Você está na página 1de 9

Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

organização. Até pelo contrário, é comum A manutenção deve ser organizada de tal
encontrar especialistas em apontar o erro do maneira que o equipamento pare de produzir
outro sobre o qual ele não tem ação, esque- somente de forma planejada, para que se pos-
cendo-se do seu próprio problema, sobre o qual sa fazer uma Manutenção Corretiva Planeja-
ele pode e deve agir. da. Quando o equipamento pára de produzir
A questão é abrangente e envolve não só por si próprio, sem uma definição gerencial,
a integração da manutenção com a operação, há necessidade de uma intervenção não pla-
mas também com a engenharia, e deve ser nejada ou uma Manutenção Corretiva Não Pla-
buscada de duas maneiras: nejada. Manutenção Corretiva Não Planejada
– educação – através de um trabalho per- é a correção da falha aleatória.
sistente de treinamento, vivências, vi- É importante distinguir bem as conseqüên-
sitas a empresas de alta competitivida- cias da Manutenção Corretiva Planejada da
de, depoimentos de pessoas reconhe- Não Planejada. Enquanto na Planejada a per-
cidas com experiências bem-sucedidas; da de produção é reduzida ou mesmo elimina-
enfim, é uma nova cultura em que to- da, além do que o tempo de reparo e o custo
dos reconhecem a importância deste são minimizados; na Manutenção Não Plane-
tema, mas poucos conseguem jada ocorre justamente o oposto. Esta se ca-
implementá-lo. Ousa-se dizer que é racteriza pela atuação da manutenção em fato
uma questão de sobrevivência e, como já ocorrido, seja este uma falha ou um desem-
tal, uma questão estratégica. penho menor do que o esperado. Não há tem-
– organização – são necessários meca- po para preparação do serviço.
nismos organizacionais que favoreçam Normalmente, a manutenção corretiva não
a formação destas equipes mistas de planejada implica altos custos, pois a quebra
manutenção e operação, em trabalho in- inesperada pode acarretar perdas de produção,
tegrado para a otimização do todo. Isto perda da qualidade do produto e elevados cus-
pode ser conseguido através de estru- tos indiretos de manutenção. Além disso, que-
tura matricial, times multifuncionais, bras aleatórias podem ter conseqüências bas-
que envolvam operação, manutenção, tante graves para o equipamento, isto é, a ex-
engenharia, segurança, entre outras es- tensão dos danos pode ser bem maior. Em plan-
pecialidades. As empresas que já estão tas industriais de processo contínuo (petróleo,
no estágio da excelência empresarial petroquímico, cimento, etc.), estão envolvidas
têm o trabalho em equipe como um dos no seu processamento elevadas pressões, tem-
fatores críticos de sucesso. peraturas, vazões, ou seja, a quantidade de
A integração manutenção-operação é fun- energia desenvolvida no processo é conside-
damental para a criação de equipes multifun- rável. Interromper processamentos desta na-
cionais de análise da confiabilidade, indepen- tureza de forma abrupta para reparar um de-
dente das ferramentas utilizadas. terminado equipamento compromete a quali-
dade de outros que vinham operando adequa-
1.5 Tipos de Manutenção damente e leva-os a colapsos após a partida
Algumas práticas básicas definem os ti- ou uma redução da campanha da planta. Um
pos principais de manutenção: exemplo típico é o surgimento de vibração em
– Manutenção Corretiva não Planejada; grandes máquinas que apresentavam funcio-
– Manutenção Corretiva Planejada; namento suave antes da ocorrência.
– Manutenção Preventiva; Quando uma empresa tem a maior parte
– Manutenção Preditiva; de sua manutenção corretiva na classe não pla-
nejada, seu departamento de manutenção é
– Manutenção Detectiva; comandado pelos equipamentos e o desempe-
– Engenharia de Manutenção. nho empresarial da organização, certamente,
não está adequado às necessidades de compe-
1.5.1 Manutenção Corretiva titividade atuais.
É a atuação para a correção da falha ou do Manutenção Corretiva Planejada é a cor- 13
desempenho menor do que o esperado. Desse reção do desempenho menor do que o espera-
modo, a ação principal na Manutenção Cor- do ou da falha, por decisão gerencial, isto é,
retiva é Corrigir ou Restaurar as condições pela atuação em função de acompanhamento
de funcionamento do equipamento ou sistema. preditivo ou pela decisão de operar até a quebra.
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial
Um trabalho planejado é sempre mais ba- condição ou desempenho, cujo acompanha-
rato, mais rápido e mais seguro do que um tra- mento obedece a uma sistemática.
balho não planejado. E será sempre de melhor Seu objetivo é prevenir falhas nos equi-
qualidade. A característica principal da manu- pamentos ou sistemas através de acompanha-
tenção corretiva planejada é função da quali- mento de parâmetros diversos, com o intuito
dade da informação fornecida pelo acompa- de permitir a operação contínua do equipamen-
nhamento do equipamento. to pelo maior tempo possível. Na realidade, o
As razões que levam aos melhores resul- termo associado à Manutenção Preditiva é o
tados da Manutenção Corretiva Planejada são: de predizer as condições dos equipamentos.
– possibilidade de compatibilizar a ne- A Manutenção Preditiva privilegia, portanto,
cessidade da intervenção com os inte- a disponibilidade à medida que não promove
resses da produção; a intervenção nos equipamentos ou sistemas,
– melhor planejamento dos serviços; pois as medições e verificações são efetuadas
– garantia da existência de sobressalen- com o equipamento produzindo.
tes, equipamentos e ferramental; Manutenção Detectiva é a atuação efetua-
– garantia da existência de recursos hu- da em sistemas de proteção, de forma a detec-
manos com a qualificação necessária tar falhas ocultas ou não-perceptíveis ao pes-
para a execução dos serviços e em soal de operação e manutenção.
quantidade suficiente, que podem, in- Desse modo, tarefas executadas para ve-
clusive, ser buscados externamente à rificar se um sistema de proteção ainda está
organização. funcionando representam a Manutenção De-
tectiva. Um exemplo simples e objetivo é o
1.5.2 Manutenção Preventiva, Preditiva e botão de teste de lâmpadas de sinalização e
Detectiva alarme em painéis.
A identificação de falhas ocultas é primor-
Manutenção Preventiva é a atuação reali-
dial para garantir a confiabilidade. Em siste-
zada de forma a reduzir ou evitar a falha ou
mas complexos, essas ações só devem ser le-
queda no desempenho, de acordo com um pla-
vadas a efeito por pessoal da área de manuten-
no previamente elaborado, baseado em inter-
ção, com treinamento e habilitação para tal,
valos definidos de tempo.
assessorado, pelo pessoal de operação.
Inversamente à política de Manutenção
Corretiva, a Manutenção Preventiva procura
obstinadamente evitar a ocorrência de falhas, 1.5.3 Engenharia de Manutenção
ou seja, procura prevenir. Em determinados Praticar a Engenharia de Manutenção
setores, como na aviação, a adoção de manu- significa deixar de ficar consertando continua-
tenção preventiva é imperativa, pois o fator damente, para procurar as causas básicas, mo-
segurança sobrepõe-se aos demais. dificar situações permanentes de mau de-
A Manutenção Preventiva, adotada em sempenho, deixar de conviver com problemas
exagero no passado sem uma adequada análi- crônicos, melhorar padrões e sistemáticas, de-
se do custo x benefício, só deve ser realizada senvolver manutenabilidade, dar feedback ao
nos seguintes casos: projeto, interferir tecnicamente nas compras,
– quando não é possível a preditiva; perseguindo o benchmarking em manutenção.
– quando estão envolvidas seguranças À medida que melhores técnicas vão
pessoal e operacional; sendo introduzidas, os resultados da manuten-
ção vão sendo melhorados. Uma planta volta-
– quando há oportunidade em equipa-
da para manutenção corretiva, ou seja, coman-
mentos críticos de difícil liberação; dada pela quebra aleatória dos equipamentos,
– em sistemas complexos e de operação apresenta resultados medíocres. Esses resul-
contínua – ex. petroquímica e siderúr- tados são levemente melhorados com a práti-
gicas, dentre outras; ca da manutenção preventiva, e sofrem um
– quando pode colocar em risco o meio sensível incremento com a prática da manu-
ambiente. tenção preditiva.
14 A manutenção Preditiva, também conhe- No estágio de manutenção preditiva, a
cida por Manutenção Sob Condição ou Ma- máxima disponibilidade para a qual os equi-
nutenção com Base no Estado do Equipamen- pamentos foram projetados é alcançada, o que
to, pode ser definida como a atuação realizada proporciona o aumento na produção e fatura-
com base em modificação de parâmetro de mento. Os dados coletados na Manutenção
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial
preditiva, tais como curvas de tendência, da- O primeiro programa de computador, para
dos instantâneos e valores de alarme, guiarão a manutenção, surgiu em 1964, na Petrobras,
recomendações para intervenção, antes da fa- desenvolvido na Refinaria Duque de Caxias
lha ocorrer. (Rio de Janeiro), destinado a auxiliar o plane-
No momento em que a estrutura de ma- jamento de paradas de manutenção. O progra-
nutenção dessa planta estiver utilizando para ma era processado em um computador IBM
análise, estudo e proposições de melhoria de 1130, tinha a capacidade para processar 1.400
todos os dados que o sistema de preditiva co- tarefas por projeto e seu processamento demo-
lhe e armazena, estará praticando a Engenha- rava 20 horas.
ria de Manutenção. A Engenharia de manu- O primeiro software para planejamento e
tenção utiliza dados adquiridos pela Manuten- controle da manutenção rotineira foi desenvol-
ção para melhorar sempre. vido por Furnas Centrais Elétricas no ano de 1970.
O Sistema de Gerenciamento da Manuten-
1.6 Sistemas de Controle da Manutenção ção – SIGMA, desenvolvido na Petrobras, co-
1.6.1 Introdução meçou a operar em 1975, baseado em um
Para harmonizar todos os processos que a desenvolvimento feito pela refinaria Gabriel Passos
integram, é fundamental a existência de um (Betim-MG), em 1973, denominado Procex,
Sistema de Controle da Manutenção, que per- que era processado em computadores IBM.
mitirá, entre outras coisas, identificar clara- Até 1983, os softwares existentes para
mente: controle da manutenção eram desenvolvidos
– que serviços serão feitos; dentro das grandes empresas e processados em
– quando os serviços serão feitos; máquinas de grande porte. A partir dessa data
– que recursos serão necessários para a começaram a ser oferecidos programas desen-
execução dos serviços; volvidos no exterior, que podiam ser processa-
– quanto tempo será gasto em cada ser- dos em computadores de médio e grande porte.
viço; A partir do desenvolvimento de micro-
computadores, aliado à disponibilidade de
– qual será o custo de cada serviço, cus-
to por unidade e custo global; novas linguagens, cresceu sensivelmente a
oferta de softwares, tanto por empresas nacio-
– que materiais serão aplicados;
nais, como por estrangeiras. Em 1993, já exis-
– que máquinas, ferramentas e dispositi- tiam cerca de 30 empresas oferecendo softwa-
vos serão necessários. res para a área de manutenção.
Além disso, o sistema possibilitará:
– nivelamento de recursos – mão-de-
obra;
1.6.2 Sistemas de Controle
Os sistemas de controle de manutenção
– programação de máquinas operatrizes
podem ser divididos em dois blocos:
ou de elevação de carga;
– registro para consolidação do histórico
e alimentação de sistemas especialistas;
Sistemas de Controle da Manutenção de Rotina
Manutenção de Rotina é aquela realizada
– priorização adequada dos trabalhos.
no dia-a-dia, sem grandes perturbações no pro-
Pode-se afirmar que, até 1970, os Siste- cesso produtivo.
mas de Planejamento e Controle da Manuten-
ção, no Brasil, eram todos manuais. A partir
dessa data, grandes empresas começaram a Sistemas de Controle de Paradas
utilizar computadores para realizar o controle Paradas de Manutenção são grandes even-
da manutenção. Utilizavam-se computadores tos de reparo e inspeção de equipamentos, que
de grande porte como os IBM. exigem interrupção da atividade produtiva to-
Nesses computadores, o desenvolvimen- tal ou parcial da planta por determinado perío-
to de um sistema para controle da manutenção do. Como a interrupção da produção caracte-
era muito caro, além de bastante demorado. riza baixo faturamento, normalmente, as pa-
Os documentos eram preenchidos manualmen- radas de manutenção estão centradas na exe- 15
te, recolhidos no final do dia, digitados e du- cução em menor período possível, mas pode
rante a noite era feito o processamento, de ocorrer que, estrategicamente, a parada esteja
modo que, no dia seguinte, a programação de centrada na realização pelo menor custo pos-
serviços estivesse disponível. sível, ou ainda uma combinação das duas.
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial
Sistemas de Controle da Manutenção de Rotina – A solicitação é procedente?
Na figura seguinte, encontram-se esque- – Qual a sua prioridade?
matizadas as atividades atribuídas à Manuten- – O serviço enquadra-se na manutenção
ção, a partir da identificação do problema, até do dia-a-dia ou é serviço de parada ou
a conclusão dos serviços. ainda serviço especial?
O diagrama apresentado permite visuali- – O serviço é atividade de manutenção?
zar, de modo global, os processos que com- É importante que o planejamento atue “fil-
põem a estrutura do controle e planejamento trando” os serviços solicitados, e somente pro-
da manutenção de rotina. grame aqueles que se justificam.
Quando a solicitação do serviço é incluí-
da no sistema, ela:
Processamento das
Solicitações de – recebe um número;
Serviço
(SS) – define a prioridade do serviço;
Administração da
Carteira de Serviços – define a especialidade responsável pelo
serviço;
– identifica o código do equipamento
Planejamento dos
Serviços
Gerenciamento dos
Padrões de Serviço
(Tag), para posterior levantamento his-
tórico tanto de manutenção, quanto de
custos;
– identifica o centro contábil de onde se-
Gerenciamento dos rão debitados os custos;
Programação dos Recursos Disponíveis
Serviços (Máquinas, Mão-de- – identifica o local de realização dos tra-
Obra)
balhos;
– traz o nome do solicitante, o que possi-
Administração de
Estoques (Materiais e
bilita contato para posterior esclareci-
Gerenciamento da
Sobressalentes) mento de dúvidas;
Execução
dos Serviços
– traz a descrição mais completa possí-
vel dos sintomas da falha, com o intui-
to de permitir um melhor planejamen-
to dos trabalhos;
Registro dos – registra o dia em que foi solicitado o
Serviços
e Recursos serviço.

Planejamento dos Serviços


O planejamento dos serviços é uma etapa
Gerenciamento de
Equipamentos
importantíssima, independente do tamanho e
Baseado no DFD
ref. 36 complexidade do serviço. Normalmente, o pla-
nejamento da manutenção do dia-a-dia pode
A seguir estão detalhados os principais ser feito em um tempo muito curto. Já o mes-
processos, constantes do diagrama, que cos- mo não se afirma sobre o planejamento de
tumam ser referidos nos softwares disponíveis paradas, que pode demandar meses para exe-
no mercado como “módulos”. cução.
Normalmente, o planejamento executa as
Processamento das Solicitações de Serviço seguintes atividades:
É a entrada (input) do sistema em relação
aos serviços do dia-a-dia. Os serviços, inde- Detalhamento do Serviço
pendentemente de sua origem, devem ser pe- Nessa fase, são definidos as principais ta-
didos através da Solicitação de Serviços. refas que compõem o trabalho, os recursos
Normalmente, as Solicitações de Serviços necessários e qual o tempo estimado para cada
são oriundas da área operacional – de produ- uma delas.
16 ção, da inspeção de equipamentos e da pró- Define-se também a dependência entre as
pria manutenção. tarefas. No exemplo, só é possível executar a
Antes da inclusão da solicitação no siste- tarefa 4, após executadas as tarefas 2 e 3.
ma, deve haver uma sistemática de verifica- Exemplo: Revisão Geral de uma Bomba
ção que, dentre outras coisas, questione: Centrífuga de Processo.
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial

Tarefa Descrição Dep. Recurso Qte. H


01 Desenergizar, drenar e liberar equipamento Operador 1 1
02 Soltar flanges e retirar tubulações auxiliares e desacoplar 1 Mecânico 2 1
03 Retirar instrumentos 1 Instrumentista 1 0,5
04 Retirar bomba da base e levar para a oficina 2,3 Mecânico 2 0,5
05 Lavar o equipamento, desmontar e inspecionar peças 4 Mecânico 2 2
06 Pintar a base conforme Recomendação de Inspeção 4 Pintor 1 3
07 Substituir peças, balancear e montar 5 Mecânico 2 3
08 Levar equipamento para a base e instalar 5,6 Mecânico 2 2
09 Montar instrumentos 8 Instrumentista 1 0,5
10 Testar e fazer relatório de manutenção 8 Mecânico 1 1
Dep. = dependência. Qte = Quantidade de pessoas. H = Tempo para execução.

O exemplo mostra um serviço relativa- Várias dessas informações podem estar


mente simples. À medida que os serviços vão contidas em módulo específico do software, a
ficando mais complexos, aumenta a necessi- pedido do usuário, para que sejam impressas
dade de maior detalhamento. no momento da entrega do serviço ao execu-
O planejamento também deve fornecer tante.
uma análise prévia do serviço a ser executa-
do, com o objetivo de trazer informações bá- Orçamento dos Serviços
sicas aos executantes, de modo que eles não Normalmente, os sistemas atuais possuem
percam tempo indo e vindo do local de traba- um módulo de orçamento e apropriação de
lho para buscar ferramentas, analisar desenhos custos. O usuário fornece as tabelas com os
ou consultar catálogos. Os principais pontos, valores de custo de recursos humanos, hora/
previamente analisados, são os seguintes: máquina e materiais, e o sistema fornece a or-
– ferramentas necessárias, que não fazem çamentação do serviço a partir da apropriação.
parte da caixa de ferramentas do exe- O custo, além de ser utilizado na área con-
cutante. Por exemplo, mesmo que um tábil da empresa, realimenta o módulo de pla-
mecânico tenha um jogo de chaves-de- nejamento de serviço, ficando disponível para
boca, dificilmente ele terá uma chave utilizações futuras.
de 2,3/4”, necessária para soltar para-
fusos de fixação dos pés de um motor Análise Preliminar (AP)
elétrico. O planejamento só pode ser considerado
completo quando, além do detalhamento da
– facilidades existentes no local do ser- seqüência de atividades e dos recursos a se-
viço. Caso seja necessária a instalação rem utilizados, houver a certeza sobre as alte-
de um painel de campo, que fará ali- rações que a intervenção pode proporcionar no
mentação de uma bomba para esgota- sistema; o impacto que o serviço pode ter no
mento de um tanque, a análise prévia meio-ambiente; e de que modo a intervenção
fornecerá um croqui de onde e como pode afetar a segurança das instalações e pes-
deve ser “puxada” a ligação e evita que soas.
o executante “descubra” esses detalhes Nessa etapa do planejamento, é elabora-
apenas na hora do serviço. do um documento chamado AP (Análise Pre-
– aspectos ligados à segurança – reco- liminar), realizado por uma reunião entre ope-
mendações importantes, aos executan- ração; manutenção e segurança, que procura-
tes, relacionadas com as condições do rá prever todos os impactos da intervenção sob
serviço. os aspectos acima. Essa equipe é a mínima
– dados sobre o equipamento – informa- necessária, mas tem autoridade suficiente para 17
ção sobre o produto, temperatura, pres- requisitar apoio de outras áreas da empresa
são, vazão entre outras. (Inspeção de Equipamentos, Engenharia, ou
qualquer outro), para auxiliar a elaboração do
– recomendações especiais. documento.
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial
A confecção do documento comprova que – Os serviços de maior prioridade são
todos os recursos foram empregados na busca programados primeiro, seguidos pelos
da segurança total durante a intervenção. de prioridade imediatamente inferior,
O Planejamento, então, incorpora a se- até os recursos disponíveis, naquela
qüência de atividades, os recursos necessários data, se esgotarem.
(material e mão-de-obra), os tempos estima- – Data de recebimento da Solicitação
dos, as ferramentas e procedimentos, diagra- de Serviços – dentro de uma mesma
mas esquemáticos, croquis de instalação, or- prioridade, o sistema programa primei-
çamentação, análise de impactos no ambien- ro as Solicitações mais antigas.
te, no sistema, e na segurança das instalações – Serviços com data marcada – é um
e das pessoas. Feita toda essa análise, o servi- artifício utilizado para que os serviços
ço estará apto para entrar na fila para ser pro- iniciem-se em uma data determinada.
gramado para execução. Os serviços com data marcada têm priori-
dade sobre a antiguidade da solicitação.
Programação dos Serviços – Bloqueios – quando ocorre falta de ma-
A programação dos serviços é a etapa que terial, falta de informação, falta de ferra-
define quais são os serviços no dia ou semana mentas, necessidade de serviço externo
seguinte, função das prioridades já definidas, ou falta de liberação, o sistema permite
data de recebimento da solicitação de servi- fazer um bloqueio para que a programa-
ços, recursos disponíveis (mão-de-obra, ma- ção do serviço seja interrompida até que
terial, máquinas) e liberação pela produção. a causa do bloqueio seja resolvida.
A programação dos serviços segue algu- Para exemplificar, tem-se, a seguir, a ta-
mas regras já consagradas pelo uso, que são bela de priorização dos serviços utilizada na
utilizadas tanto na programação feita manual- Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar).
mente, como nos softwares. As prioridades são estabelecidas conforme o
– Prioridades – são definidos quatro ti- impacto que a falha causa, e conforme o tipo
pos de prioridades para os serviços: de serviço a ser realizado. Priorizações com
1. Urgente – o serviço deverá ser número maior são atendidas, primeiramente,
realizado imediatamente: as conse- pela manutenção.
qüências da falha já estão sendo
sentidas, seja no processo produti- Gerenciamento da Execução dos Serviços
vo, na segurança das pessoas/equi- O gerenciamento da execução dos servi-
pamento, ou em agressão ao meio- ços, do ponto de vista do planejamento, está
ambiente; voltado para o seguinte:
– acompanhamento das causas de blo-
2. Importante – serviços que devem queio de serviços;
ser realizados em um curto espa- – controle de back-log, que é a carteira
ço de tempo, pois podem interfe- de serviços da manutenção. Esse con-
rir no processo produtivo, na se- trole contempla a carga de serviço glo-
gurança das pessoas/equipamentos bal e por especialidade. Assim, o siste-
ou resultar em agressão ao meio- ma deve informar, por exemplo, qual a
ambiente. carga de trabalho para a manutenção
complementar e, dentro dela, qual a
3. Prioritário – serviços cuja execu- carga para montador de andaime. Com
ção pode esperar um tempo mais isso, é possível auxiliar no dimensio-
longo, pois a função dos equipa- namento das equipes de manutenção;
mentos não está perdida, ou ainda – acompanhamento da execução no to-
pode ser realizada por outros equi- cante ao cumprimento da programação,
pamentos. isto é, se os serviços programados es-
tão sendo executados e, se não, por quê;
18 4. Não prioritário – serviços que não – acompanhamento dos desvios em rela-
interferem na capacidade produtiva ção ao tempo de execução previsto.
da unidade e, por isso, podem aguar- Caso haja desvios significativos, o tem-
dar um melhor momento para exe- po deve ser alterado para que o sistema
cução. continue programando o serviço.
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial
Tabela: Priorização de Serviços

Registro dos Serviços e Recursos – acompanhamento orçamentário – pre-


O registro dos serviços e recursos objeti- visão x realização global, e separada
va informar ao sistema: por especialidade, por área ou unidade
– quais recursos foram utilizados (exe- operacional;
– cumprimento da programação pelas di-
cutantes), quantos homens/hora foram
versas áreas e especialidades;
gastos no serviço e se este foi concluí-
– tempos médios de execução de serviços;
do ou não. Esse processo é conhecido – índices de atendimento, incluindo de-
como apropriação; mora entre solicitação e início dos ser-
– que materiais foram aplicados; viços;
– gastos com serviços de terceiros. – back-log global, por especialidade e por
área;
Gerenciamento de Equipamentos – composição da carteira de serviços –
percentual por unidade, etc.;
Consiste em fornecer informações relevan-
– índices de ocupação da mão-de-obra
tes para o histórico dos equipamentos. Como disponível;
mencionado no item Processamento das Soli- – índices de bloqueio de programação se-
citações de Serviço), o código incluído no sis- parado por causa.
tema faz a ligação com o histórico do equipa-
mento, o que permite a inserção desses dados.
Gerenciamento dos Padrões de Serviços
Do ponto de vista do planejamento, o de-
Apesar dos serviços de manutenção apre-
talhamento deve ser arquivado para utilização
sentarem uma característica de diversidade
numa programação. Do ponto de vista da es-
muito grande, é possível e importante o esta-
pecializada, dados relativos ao serviço e da- belecimento de padrões de manutenção. A
dos para análise da falha devem ser registrados. manutenção em trocadores de calor, por exem- 19
plo, tem uma seqüência conhecida, que pode
Administração da Carteira de Serviços ser colocada sob a forma de detalhamento de
Significa fazer o acompanhamento e aná- serviços, com recursos necessários e tempo
lise, visando ter: previsto. Isso se torna um padrão que será a
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial
base das próximas programações. Além dis- com uma pequena diferença: “o projeto”, nes-
so, os padrões podem incluir detalhes e parti- se caso, é assumido também pelo planejamento.
cularidades relativos aos equipamentos, que A maioria das empresas, principalmente
muitas vezes passam despercebidos nos deta- em grandes instalações, adota a figura do “gru-
lhamentos feitos às pressas. po de paradas”, um grupo multidisciplinar
Outra aplicação do Gerenciamento dos composto de, pelo menos, uma participante de
Padrões de Serviço é a interligação com os cada área cujo envolvimento é mais significa-
programas de Preventiva e Preditiva, que, na tivo na parada:
realidade, dependem de Detalhamento-Padrão – manutenção – planejamento;
para sua execução. – suprimento – materiais;
– inspeção de equipamentos;
Gerenciamento dos Recursos – operação.
O Gerenciamento dos Recursos é conse- A coordenação do grupo deve ser exerci-
qüência do Registro de Recursos, abordado da por um gerente da área de produção, ou
anteriormente. Dentre os recursos, a mão-de- manutenção, ou ainda pelo superintendente das
obra é a que mais necessita de gerenciamento, duas áreas.
com vias à otimização de sua aplicação. Des- O sistema de planejamento de paradas
se modo, o planejamento deve ter uma visão deve, preferencialmente, ser capaz de interagir
global da distribuição da mão-de-obra por toda com outros sistemas existentes na empresa,
a planta, com os quantitativos definidos por como softwares da área de suprimento, por
cada área de atuação. exemplo.
Deve estar informado também da Dentre as várias atividades do planejamen-
indisponibilidade de mão-de-obra, por afasta- to de uma parada de manutenção, estão lista-
mentos médicos, férias, licenças e outros, de das, a seguir, as mais significativas:
modo que a programação de serviços seja con- 01. Cronograma Geral de Paradas de Unidades da Planta.
fiável. 02. Cronograma Específico de Parada de uma determinada
A disponibilidade de todas as máquinas Unidade Operacional.
cadastradas no sistema – máquinas operatrizes, 03. Constituição do Grupo de Paradas, que terá, entre outras,
as seguintes atribuições:
máquinas de elevação de carga, etc. – deve ser 3.1. Relacionar, analisar e definir os serviços da parada.
de conhecimento do planejamento pelos mes- 3.2. Discutir as interfaces existentes em nível local, na
mos motivos. empresa, e com terceiros.
3.3. Definir a filosofia da parada - tempo mínimo, custo
mínimo ou os dois.
Administração de Estoques 3.4. Definir estratégias globais que incluem aspectos de
Em virtude da interface manutenção su- compras, contratação, regime de trabalho, etc.
primento, os softwares disponíveis no merca- 04. Delineamento dos Serviços de Parada.
05. Programação.
do incorporam um módulo de Gestão de Esto- 06. Emissão de Ordens de Serviços (ou Ordens de Trabalho).
ques. A informação de estoque, o acompa- 07. Determinação do Caminho Crítico.
nhamento de compra e o recebimento de mate- 08. Nivelamento de Recursos.
riais são fundamentais para que o planejamento 09. Projeto de Facilidades de Manutenção e dispositivos para
melhoria da mantenabilidade e melhoria da segurança ge-
administre bem a carteira de serviços. ral na Parada.
10. Contratação de Pessoal Externo.
11. Compra de Material.
Sistema de Controle de Paradas 12. Preparativos Preliminares – incluem preparação da área,
Parada de Manutenção é um tipo de ma- montagem de dispositivos, preparação de rotas de fuga
nutenção cíclica, levada a efeito nas instala- (quando necessária), construção de acessos alternativos,
montagem de andaimes, montagem de painéis elétricos
ções industriais, que visa a restaurar e/ou me- para ligação de máquinas de solda, montagem de contai-
lhorar as condições dos equipamentos e insta- ners na área, etc.
lações. É a atividade preventiva mais impor- 13. Acompanhamento dos Serviços.
14. Atualização das Tarefas Programadas e Inclusão de No-
tante no ciclo de operação da planta ou insta- vos Serviços.
lação, montada a partir de dados da operação, 15. Apropriação e lançamento no programa.
manutenção e inspeção de equipamentos. 16. Catalogação das recomendações de inspeção.
20 Pode-se comparar a parada de manuten- 17. Registro fotográfico e documental das condições dos equi-
pamentos (relatórios técnicos).
ção a uma montagem industrial, que é a 18. Acompanhamento dos testes finais.
concretização de um projeto. Entre o projeto e 19. Acompanhamento da partida da unidade.
a montagem tem que existir a função de pla- 20. Avaliação da parada e emissão de relatórios técnicos e
gerenciais.
nejamento. Isso também é verdade na parada,
Noções de Confiabilidade e Manutenção Industrial
Após as definições pertinentes ao serviço “caminho crítico” dentro da seqüência do con-
a ser realizado, toda a estrutura da empresa junto de atividades, que determina o prazo
aguarda que o planejamento emita o cronogra- mínimo em que o trabalho será realizado.
ma segundo o qual a parada irá se desenvol- A união dos dois métodos gerou o chama-
ver. Em virtude do grande número de tarefas e do diagrama PERT-CPM.
variedade de recursos, duas ferramentas são Nivelamento de recursos é a busca da uti-
fundamentais no planejamento e programação lização dos recursos de maneira mais constante
de paradas de manutenção: O Diagrama PERT- possível ao longo dos serviços de uma parada
CPM, e o Nivelamento de Recursos. ou de um projeto. Se o planejamento da ma-
O PERT é uma técnica de avaliação e re- nutenção previr recursos para atender ao pico
visão de programa, encomendado pela NASA dos serviços, haverá mão-de-obra ociosa na
à Booz Allen and Hamilton e utilizado pela maior parte do tempo de duração da parada.
primeira vez em 1958, pela marinha America- De outro modo, se a previsão de recursos for
na no programa Polaris. para a situação de menor demanda de mão-
Pela metodologia do PERT, todo e qual- de-obra, nos demais dias será necessária a
quer empreendimento deve ter uma seqüência contratação. O nivelamento é feito com base
ótima de suas atividades, de tal modo que per- no método de caminho crítico.
mita um perfeito entrosamento entre o contro- Na Petrobras, tem-se utilizado, como sof-
le e a execução. Mostra graficamente o me- tware de nivelamento de recursos e planeja-
lhor caminho para se alcançar um objetivo pre- mento de grandes serviços, o MS-Project da
determinado, geralmente em termos de tem- Microsoft, mas há vários outros que poderiam
po. Isso é mostrado por um diagrama de fle- ser empregados com o mesmo propósito. Os
chas que mostra a seqüência de atividades e a dados são colocados em forma de Gráfico de
interdependência entre elas. Gant e identificam os eventos a serem realiza-
CPM é um método desenvolvido pela dos (PERT) e o caminho crítico (CPM) do ser-
Dupont para controle de suas atividades de viço como um todo. Ver a figura a seguir: so-
manutenção. Consiste na identificação de um prador SP5301C – Substituição do Eixo.

21
Projeto de Substituição do Eixo do Soprador SP 5301C.

Você também pode gostar