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Cumpre destacar que o inventariante alega que uma das dívidas do espólio seria o
valor de R$ 124.008,88, devido ao herdeiro Manuel Alexandre de Souza Neto, o qual teria pago
do próprio bolso a quantia acima a fim de que um dos imóveis do espólio não fosse a leilão por
um valor bem abaixo do de mercado. Vide item 10 da fl. 8 da petição de últimas declarações.
Pois bem, alega o curador herdeiro (Manuel Alexandre) que desembolsara, em julho
de 2022, a quantia de R$ 124.008,88 para pagar o débito exequendo da execução de taxas
condominiais, supostamente se sub-rogando neste valor, motivo pelo qual inclui tal quantia nas
“dívidas do espólio”.
O primeiro ponto a ser observado, Exª , é que não é verdade que o herdeiro Manuel
Alexandre retirou do “próprio bolso” a quantia de R$124.008,88 para quitar o débito
mencionado. Ele não possui trabalho e renda há vários anos.
Ocorre que o curador, filho do sr. Aldenor Alexandre de Souza, no final da vida de
trabalho deste, antes da sua aposentadoria, tinha total acesso às contas do seu pai e da antiga
clínica dele (ARCOVERDE SAUDE E SEG. DO TRABALHO – CNPJ nº 02.186.127/0001-
72). Note que até a presente data, mesmo após o falecimento da ex-esposa do sr. Aldenor
Alexandre de Souza (Lucina Arcoverde Alexandre de Sousa) e da INTERDIÇÃO do sr.
Aldenor, a empresa continua ativa, com o próprio curador movimentando valores na
antiga conta da empresa (Banco Bradesco S/A, Agência 2228-4, C/C 10.805-7, Titular
ARCOVERDE SAUDE E SEG. DO TRABALHO LTDA – CNPJ nº 02.186.127/0001-72),
quando na realidade TINHA OBRIGAÇÃO DE dar baixa na empresa e na conta bancária. Pois
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bem, o que ocorreu foi que, após o início da senilidade que culminou na interdição do sr.
Aldenor (senilidade se agravou por volta de 2018/2019), o herdeiro Manuel Alexandre passou
a comandar livremente as contas do seu pai, inclusive a conta acima mencionada, a qual tinha
recursos oriundos do trabalho da clínica e outros negócios do sr. Aldenor.
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ALEXANDRE DE SOUZA. Convém destacar que o sr. Manuel Alexandre não pode ser
considerado “terceiro interessado”, visto que ele, nos termos do inciso III do art. 346 do Código
Civil, não era nem podia ser obrigado pela dívida. Ou seja, a dívida era tão-somente do sr.
Aldenor Alexandre de Souza, de modo que o sr. Manuel Alexandre não era terceiro interessado,
mas “não interessado”, ensejando as consequências anteriormente explanadas.
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Portanto, evidente no caso em tela que o valor de R$ 124.008,88 não deve ser
incluído no rol de dívidas do espólio, consoante requerido na petição de últimas declarações.
Ora, tal situação não pode mais perdurar, isto é, o sr. Aldenor não pode
continuar com o múnus da inventariança, visto que, além de toda a responsabilidade que
o inventariante tem num processo como este, é cediço na doutrina e jurisprudência que o
exercício da inventariança é função personalíssima.
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"A impugnação à escolha do inventariante (art. 627, II) não se confunde com a remoção
(art. 622). Esta pressupõe inventariante regularmente investido no encargo processual, que,
no desempenho da função, praticou ato irregular, merecendo, por isso, uma sanção. Já a
impugnação é ato inicial que visa a demonstrar irregularidade na escolha feita pelo juiz,
sem qualquer conotação necessária de falha ou culpa do gestor da herança." (THEODORO
JR., Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. II. 50ª ed. Rio de Janeiro: Forense,
2016. p. 275)
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DOS PEDIDOS
Nestes Termos,
P. Deferimento.