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Criado pela equipe de desfralde

Agnis Karine De Souza – Psicóloga


Ana Carla Gonçalves Silva – Psicóloga
Diego Stefani Calzavara Pádua – Psicóloga
Emilly Karen Rocha – Psicóloga
Juliana Ogau - Fonoaudióloga
Keren Folharini – Terapeuta Ocupacional
Bem vindo ao processo de desfralde!

Esta apostila tem como objetivo delinear fundamentos básicos


para o desfralde, lembrando que cada indivíduo tem suas
especificidades, portanto é de suma importância tirar dúvidas e
seguir as orientações dos profissionais responsáveis pelo caso. O
que será descrito aqui não necessariamente se encaixam para
todas as crianças, podendo ter alterações nas etapas e
adaptações no processo.

ATENÇÃO
Antes de iniciar o processo é necessário que
a criança esteja com a rotina organizada, sem
mudanças significativas (ex: separação dos
pais, troca de medicação, mudança casa,
hospitalização de familiares…), além disso é
necessário que a família, equipe
multidisciplinar e escola estejam alinhados e
de acordo com o início do desfralde. Após o
início do processo, caso ocorra algum
imprevisto que impacte na rotina da criança,
a equipe deverá ser notificada imediatamente
NÃO RETIRAR ITENS REFORÇADORES PARA IR AO BANHEIRO
Ex: Tirar um brinquedo, item ou atividade da criança para levá-la
ao banheiro.
Como estratégia, pode ser usado pistas visuais, histórias sociais,
etc.

Disponibilidade e responsabilidade da família

É um processo custoso que a família precisa


engajar, ter disponibilidade de tempo para seguir o
cronograma de levar a criança ao banheiro em um
curto período, dar feedbacks para a equipe, estar
ciente da possibilidade de escapes e do grande
número de trocas de roupas.

Preparação do ambiente

A família deverá providenciar: Lençol impermeável, tapete


higiênico, pistas visuais, ter pelo menos 5 cuecas/calcinhas,
redutor de vaso, apoio dos pés, plásticos para cobrir superfícies
de tecido como sofá, cadeiras e bancos de automóveis. Preferível
também que se retire tapetes do local. Além disso, escolher 2
reforçadores potentes exclusivos para o processo de desfralde e
ter uma pessoa de referência em todos os ambientes.

Alinhamento com a equipe escolar e


cuidadores: O processo precisa ser global e
realizado em todos os ambientes ao mesmo
tempo para aquisição de repertório e
generalização da habilidade. Sendo que em
todos os ambientes (casa, escola e clínica) é
necessário ter uma pessoa disponível e
ciente para realizar e acompanhar de perto
o processo.

Intervenções antecedentes: Intervenções antecedentes são


importantes para aumentar a probabilidade de sucesso do
processo, preparar e dar previsibilidade para que a criança tenha
uma compreensão do que esperamos dela.
Serão utilizadas três estratégias:

1) Uso de histórias sociais, livros e vídeos


infantis: Terapeutas e familiares podem
selecionar conteúdos diferentes relacionados
à temática e apresentar à criança em ocasiões
diversas.

2) Brincadeiras simbólicas: Podemos


realizar brincadeiras com o tema. Por
exemplo, durante brincadeira com
bonecos, o adulto diz que personagem
está com vontade de fazer cocô e/ou xixi
e finge que o mesmo vai ao banheiro.

3) Pistas visuais: Responsáveis podem apresentar pistas


visuais para indicar à criança o que está sendo esperado dele e
as consequências envolvidas. Por exemplo, apresentar um apoio
visual que indique: “Quando você fizer cocô e o xixi no vaso, você
ganhará aquele doce que você mais gosta”. Essa contingência
pode ser apresentada escrita ou visualmente (imagens
ilustrativas), a depender do repertório da criança.

Desde a primeira etapa será necessário o uso de um aparato


visual. A pessoa responsável por levar a criança ao banheiro
naquele momento, deverá apresentar a imagem e nomeá-la
(Banheiro), antes de direcioná-la para o mesmo.

É importante garantir que a criança veja a imagem, em


alguns casos, podemos direcioná-la a apontar ou pegar a
imagem.

No processo de desfralde a imagem tem que estar de fácil


acesso a criança.

SEMPRE que a criança pegar a imagem, deveremos validar e


levá-la ao banheiro.
Apoio visual que será utilizado

Aproximação de todos banheiros que a criança frequenta

É necessário que a criança se sinta confortável no ambiente do


banheiro, aceitando permanecer no ambiente sem apresentar
comportamentos desafiadores. Nesse processo, a família pode
começar levando o cocô da fralda para jogar no vaso, instruindo a
criança a dar descarga, dar tchau para o cocô, nomear os itens do
banheiro, descrever suas funções e sempre
que possível realizar a troca de fralda dentro
do banheiro. A aproximação pode ser feita
com a criança sentada no vaso com a tampa
fechada. Inicialmente, a criança deverá fazer
essa aproximação pelo menos 1x em cada
ambiente, todos os dias, por uma semana.
ATENÇÃO: Não forçar a criança, para que ela não fique ainda mais
resistente. Não associar o ambiente com nenhum item ou estímulo
aversivo, a criança deve se sentir confortável.

Aproximação do vaso

Aceitar permanecer no vaso, durante alguns segundos,


aumentando gradativamente até alcançar aproximadamente 1
minuto, sem apresentação de comportamento de recusa, por 5
dias consecutivos.

Estratégia: Caso seja necessário, a família


deve oferecer itens de interesse à criança
para que ela aceite permanecer no vaso,
exemplo, um livro, um desenho, etc. Caso a
criança não fique por 1 minuto, aceitar
pequenos períodos até atingir critério de
tempo.

Itens de interesse

Nessa etapa, NÃO deverá ser utilizado o reforçador de maior


magnitude definido anteriormente, caso necessário poderá ser
utilizado apenas itens de interesse.

Objetivo final: A criança deve fazer uso do vaso sanitário para o xixi
e o cocô, por duas semanas com 90% de sucesso.
Retirada da fralda durante o dia

Deve ser retirada por completo.


Nesse momento, a fralda será
colocada apenas durante a noite,
quando a criança já estiver dormindo
e ser retirada pela manhã antes da
criança despertar.

Seleção e uso do estímulo reforçador

A seleção e uso adequado de estímulos reforçadores é a parte


MAIS IMPORTANTE da intervenção. É o que aumentará as chances
do comportamento que pretendemos ensinar ser adquirido. A
família deve selecionar pelo menos dois itens reforçadores que
serão restringidos do acesso da criança. Por exemplo, se for
selecionado um item comestível, ele será apresentado SOMENTE
quando a criança conseguir cumprir o que foi estabelecido em
cada fase. Adulto NÃO deve apresentar esse item em outros
contextos. Esse mesmo item deve ser levado para todos os locais
que a criança estiver, até que o objetivo for alcançado.

Uso da toalete

Adulto deve levar a criança ao banheiro a cada 20 minutos. O


tempo de permanência do banheiro à definir. Pode fazer uso de um
timer e deixar o toque alto para que a criança também possa ouvir.
Se a criança fizer o xixi, deve apresentar o item escolhido como
reforço, elogiar, fazer festa.
Caso a criança não faça o xixi, adulto pode levantá-lo e o
reforçador não é dado, não deve-se punir a criança.
Previsibilidade

É necessário que a criança seja notificada quando for o horário


fazer uso do banheiro, isso pode ser feito por meio de pistas
visuais, histórias sociais que já foram apresentadas na etapa de
aproximação do vaso, aplicativos de timer, de forma verbal, a
depender do repertório da criança. É imprescindível que em todos
os ambientes a criança seja avisada para onde está indo.
Caso a criança esteja com itens, pessoas ou lugar preferido,
pode-se utilizar um aparato de antes e depois, para que ela
entenda que após o banheiro voltará a ter acesso a esses
estímulos.
A família continuará com esse procedimento até que a criança
consiga fazer uso do banheiro em 90% das ocasiões sem
apresentar escapes, por 2 dias consecutivos. Após esse período,
aumentar a oferta do banheiro para a cada 30 minutos por 5 dias
consecutivos com 90% de sucesso, em seguida a cada 1 hora por 5
dias consecutivos, considerando o mesmo critério.
Para auxiliar o acompanhamento, a família deve fazer o registro
que será disponibilizado pela terapeuta.

Escapes
Estes irão acontecer e neste momento não se deve dar
consequências, negativas ou positivas. Ex: Brigar, gritar, bater, tirar
itens de interesse, olhar, falar que não pode bufar, resmungar,
adular, falar que está tudo bem, dar risada.

É importante lembrar que o que fará com que a criança aprenda a


fazer o xixi/cocô no vaso e não em outro lugar, serão as diferentes
consequências que disponibilizamos nas duas
ocasiões. As consequências para o sucesso devem
ser potencializadas e reforçadoras, enquanto que
as consequências para os escapes menores e mais
discretas. Tendo havido escape, adulto deve levar a
criança ao banheiro, dizendo com voz neutra ex.
“xixi é no banheiro”. Ele irá fazer a troca de roupa da
criança, sem dizer qualquer outra palavra e
evitando contato visual.

Autonomia e independência (vestir-se, despir-se, lavar as


mãos, dar descarga, limpar-se): Caso a criança ainda não tenha
alguma dessas habilidades, o responsável deverá seguir a
hierarquia de dicas descrita abaixo.

AJUDA GESTUAL (APONTAR) + VERBAL


Caso não seja ajuda suficiente, vá para a próxima


AJUDA FÍSICA LEVE (UM LEVE TOQUE OU INICIAR A AÇÃO PARA
QUE A CRIANÇA TERMINE)
Caso não seja ajuda suficiente, vá para a próxima


AJUDA FÍSICA TOTAL (PEGUE NA MÃO CRIANÇA E REALIZE A AÇÃO
COM ELA)

Obs: NUNCA FAÇA PELA CRIANÇA


Cientes dos procedimentos adotados, o sucesso da
intervenção dependerá do engajamento e consistência dos
agentes envolvidos. Desde que a intervenção esteja sendo
realizada com acurácia, caso os resultados esperados não sejam
obtidos, o supervisor e equipe responsável pelo desfralde devem
ser informados para reavaliar a intervenção.

Em caso de dúvidas procurar a equipe responsável pelo


desfralde.

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Assinatura do responsável

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