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ESTRATÉGICA
1
Doutorando em administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS. Professor da Universidade
Santa Cecília e Faculdade Don Domenico, Santos/São Paulo. ciro_af2@hotmail.com.
2
Mestranda em Administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul. debora.sierra@uscs.edu.br.
3
Pós Doutor em Administração pela FEA – USP. Professor e pesquisador do corpo permanente do Programa de Pós
Graduação em Administração (mestrado e doutorado) da Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS.
eduardo.oliva@uscs.edu.br.
4
Doutorando em administração pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul. Coordenador do curso de
marketing e professor do Centro Paula Souza, FATEC, em São Paulo. robertopadilha@uol.com.br.
RESUMO:
O Conselho de Administração é uma obrigação para as grandes empresas no Brasil e no Mundo. Porém, muitos
conflitos de interesses podem acontecer entre os conselheiros e os acionistas e dirigentes das empresas. Este estudo tem
por objetivo analisar o perfil do conselheiro de administração no Brasil, levando em conta sua formação somada à sua
experiência profissional, para que se possa conhecer se esses conselheiros possuem visão de líderes estratégicos. A
amostra totaliza 240 empresas listadas nos níveis diferenciados de governança corporativa da BM&F BOVESPA, e
disponibilizados em websites das empresas. A pesquisa utiliza a técnica de análise multivariada de variáveis que
exercem influência (variáveis independentes: x) sobre outro fator (variável dependente: y) é a de regressão. O resultado
mostrou que as variáveis estatisticamente mais significantes foram número de experiências em outros conselhos,
experiência em diretorias, experiência anterior como CEO e a constância que exerce a função de conselheiro. O
resultado apontou para um perfil de liderança estratégica do Conselheiro de Administração, pelo menos nos limites
dessa amostra.
Palavras-Chave: Perfil. Conselho de Administração. Conselheiro de Administração. Governança
Corporativa.Liderança Estratégica.
ABSTRACT:
The Board of Directors is a must for large companies in Brazil and the world. But many conflicts of interest can occur
between the directors and the shareholders and directors of companies. This study aims to analyze the board member's
profile in Brazil, taking into account their education added to his professional experience, so that you can know if these
advisers have vision of strategic leaders. The sample totaled 240 companies listed in different levels of corporate
governance of BM & F BOVESPA, and made available on company websites. The research uses the multivariate
analysis technique variables that influence (independent variables: x) on another factor (dependent variable y) is the
regression. The result showed that the most statistically significant variables were number of experiences in other
councils, boards experience, previous experience as CEO and constancy holding the adviser. The results pointed to a
strategic leadership profile Board member, at least within the limits of the sample.
Keywords: Profile. Administrative Board. Board Member. Corporate Governance. Strategic Leadership.
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INTRODUÇÃO função de uma formação não condizente, ou
porque, sua formação é muito limitada, ou,
A adoção do conselho de
tem pouca experiência como conselheiro de
administração pelas empresas tem sido algo
administração (NASTASE, 2010). A questão
muito estudado (ANDRES; VALLELADO,
de uma formação acadêmica em associada a
2008; GONDRIGE, 2012; ACEITUNO,
experiência profissional, pode ser uma das
2013; HOLTZ, 2014; STEVENSON;
hipóteses que valida que o conselheiro de
RADIN, 2015), principalmente no sentido de
administração tem uma visão de liderança
se buscar melhoriasnas relações das empresas
estratégica (MOSTOVICZ et al, 2009;
com seus investidores, na tomada de decisões,
MARTINS et al, 2012). Esta pesquisa
transparência e credibilidade, ações estas que
objetiva analisar o perfil do conselheiro de
fazem parte das melhores práticas de
administração no Brasil, levando em conta
governança corporativa (ROSSONI, 2010).
sua formação somada à sua experiência
Dentro desse contexto, vê-se a necessidadede
profissional, para que se possa conhecer se
conselheirosde administração com
esses conselheiros possuem visão de líderes
competências estratégicas, capazes de atuar
estratégicos. Assim, através da análise
diretamente na resolução de problemas e na
curricular dos conselheiros que fazem parte
tomada de decisões. (MARTINS, etal,
do Conselho de Administração das empresas
2012).Na definição de um perfil de
listadas nos níveis diferenciados
conselheiro de administração com visão mais
degovernança corporativa da BM&F
estratégica, a literatura sugere a escolha de
BOVESPA, e disponibilizados em websites
líderes que utilizem a visão da liderança
das empresas, pretende-se investiga a relação
estratégica (MOSTOVICZ et al, 2009;
entre os elementos que compõem sua
NASTASE, 2010; HITT et al, 2012; SIMSEK
formação, com vistas à responder a seguinte
et al, 2015). Por meio dela, a conduta do
questão de pesquisa: a formação e a
conselheiro se torna uma referência para
experiência dos Conselheiros de
pessoas de dentro e de fora da organização,
Administração apontam para uma visão de
pois esse perfil de liderança empenha seu
liderança estratégica?
entusiasmo e confiança pessoal para que
possa implementar as ações necessárias que GOVERNANÇA CORPORATIVA
garantam o cumprimento dos objetivos
Os estudos sobre governança
estratégicos (NASTASE, 2010). Porém, o que
corporativa se intensificaram a partir dos anos
tem ocorrido é a constituição de conselhos
oitenta, sendo que atualmente domina as
com pessoas que não conseguem atuar com
discussões nas mais diversas áreas, como,
uma visão estratégica, muitas vezes, em
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direito, contabilidade, economia e finanças, de maneira eficaz na conduta de suas
envolvendo discussões e estudos nos atribuições (JANSEN, et. al, 2009). Nesse
ambientes acadêmicos e empresariais sentido, a liderança focada nos objetivos a
(ALMEIDA, 2010). serem alcançados exige do líder um
compromisso total e permanente. Os líderes
Segundo IBGC (2015, p. 21),
Governança Corporativa é o meio pelo precisam se preocupar menos com o que
qual as “as organizações são dirigidas,
monitoradas e incentivadas, envolvendo
fizeram e se comprometer mais com os
os relacionamentos entre sócios, propósitos futuros (MOSTOVICZ et al,
conselho de administração, diretoria,
órgãos de fiscalização e controle e 2009). Com essa visão de futuro, a liderança
demais partes interessadas”.
estratégica busca integrar e organizar os
As boas práticas de Governança
ambientes internos e externos das empresas,
Corporativa permite alinhar os interesses dos
para que possa desenvolver negócios a partir
acionistas aos da organização, preserva e
do gerenciamento das informações e
aumenta o valor acionário dentro do mercado
participando ativamente de todas as etapas
de capitais e atrai novosinvestidores, o que
(JOOSTE & FOURIE, 2009). A diferença dos
contribui para a longevidade do negócio.Para
líderes pode estar no Know-How, termo que
que as boas práticas de governança sejam
pode ser definido como um conjunto de
efetivamente executadas, cabe ao conselho de
conhecimentos práticos adquiridos por um
administração monitorar as ações e decisões
indivíduo, constituindo, uma característica
da diretoria da empresa (OLIVEIRA et al,
valiosa resultante da experiência. (CHARAN,
2013). Nesse sentido,o conselho de
2007). Ainda, segundo o autor, o Know-How
administração precisa reunir conselheiros com
do líder será constantemente testado, uma vez
competências, incluindo a liderança
que ele deve tomar as decisões corretas e
estratégica, que auxilia no desenvolvimento
produzir resultados que criem valor ao
do papel de conselho (AMARAL-BAPTISTA
negócio. Segundo Mintzberg (2010, p. 150)
et al, 2012).
os líderes “desenvolvem suas estruturas de
conhecimento e seus processos de
LIDERANÇA ESTRATÉGICA
pensamento, principalmente por meio de
A teoria da liderança estratégica tem experiência direta. Essa experiência dá forma
se tornado atraente, pois auxilia no aumento àquilo que eles sabem, o que por sua vez dá
do número e na qualidade dos líderes em forma ao que eles fazem, moldando sua
vários setores (NASTASE, 2010). Os líderes experiência subseqüente”.
estratégicos precisam levar em consideração o
dinamismo ambiental para que possam atuar
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ASPECTOS METODOLÓGICOS Quadro 1 - Variáveis Disponíveis para Testes e sua
Natureza
Para que o objetivo desta pesquisa
Variáveis totais disponíveis Natureza dos
fosse alcançado, foram analisados fatores que para testes dados
identificassem o perfil do conselheiro de Sexo Nominal
Graduação 1 Nominal
administração. Para isso foram Graduação 2 Nominal
consideradosinicialmente a formação Graduação 3 Nominal
Especialização 1 Nominal
acadêmica e experiência profissional dos Especialização 2 Nominal
Especialização 3 Nominal
conselheiros de administração.
Especialização 4 Nominal
Posteriormente, as variáveis encontradas Mestrado 1 Nominal
Mestrado 2 Nominal
foram analisadas com o objetivo de encontrar Nominal
Doutorado
ou não trações de liderança estratégica no PhD Nominal
Pós Doutorado Nominal
perfil dos conselheiros de administração. Outras Certificações Razão
Foram realizados testes a partir do programa Experiência Profissional Nominal
n Experiência Diretoria Razão
Statistical Package for the Social Sciences n Experiência Gerência Razão
(SPSS), com amostra de 240 currículos de n Experiência Cargos Políticos Razão
n Experiência de Participação
Razão
conselheiros de administração, obtidosem em Outros Conselhos
n Experiência de Participação
sites de empresas de capital aberto, listadas Razão
em Comitês
Cargos Que Ocupou Nominal
nos níveis diferenciados de governança Fonte: Criado pelos autores.
corporativa da BM&F BOVESPA. A técnica
estatística que permite uma análise Na variável Graduação (nome do
multivariada de variáveis que exercem curso)contêm 23 cursos diferentes. A
influência (variáveis independentes: x) sobre variável Graduação 2, que apresenta o nome
outro fator (variável dependente: y) é a de do curso da segunda graduação pode ser
regressão. A variável dependente yrefere-se a considerada como outlier, uma vez que dos
presença ou não da característica “conselheiro 240 indivíduos, somente 23 a possuíam. Para
de administração” (variáveis dummy = 1 as demais variáveis nominais, o mesmo
presença da característica “conselheiro de raciocínio e precaução existiram na análise
administração”; 0 = ausência da característica prévia do banco de dados. Em decorrência do
“conselheiro de administração”). tamanho limitado da amostra e da possível
Como as informações contidas nesta presença de outlier - após todos os ajustes, o
variável – conforme Quadro 1 - são de banco de dados passou a ter 187 indivíduos,
natureza qualitativa, optou-se pelo uso da foram escolhidas as variáveis consideradas
regressão logística binária. comuns, isto é, as variáveis que os indivíduos
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em sua massiva maioria compartilhavam, de administração e experiência como sócio,
conforme demonstra o fundador ou proprietário em outras
Quadro 2. organizações, conforme apresenta o
Quadro 3.
Quadro 2 - Variáveis Mantidas e sua Natureza
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Experiência anterior como CEO valor de até 5, segundo os autores Gujarati e
Experiência anterior como Vice-Conselheiro Porter (2011).
Fonte: Criado pelos autores.
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Quadro 5 - Variáveis estatisticamente significantes classificação observada e a prevista. A𝐻0 não
Variáveis pode ser rejeitada com a significância de
p
estatisticamente Interpretação
valor 0,621, indicando que os valores estimados
significantes
Aceitação da H0, ou seja, não não são apresentam uma diferença
Número de
há evidências de que o
experiências em 0,167
parâmetro é estatisticamente significativa dos valores observados.Através
comitês
significante
Experiência Aceitação da H0, ou seja, não da Tabela de Classificação é possível analisar
anterior como há evidências de que o
0,419 quanto um modelo é apropriado em
Vice- parâmetro é estatisticamente
Conselheiro significante
comparação com os dados reais. O modelo
Rejeição da H0, ou seja, há
Número de
evidências de que o estimado possui melhor capacidade de
experiências em 0,034
parâmetro é estatisticamente
outros conselhos
significante classificar indivíduos que são conselheiros de
Rejeição da H0, ou seja, há
Número de administração, considerando o percentual
evidências de que o
experiências em 0,004
parâmetro é estatisticamente
diretoria
significante
acertado de 85,7% ser maior do que o
Rejeição da H0, ou seja, há percentual geral de 71,1%. Contudo, para que
Experiência
evidências de que o
anterior como 0,000
CEO
parâmetro é estatisticamente seja considerado que o modelo possui
significante
Rejeição da H0, ou capacidade preditiva, o percentual geral
0seja, há evidências de que o
Constante
,02 parâmetro é estatisticamente deveria ser 25% maior do que todos os casos
significante de indivíduos conselheiros de administração
Fonte: Os autores
apresentados (119 casos). Ou seja, o modelo
O teste de Omnibus apresenta o ajuste
deveria apresentar 79,54% de acerto, quando
geral do modelo através da análise da
o valor efetivo apresentado foi de 71,1%,
verossimilhança (-2LL). Com a significância
indicando que o modelo possui baixa
de 0,00% (sig.<5%), foi rejeitada a hipótese
capacidade preditiva (HAIR, 2009). A
nula de que a não houve variação da máxima
estatística Pseudo R² é uma medida de
verossimilhança, indicando que os
adequação de ajuste e medem a
coeficientes inclusos no modelo são
correspondência entre os valores observados e
estatisticamente significantes sendo então
os valores previstos da variável dependente,
adequadas para a realização de previsões
sendo que os valores mais altos significam um
(HAIR et al, 2009).O teste de Hosmer e
melhor ajuste do modelo das probabilidades
Lemeshow apresenta uma hipótese nula de
estimadas com as probabilidades observadas
que a classificação do modelo é igual à
(HAIR, 2009). Neste estudo, o modelo
original. A intenção é de não se rejeitar a
apresentou um baixo poder de explicação:
hipótese nula, ou seja, a correspondência dos
17,81%. Analisando os resultados da Tabela
valores reais e os previstos sobre a variável
de Classificação e do Pseudo R², pode-se
dependente possuem o melhor ajuste do
afirmar que há mais variáveis que precisam
modelo e é dado pela menor diferença entre
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ser exploradas e testadas para ser estratégica. Nesse caso, sugere-se que para
incorporadas ao modelo. escolha dos conselheiros de administração, as
empresas levem em consideração essas duas
CONCLUSÕES variáveis, podendo assim, ter uma
Esta pesquisa objetivou analisar o probabilidade maior de assertividade na
perfil do conselheiro de administração no escolha dos conselheiros com perfil de líder
Brasil, levando em conta a formação estratégico.Uma das limitações da pesquisa é
acadêmicae experiência profissional, para que a faltade informações que não refletem,de
se verificara existência doperfil de líderes maneira mais detalhada, o currículo atual dos
estratégicos nos conselheiros de conselheiros, para uma avaliação mais
administração. Os resultados apontaram para depurada de seus perfis. Nesse sentido,
uma formação mínima superior em todos os sugere-se para novos estudos maior
casos. Na variável experiência profissional é profundidade, associada a entrevistas para
possível validarmos que a experiência coletar e analisar as características ou traços
evidencia um dos principais atributos do de liderança estratégica, e assim
conselheiro de administração.Tais resultados complementar e validar essa pesquisa.
sugerem que o conselheiro de administração,
no Brasil,possuium perfil de liderança
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