Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
BIBLIOTECONOMIA
SUMÁRIO
CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS ............................................................................ 11
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE ............................................................... 14
4. E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 15
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 16
Bibliografia Básica
BRIQUET DE LEMOS, A. A. De bibliotecas e biblioteconomias: percursos. Brasília:
Briquet de Lemos, 2015.
OLIVEIRA, M. (Org.). Ciência da informação e Biblioteconomia: novos conteúdos
espaços de atuação. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005.
SILVA, F. C. C. Bibliotecários especialistas. Brasília: Thesaurus, 2005.
7
Bibliografia Complementar
BORGES, M. A. G. O profissional da informação: somatório de formações, competências
e habilidades. In: BAPTISTA, S. G.; MUELLER, S. P. M. Profissional da informação: o
espaço de trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. p. 55-69.
FONSECA, E. N. Introdução à Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2007.
RANGANATHAN, S. R. Cinco leis da Biblioteconomia. Brasília: Briquet de Lemos, 2009.
RUSSO, M. Fundamentos de Biblioteconomia e ciência da informação. Rio de Janeiro:
E-Papers, 2010. (Coleção Biblioteconomia e gestão de unidades de informação, Série
didáticos, v. 1)
VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da Biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência,
2014.
É importante saber
Esta obra está dividida, para fins didáticos, em duas partes:
Conteúdo Básico de Referência (CBR): é o referencial teórico e prático que deverá
ser assimilado para aquisição das competências, habilidades e atitudes necessárias
à prática profissional. Portanto, no CBR, estão condensados os principais conceitos,
os princípios, os postulados, as teses, as regras, os procedimentos e o fundamento
ontológico (o que é?) e etiológico (qual sua origem?) referentes a um campo de
saber.
Conteúdo Digital Integrador (CDI): são conteúdos preexistentes, previamente se-
lecionados nas Bibliotecas Virtuais Universitárias conveniadas ou disponibilizados
em sites acadêmicos confiáveis. É chamado "Conteúdo Digital Integrador" porque é
imprescindível para o aprofundamento do Conteúdo Básico de Referência. Juntos,
não apenas privilegiam a convergência de mídias (vídeos complementares) e a leitu-
ra de "navegação" (hipertexto), como também garantem a abrangência, a densidade
e a profundidade dos temas estudados. Portanto, são conteúdos de estudo obrigató-
rios, para efeito de avaliação.
8 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
1. INTRODUÇÃO
Estimado aluno e futuro bibliotecário, seja bem-vindo!
Neste momento, iniciamos o estudo de Introdução à Bi-
blioteconomia, por meio do qual você obterá as informações ne-
cessárias para o embasamento teórico da sua futura profissão e
para as atividades que virão posteriormente.
Este material traz fundamentos para o posicionamento crí-
tico de um futuro bibliotecário, cujo trabalho deverá levar em
consideração as demandas dos diversos atores sociais que inte-
ragem nos múltiplos espaços da profissão.
O que é Biblioteconomia?
Inicialmente, devemos refletir: o que você entende por
Biblioteconomia?
O público comum geralmente responderá com outras per-
guntas, como: Tem a ver com economia dos livros? Tem a ver
com bibliotecas? É a gestão de bibliotecas?
Neste momento não se preocupe com isso, pois juntos res-
ponderemos a essa pergunta com propriedade ao longo de nos-
sos estudos. Veremos que o conceito é muito mais abrangente
do que o senso comum afirma.
O termo "biblioteconomia" é derivado do termo "biblioteca",
que é composto por dois vocábulos do latim, biblio (livro) e theke
(caixa), e refere-se à ideia da biblioteca como depositária de livros.
Embora seja uma das profissões mais antigas do mundo, a
palavra "biblioteconomia" só começou a aparecer na metade do
século 20, com o início dos cursos na área.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 9
Assim, a relação entre as bibliotecas e a Biblioteconomia
era bem marcante e com traços de sentidos e significados evi-
dentes, pois tanto o espaço físico (biblioteca) como a área de
atuação (Biblioteconomia) eram reconhecidos como preserva-
doras de livros e de conhecimentos.
Segundo Shera (1977) a biblioteconomia é considerada
uma profissão que oferece serviços, assim as características de
seus diversos ramos de atuação resultam da natureza e das par-
ticularidades (ou necessidades) do grupo que se beneficia desses
serviços.
Ou seja, vamos imaginar um bibliotecário inserido em um
ambiente escolar, por exemplo. Este deverá atuar em sintonia
com as expectativas e necessidades desse grupo específico, com-
posto pelos alunos, professores, pais de alunos, coordenadores
e diretores da escola, dentre outros. Essa afirmação nos leva a
identificar a importância de uma atuação atenta e flexível no ofe-
recimento de produtos e serviços de informação.
Em termos gerais, o termo biblioteconomia relaciona-se
com a sistematização dos serviços de bibliotecas, consideradas
como instituições sociais.
Nesse sentido, estudaremos na Unidade 1 os pressupostos
filosóficos e epistemológicos fundamentais da Biblioteconomia,
para que possamos estabelecer sua origem, influências e princi-
pais contribuições para a sociedade.
Quando abordamos a construção sócio-histórica da Biblio-
teconomia como campo científico e profissional, percebemos
que há uma significativa atuação profissional em relação ao tra-
balho científico. Essa discussão será apresentada na Unidade 2.
10 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
No Brasil, entendemos que a Biblioteconomia faz parte de
uma área maior denominada Ciência da Informação. Na Unidade
3, estudaremos as teorias, pensamentos e relações da Bibliote-
conomia com a Ciência da Informação. Veremos também a evo-
lução da Biblioteconomia e sua relação com áreas afins, como
Arquivologia e Museologia.
Por fim, na Unidade 4, trataremos das perspectivas e ten-
dências da Biblioteconomia no Brasil e no mundo, mediante estu-
dos introdutórios sobre a sociologia das profissões, abordando a
identidade profissional do bibliotecário e seu campo de atuação.
2. GLOSSÁRIO DE CONCEITOS
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e
precisa das definições conceituais, possibilitando um bom domí-
nio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conheci-
mento dos temas tratados. Vejamos:
1) Arquivologia: é a disciplina que estuda as funções bá-
sicas, princípios e técnicas específicas para arquivar,
conservar, organizar e guardar documentos de forma
que sejam fáceis de encontrar.
2) Bibliotecário: é o supremo "ligador do tempo", e o seu
trabalho é o mais interdisciplinar de todos, pois lida
com a ordenação, relação e estruturação do conheci-
mento e dos conceitos (SHERA, 1977).
3) Biblioteca: instituição social responsável por preser-
var, tratar, disseminar e divulgar informação e conhe-
cimento. Contribui para o sistema total de comunica-
ção na sociedade. Embora as bibliotecas tenham sido
criadas como instrumentos para maximizar a utilização
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 11
dos registros gráficos em benefício da sociedade, elas
atingem sua meta trabalhando com os indivíduos e por
meio deles, atingem a sociedade (SHERA, 1977).
4) Biblioteconomia: o objetivo da biblioteconomia é au-
mentar a utilidade social dos registros gráficos, inde-
pendentemente do nível intelectual em que operar,
atendendo desde uma criança analfabeta distraída em
seu primeiro livro de gravuras até um erudito interes-
sado em alguma indagação esotérica. Fundamental-
mente, a biblioteconomia é a gerência do conhecimen-
to (SHERA, 1977).
5) Ciência da Informação (CI): disciplina que investiga as
propriedades e o comportamento da informação, as
forças que governam seu fluxo e os meios de processá-
-la para aperfeiçoar sua acessibilidade e uso. A CI está
ligada ao corpo de conhecimentos relativos à origem,
coleta, organização, estocagem, recuperação, interpre-
tação, transmissão, transformação e uso de informa-
ção. Ela tem tanto um componente de ciência pura,
associado à pesquisa dos fundamentos sem atentar
para sua aplicação, quanto um componente de ciência
aplicada, ao desenvolver produtos e serviços (BORKO,
1968).
6) Conhecimento: produto da apropriação pelo indiví-
duo de informações e da estruturação particular des-
tas, sendo forçosamente individual e subjetiva. "(...) A
produção dos estoques de informação não possui um
compromisso direto e final com a produção do conhe-
cimento" (BARRETO, 1994, p. 4), ou seja, o conheci-
mento deve ser a informação em ação.
12 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
7) Epistemologia: corpo de conhecimento sobre o pró-
prio conhecimento. O estudo da forma pela qual o
conhecimento desenvolveu-se e tem se desenvolvido.
Tem sido há muito tempo objeto de muitos estudos
em todas as áreas do conhecimento.
8) Filosofia: de modo geral, conceituado como o amor
à sabedoria. Consiste no estudo de problemas funda-
mentais relacionados à existência, ao conhecimento,
à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à
linguagem.
9) Informação: no contexto da Ciência da Informação,
a informação é registrada e institucionalizada (inten-
cionada e contextualizada). Para poder cumprir sua
missão, as configurações informacionais devem, além
de selecionar, organizar e disponibilizar a informação –
atribuindo-lhe um selo de qualidade –, fornecer expli-
cações acerca dos procedimentos adotados de modo
que o usuário possa exercer um papel ativo com con-
dições para avaliar o selo de qualidade da informação
à qual teve acesso (SMIT, 2012).
10) Museologia: é o campo que estuda os museus e sua
interação com a realidade humana, por meio da rela-
ção entre o ser humano, os aspectos culturais e a na-
tureza, nas mais variadas formas de conceber o real.
11) Tecnologia: em sentido amplo, o imperativo tecnoló-
gico está impondo a transformação da sociedade mo-
derna em sociedade da informação, era da informação
ou sociedade pós-industrial (SARACEVIC, 1996).
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 13
3. ESQUEMA DOS CONCEITOS-CHAVE
O Esquema a seguir possibilita uma visão geral dos concei-
tos mais importantes deste estudo.
14 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
4. E-REFERÊNCIAS
ALVARENGA, L. D. Representação do conhecimento na perspectiva da ciência da
informação em tempo e espaço digitais. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 8, n. 15, p. 18-40, 2003. Disponível em:
<http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/1331>. Acesso em: 29 out. 2017.
BARRETO, A. A. A questão da informação. São Paulo em Perspectiva, v. 8, n. 4, p. 3-8,
1994. Disponível em: <https://bibliotextos.files.wordpress.com/2012/03/a-questao-
da-informac3a7c3a3o.pdf>. Acesso em: 29 out. 2017.
BORKO, H. Information Science: What is it?. American Documentation, v. 19, n. 1, p.
3-5, jan. 1968. (tradução livre). Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.
php/2532327/mod_resource/content/1/Oque%C3%A9CI.pdf> . Acesso em: 29 out.
2017.
FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação
aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação,
v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso
em: 29 out. 2017.
MOSTAFA, S. P. Epistemologia ou filosofia da Ciência da Informação? Informação &
Sociedade: Estudos, v. 20, n. 3, p. 65-73, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.
ufpr.br/brapci/v/a/9585>. Acesso em: 29 out. 2017.
ORTEGA, C. D. Relações históricas entre Biblioteconomia, Documentação e Ciência da
Informação. DataGramaZero, v. 5, n. 5, p. A03, 2004. Disponível em: <http://basessibi.
c3sl.ufpr.br/brapci/v/a/2048>. Acesso em: 29 out. 2017.
SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e Biblioteconomia. Ciência da
Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/
brapci/v/a/1360>. Acesso em: 29 out. 2017.
SILVA, J. L. C.; FREIRE, G. H. A. Um olhar sobre a origem da ciência da informação:
indícios embrionários para sua caracterização identitária. Encontros Bibli: Revista
Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, v. 17, n. 33, p. 1-29, jan./abr.
2012. Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/147/14723067002/>. Acesso
em: 29 out. 2017.
WILSON, T. D. A dimensão epistemológica da Ciência da Informação e seu impacto
sobre o ensino em Arquivologia e Biblioteconomia. Brazilian Journal of Information
Science, v. 2, n. 1, p. 1-15, 2008. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/
v/a/8761>. Acesso em: 29 out. 2017.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 15
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em
Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.
SMIT, J. W. A informação na Ciência da Informação. InCID: Revista de Ciência da
Informação e Documentação, v. 3, n. 2, p. 84-101, jul./dez. 2012.
VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência,
2014.
16 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
UNIDADE 1
PRESSUPOSTOS DA BIBLIOTECONOM
Objetivos
• Conhecer as origens e os pressupostos históricos, filosóficos e epistemoló-
gicos da Biblioteconomia.
• Analisar a Biblioteconomia como uma das áreas do conhecimento humano.
Conteúdos
• Origens e introdução à Biblioteconomia.
• Pressupostos históricos, filosóficos e epistemológicos da Biblioteconomia.
• Biblioteconomia e Documentação.
17
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
UNIDADE 1 – PRESSUPOSTOS DA BIBLIOTECONOMIA
1. INTRODUÇÃO
Vamos começar nossa primeira unidade de estudo, você
está preparado?
Nesta unidade, estudaremos o início do universo da Bib-
lioteconomia até os dias atuais. Introdução à Biblioteconomia
almeja apresentar a Biblioteconomia e os seus pressupostos fi-
losóficos, situando-os no universo do conhecimento, da comuni-
cação e da informação, apresentando seus principais conceitos e
correntes de pensamento.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 19
Vamos apresentar aqui uma possível organização dessa
produção científica diversa, mediante algumas correntes de
pensamento que percorrem as ciências sociais e humanas (nas
quais a Biblioteconomia insere-se).
O objetivo será construir uma reflexão acerca da história e
da filosofia das ciências, pois a Biblioteconomia está totalmente
relacionada com o desenvolvimento do conhecimento humano,
não só do científico, propagador do progresso e da geração de
riquezas entre as nações.
O mais importante neste estudo é que você conheça as
possíveis relações da Biblioteconomia com algumas correntes
de pensamento. Ainda assim não será possível esgotar aqui essa
reflexão. Portanto, de acordo com seu interesse e necessidade,
é fundamental que você se aprofunde em textos que trazem ou-
tras contribuições para este tema: epistemologia, história e filo-
sofia em Biblioteconomia.
Vale destacar que, durante o século 20, houve uma intensa
aproximação entre os campos da Biblioteconomia e da Ciência
da Informação (a Biblioteconomia promoveu estudos sobre os
fenômenos informacionais, e a Ciência da Informação, sobre
os fenômenos da Biblioteconomia). No entanto, nesta unidade,
nosso foco será apenas para as produções teóricas específicas da
Biblioteconomia.
Assim:
Com a invenção da escrita e o estabelecimento das primeiras ci-
dades, no início dos processos de sedentarização das coletivida-
des, apareceram as primeiras manifestações de espaços especí-
ficos (que serão, séculos depois, as "bibliotecas") voltados para
a guarda e a preservação desses registros de conhecimento,
sendo a Biblioteca de Alexandria considerada uma instituição
paradigmática nesse sentido (ARAÚJO, 2013, p. 42).
20 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
No Egito Antigo, na Grécia Clássica, no Império Romano e
nos mundos árabe e chinês, do primeiro milênio à Idade Média na
Europa, ergueram-se e consolidaram-se bibliotecas relacionadas
com os mais diversos acervos – religiosos, literários, científicos,
políticos, entre outros. Entretanto, foi só após o Renascimento, a
partir do século 15, que começaram a surgir as primeiras formas
tangíveis do que se poderia chamar de um conhecimento teórico
específico em Biblioteconomia.
Dessa maneira, podemos dizer que, com o Renascimento,
ressurgiu o interesse pela produção humana, pelas obras artísti-
cas, filosóficas e científicas – tanto as da Antiguidade Greco-Ro-
mana como aquelas que se desenvolviam naquele momento.
Assim, o interesse pelo culto das obras, por sua guarda e
por sua preservação foi ressaltado. Surgiram muitos tratados e
manuais a partir do século 17. Eles foram pensados para:
• as regras de procedimentos nas instituições responsá-
veis pela guarda dessas obras;
• as regras de preservação e conservação física dos
materiais;
• as estratégias de descrição formal das peças e dos
documentos.
Com a Revolução Francesa e as demais revoluções burguesas na
Europa, que marcaram a transição do Antigo Regime para a Mod-
ernidade, ocorreu uma profunda transformação em todas as di-
mensões da vida humana – inclusive nas bibliotecas. Surgiu aí o
conceito moderno de "Biblioteca Nacional", que tem no seu caráter
público sua marca distintiva. São formadas as grandes coleções,
são realizados amplos processos de aquisição e acumulação de
acervos – o que reforçou a natureza custodial destas instituições.
A necessidade de se ter pessoal qualificado para as nascentes in-
stituições modernas levou à formação dos primeiros cursos profis-
sionalizantes voltados para regras de administração das rotinas de-
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 21
stas instituições. Um exemplo desse tipo de produção é o Manuel
du bibliothécaire, accompagné de notes critiques, historiques et
littéraires, de Jean Pie Namur, publicado em 1834. Por fim, com
a consolidação da ciência moderna como forma de produção de
conhecimento, também o campo das humanidades viu-se convo-
cado a se constituir como ciência. Surgiram no século XIX aqueles
que seriam os precursores do estabelecimento do projeto de cons-
tituição científica da Biblioteconomia: a consolidação de teorias e
regras de catalogação (como as de Panizzi, de 1841, e de Jewett,
de 1852) e dos sistemas de classificação bibliográfica (sendo o mais
importante deles o de Dewey, de 1876) (ARAÚJO, 2013, p. 43).
22 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai acom-
panhar as definições da palavra "epistemologia". Em seguida é
esperado que você saiba situá-la dentro do contexto de nossa
disciplina. Antes de prosseguir para o próximo assunto, apre-
cie as leituras e vídeos indicados, procurando dessa forma as-
similar o conteúdo estudado.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 23
Essa transformação do entendimento da função das bib-
liotecas é social e cultural, marca épocas ou paradigmas. Atual-
mente não é nada trivial pensarmos uma biblioteca que tenha
como principal missão a mera guarda e preservação do acervo.
Vejamos agora uma explicação sobre o que é o
Funcionalismo:
O Funcionalismo representa uma forma de se estudar a reali-
dade humana baseada essencialmente numa analogia entre
a lógica social e a lógica biológica, daí resultando em modelos
"organísmicos" de compreensão: a existência de um todo com-
posto por "órgãos", cada um deles desempenhando suas fun-
ções. Tal abordagem surgiu nos campos da Sociologia com Dur-
kheim, da Antropologia com Malinowski e na Psicologia com
Watson [...] (ARAÚJO, 2013, p. 44).
24 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Ranganathan teorizou sobre diversos assuntos de natureza
funcionalista. Entre eles, está a teoria da classificação facetada
(possivelmente você estudará essa teoria em outra disciplina).
Além dessa contribuição, merece destaque seu livro Five Laws
of Library Science (1931). Traduzido para o português pela Editora
Briquet de Lemos como As cinco leis da Biblioteconomia. As leis são:
1) os livros são para uso;
2) a cada leitor, seu livro;
3) a cada livro, seu leitor;
4) poupe o tempo do leitor;
5) a biblioteca é um organismo em crescimento.
Por trás da aparente simplicidade de seus enunciados, cada
lei revela uma problematização que enfatiza a importância do
efetivo uso (função) da biblioteca e de seus recursos, de modo a
atender às necessidades da sociedade, mediante o atendimento
de cada um de seus componentes.
Essa reflexão de Ranganathan foi bastante difundida no
Ocidente e aproximou a Biblioteconomia e a Teoria Sistêmica.
Ambas as teorias aceitam a metáfora das organizações vistas
como organismos vivos, ou sistemas compostos por subsistemas.
Assim, diversos estudos posteriores analisaram a biblio-
teca como um sistema, composto por:
Subsistemas de entrada:
1) Seleção e aquisição.
2) Descrição e representação.
3) Organização.
4) Armazenamento.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 25
Subsistemas de saída:
1) Análise de questionamentos.
2) Busca e recuperação.
3) Disseminação.
4) Avaliação.
A Teoria Sistêmica originou-se nos trabalhos do biólogo
austríaco Bertalanffy (1901-1972) e converteu-se num método
geral de análise utilizado por diversas disciplinas científicas. Seu
pressuposto básico é o primado do todo sobre as partes, isto é,
algo só pode ser estudado a partir da identificação de seus el-
ementos constituintes e da inter-relação entre eles.
A abordagem funcionalista é, desse modo, um tipo especí-
fico de estudo sistêmico.
26 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
A corrente crítica opôs-se ao Positivismo, que tem no Fun-
cionalismo sua forte expressão. Vejamos uma caracterização do
Positivismo:
O Positivismo consiste na aplicação de métodos e princípios das
ciências exatas e biológicas aos fenômenos humanos e sociais.
Uma de suas principais expressões é, justamente, o Funciona-
lismo. A perspectiva crítica nasceu como sua oposição, pro-
pondo uma especificidade das ciências humanas e sociais. Sua
origem está vinculada ao Marxismo no campo da Sociologia, à
Psicanálise no campo da Psicologia e à Antropologia Cultural no
campo da Antropologia (ARAÚJO, 2013, p. 45).
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 27
era a biblioteca "tradicional" por instituições sociais, dinâmicas e
vivas, em que o povo participe.
Foi retomada dessa forma a expressão "biblioteca públi-
ca" (também muitas vezes entendida como um tipo especial de
biblioteca pública, a "biblioteca popular"), mas com um sentido
bastante diferente do modelo funcionalista – embora as designa-
ções "viva" e "dinâmica" apareçam em ambos os modelos.
Talvez a principal diferença entre a biblioteca "viva" e
"dinâmica" crítica e funcionalista esteja relacionada à quem as
bibliotecas servem: nobres e cientistas ou o cidadão comum?
Essa reflexão remete-nos à próxima subseção, que abor-
dará a visão de biblioteca para múltiplos usuários.
28 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
De forma empírica, a autora empreendeu diversas pesquisas so-
bre como os usuários estudam, buscam e usam os recursos dis-
poníveis na biblioteca, bem como as habilidades e barreiras que
interferem nesse processo.
Dessa maneira, o Construtivismo:
[...] é uma forma de análise dos fenômenos humanos e sociais
que destaca o fato de que a realidade não tem uma existência
nela mesma – é, antes, produto da interação entre aspectos ob-
jetivos e a ação do sujeito que conhece. Sua origem remonta, na
Psicologia, aos trabalhos de Jean Piaget e, na Sociologia, a au-
tores como Schutz, Berger e Luckmann (ARAÚJO, 2013, p. 45).
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 29
princípio da Documentação, pode-se dizer que esta esteve un-
ida à Biblioteconomia desde o século 15 até fins do século 19,
quando Otlet e La Fontaine sistematizaram e desenvolveram a
Documentação como uma disciplina distinta da Biblioteconomia.
Os europeus deram continuidade a esses estudos e aplica-
ções. A Segunda Guerra Mundial acentuou esses avanços devido
às necessidades específicas dos países envolvidos de recuperar
conteúdos de tipos diversos de documentos, inclusive com ten-
tativas primárias de recuperação mecânica da informação.
Otlet vem sendo considerado precursor e fundador da
Documentação e da própria Ciência da Informação.
A atualidade da obra de Otlet revela-se nos estudos re-
alizados hoje por pesquisadores da Ciência da Informação (tais
como: autores, copistas, impressores, editores, livreiros, biblio-
tecários, documentadores, bibliógrafos, críticos, analistas, com-
piladores, leitores, pesquisadores e trabalhadores intelectuais),
nos quais verifica-se que as operações documentárias acompan-
ham o documento desde o instante em que ele surge da pena do
autor até o momento em que impressiona o cérebro do leitor. A
sistematização realizada por Otlet culminou na publicação, em
1934, do Traité de Documentation.
Mesmo trabalhando ativamente na otimização de processos e
técnicas documentárias, servindo realmente para a Ciência da Infor-
mação, a Documentação foi praticamente excluída dos estudos an-
glo-saxões e simplesmente substituída pela Ciência da Informação.
No cenário brasileiro da década de 1950, a inserção da
Bibliografia e a ampliação pela Documentação já representaram
uma visível insuficiência da formação biblioteconômica no que
concerne ao tratamento do conteúdo dos documentos e ao uso
das então novas tecnologias de documentação. Isso apresenta-
30 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
va-se como um entrave ao desenvolvimento de atividades rela-
cionadas à Documentação Científica.
Atualmente, alguns autores anglo-saxões, como Rayward
e Buckland, escreveram trabalhos resgatando o aporte teórico
da Documentação difundida na Europa, especialmente as obras
de Otlet e de seus discípulos, como Briet. No entanto, uma das
obras-chave para área, o Tratado de Documentação (1934), ai-
nda não teve uma tradução para o inglês.
Tais indícios revelam que a Documentação ainda não tem
seu devido reconhecimento, mesmo que tenha dado "insumos"
tanto para a Ciência da Informação, em sua constituição cientí-
fica, como para a Biblioteconomia, na adequação de processos e
práticas documentais,.
Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas no
Tópico 4, você deve fazer as leituras propostas no Tópico 3. 3
para compreender um pouco mais sobre os pensamentos filo-
sóficos em Biblioteconomia.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 31
3. CONTEÚDO DIGITAL INTEGRADOR
O Conteúdo Digital Integrador representa uma condição
necessária e indispensável para você compreender integral-
mente os conteúdos apresentados nesta unidade.
3.4. EPISTEMOLOGIA
32 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
3.5. CONHECIMENTO EM BIBLIOTECONOMIA
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 33
3.6. PENSAMENTOS EM BIBLIOTECONOMIA
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação é uma ferramenta importante para você
testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em re-
sponder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
34 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
1) O termo "biblioteconomia" é derivado do termo "biblioteca" composto
por dois vocábulos do latim, biblio (livro) e theke (caixa), refere-se à ideia
da biblioteca como:
a) Depositária de livros.
b) Depósito de caixas.
c) Disseminadora de livros.
d) Museus de livros.
e) Coleção de caixas.
2) Advis pour dresser une bibliothèque, é uma significativa obra de autoria de Ga-
briel Naudé, publicada em 1627. A tradução deste título em português seria:
a) "Conselhos de um bibliotecário".
b) "Conselhos para formar uma biblioteca".
c) "Advertências para um bibliotecário".
d) "Endereço de uma biblioteca".
e) "Formação de Bibliotecas".
3) Ranganathan publicou o famoso livro Five Laws of Library Science em 1931. Tra-
duzido para o português como As cinco leis da Biblioteconomia. Essas leis são:
a) Os livros são para uso; A cada leitor, seu livro; A cada livro, seu leitor;
Poupe o tempo do leitor; A biblioteca é um organismo em crescimento.
b) Os livros são para guardar; A cada leitor, seu bibliotecário; A cada livro,
sua biblioteca; Poupe o tempo do bibliotecário; A biblioteca é um or-
ganismo estático.
c) Os livros são para uso; A cada leitor, seu livro; A cada livro, seu leitor;
Poupe o uso da biblioteca; Evite o crescimento.
d) Os livros não são para uso; A cada leitor, sua biblioteca; A cada livro,
seu leitor; Poupe o tempo do leitor; A biblioteca não é um organismo
em crescimento.
e) Poupe o tempo do leitor; A biblioteca é um organismo em crescimen-
to; Utilize livros antigos; Biblioteca não é museu; Evite o crescimento.
4) Como vimos, a corrente crítica opôs-se ao Positivismo, que tem uma forte
expressão no:
a) Existencialismo.
b) Construtivismo.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 35
c) Criticismo.
d) Funcionalismo.
e) Expressionismo.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) a.
2) b.
3) a.
4) d.
5) c.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve
a oportunidade de discutir uma Biblioteconomia que se mostra,
por um lado, consolidada em suas escolhas e princípios já secu-
36 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
lares e, por outro, dinâmica e flexível em direção a novas abor-
dagens e capaz de adaptar-se às condições históricas, culturais,
epistemológicas e tecnológicas contemporâneas.
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador que ampliará seu
conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, você apre-
nderá as características da Biblioteconomia como campo cientí-
fico e profissional.
6. E-REFERÊNCIAS
ARAÚJO, C. A. A. Correntes teóricas da Biblioteconomia. Revista Brasileira de
Biblioteconomia e Documentação. São Paulo, v. 9, n.1, p. 41-58, jan./dez. 2013.
Disponível em: <https://rbbd.febab.org.br/rbbd/article/view/247>. Acesso em: 29
out. 2017.
BIBLIOO. Briquet de Lemos – Biblioteconomia: passado e futuro (vídeo). Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=7_pOPyLExkA>. Acesso em: 29 out. 2017.
BIBLIOTECA NACIONAL. Apresentação. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/sobre-
bn/apresentacao>. Acesso em: 29 out. 2017.
______. Histórico. Disponível em: <http://www.bn.gov.br/sobre-bn/historico>. Acesso
em: 29 out. 2017.
BNDIGITAL. Biblioteca nacional (Brasil) (vídeo). Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=9kml6RIq5UQ>. Acesso em: 29 out. 2017.
FLORIDI, L. Biblioteconomia e ciência da informação (BCI) como filosofia da informação
aplicada: uma reavaliação. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação,
v. 1, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/v/a/16788>. Acesso
em: 29 out. 2017.
MOSTAFA, S. P. Epistemologia ou filosofia da Ciência da Informação? Informação &
Sociedade: Estudos, v. 20, n. 3, p. 65-73, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.
ufpr.br/brapci/v/a/9585> . Acesso em: 29 out. 2017.
ORTEGA, C. D., LARA, M. L. G. A noção de documento: de Otlet aos dias de hoje.
DataGramaZero, v. 11, n. 2, 2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/brapci/
index.php/article/view/0000008400/cca9a49474077340b069f1222c313618>. Acesso
em: 29 out. 2017.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 37
SHERA, J. Epistemologia social, semântica geral e biblioteconomia. Ciência da
Informação, v. 6, n. 1, p. 9-12, 1977. Disponível em: <http://basessibi.c3sl.ufpr.br/
brapci/_repositorio/2010/04/pdf_dde99ac1c9_0009749.pdf>. Acesso em: 29 out.
2017.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FIGUEIREDO, N. M. Estudos de uso e usuários da informação. Brasília: IBICT, 1994.
FLUSSER, V. A biblioteca como um instrumento de ação cultural. Revista da Escola de
Biblioteconomia da UFMG, v. 12, n.2, p. 145-169, set. 1983.
FONSECA, E. N. A biblioteconomia brasileira no contexto mundial. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979.
KUHLTHAU, C. C. Seeking meaning: a process approach to library and information
services. Londres: Libraries Unlimited, 2004.
LASSO DE LA VEGA, J. Manual de biblioteconomia: organización tecnica y cientifica de
las bibliotecas. Madri: Mayfe, 1952.
MILANESI, L. A casa da invenção. São Paulo: Ateliê, 1997.
38 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
UNIDADE 2
A BIBLIOTECONOMIA CIENTÍFICA E
PROFISSIONAL
Objetivos
• Compreender as especificidades da Biblioteconomia como campo
científico.
• Compreender as especificidades da Biblioteconomia como campo
profissional.
Conteúdos
• Panorama e conceito do campo científico da área.
• Panorama e conceito do campo profissional da área.
• Atuação nas unidades de informação e suas características.
39
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
1. INTRODUÇÃO
Vamos começar nossa segunda unidade de estudo. Nela va-
mos abordar a revolução técnica e científica da Biblioteconomia,
que resultou na necessidade de estudos mais avançados sobre as
técnicas empregadas em bibliotecas e centros de documentação.
O progresso técnico e científico ampliou a capacidade hu-
mana em todas as direções, resultando em um grande acúmulo
de informação. Esse grande volume de informação, por conse-
guinte, ampliou as funções, as atividades e as responsabilidades
do bibliotecário profissional.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 41
Entretanto, as aulas só tiveram início em abril de 1915 de-
vido a desistência dos inscritos (RUSSO, 1966; CASTRO, 2000). O
exame de admissão neste primeiro curso era composto de prova
escrita de português e provas orais de geografia, literatura, histó-
ria universal e línguas (francês, inglês e latim). Era pré-requisito
para ser bibliotecário possuir cultura geral.
O ensino da Biblioteca Nacional era influenciado pela esco-
la francesa École National des Chartes, com forte característica
humanística e voltada para os funcionários daquela biblioteca.
Em 1936 também foi oferecido um curso de Bibliotecono-
mia em São Paulo, que em sua criação era mantido pela Prefeitu-
ra do Município de São Paulo. Em 1940, o curso foi incorporado
pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.
Nos primeiros anos de criação, diferentes visões guiaram as
escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo. A primeira mantinha suas
raízes humanísticas, enquanto a segunda era basicamente técnica.
Consequentemente, os bibliotecários formados passavam
a defender a abordagem tecnicista ou humanística, de acordo
com a escola em que haviam estudado.
Considera-se que a polêmica entre Rio e São Paulo foi mar-
cante quanto às questões técnicas da área. No entanto, com o
movimento de americanização do Brasil e devido às exigências do
mercado de trabalho, a Biblioteca Nacional em 1944 modificou seu
currículo com o acréscimo de disciplinas técnicas, tais como: Ca-
talogação, Classificação, Bibliografia e Referência (CASTRO, 2000).
Contudo, não deixou de lado sua influência humanística. O ensino
de Biblioteconomia no Rio de Janeiro e em São Paulo apresenta-
vam diferenças, inclusive relacionadas a controvérsias da prática
de técnicas e de disciplinas cursadas (CASTRO, 2000).
42 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
O Quadro 1 apresenta as disciplinas que compunham o
curso em Biblioteconomia entre 1915 e 1962. Nota-se que, em-
bora tivessem perfis diferentes, havia sintonias entre as forma-
ções de São Paulo e do Rio de Janeiro.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 43
Quadro 2 Disciplinas do curso de Biblioteconomia no Claretiano.
Comunicação e Linguagem
Fontes de Informação e Competência Informacional
Fundamentos da Educação
Introdução à Biblioteconomia
Ação Cultural: Projetos Culturais e Atuação do Bibliotecário
Estudos de Usuários
Introdução à Biblioterapia
Projeto - Representação Descritiva: Catalogação
Representação Descritiva: Catalogação
Metodologia da Pesquisa Científica
Optativa de Formação I
Projeto - Representação Temática: Classificação
Representação Temática: Classificação
Sistemas de Informação
Automação e Informatização de Unidades de Informação
Linguagens Documentárias
Planejamento de Unidade de Informação
Projeto - Automação e Informatização de Unidades de Informação
Projeto – Linguagens Documentárias
Serviços de Referência e Recuperação da Informação
Arquitetura da Informação e Usabilidade
Biblioteca Escolar
Optativa de Formação II
Preservação, Conservação de Documentos e Tratamento de Obras Raras
Administração
Antropologia, Ética e Cultura
Estágio Curricular Supervisionado
Estudos Linguísticos e Literários aplicados à Biblioteconomia
Pesquisa Bibliográfica e Normalização
Atividades Complementares
Fonte: Claretiano (2017).
44 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Depois de observar os dois quadros, tente responder às se-
guintes questões:
1) O que foi acrescentado?
2) O que foi modificado?
3) O que permaneceu?
4) Em sua opinião, os desafios de hoje são maiores do
que os do passado?
Percebemos que a Biblioteconomia brasileira é assumida
quase que diretamente como origem e subárea da Ciência da
Informação. O fato é que houve um processo de acomodação
entre as duas áreas:
• de um lado, definiu-se a Biblioteconomia como estudo
formativo vinculado às diretrizes curriculares nacionais,
com seus aspectos legais, com o intuito de graduar;
• do outro, definiu-se, como espaço para a Ciência da In-
formação, o campo de estudos e pesquisas avançados
em cursos e programas de pós-graduação.
Todo campo científico necessita de uma literatura especia-
lizada e atualizada. No Brasil alguns dos principais periódicos que
tratam temas da Biblioteconomia e Ciência da Informação são:
1) DataGramaZero: Revista de Ciência da Informação
(1999-).
2) Perspectivas em Ciência da Informação (1996-).
3) Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia
e Ciência da Informação (1996-).
4) Morpheu: Revista Eletrônica em Ciências Humanas –
Conhecimento e Sociedade (2002-).
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 45
5) RDBCI: Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da
Informação (2003-).
6) Em Questão: Revista da Faculdade de Biblioteconomia
e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRS) (2003-).
Você conhece esses periódicos? A leitura de seus artigos
vão ajudar muito em seu aprendizado.
Consideramos que a Biblioteconomia não se constitui
como uma área científica, mesmo com a incorporação de novos
equipamentos tecnológicos à sua rotina, alterando serviços bá-
sicos como a catalogação (utilização das redes colaborativas) e o
atendimento ao usuário (serviço de referência virtual).
Segundo Pinheiro (1999), a Biblioteconomia precisaria de
uma "ciência" para lhe dar respeitabilidade acadêmica. Para ele,
mesmo com a disseminação e uso de equipamentos e proce-
dimentos físicos no âmbito digital, a área ainda não conseguiu
relacioná-los efetivamente com base na produção que realiza e
com o uso da informação em um contexto específico.
Agora vamos ver algumas características da Bibliotecono-
mia na Europa e nos Estados Unidos.
Europa e EUA
A partir da primeira metade do século 20, a Europa inovou
em termos de pesquisa e experimentos de processos de organi-
zação da informação. Contudo, devido ao patamar tecnológico
da época e das dificuldades políticas e econômicas daquele mo-
mento, essas pesquisas e experimentos não foram disseminados
e implantados (Buckland, 1991).
46 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
No mesmo período, os Estados Unidos estavam preocu-
pados em aumentar o número de bibliotecas. Estas eram vistas
como equipamentos culturais e educacionais, capazes de garan-
tir acesso universal aos seus acervos. Apesar de haver alguma
pesquisa e experimentação de tecnologias no país, elas ainda
não eram técnicas e modelos aplicados para processos de biblio-
tecas, não sendo, assim, significativas.
Foi só durante e após a Segunda Guerra Mundial que o
espírito pragmático e o apoio em pesquisa tecnológica dos Es-
tados Unidos levou a um grande avanço, permitindo várias
implantações.
No período, a Europa estava devastada pela Guerra e não
acompanhou o avanço dos Estados Unidos, recebendo, entre-
tanto, suas influências.
Surgia uma nova concepção de bibliotecas, diante da ne-
cessidade de mudança do conceito elitista desse ambiente. A
biblioteca até então encarada como depósito de conservação
de livros raramente lidos ou de acesso reservado apenas para
determinado público:
Fechadas em si mesmas, solenes e pouco convidativas, difi-
cultando muitas vezes o acesso à informação, com fundos que
pouco ou nada têm a ver com os interesses da generalidade da
população (NUNES, 1996, p. 57).
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 47
Henry Barnard (1811-1900), em favor da educação para todos os
segmentos da sociedade (FONSECA, 1992).
Assim, os Movimentos pela Biblioteca Pública (Public Li-
brary Movements) destacaram-se:
• por um lado, devido à importância de se atingir todos
os indivíduos da sociedade, propondo uma reformula-
ção do conceito de biblioteca (passando a entendê-las
como agentes ativos no processo democrático);
• por outro lado, devido ao surgimento de diversas inova-
ções práticas nas bibliotecas para aumentar a acessibi-
lidade física e intelectual (priorizando os serviços de re-
ferência, adequando os acervos, criando instrumentos
mais fáceis para a busca, entre outros).
O salto teórico-conceitual dessa abordagem pelo usuário
ocorreu a partir de um grupo de pesquisadores da Graduate Li-
brary School da Universidade de Chicago. Nessa instituição foi
criado o primeiro programa de doutoramento em Biblioteco-
nomia. O grupo de Chicago é considerado fundamental para a
passagem de uma Biblioteconomia de orientação meramente
profissionalista para uma científica.
Nesta mesma época, no Brasil, ainda estávamos revendo
influências e organizando nossos primeiros cursos de graduação.
Com as leituras propostas no Tópico 3. 1, você vai acom-
panhar a lei que regulamenta a profissão do bibliotecário e re-
fletir sobre a trajetória da Biblioteconomia até os dias atuais.
Antes de prosseguir para o próximo assunto, realize as leituras
indicadas, procurando assimilar o conteúdo estudado.
48 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
2.2. ATUAÇÃO PROFISSIONAL EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO
Bibliotecário de referência
O bibliotecário de referência normalmente é encontrado
em bibliotecas universitárias ou especializadas. Ele é responsá-
vel por ajudar o usuário a encontrar a informação, direcionan-
do e orientando sua pesquisa pelo contato direto ou por outros
meios, até que seja sanada sua necessidade informacional.
Ele também é responsável por dar suporte ao pesquisa-
dor/usuário na normalização de trabalhos científicos de acordo
com as normas da ABNT ou outras, como a APA.
O campo de atuação é vasto: pesquisador ou consultor
em pesquisas das universidades, empresas públicas ou privadas,
centros de documentação etc.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 49
São atividades exigidas desta atuação:
1) manter-se informado sobre atualidades gerais e sobre
as novidades do acervo;
2) utilizar todos os recursos tecnológicos e mídias na
orientação do usuário;
3) conhecer seu acervo, assim como as melhores fontes
de pesquisa on-line ou por meio do Comut (comutação
bibliográfica);
4) manter uma boa comunicação oral e escrita com os
usuários, sempre de forma clara;
5) ser agente cultural por meio da promoção de ações e
eventos culturais em sua unidade ou pela cidade.
Bibliotecário escolar
Pode ser considerado o maior responsável pela formação
do hábito de leitura entre jovens estudantes, sendo um elo entre
os jovens e os livros. Esse profissional é responsável por incenti-
var a leitura e a pesquisa, e, em muitos casos, apresenta à crian-
ça o mundo da pesquisa em seu início de vida cultural.
Na biblioteca escolar, o bibliotecário é um mediador que
auxilia as crianças e os jovens a desenvolverem competências
necessárias para: aprender, estimular o senso crítico, argumen-
tar e instigar a criatividade e o interesse por novos conhecimen-
tos. São suas funções:
1) treinar e formar para a utilização dos recursos da bi-
blioteca e de tecnologia de informação;
2) formar competências e conhecimento da informação;
3) promover programas de leitura e eventos culturais,
como a hora do conto;
50 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
4) participar de atividades relacionadas à gestão do cur-
rículo escolar;
5) participar da preparação, promoção e avaliação de ati-
vidades de aprendizagem;
6) preparar e administrar os orçamentos e a formação da
equipe;
7) promover políticas para desenvolver os serviços de
acordo com as necessidades da comunidade escolar
(VIEIRA, 2014).
Com as leituras propostas no Tópico 3. 2, você se infor-
mará um pouco mais sobre a Biblioteca Escolar. Antes de pros-
seguir para o próximo assunto, realize as leituras indicadas,
procurando assimilar o conteúdo estudado.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 51
Catalogação
Catalogar significa registrar todo material que chega à bi-
blioteca utilizando técnicas biblioteconômicas que possibilitem
e facilitem o acesso às informações. Os instrumentos utilizados
para a catalogação são: o AACR2, utilizado mundialmente para
padronizar e descrever os documentos; e algum formato especí-
fico (o mais utilizado é o formato MARC 21).
Classificação
Classificar significa reunir coisas, informações etc., no caso
do bibliotecário classificador, por grupo e conforme suas carac-
terísticas. Para isso, durante o processamento técnico, é neces-
sário utilizar um sistema de classificação (CDD, CDU etc.) por
meio do qual se reúnam os assuntos pertinentes devidamente
codificados.
Indexação
Indexar é incluir o registro de um documento em um índice ou
repositório de informações, que deve formar o catálogo de uma bi-
blioteca. Os registros são compostos por diversos dados e informa-
ções que descrevem o documento, objetivando localizá-lo no acervo.
Na descrição dos documentos é necessário incluir o cabe-
çalho (informações básicas) sobre o autor, título, assunto etc. Os
índices podem ser encabeçados por assuntos, autores, títulos,
editoras etc. No entanto, normalmente, ao buscar o documento,
a recuperação dá-se pelo assunto.
Para a boa indexação de um item de qualquer tipo de uni-
dade de informação, é de suma importância determinar o assun-
to e inclui-lo em um vocabulário controlado. Isso pode evitar o
52 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
silêncio ou ruído durante a pesquisa, uma vez que toda recupe-
ração da informação desejada terá sucesso ou não a partir desse
ponto. A indexação consiste em duas fases:
• identificar e representar o conteúdo intelectual do
documento;
• traduzir a análise do assunto para a linguagem especifi-
ca, utilizando descritores.
É exigido que o profissional mantenha-se bem informado
(cultura geral) sobre as atualidades nas diferentes áreas do co-
nhecimento humano.
Bibliotecário de aquisição
O profissional é responsável por adquirir obras de relevân-
cia, levando em conta as necessidades de seus usuários e as carac-
terísticas exigidas. Sempre que for necessário obter novas obras,
deve-se solicitar o material, aprovar o pedido, verificar a disponibi-
lidade do documento no mercado, comprá-lo, negociar condições
de pagamento etc. Durante a aquisição deve-se levar em conta
não apenas os aspectos comerciais do negócio, mas também o va-
lor informacional que a aquisição trará ao acervo da unidade.
Após adquirir o documento, inicia-se o processamento téc-
nico para incorporá-lo ao acervo e disponibilizá-lo.
Por fim, o processo deve ser acompanhado por um bom
sistema de Disseminação Seletiva da Informação (DSI), que pro-
moverá uma boa divulgação das novidades informacionais. São
exigências da função:
1) analisar as sugestões de usuários/ pesquisadores;
2) controlar orçamento, ou verificar a possibilidade da
aquisição;
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 53
3) analisar a quantidade a ser adquirida, ou se já faz parte
do acervo;
4) gerenciar a licitação ou orçamentos para compra;
5) analisar fornecedores, condições de pagamento, prazo etc.
Em grande parte das instituições, o profissional não atua
somente na aquisição, acumulando outras funções. Isso ocorre
porque a maioria das bibliotecas não necessita ou não tem re-
cursos suficientes para o desenvolvimento integral de um profis-
sional nessa função.
Bibliotecário de periódicos
Suas principais funções são comprar, receber, avaliar e
controlar as coleções de periódicos provenientes de assinatura
(compra), doação ou permuta, mantendo atualizadas as infor-
mações necessárias às consultas do material pelos usuários.
A rapidez na recuperação e o contato imediato com a in-
formação vêm-se tornando fatores determinantes na aquisição
de periódicos eletrônicos em ambientes universitários, principal-
mente pelo acesso às novidades nas áreas científicas e tecno-
lógicas. A assinatura permite o acesso a periódicos por área de
atuação e a periódicos de acesso livre.
No Brasil, as FAPs e o CNPQ possibilitam o acesso dos pes-
quisadores a portais como Web of Science e Scielo (Scientific Ele-
tronic Library).
São exigências da função:
1) intermediar contato com fornecedores, editores etc.;
2) pesquisar necessidades e orçamentos de aquisição de
periódicos;
54 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
3) catalogar e indexar periódicos e artigos;
4) controlar a circulação dos documentos;
5) elaborar relatórios e estatísticas.
Em grande parte das instituições, o profissional acumula
outras funções. Isso ocorre porque a maioria das bibliotecas não
necessita ou não tem recursos suficientes para o desenvolvimen-
to integral de um profissional nessa função.
Bibliotecário de sistemas
O bibliotecário de sistemas gerencia, insere e organiza as
informações de uma biblioteca de forma a facilitar o acesso do
usuário. Deve oferecer a maior gama possível de possibilidades e
mecanismos que permitam a recuperação da informação deseja-
da. Para isso, é vital uma boa indexação de termos.
Assim, mediante bom treinamento ao usuário quanto à
utilização do sistema, é possível dar autonomia a ele, otimizando
o tempo e permitindo que ele auxilie outros usuários.
O bibliotecário de sistemas deve possuir senso crítico ao
elaborar, indexar e disponibilizar os termos das diferentes áreas
do conhecimento. Assim, estabele critérios para organizar e in-
terpretar a informação nos suportes existentes na biblioteca, via-
bilizando conexões entre assuntos para facilitar a pesquisa.
São exigências da função:
1) manter contato constante com colaboradores e utiliza-
dores (usuários) do acervo;
2) manter-se informado e buscar novas tecnologias e no-
vidades da área no que se refere a base, banco e estru-
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 55
tura de dados, sistemas operacionais, programação,
novas tecnologias na área de catalogação etc.;
3) participar do planejamento e da seleção dos sistemas
(softwares etc.) da unidade;
4) manter um canal de comunicação aberto entre colabo-
radores para assuntos técnicos sobre informática;
5) supervisionar o fluxo de informações do sistema para
fins estatísticos, dando suporte, manutenção e desen-
volvimento do sistema aos setores (VIEIRA, 2014).
Bibliotecário jurídico
Esse bibliotecário deve conhecer a fundo o mundo jurídico
e suas informações, nas esferas municipais, estaduais, federais e
internacionais.
Deve tornar-se íntimo dos termos e das definições usadas pe-
los profissionais da área: lei, decreto, instrução, medida provisória,
emenda constitucional, súmula, jurisprudência etc. Por conseguinte,
deve conhecer as técnicas de organização utilizadas pela classe jurídi-
ca, dispondo melhor seus documentos, facilitando sua pesquisa etc.
Também é importante ao bibliotecário jurídico elaborar
sistemas de gerenciamento do conhecimento jurídico, e não
apenas organizar seus acervos.
De acordo com a Associação Americana de Bibliotecários
Jurídicos, esse profissional deve:
1) ser eficiente na pesquisa em qualquer suporte
informacional;
2) ser astucioso quanto às vantagens ou desvantagens de
uma ou várias fontes de informação;
56 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
3) ser eficaz na organização da informação, quanto a sua
localização e utilização em qualquer suporte;
4) especializar-se na utilização das fontes informacionais
(jurídicas ou não);
5) conhecer o sistema legal e a profissão jurídica;
6) ter conhecimento biblioteconômico do ciclo documen-
tário em sua totalidade;
7) ter liderança e pensamento crítico no que se refere à
administração geral;
8) trabalhar em grupo para alcançar objetivos comuns;
9) promover e defender a necessidade da biblioteca na
organização (VIEIRA, 2014).
Bibliotecário consultor
O bibliotecário consultor presta consultoria aos gestores
ou proprietários de empresas ou acervos nas tomadas de de-
cisões relativas à organização e à disseminação da informação.
Também opina sobre o impacto dessas informações sobre os re-
sultados atuais e futuros.
O foco da consultoria é definir a melhor alternativa na área
da Biblioteconomia para agilizar o acesso à informação num am-
biente particular ou empresarial, diminuindo incertezas e riscos
no processo natural de competição existente.
Os serviços de consultoria normalmente diagnosticam e
formulam soluções para determinado assunto (problema) ou
especialidade. Tais soluções podem ser em qualquer área do co-
nhecimento humano.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 57
As consultorias mais comuns são nas áreas jurídica e em-
presarial, mas é comum também a organização de acervos de
outros tipos: objetos, correspondências, fotografias etc.
Suas habilidades devem estar focadas nos métodos e ins-
trumentos utilizados, no compartilhamento de ideias e infor-
mações e na gestão dos recursos disponíveis. Esse profissional
deve ainda detectar as melhores formas de coletar dados para
um posterior diagnóstico, observando políticas e valores da or-
ganização. Além disso, deve manter-se alinhado à cultura or-
ganizacional e respeitá-la para garantir uma boa relação com a
empresa-cliente. Assim, com resultados positivos, poderá ser
contratado novamente pela mesma organização ou por outras
que venham a conhecer seus bons resultados.
São exigências da função:
1) Conhecimentos específicos em alguma área;
2) Habilidade no relacionamento interpessoal;
3) Independência;
4) Automotivação;
5) Boa comunicação escrita e verbal;
6) Capacidade analítica, de autenticidade e ética (VIEIRA,
2014).
58 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
e no desenvolvimento científico, pesquisando fontes tradicio-
nais ou eletrônicas, que ajudem a esclarecer o problema, seja
na área médica, terapêutica, farmacêutica, veterinária ou de
enfermagem.
O profissional dessa área deve buscar atualização constan-
te, devido à produção crescente de pesquisas científicas, divul-
gadas principalmente em formato eletrônico. As informações
levantadas pelo bibliotecário devem ser avaliadas pelos profis-
sionais da saúde, quanto à relevância e à necessidade de apro-
fundamento bibliográfico.
Nos Estados Unidos há especialização para bibliotecários
da área da saúde desde 1939. Já no Brasil esses cursos começa-
ram a ser oferecidos na década de 1980, pela Unifesp (Curso de
Especialização em Informações em Ciência e Saúde para Biblio-
tecários e Documentalistas).
São exigências da função:
1) localizar informações impressas ou eletrônicas;
2) administrar e criar produtos que facilitem a dissemina-
ção da informação;
3) selecionar e comprar livros, periódicos etc., em forma-
to impresso ou eletrônico;
4) organizar o uso da informação
5) facilitar o acesso à informação.
6) treinar usuários e pesquisadores (VIEIRA, 2014).
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 59
cais, até músicos e intérpretes nacionais e internacionais, além
de, preferencialmente, ter conhecimento sobre partituras.
O campo de atuação vai de bibliotecas especializadas a rá-
dios e televisão, e os suportes desse tipo de informação são va-
riados: LPs, CDs, DVDs, livros, partituras etc.
O acervo é destinado aos estudiosos, pesquisadores e inte-
ressados em música, preocupados em ampliar seus conhecimen-
tos ou por simples prazer.
São exigências da função:
1) trabalhar para o avanço dos objetivos de sua
organização;
2) reconhecer a diversidade de músicas, usuários e fre-
quentadores da biblioteca (equipe, comunidade etc.)
e incentivar seus esforços musicais;
3) avaliar continuamente a eficácia e o potencial dos ma-
teriais e serviços fornecidos;
4) comunicar-se com eficácia, participando de sua comu-
nidade profissional;
5) ler partituras;
6) ter formação em nível superior em Música e
Biblioteconomia;
7) desenvolver e empregar sistemas de distribuição de in-
formação conforme a necessidade do usuário;
8) avaliar constantemente a qualidade das fontes de
informação;
9) criar índices, catálogos, instrumentos de pesquisa,
exposições e bibliografias (impressos ou eletrônicos)
para melhorar o acesso a coleções.
60 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Bibliotecário coordenador de bibliotecas/unidades
informacionais
O bibliotecário coordenador é o representante da bibliote-
ca, e é responsável por gerenciar, liderar, motivar, treinar e orien-
tar os colaboradores. É sua obrigação também avaliar, exigir, con-
tratar, demitir etc.
Para uma melhor gestão, é necessário estabelecer metas
e planejar ações a curto, médio e longo prazos. O plano de ação
deve levar em conta o gerenciamento dos recursos disponíveis
por certo período. Os recursos podem ser tecnológicos, mate-
riais, financeiros, físicos e humanos.
A gestão deve ter múltiplos olhares sobre a unidade, bus-
cando identificar:
• pontos positivos: que devem ser destacados, dando o
crédito aos responsáveis pela atividade (seja diária ou
ligada a uma ação pontual);
• pontos negativos: fazendo mudanças e tomando me-
didas que possam sanar o problema, ou melhorar um
estágio da ação.
Em geral, o coordenador é o elo entre os colaboradores
da unidade e os tomadores de decisões estratégicas. Por esse
motivo, deve usar bom senso e discernimento entre os lados
envolvidos, colaborando nos resultados e no cumprimento das
obrigações diárias.
Para que o gestor não se perca é necessário que tenha cla-
ra a missão da instituição a qual pertence. Ele deve implantar um
programa de gestão da qualidade que permita acompanhar os
resultados e formar uma equipe envolvida em todo o processo e
com vistas nos resultados.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 61
São exigências da função:
1) ser empreendedor, estando ligado às necessidades, às
atualizações e ao planejamento da unidade.
2) ser um líder, preocupado com a questão social, procu-
rando ajudar a todos, preocupando-se com as dificul-
dades financeiras, não permitindo injustiças;
3) empenhar-se genuinamente na harmonia das relações
de trabalho, fator básico para alcançar bons resultados
em qualidade e produtividade;
4) monitorar as necessidades da unidade, dos funcioná-
rios e dos usuários;
5) ter voz ativa, saber delegar tarefas e resolver eventuais
conflitos internos entre funcionários, usuários etc.;
6) avaliar com precisão e constância os colaboradores e
suas funções, e, se necessário, trocar funcionários de
departamento, e até demitir ou contratar;
7) ser exemplo para os colaboradores, para que se espe-
lhem em suas atividades.
62 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Graduação, a categoria (Disciplinar) e o tipo de vídeo (Complementar). Por
fim, clique no nome da disciplina para abrir a lista de vídeos.
• Para assistir ao vídeo pelo seu CD, clique no botão "Vídeos" e selecione:
Introdução à Bibilioteconomia – Vídeos Complementares – Complementar 2.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
3.1. BIBLIOTECÁRIO
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 63
• BIBLIOTECA NACIONAL. Depósito legal. Disponível em:
<https://www.bn.gov.br/sobre-bn/deposito-legal>.
Acesso em: 31 out. 2017.
64 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
• SOUZA, T. L.; OLIVEIRA, R. I. S.; ROSÁRIO, M. H. S. Gestão
da informação e do conhecimento: a gestão da qualidade
nos serviços da biblioteca. Biblionline, v. 12, n. 1, p. 78-85,
2016. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.
php/biblio/article/view/28146>. Acesso em: 31 out. 2017.
• FERREIRA, M. C. S. B.; RIBEIRO, R. M. R. (apresentação).
Organização e funcionamento de biblioteca. Disponí-
vel em: <http://sites.uefs.br/portal/sites/bibuefs/ar-
quivos/treinamentos/APRESENTACaO%20FINAL.pdf>.
Acesso em: 31 out. 2017.
• SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS (SNBP).
Gestão de bibliotecas. Disponível em: <http://snbp.cultura-
digital.br/gestao-de-bibliotecas/>. Acesso em: 31 out. 2017.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação é uma ferramenta importante para você
testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em respon-
der às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
1) O primeiro curso de Biblioteconomia do Brasil foi criado em 1911 em qual
instituição:
a) Prefeitura do Rio de Janeiro.
b) Biblioteca Nacional.
c) Museu Nacional.
d) Prefeitura de São Paulo.
e) Faculdade de Ciências Políticas.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 65
c) Basicamente atendimento ao usuário.
d) Catalogação e indexação.
e) Aquisição e ação cultural.
66 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
d) Apenas II está correta.
e) I, II e III estão corretas.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) b.
2) a.
3) a.
4) e.
5) b.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da segunda unidade, na qual você co-
nheceu características da Biblioteconomia como campo científi-
co e profissional. Percebemos que há uma forte tendência técni-
ca no trabalho do bibliotecário, mas que também devemos nos
empenhar na perspectiva humanista.
Vimos algumas possibilidades de atuação profissional e al-
gumas das especialidades existentes (bibliotecário de referência,
de processamento técnico, de aquisição, de periódicos etc.) e
suas competências. Percebemos que a atuação profissional deve
acompanhar as demandas e especificidades de cada unidade.
Veja agora o Conteúdo Digital Integrador, que ampliará
seu conhecimento sobre o assunto. Na próxima unidade, você
aprenderá sobre o conceito de "informação", da Ciência da Infor-
mação e sua interdisciplinaridade.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 67
6. E-REFERÊNCIAS
CLARETIANO. Biblioteconomia: sobre o curso. 2017. Disponível em: https://claretiano.
edu.br/graduacao/biblioteconomia . Acesso em: 15 nov. 2017.
FONSECA, E. Introdução à biblioteconomia. São Paulo: Pioneira, 1992.
OLIVEIRA, I. R.; CAMPELLO, B. S. Estado da arte sobre pesquisa escolar no Brasil.
TransInformação, v. 28, n. 2, p. 181-194, maio/ago. 2016. Disponível em: <http://
periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/article/view/2416/2260>.
Acesso em: 31 out. 2017
PINHEIRO, L.V.R. Campo interdisciplinar da ciência da informação: fronteiras remotas
e recentes. In: PINHEIRO, L.V.R. (Org.) Ciência da informação, ciências sociais e
interdisciplinaridade. Brasília: IBICT, 1999. p.155-182.
SNBP – SISTEMA NACIONAL DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS. Gestão de bibliotecas. Disponível
em: <http://snbp.culturadigital.br/gestao-de-bibliotecas/>. Acesso em: 31 out. 2017.
SOUZA, T. L.; OLIVEIRA, R. I. S.; ROSÁRIO, M. H. S. Gestão da informação e do
conhecimento: a gestão da qualidade nos serviços da biblioteca. Biblionline, v. 12, n.
1, p. 78-85, 2016. Disponível em: <http://periodicos.ufpb.br/index.php/biblio/article/
view/28146>. Acesso em: 31 out. 2017.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BUCKLAND, M. K. Information as thing. Journal of the American Society for Information
Science, v. 42, n. 5, p. 351-360, jun. 1991.
CASTRO, C. A. História da Biblioteconomia brasileira: perspectiva histórica. Brasília:
Thesaurus, 2000.
FONSECA, E. N. A Biblioteconomia brasileira no contexto mundial. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro; Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1979.
NUNES, H. Da biblioteca ao leitor: estudos sobre a leitura pública em Portugal. Braga:
Universidade do Minho, 1996.
RUSSO, L. G. M. A Biblioteconomia brasileira, 1915-1965. Rio de Janeiro: INL, 1966.
VIEIRA, R. Introdução à teoria geral da Biblioteconomia. Rio de Janeiro: Interciência, 2014.
68 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
UNIDADE 3
INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO
Objetivos
• Compreender a evolução e origem da Ciência da Informação.
• Conhecer as áreas afins da Biblioteconomia.
Conteúdos
• O conceito de informação.
• Ciência da Informação e interdisciplinaridade.
• Arquivologia e Museologia.
69
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
UNIDADE 3 – INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
A Ciência da Informação é uma área de pesquisa relativa-
mente nova, que se relaciona com diversas disciplinas e áreas do
conhecimento, com influências que começaram antes mesmo de
sua criação na metade do século 20.
Muitas escolas de Ciência da Informação ao redor do mun-
do, em diferentes países e contextos sociais, nasceram dos de-
partamentos de Biblioteconomia e de Documentação, receben-
do, assim, influência de pioneiros como Paul Otlet, Melvil Dewey
e Shiyali Ramamrita Ranganathan.
A Ciência da Informação também está notoriamente ligada
ao desenvolvimento científico e tecnológico após a Segunda Guerra
Mundial, representado por movimentos importantes para o pensa-
mento moderno, com disciplinas como a Cibernética e a Computação.
2.1. INFORMAÇÃO
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 71
quentemente compartilhadas dentro da comunidade de discur-
so (CAPURRO; HJORLAND, 2007).
Assim, a informação presente nas instituições coletoras de
cultura (como as bibliotecas, arquivos e museus) varia de acordo
com seus objetivos.
Dessa maneira, não devemos distinguir as instituições pelo
tipo de documento por elas mantido. Essa distinção é totalmente
ultrapassada. É inútil distinguir as instituições pelo tipo de docu-
mento que nelas predomina, por mais que isso continue sendo
observado na prática e reiterado pelo senso comum.
O que importa é a função exercida por esse documento
nos diferentes ambientes. Por mais que as bibliotecas continuem
estocando livros e periódicos, os arquivos acumulem documen-
tos administrativos, e os museus, objetos, a distinção pelo ma-
terial não se sustenta. A função atribuída a esses documentos
determina uma diferenciação mais justificada.
De toda forma, por mais que as instituições tenham obje-
tivos e critérios específicos de formação do estoque informacio-
nal, nelas predomina um objetivo comum: todas se preocupam
com a organização da informação a fim de disponibilizá-la.
A oferta de informação
Atualmente sabemos que simplesmente disponibilizar a
informação não garante que ela seja comunicada e gere conhe-
cimento. No entanto, se a informação não for disponibilizada,
nenhum conhecimento novo será gerado.
Sobre a disponibilização da informação, relembramos Paul
Otlet, visionário da Ciência da Informação. Ao assistir à sua biogra-
fia no filme O homem que queria classificar o mundo (2002), você
72 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
irá perceber inclusive que nem tudo que ele vislumbrou foi ainda
implantado.
Otlet imaginava que a farta distribuição de informações
era condição necessária e suficiente para melhorar a sociedade
e a qualidade de vida do cidadão. No entanto, percebemos que
apenas divulgar não garante a melhoria da qualidade de vida.
Para isso, a informação acessada precisa ser interpretada e apro-
priada pelo indivíduo. É preciso internalizar e transformar a in-
formação em conhecimento.
Nessa perspectiva, os projetos envolvendo bibliotecas, ar-
quivos e museus abertos ao cidadão são importantes para dispo-
nibilizar informação. Contudo, são insuficientes para melhorar as
condições de vida do cidadão, pois, para isso, é necessária uma
maturidade educacional do indivíduo.
Relembrando um antigo provérbio chinês , as instituições
coletoras de cultura (bibliotecas, arquivos e museus) podem for-
necer o peixe, mas não podem a priori ensinar a pescar, o que é
objetivo de outras instituições da sociedade.
Nesse ponto, duas atitudes por parte das instituições cole-
toras de cultura são possíveis:
• centrar atenção no sistema informacional optado por
elas e educar o usuário para que entenda como a in-
formação foi tratada, de acordo com quais princípios,
regras e procedimentos, esperando com isso torná-lo
apto a usar o sistema informacional;
• ou analisar a questão do ponto de vista do usuário e ade-
quar a informação documentária a esse (MORRIS, 1994).
Quando o usuário consegue entender a informação docu-
mentária ou o sistema informacional que lhe está sendo trans-
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 73
mitido, estabelece uma efetiva comunicação com o estoque in-
formacional. Assim, pode avaliar a informação disponibilizada
e, consequentemente, selecionar o que melhor atende a seus
anseios, necessidades ou desejos.
Entre os diversos entendimentos do assunto, duas verten-
tes distinguem-se: a informação vista como coisa ou objeto, por
exemplo, no caso dos bits e da teoria matemática da comunica-
ção (SHANNON, 1948); e a informação entendida como conceito
subjetivo, cujo significado, ou conteúdo informacional, depende
da interpretação e do contexto (CAPURRO; HJORLAND, 2007).
74 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Compreende o que estamos falando? Textos publicados
atualmente sobre Ciência da Informação, no Brasil e no mundo,
mostram que a situação descrita por Brookes ainda perdura.
Diante dessa complexidade, muitos autores entendem e
conceituam a Ciência da Informação como disciplina composta
por três paradigmas: físico, cognitivo e social.
Tal divisão não segue uma linha histórica, no sentido de
primeiro surgiu este paradigma e depois o outro. Na verdade,
esses paradigmas se entrecruzam com diferentes intensidades
e em diversos períodos. As datas mencionadas mostram apenas
graus de predominância.
Paradigma físico
Data aproximadamente de 1945 até meados da década
de 1970. Representado por pesquisadores como Vannevar Bush
(1945), que propôs o memex e Michael Buckland (1991), autor
da conceituação de informação-como-coisa.
O pós-guerra é considerado o marco inicial da Ciência da
Informação, que se implementou em oposição à Bibliotecono-
mia. Esta já não conseguia prover o acesso à informação, cada
vez mais volumosa e diferenciada para usuários cada vez mais
especialistas e exigentes.
A ênfase recaia sobre a informação, o objeto da atividade
de produção, sua organização e busca. De acordo com esse para-
digma, o conhecimento é objetivo e especializado, e independe
do sujeito cognoscitivo. Engenheiros, matemáticos e físicos con-
cebem um tratamento da informação mais detalhado, voltado às
suas necessidades informacionais. Esse enfoque poderia ser cha-
mado "tecnocentrista", uma vez que esse processo de busca da
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 75
informação é determinista, não dinâmico e tampouco interativo,
não sofrendo intervenção de elementos psicológicos e físicos.
A relevância da informação recuperada é objetiva, poden-
do ser medida. De acordo com o paradigma físico, a informação
é representada por unidades, com características de "objetos"
(BUCKLAND, 1991) que podem ser armazenados em algum lugar
e transmitidos por canais.
Nesse paradigma, a capacidade de compreensão da infor-
mação transmitida não é discutida.
Paradigma cognitivo
O período mais marcante foi de 1980 até meados da déca-
da de 1990.
O entendimento do sujeito é resgatado, na condição de
agente transformador da informação em conhecimento.
Instaura-se uma epistemologia individualista (o conheci-
mento do indivíduo), que trouxe consigo o pensamento de que a
realidade do mundo material sempre é uma construção mental.
Sendo assim, a produção do conhecimento depende da mente
humana, conceito-chave desse momento.
Esse período foi centrado no usuário, mas sempre um usuá-
rio individual, isolado, não inserido numa dimensão coletiva.
Nesse paradigma, o sujeito é o produtor de conhecimento
que visa seu bem-estar e o desenvolvimento da humanidade, que
se torna possível por meio do desenvolvimento dos indivíduos.
O paradigma cognitivo opõe-se ao paradigma físico, mas
continua pressupondo a existência de estoques informacionais.
76 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Trata-se, em suma, de iluminar a outra ponta do contínuo
informação produzida, informação estocada e organizada, infor-
mação recuperada e utilizada. Se o paradigma cognitivo trouxe
novamente o usuário ao centro das atenções, do qual ele estava
em grande parte separado no paradigma físico, o momento se-
guinte resgata a historicidade desse usuário.
Paradigma social
Ganhou destaque a partir de 1990. O paradigma social tem
sua origem na obra de Jesse Shera (década de 1970) e atualmen-
te é representado pelas teorias de Rafael Capurro e Søren Brier.
Capurro afirma que a Ciência da Informação tem utilizado
diversas ferramentas e práticas das ciências sociais e da filosofia,
dentre elas: hermenêutica, análise de discurso, análise de domí-
nio e redes sociais. Complementarmente ao paradigma social,
como uma vertente mais orientada para a filosofia Capurro tam-
bém cita a semiótica, de Charles Sanders Peirce, e a hermenêu-
tica, representada por nomes como Wittgenstein, Wersig, Wino-
grad e Flores, Aristóteles e Heidegger (CAPURRO, 1991).
A cultura individualista do paradigma anterior gerou o seu
antídoto: os movimentos sociais e a busca por um projeto huma-
nista alternativo.
O ser humano como sujeito histórico relaciona-se tanto
com a natureza como com a sociedade. A excessiva valorização
da subjetividade aponta para a necessidade de um conhecimen-
to interpretativo (e não mais descritivo), sustentado pela tríade
sujeito-objeto-contexto.
Segundo esse paradigma, o usuário relaciona-se com a in-
formação de modo contextualizado. Procura entendê-la em fun-
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 77
ção tanto de suas redes de significados individuais, quanto do
contexto no qual vive, dos valores que o movem e da necessida-
de informacional determinada por esse contexto.
Torna-se evidente que o indivíduo procura por informa-
ções, elaborando perguntas de acordo com aquilo que tanto o
contexto social quanto seus conhecimentos individuais permi-
tem, determinando um escopo dentro do qual a resposta será
considerada útil, ou válida.
Nesse sentido, o modo de formular a pergunta determina
a resposta, inserindo a busca de informação, a sua apropriação e
seu uso na relatividade contextual da qual decorrem. Nesse mo-
mento, a Ciência da Informação apresenta-se, de fato, como uma
ciência social influenciada pelas tecnologias da informação e da
comunicação (as TICs) e inserida nos propósitos da sociedade da
informação.
A compreensão dos contextos de produção e de uso da in-
formação (social, organizacional ou profissional) constitui condi-
ção necessária para o trabalho com a informação e abre espaço
para o papel do poder da informação.
78 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
2.3. A CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 79
Os termos information science e information retrieval fo-
ram adotados para substituir o antigo termo documentation.
Assim entendemos a Ciência da Informação, como a aplicação
de áreas especializadas, como arquivos, bibliotecas e serviços de
informação corporativa, nas quais as bases teóricas da Bibliote-
conomia e da Documentação estão relacionadas às da Ciência da
Informação.
Dentre as abordagens mais consistentes sobre Ciência da
Informação está a de Saracevic (1996).
Saracevic é um teórico de produção relevante no campo
da Comunicação. Ele considera como objeto da Ciência da Infor-
mação tanto o comportamento, as propriedades e os efeitos da
informação em todas as suas facetas, quanto os vários processos
da comunicação que afetam e são afetados pelo homem.
De acordo com ele, a Ciência da Informação estuda:
1) a dinâmica e a estática do conhecimento, ou seja, suas
fontes, organização, criação, dispersão, distribuição,
utilização, expressão bibliográfica e obsolescência;
2) os aspectos comunicacionais relacionados ao homem
enquanto produtor e usuário de informação;
3) os problemas da representação simbólica da informa-
ção, como na classificação e indexação;
4) e, por extensão, o funcionamento de sistemas de in-
formação como as bibliotecas e os serviços de armaze-
nagem, recuperação e processamento de dados.
Para Mendonça (2000), o campo da construção teórica
da Ciência da Informação está situado entre o tecnológico e o
humano, pois os avanços tecnológicos afetam o conceito e o
80 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
uso da informação, que por sua vez influem na estruturação do
conhecimento.
Com as leituras propostas no Tópico 3. 2, você encon-
trará material para aprofundar-se um pouco mais sobre o que
é Ciência da Informação. Antes de prosseguir para o próximo
assunto, realize as leituras indicadas, procurando assimilar o
conteúdo estudado.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 81
Museologia
Na Museologia, a informação é o eixo das ações museoló-
gicas (BRUNO, 2010) e não necessariamente da Museologia en-
quanto disciplina.
Tal distinção é extremamente importante, pois nos ajuda
a compreender a diferença entre a abordagem da informação
feita pelos profissionais da Museologia e pelos da Ciência da
Informação.
Ainda é muito comum encontrarmos publicações que de-
finem a Museologia apenas a partir do museu. Esse tipo de de-
finição costuma traçar uma espécie de genealogia dos museus
e apontar, para cada época, um perfil de museologia (ARAÚJO,
2012). De fato, não se pode separar a experiência histórica dos
museus da constituição do campo da Museologia.
No Brasil, um campo mais ou menos homogêneo compon-
do o contexto teórico e o prático (de maneira ampla) criou-se
a partir da profissionalização da Museologia, que se consolidou
pela criação dos cursos de graduação junto a universidades e pe-
las leis de regulamentação da profissão.
Confira a seguir uma citação da lei que regulamenta o exer-
cício da profissão de museólogo no Brasil, sendo tal exercício
privativo:
I – dos diplomados em Bacharelado ou Licenciatura Plena em
Museologia, por cursos ou escolas reconhecidos pelo Ministé-
rio da Educação e Cultura;
II – dos diplomados em Mestrado e Doutorado em Museologia,
por cursos ou escolas devidamente reconhecidos pelo Ministé-
rio da Educação e Cultura;
III – dos diplomados em Museologia por escolas estrangei-
ras reconhecidas pelas leis do país de origem, cujos títulos
82 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
tenham sido revalidados no Brasil, na forma da legislação;
IV – dos diplomados em outros cursos de nível superior que, na
data desta Lei, contem pelo menos 5 (cinco) anos de exercício
de atividades técnicas de Museologia, devidamente comprova-
dos. Parágrafo único. A comprovação a que se refere o inciso IV
deverá ser feita no prazo de 3 (três) anos a contar da vigência
desta Lei, perante os Conselhos Regionais de Museologia, aos
quais compete decidir sobre a sua validade (BRASIL, 1984).
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 83
Mais recentemente a Museologia inclui outras variáveis: os
brinquedos utilizados pelas crianças da classe baixa, os vasos de
flor feitos a partir de latas de óleo ou o martelo utilizado pelos
operários de determinada fábrica. Assiste-se assim a uma mu-
dança de critérios do que é "informacional".
Arquivologia
Na teoria arquivística, todo documento produzido ou rece-
bido carrega poder informacional. Atualmente, com o desenvol-
vimento da tecnologia da informação, a produção de documen-
tos arquivísticos transformou-se por completo.
A partir do final do século 20, o aumento da massa docu-
mental e as novas formas de produção de documentos (advindas
das tecnologias de informação e que vêm influenciando a Arqui-
vística) têm feito os profissionais da área a repensar os conceitos
e princípios arquivísticos.
Assim, delineia-se melhor os objetivos e objetos de estu-
do da Arquivologia, firmando-se enquanto área. Os primórdios
da Arquivologia datam do século 16, quando rotinas da profis-
são começam a ser desenvolvidas e regulamentadas (FONSECA,
2005).
Assim, a Ciência da Informação posiciona-se como grande
área que abarca as demais, buscando garantir que a informação
institucionalizada e registrada tenha condições de ser acessada
e disseminada de modo rápido e eficaz.
Nessa conjuntura, a Arquivística tem a finalidade de estudar
os processos em que se produz, organiza e utiliza a informação.
As outras disciplinas colocam em prática esses procedimentos.
84 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Para entender melhor os períodos da Arquivística, Schmidt
(2012) elaborou o seguinte quadro:
• Arquivologia clássica ou tradicional: a fase de confec-
ção de manuais;
• Arquivologia moderna: divide-se em records and archi-
ves, records management e sistemas de séries;
• Arquivologia contemporânea: divide-se em records
continuum, pós-custodial, arquivística integrada, arqui-
vística funcional ou pós-moderna, diplomática arquivís-
tica ou contemporânea e estudos sobre tipologia docu-
mental e identificação.
A Arquivística pós-custodial tem como principais represen-
tantes os portugueses Armando Malheiros da Silva e Fernanda
Ribeiro. Eles entendem a Arquivologia como uma disciplina inse-
rida em uma ciência maior, a Ciência da Informação, que abrange
também outras disciplinas como a Biblioteconomia.
Schmidt (2012) acredita que na perspectiva informacional
pós-custodial podemos constituir um paradigma científico para
o campo arquivístico. Essa visão contraria as antigas atribuições
custodiais, patrimonialistas e tecnicistas, preocupando-se mais
com os pontos científicos e com o acesso a informação do que
com a custódia ou guarda dos documentos.
Outra questão, bem diferente, diz respeito à ênfase, perce-
bida na literatura arquivística, quando esta assume que não há
seleção e que todo documento produzido ou recebido por uma
instituição deverá ser encaminhado ao arquivo.
A referida afirmação procede para quase todos os casos,
mas sempre há documentos que – produzidos ou recebidos –
não acabam adquirindo estatuto arquivístico, por exemplo: mala
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 85
direta recebida; documentos menores; controles internos, que
normalmente nem são conhecidos da instituição; minutas de do-
cumentos descartados (mas que, caso preservados, permitiriam
analisar opiniões divergentes no encaminhamento de determi-
nado tema).
Antes de realizar as questões autoavalitivas propostas
no Tópico 4, você deve realizar as leituras no Tópico 3. 3. Nele
você encontrará material para aprofundar-se um pouco mais
sobre a Museologia e Arquivologia.
3.1. PARADIGMA
86 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
radigma? Os materiais a seguir ajudaram você a entender esse
conceito. Sugiro que assista aos dois vídeos primeiro e depois
realize a leitura do artigo.
• PIMENTA, M. O que é paradigma: exemplo real com um
grupo de macacos. Disponível em: <https://www.you-
tube.com/watch?v=WVV7SjgKn1o>. Acesso em: 3 nov.
2017.
• CORTELLA, M. S. Novos paradigmas da educa-
ção. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=GQPXp7KOYAM>. Acesso em: 3 nov. 2017.
• VIEIRA, D. C.; ARDIGO, J. D. Paradigmas da biblioteco-
nomia e ciência da informação: estudo de caso em uma
unidade de informação especializada. Revista ACB, v.
20, n. 1, p. 124-137, abr. 2015. Disponível em: <https://
revista.acbsc.org.br/racb/article/view/993>. Acesso
em: 3 nov. 2017.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 87
para sua caracterização identitária. Encontros Bibli: re-
vista eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Infor-
mação, v. 17, n. 33, p. 1-29, jan./abr. 2012. Disponível
em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/eb/article/
view/1518-2924.2012v17n33p1>. Acesso em: 3 nov.
2017.
• SMIT, J. W. A informação na Ciência da Informação. In-
CID: Revista de Ciência da Informação e Documentação,
v.3, n.2, p.84-101, jul./dez. 2012. Disponível em: <www.
revistas.usp.br/incid/article/view/48655>. Acesso em:
3 nov. 2017.
88 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
• BRASIL. Lei nº 6.546, de 4 de julho de 1978. Dispõe so-
bre a regulamentação das profissões de Arquivista e de
Técnico de Arquivo, e dá outras providências. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-
1979/L6546.htm>. Acesso em: 3 nov. 2017.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação é ferramenta importante para você testar
seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às
questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados
para sanar as suas dúvidas.
1) No Brasil, dentro da composição das agências de fomento à pesquisa, a Ciência
da Informação fica no arcabouço das Ciências Sociais Aplicadas, englobando a:
a) Arquivologia e Arquivística.
b) Arquivística, Biblioteconomia e Museologia.
c) Museus e arquivos.
d) Bibliotecas e escolas de Biblioteconomia.
e) Escolas de Biblioteconomia.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 89
c) Smit.
d) Otlet.
e) La Fontaine.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au-
toavaliativas propostas:
1) b.
2) d.
3) a.
4) a.
5) e.
90 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
5. CONSIDERAÇÕES
Nesta seção encerramos a terceira unidade. Nela você pôde
compreender a relação da Ciência da Informação com a Biblio-
teconomia, a Museologia e a Arquivologia. Vimos que uma de-
finição clássica da Ciência da Informação é que essa ciência tem
como objeto a produção, seleção, organização, interpretação,
armazenamento, recuperação, disseminação, transformação e
uso da informação. Consideramos que a Ciência da Informação é
uma disciplina interdisciplinar, que surgiu após os impactos e ne-
cessidades pós Segunda Guerra Mundial, especialmente no que
tange as questões informacionais.
Discutimos os paradigmas em Ciência da Informação, e vi-
mos que ela vai muito além da Biblioteconomia, sendo inclusive
consideradas áreas distintas por muitos pesquisadores.
Percebemos que a Ciência da Informação tem um víncu-
lo muito forte com a Biblioteconomia, seja como complemento,
substituição, ratificação ou rompimento com ela.
Acompanhe as indicações do Conteúdo Digital Integrador,
pois elas ampliarão seu entendimento sobre o assunto. Na próxi-
ma unidade, você aprenderá sobre as tendências da Biblioteco-
nomia no Brasil e no mundo.
6. E-REFERÊNCIAS
ARAÚJO, C. A. A. Museologia: correntes teóricas e consolidação científica.
Museologia e Patrimônio, v. 5, n. 2, p. 31-54, 2012. Disponível em: <http://
revistamuseologiaepatrimonio.mast.br/index.php/ppgpmus/article/view/159/199>.
Acesso em: 3 nov. 2017.
BARRETO, A. A. A questão da informação. São Paulo em Perspectiva, v. 8, n. 4, p. 3-8,
1994. Disponível em: <https://bibliotextos.files.wordpress.com/2012/03/a-questao-
da-informac3a7c3a3o.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2017.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 91
BELLOTTO, H. L. Arquivística: objetos, princípios e rumos. São Paulo: Associação de
Arquivistas de São Paulo, 2002. Disponível em: <https://bibliotextos.files.wordpress.
com/2012/03/arquivc3adstica-objetos-princc3adpios-e-rumos.pdf>. Acesso em: 3
nov. 2017.
BRASIL. Lei nº 7.287, de 18 de dezembro de 1984. Dispõe sobre a regulamentação da
profissão de Museólogo. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L7287.htm>. Acesso em: 3 nov. 2017.
CAPURRO, R.; HJORLAND, B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da
Informação, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan./abr. 2007. Disponível
em: <http://bogliolo.eci.ufmg.br/downloads/CAPURRO.pdf> . Acesso em: 3 nov. 2017.
CRUZ, C. H. B. Vannevar Bush: uma apresentação. Revista Latinoamericana de
Psicopatologia Fundamental, v. 14, n. 1, p. 11-13, mar. 2011. Disponível em: <http://
www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142011000100001&lng=e
n&nrm=iso>. Acesso em: 3 nov. 2017.
MICHELOTTI, D. V.; KONRAD, G. V. R. A teoria do conhecimento em Arquivologia
e suas implicações, a partir da identificação de seu (s) objeto (s) de estudo.
Ágora, v. 26, n. 53, p. 315-346, jul./dez. 2016. Disponível em: < http://oaji.net/
articles/2017/2526-1483694526.pdf>. Acesso em: 3 nov. 2017.
ORTEGA, C. D., LARA, M. L. G. A noção de documento: de Otlet aos dias de hoje.
DataGramaZero, v. 11, n. 2, abr/2010. Disponível em: <http://www.brapci.ufpr.br/
brapci/index.php/article/download/12626>. Acesso em: 3 nov. 2017.
RIBEIRO, E. S. Informação e o profissional da área da museologia: uma discussão
epistemológica. Informação@Profissões, v. 5, n. 2, 2016. Disponível em: <http://www.
uel.br/revistas/uel/index.php/infoprof/article/view/26583>. Acesso em: 3 nov. 2017.
TOGNOLI, N. A Arquivística e a Ciência da Informação: um diálogo possível?.
La Diplomatica, out. 2011. Disponível em: <http://ladiplomatica.blogspot.com.
br/2011_10_23_archive.html>. Acesso em: 3 nov. 2017.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORKO, H. Information Science: What is it? American Documentation, v. 19, n. 1, p.
3-5, jan. 1968.
BROOKES, B. C. The foundation of Information Science. Journal of Information Science,
v. 2, p. 125-133, 1980.
92 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
BRUNO, M. C. O. Informações em museus: alguns argumentos e muitos desafios. In:
SEMINÁRIO SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO EM MUSEUS, v. 1, 2010, Anais... São Paulo:
Pinacoteca do Estado, 2010.
BUCKLAND, Michael K. Information as Thing. Journal of the American Society for
Information Science, v. 42, n. 5, 1991.
BUSH, V. As we may think. Atlantic Monthly, v. 176, n. 1, p. 101-108, 1945.
CANDIDO, M. M. D. Gestão de Museus, diagnóstico museológico e planejamento: um
desafio contemporâneo. Porto Alegre: Medianiz, 2013.
CAPURRO, R. Epistemologia e Ciência da Informação. In: ENCONTRO NACIONAL DE
PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO – ENANCIB 5. Anais... Belo Horizonte: UFMG,
2003
FONSECA, M. O. Arquivologia e ciência da informação. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
MENDONÇA, Ercília Severina. A linguística e a ciência da informação: estudos de uma
interseção. Ciência da Informação, Brasília, v. 29, n. 3, p. 50-70, 2000.
MORRIS, R. C. T. Toward a user-centered information service. Journal of the American
Society for Information Science, v. 45, n. 1, p. 20-30, 1994.
SCHMIDT, C. M. S. Arquivologia e a construção do seu objeto científico: concepções,
trajetórias, contextualizações (Tese de doutorado). Programa de Pós-graduação em
Ciência da Informação. Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São
Paulo (USP). São Paulo, 2012.
SHANNON, C. E. A Mathematical theory of communication. The Bell System Technical
Journal, v. 27, p. 379-423, jul./out. 1948.
SMIT, J. W. A informação na Ciência da Informação. InCID: Revista de Ciência da
Informação e Documentação, v. 3, n. 2, p. 84-101, jul./dez. 2012.
SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em
Ciência da Informação, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 93
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
UNIDADE 4
PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS NO BR
E NO MUNDO
Objetivos
• Conhecer os conselhos regionais e Federal.
• Analisar as tendências da Biblioteconomia no Brasil e no mundo.
• Reconhecer a identidade profissional do bibliotecário e seu campo de atuação.
Conteúdos
• Conselho Federal e Regional de Biblioteconomia.
• Associações de classe.
• Identidade profissional e os rumos da Biblioteconomia.
95
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
UNIDADE 4 – PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS NO BRASIL E NO MUNDO
1. INTRODUÇÃO
O campo da Ciência da Informação encontra-se em expansão
e, fortemente articulado, acadêmica e institucionalmente, às
áreas de Biblioteconomia e Documentação.
Ao longo dos anos, todos os programas de pós-graduação
sofreram transformações nas suas áreas de concentração e
linhas de pesquisa. Em grande medida, por causa da exclusão das
denominações Biblioteconomia e Documentação anteriormente
utilizadas.
Na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível
Superior (CAPES), sobrepõem-se registros dos programas de
pós-graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação. Os
cursos de mestrado em Biblioteconomia (Universidade Federal
de Minas Gerais, Universidade Federal da Paraíba e Universidade
de Brasília), implantados na década de 1970, por exemplo,
integram o quadro da pós-graduação em Ciência da Informação.
A Ciência da Informação por sua vez nasceu mais próxima do
contexto pós-moderno, o que lhe garantiu maior "flexibilidade"
e "tolerância" para consolidar-se como ciência.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 97
2.1. CONSELHOS, ASSOCIAÇÕES E SINDICATOS DA CLASSE
98 © INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA
Ainda de acordo com a Lei nº 4.084 são atividades dos ba-
charéis em Biblioteconomia os serviços concernentes a:
a) demonstrações práticas e teóricas da técnica biblioteconô-
mica em estabelecimentos federais, estaduais, ou municipais;
b) padronização dos serviços técnicos de biblioteconomia;
c) inspeção, sob o ponto de vista de incentivar e orientar os tra-
balhos de recenseamento, estatística e cadastro das bibliotecas;
d) publicidade sobre material bibliográfico e atividades da
biblioteca;
e) planejamento de difusão cultural, na parte que se refere a
serviços de bibliotecas;
f) organização de congresso, seminários, concursos e exposi-
ções nacionais ou estrangeiras, relativas a Biblioteconomia e
Documentação ou representação oficial em tais certames.
Associações em Biblioteconomia
A filiação ao Conselho Federal e Regional é obrigatória para
o exercício da profissão de bibliotecário no Brasil. Esses profissio-
nais também podem filiar-se a associações de classe.
© INTRODUÇÃO À BIBLIOTECONOMIA 99
Febab
A Federação Brasileira de Associações de Bibliotecários,
Cientistas da Informação e Instituições (Febab) foi fundada em
26 de julho de 1959. É uma sociedade civil, sem fins lucrativos,
com sede e foro na cidade de São Paulo, com prazo de duração
indeterminado.
É constituída por entidades-membro – associações e sin-
dicatos de bibliotecários e cientistas da informação, instituições
filiadas e pelos órgãos:
1) deliberativos: Assembleia Geral e Conselho Diretor;
2) executivo: Diretoria Executiva;
3) de fiscalização: Conselho Fiscal;
4) de assessoria: comissões brasileiras e assessorias
especiais.
Desde seu nascimento, a principal missão da Febab é de-
fender e incentivar o desenvolvimento da profissão.
A Febab tem como objetivos:
1) congregar as entidades para tornarem-se membros e
instituições filiadas;
2) coordenar e desenvolver atividades que promovam as
bibliotecas e seus profissionais;
3) apoiar as atividades de seus filiados e dos profissionais
associados;
4) atuar como centro de documentação, memória e in-
formação das atividades de biblioteconomia, ciência
da informação e áreas correlatas brasileiras;
5) interagir com as instituições internacionais da área de
informação;
Abecin
A Associação Brasileira de Ensino de Biblioteconomia e Do-
cumentação (ABEBD) foi desativada em 2001 e passou a deno-
minar-se Associação Brasileira de Educação em Ciência da Infor-
mação (Abecin).
A Abecin é uma pessoa jurídica de direito privado, consti-
tuída sob a forma de associação sem fins econômicos, fundada
em 2 de junho de 2001.
As finalidades da Abecin são:
1) fortalecer e integrar a atuação das instituições públi-
cas e privadas e dos profissionais de educação superior
que tenham como missão precípua a formação, no ní-
vel de graduação, de profissionais capacitados a atuar
em Ciência da Informação;
2) contribuir para o aperfeiçoamento do Ensino em Ciên-
cia da Informação;
3) promover o intercâmbio de Educadores na área de
Ciência da Informação;
Ancib e Enancib
A Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em
Ciência da Informação (Ancib) é uma sociedade civil, sem fins lu-
crativos, fundada em junho de 1989 graças ao esforço de alguns
cursos e programas de pós-graduação da área no país. Desde o
início, a associação admite sócios institucionais (os programas
de pós-graduação em Ciência da Informação) e sócios indivi-
duais (professores, pesquisadores, estudantes de pós-graduação
e profissionais egressos dos programas).
Sindicatos
Há praticamente um sindicato em cada estado brasileiro.
Vamos apresentar aqui o Sindicato dos Bibliotecários no Estado
de São Paulo (SinBiesp).
O SinBiesp é uma organização sem fins lucrativos criada em
22 de agosto 1985, que representa legalmente os bibliotecários
atuantes no Estado de São Paulo e apresenta como principais
objetivos:
Defender a categoria profissional liberal dos Bibliotecários,
composta de profissionais autônomos, servidores públicos, tra-
balhadores assalariados e aposentados;
Propor e participar de negociações coletivas; instaurar dissídios
coletivos de trabalho;
Amparar a classe através de serviços de assessoria jurídicas e
promover apoio às iniciativas que priorizem a educação, o de-
senvolvimento e a valorização do profissional no mercado de
trabalho (SINBIESP, s.d.).
Informação
Curiosidades
Você sabe qual é o símbolo da
Biblioteconomia? Sabe o seu signifi-
cado? Veja a Figura 1:
O símbolo de Biblioteconomia
é a lâmpada de Aladdin e um livro
aberto. O anel de grau do bibliotecário
deve ser feito em ouro, com uma Figura 1 Símbolo da Biblioteconomia.
pedra preciosa ametista violeta (uma
variedade de quartzo encontrada no Brasil, Uruguai, Sibéria e no
Ceilão). Na lateral do anel, deve haver a lâmpada de Aladdin e o
livro aberto, ambos em platina.
Indicação –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Leia a matéria “A nova Biblioteconomia” na íntegra, que se encontra disponível
em: <http://biblioo.cartacapital.com.br/a-nova-biblioteconomia/> Acesso em:
17 jun. 2017. Depois, reflita se você concorda com a opinião do autor.
––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––
Prever algo não é tarefa fácil, mas com base nas modifi-
cações já ocorridas e com os novos rumos do desenvolvimento
das Tecnologias de Informação e Comunicação, podemos sair de
nossa zona de conforto e procurar inovar dentro da profissão.
Realize as leituras a seguir, e reflita como você pode contribuir.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação é uma ferramenta importante para você
testar oeu desempenho. Se encontrar dificuldades em respon-
der às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estu-
dados para sanar as suas dúvidas.
1) Qual lei, de 30 de junho de 1962, delibera sobre a profissão de bibliotecá-
rio e regula seu exercício?
a) Lei nº 4.084.
b) Lei nº 1.244/10.
c) Lei nº 4.000.
d) Lei nº 1.000.
e) Lei de Diretrizes e Bases.
5. CONSIDERAÇÕES
Chegamos ao final da última unidade, na qual você conhe-
ceu a legislação da área de Biblioteconomia com seus conselhos,
associações e sindicatos.
Refletiu sobre as tendências da atuação, bem como a im-
portância da ética e da consciência profissional. Consideramos
contextos e trouxemos reflexões, algumas com respostas polê-
micas outras ainda a serem construídas.
6. E-REFERÊNCIAS
Figura
Figura 1 Símbolo da biblioteconomia. Disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/_
kY309L9iZ2k/TDPcHlt-wwI/AAAAAAAAG7E/wwdNFl6PPrM/s1600/image_preview.
png>. Acesso em: 2 nov. 2017.