado pela primeira ré, constava a informação de que a Poupança digital estava
bloqueada, o que ensejou, em pleno cenário de pandemia, a ida do demandante à agência
da Caixa Econômica Federal em diversas ocasiões.

Dessa forma, a parte autora permaneceu de 30.9.2020 até 14.12.2020


sem receber qualquer parcela do Auxílio Emergencial em razão da falha no serviço
prestado pelas rés, já que uma atribuía responsabilidade a outra sobre a ausência dos
pagamentos nas datas previstas no calendário disponibilizado para amplo conhecimento
da população, conforme se verifica da tela anexada ao processo que comprova o que é aqui
alegado pela parte autora:

Impende destacar que a DATAPREV informara em seu sítio eletrônico


que os valores relativos às parcelas 7, 8 e 9 da extensão do auxílio emergência, no importe
de R$ 300,00 cada,havia sido enviada para a corré Caixa Econômica Federal, contudo, ao
buscar informações junto aos funcionários da instituição bancária, era informado que não
haviam sido creditados valores referentes às parcelas do auxílio emergencial pela corré
DATAPREV.

O autor encontra-se desempregado, tendo como única fonte de renda


para lhe garantir uma mínima subsistência nesse cenário de pandemia que enfrentamos
era justamente as parcelas do auxílio emergencial. Dessa forma, Excelência, a negligência
das rés causaram graves transtornos financeiros e emocionais ao autor, que se viu
desesperado sem saber como faria para realizar até mesmo uma compra em
supermercado, sendo obrigado a recorrer a ajuda de terceiros durante todo esse período
que não recebeu corretamente as parcelas do Auxílio Emergencial.

Pasme, Excelência, que somente em 04.12.2020 o autor finalmente teve


sua conta poupança digital desbloqueada pela Caixa Econômica Federal, após DOIS MESES
DE LONGA ESPERA E HUMILHAÇÕES. Nesta ocasião, se viu obrigado a enfrentar
aglomeração na agência da corre Caixa Econômica Federal, e, após ser atendido pela
gerência, teve o direito de ver sua conta poupança digital desbloqueada.

Ocorre que recebeu a notícia que sua conta permanecia zerada, ou seja,
não havia sido nenhum valor creditado durante o período em que sua conta esteve
bloqueada por erro da Corré Caixa Econômica Federal, que justificou que a ausência de
valores era em razão da ausência de depósito dos valores pela DATAPREV.

Em 14.12.2020 foi depositado apenas a parcela referente à nona parcela


do auxílio emergencial(ou quarta parcela de extensão do auxílio emergencial), conforme
print obtido diretamente do aplicativo CAIXA TEM:

Ocorre que nenhuma resposta foi dada a respeito das parcelas 7 e 8,


ambas no valor de R$ 300,00 cada, que encontram-se pendentes de pagamento. Ou seja, o
demandante sequer possui certeza que irá receber os valores devidos, já que a Caixa
Econômica – que, repisa-se, manteve a conta poupança do autor bloqueada por longos dois
meses – simplesmente limita-se a atribuir responsabilidade ao DATAPREV pelo
descompasso no pagamento das parcelas do auxílio, ao passo que sequer é possível
contatar o DATAPREV para que o autor pudesse ser informado sobre como será o
pagamento dessas parcelas em atraso.

Diante da impossibilidade de resolução administrativa, outra alternativa


não restou à parte autora senão ingressar com a presente demanda.

3. DO DIREITO

3.1 DA LEGITIMIDADE PASSIVA

Ambas as entidades devem figurar no polo passivo, pois, de acordo com


a portaria do Ministério da Cidadania Nº 351, DE 7 DE ABRIL DE 2020 que dispõe sobre o
procedimento do AUXÍLIO EMERGENCIAL, cabe a DATAPREV analisar os pedidos de
auxílio, com base no cruzamento de diversas informações constantes em sua base de
dados, para após autorizar ou negar o pagamento do benefício. Uma vez autorizado, é
enviado comunicado a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, que por sua vez possui a
responsabilidade de realizar o pagamento do auxílio. Vejamos o que diz a mencionada
portaria:
Art. 6º Para a operacionalização do auxílio emergencial, a Dataprev
poderá atuar como agente operador, conforme termos e condições
estabelecidos em contrato a ser firmado com o Ministério da Cidadania,
podendo realizar, dentre outras estabelecidas em contrato, as seguintes
atividades de tratamento das informações que lhe forem disponibilizadas:

I - verificação dos critérios de elegibilidade dispostos na Lei nº 13.982, de


2020, por meio do cruzamento entre as bases cedidas pelos órgãos citados
no art. 3º;

II - habilitação e concessão do auxílio emergencial, com as informações


necessárias ao pagamento;

III - acompanhamento, ateste e retorno ao Ministério da Cidadania


das operações de pagamentos executadas pelo agente pagador; e

IV - identificação, com base no critério definido na Lei, se o pagamento do


auxílio emergencial é mais vantajoso que os benefícios financeiros do PBF,
gerando banco de dados com tais informações para o Ministério da
Cidadania.

Art. 7º Para a operacionalização do auxílio emergencial, a instituição


financeira pública federal selecionada, poderá atuar como agente
operador e pagador, conforme termos e condições estabelecidos em
contrato a ser firmado com o Ministério da Cidadania, podendo realizar,
dentre outras estabelecidas em contrato, as seguintes atividades:

I - disponibilização da plataforma digital para a inscrição dos requerentes


do auxílio emergencial, acompanhamento das solicitações dos requerentes
e pagamento das parcelas do auxílio;

II - geração de arquivo contendo a relação de pagamentos do auxílio


emergencial e respectivos retornos de processamento;

III - realização das operações de pagamento aos beneficiários do


auxílio emergencial, com retorno do processamento ao Ministério da
Cidadania;

IV - informação aos requerentes, via plataforma, da situação de


elegibilidade conforme os critérios estabelecidos na Lei nº 13.982, de 2020;
e

V - disponibilização de atendimento telefônico automatizado, por meio de


unidade de resposta audível, para orientação aos cidadãos

Portanto, conclui-se pela legitimidade passiva de ambas para que


constem no pólo passivo da presente demanda, tendo em vista que a DATAPREV é
responsável por implantar e autorizar o pagamento das parcelas do auxílio emergencial.
Além disso, a instituição financeira não pode ser deixada de lado, uma vez que autorizado
o pagamento, esse só será realizado mediante ato da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL.
3.2 DA TUTELA DE URGÊNCIA

Com base no art. 300 do CPC, deve ser concedida tutela de urgência
quando demonstrado o periculum in mora e o fumus boni iuris.

No presente caso, o perigo de dano reside na natureza alimentar do


auxílio oferecido e o lapso temporal passado desde a data de previsão de pagamento das
duas parcelas em atraso, ocasionando que a parte autora ficasse por mais de dois meses
sem perceber os valores relativos às parcelas 7 e 8 do auxílio emergencial, e a data da
propositura da presente ação.

TRATA-SE DE BENEFÍCIO DE CARÁTER ALIMENTAR QUE GARANTE A


DIGNA SOBREVIVÊNCIA DO SER HUMANO!

Assim, é cristalino o risco de ineficácia do provimento final da lide,


exatamente por estar a parte Autora desprovida de qualquer fonte de renda, e por
consequência, manter a digna subsistência. Portanto, requer que as partes rés sejam
oficiadas a creditar e disponibilizar o valor das parcelas em atraso - 7 e 8 - do auxílio
emergencial na conta poupança digital da parte autora.

3.3 DOS DANOS MORAIS.

Tratando-se de grosseira falha por parte do sistema público de alguma


via que realizou o bloqueio da conta poupança digital, meio utilizado pela instituição
financeira pagadora para disponibilizar o valor do auxílio emergencial aos milhões de
beneficiários, e, posteriormente, ao deparar-se com a informação que não tinha sido
creditado os valores relativos às parcelas 07 e 08 do auxílio emergencial, na quantia de R$
300,00 cada, obrigando o ingresso judicial, tem-se configurado o dano que ultrapassa
mero aborrecimento.

Afinal, no presente caso, os danos são evidentes, pois:

• Trata-se de benefício com caráter alimentar e de caráter urgente, sendo o


recebimento das parcelas inviabilizado por meses em razão de falhas no sistema
dos Réus;

• A Parte Autora não dispõe de qualquer outra renda e sobrevive às custas de


ajuda de amigos e familiares, evidenciando a exposição e perecimento de sua
dignidade;

• O período de espera para um simples desbloqueio de sua conta poupança


digital e recebimento dos valores das parcelas atrasadas ultrapassa 60 (sessenta)
dias, causando graves constrangimentos;

Portanto, situação perfeitamente enquadrada como dano moral,


conforme já reconhecido na jurisprudência em casos análogos.
Assim, diante da evidência dos danos morais em que o autor fora
acometido, resta inequívoco o direito à indenização.

Razões pelas quais, requer cumulativamente a condenação dos Réus ao


pagamento de danos morais.

4. DOS PEDIDOS

1) Diante do acima exposto, requer, preliminarmente, que lhe seja deferido o beneficio da
JUSTIÇA GRATUITA, com fundamento no Art. 98, do CPC, e Art. 2º, § único, da Lei n.
1.060/50;

2) O deferimento do pedido liminar para a liberação dos valores das parcelas em atraso do
auxílio emergencial, referentes às parcelas 07 e 08, devidas desde os meses de Setembro
e outubro, respectivamente, a este Autor;

3) A citação dos Réus nos endereços fornecidos, para que, querendo, apresentem
contestação no prazo legal;

4) Requer a total procedência da ação condenando o Réu a efetuar o pagamento das duas
parcelas do auxílio emergencial não pagas até a presente data, referentes às parcelas 07
e 08, no valor de R$ 300,00 cada, totalizando a quantia de R$ 600,00 monetariamente
corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros legais e moratórios,
incidentes até a data do efetivo pagamento;

5) Cumulativamente, requer a condenação dos Réus à indenização por DANOS MORAIS a


ser arbitrado por este Juízo;

6) Protesta por provar o alegado por todos os meios disponíveis em direito, em especial o
documental;

Dá-se a causa o valor de R$ 8.600,00 (oito mil e seiscentos Reais).

nestes termos,

pede deferimento.

Rio de janeiro, 15 de dezembro de 2020

ANDERSON DA SILVA SODRÉ MONTEIRO

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