Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O estudo das políticas públicas tornou-se num dos principais campos de desenvolvimento
cientí co desde o último quartel do sec. XX.
A análise das políticas públicas surge tanto da necessidade de compreender o processo
de decisão política como de providenciar aos decisores conhecimento válido e ável
sobre problemas económicos e sociais urgentes.
Esta disciplina pensada por Lasswell assume-se como uma tarefa multidisciplinar, que
recorre aos contributos da ciência política, sociologia, antropologia, psicologia,
estatíticas, matemática,….
Dunn (1981, 35) de ne análise política como “an applied social science discipline which
uses multiple methods of inquiry and arguments to produce and transform policy-
relevant information that may be utilized in political settings to resolve policy problems.”
De facto, há medida que os problemas se tornaram mais complexos nas últimas décadas
quase todos os governos, administrações, agências estabeleceram mecanismos de
análise e avaliação para sustentar decisões e agendas.
Aproximação ao Conceito
“Política pública é tudo aquilo que o governo escolhe fazer ou não fazer”. Thomas R.
“Política Pública consiste no conjunto de decisões políticas para implementar programas com o
objetivo de alcançar objetivos societais” Charles L. Cochran e Eloise Malone
Uma política pública envolve e compreende o conjunto das decisões e ações selecionadas para
implementar as decisões tomadas
A não decisão não se refere à ausência de decisão sobre uma questão que foi incluída na
agenda política. Não-decisão signi ca que determinadas temáticas, que ameaçam fortes
interesses ou que contrariam os código de valores de uma sociedade (e, da mesma forma,
ameaçam interesses), encontram obstáculos diversos e de variada intensidade à sua
transformação de um estado de coisas em um problema político - e, portanto, à sua
inclusão na agenda governamental. A não decisão é assim uma decisão.
Atenção: Embora uma política pública implique decisão política ou não decisão, nem
toda decisão política chega a constituir uma política pública.
1- Políticas Distributivas
São baseadas na distribuição de vantagens de forma tendencialmente universal ou de grande
abrangência, geralmente associadas a baixo níveis de con itualidade social, com distribuição
indireta de custos e encargos.
fi
fi
fl
fi
fi
fl
fi
2- Políticas Redistributivas
São baseadas na redistribuição de recursos entre grupos sociais, com maior con itualidade
social já que vão colocar em oposição aqueles que delas bene ciam e quem suporta os custos
das medidas.
3- Políticas Regulatórias
São políticas centradas na criação de regras de funcionamento, regulando as relações entre
diferentes partes e agentes, grupos e sectores da sociedade.
4- Políticas Constitutivas
São políticas que atuam na estrutura e condições gerais da de nição das restantes políticas,
alteram e estabelecem as regras do jogo.
A Decisão Política
Desenvolvido por economistas, com a óbvia vantagem de tornar a decisão previsível, rational
decision-making baseia-se no conceito da racionalidade perfeita e assenta em 3 assunções:
1- o decisor tem uma preferência entre um conjunto de resultados quanti cados da decisão
2- o decisor atua de forma independente e tem na sua posse toda a informação relevante
3- o decisor escolhe sempre a opção que maximiza os resultados
Critérios racionais
1- E cácia. (resultados)
2- E ciência (custos associados)
3- Equidade ( racionalidade social; distribuição de efeitos e esforços entre diferentes grupos; rstá
relacionado com concepções concorrentes de justiça e os quadros éticos vigentes)
4- Adequação ( relação entre a e cácia e a satisfação de necessidades, valores e oportunidades
que originaram o problema
5- Grau de resposta
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fl
“People and organizations often make decisions using rules of thumb rather than rational analysis,
and they base those decisions on factors economists traditionally don’t consider, such as
fairness, past events and aversion to loss.” Kahneman and Tversky
maioria das decisões de escolha assentam num equlibrio entre o sistema cognitivo automático e
o re exivo.
“humans make decisions and act in ways that are anything but rational” Jim Taylor
Enviesamento Cognitivo
•Em cima do joelho – tomar decisões intuitivas e rápidas quando decisões ponderadas são
recomendadas.
•O óbvio – assumir que a decisão óbvia é a melhor decisão. •
Validação – focar na informação que con rma as nossas opiniões.
• Inércia – pensamos e agimos de forma que nos são familiares, seguras e previsíveis.
• Miopia – interpretar o mundo através da nossa experiência, valores, crenças e premissas.
• Arrogância intelectual – acreditar que a argumentação racional é su ciente para tomar decisões
complexas.
•Excesso de con ança
•Homecoming queen/king bias- decidir de forma a aumentar a aceitação ou a popularidade
•Falácia do planeamento- subestimar o tempo e o custo necessários a terminar uma tarefa.
1.Tomada de consciência.
2. Colaborar.
3. Questionar
4. Procurar aconselhamento
5. Recolher informação relevante 6. De nir com rigor as alternativas 7. Estabelecer estratégias
fl
fi
fi
fi
fi
fi
fi
A decisão política como política ou resposta pública porque revestida da autoridade
soberana do poder político Karl Schmit:
4- São políticas desenvolvidas por governos, mesmo quando emergem de ideias que surgem fora
da esfera governamental ou através da interação entre o governo e atores não governamentais;
5- São políticas orientadas para alcançar um determinado objetivo, tal como a solução de um
problema.
6- São políticas que afetam uma variedade maior de pessoas que decisões privadas
Limites sistémicos
1- A distribuição da in uência e do acesso dentro de qualquer sistema tem em si um
enviesamento, pelo que o sistema tendencialmente reagirá ou responderá não de forma neutral,
mas sim favorecendo uns em detrimento de outros.
2- O espectro de questões e de decisões alternativas politicamente atendidas será restricto.
3- O próprio sistema é conservador no que diz respeito a tendências prevalecentes que
determinam que questões ou alternativas são consideradas como legitimas preocupações dos
políticos.
4- O processo pré-político ou pré-decisório é geralmente o que determina quais as questões
ou alternativas devem tomas em conta pela política, e quais são as escolhas que serão feitas.
A Decisão Política
A organização do Estado e os uxos de decisão em Portugal
Organização do Estado
Presidente da República
Presidente da República representa a República Portuguesa, garante a independÊncia
nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas e
é, por inerência, Comandante Supremo das Forças Armadas.
É eleito por sufrágio universal, directo e secreto dos cidadãos portugueses eleitores
recenseados no território nacional.
• f) Demitir o Governo, nos termos do n.o 2 do artigo 195.o, e exonerar o Primeiro-Ministro, nos
termos do n.o 4 do artigo 186.o;
Presidente da República
No procedimento legislativo exerce um papel de controle:
1- promulgação – assentimento político e jurídico do conteúdo
2- veto político
3- veto jurídico, fundado em razões de inconstitucionalidade
4- scalização sucessiva de inconstitucionalidade
Assembleia da República
Tem o mínimo de cento e oitenta e o máximo de duzentos e trinta Deputados, nos termos da lei
eleitoral.
Os Deputados representam todo o país e não os círculos por que são eleitos.
fi
fi
O mandato dos Deputados inicia-se com a primeira reunião da Assembleia da República após
eleições e cessa com a primeira reunião após as eleições subsequentes, sem prejuízo da
suspensão ou da cessação individual do mandato.
A legislatura tem a duração de quatro sessões legislativas. A Assembleia da República não pode
ser dissolvida nos seis meses posteriores à sua eleição, no último semestre do mandato do
Presidente da República ou durante a vigência do estado de sítio ou do estado de emergência.
Governo XXIII
Compete ao Governo:
- Referendar os actos do Presidente da República, nos termos do artigo 140.o CRP;
- Negociar e ajustar convenções internacionais;
- Aprovar os acordos internacionais cuja aprovação não seja da competência da Assembleia da
República ou que a esta não tenham sido submetidos;
- Apresentar propostas de lei e de resolução à Assembleia da República;
- Propor ao Presidente da República a sujeição a referendo de questões de relevante interesse
nacional, nos termos do artigo 115.o;
- Pronunciar-se sobre a declaração do estado de sítio ou do estado de emergência;
- Apresentar à Assembleia da República, nos termos da alínea d) do artigo 162.o CRP, as
contas do Estado e das demais entidades públicas que a lei determinar;
- Apresentar, em tempo útil, à Assembleia da República, informação referente ao processo de
construção da união europeia;
- Praticar os demais actos que lhe sejam cometidos pela Constituição ou pela lei.
Compete ao Governo:
- Fazer decretos-leis em matérias não reservadas à Assembleia da República;
fi
fi
fi
fi
- Fazer decretos-leis em matérias de reserva relativa da Assembleia da República, mediante
autorização desta;
- Fazer decretos-leis de desenvolvimento dos princípios ou das bases gerais dos regimes
jurídicos contidos em leis que a eles se circunscrevam.
- É da exclusiva competência legislativa do Governo a matéria respeitante à sua própria
organização e funcionamento.
- Elaborar os planos, com base nas leis das respectivas grandes opções, e fazê-los executar;
- Fazer executar o Orçamento do Estado;
- Fazer os regulamentos necessários à boa execução das leis;
- Dirigir os serviços e a actividade da administração directa do Estado, civil e militar,
superintender na administração indirecta e exercer a tutela sobre esta e sobre a administração
autónoma;
- Praticar todos os actos exigidos pela lei respeitantes aos funcionários e agentes do Estado e de
outras pessoas colectivas públicas;
- Defender a legalidade democrática;
- Praticar todos os actos e tomar todas as providências necessárias à promoção do
desenvolvimento económico- social e à satisfação das necessidades colectivas.
Administração direta é exercida por órgãos e serviços do próprio Estado Administração indireta é
exercida por pessoas coletivas distintas do Estado Ex: Saúde (Decreto-Lei n.o 65/2022, de 28 de
setembro (pdf))
Descentralização
Em 2013, foi aprovada e publicado a Lei n.o 75/2013, de 12 de Setembro, transferência por via
legislativa de competências dos órgãos do Estado para os órgãos das autarquias locais, e o
legislador consagrou também a delegação de competências via contrato dos órgãos do Estado
nas autarquias locais (contratos interadministrativos).
O XXI Governo constitucional teve uma diferente abordagem considerando que a transferência de
competências deve ser universal aprovou a Lei n.o 50/2018, de 16 de agosto, que estabelece o
quadro da transferência de competências para as autarquias locais e para as entidades
intermunicipais (Lei-quadro da transferência de competências para as autarquias locais e para as
entidades intermunicipais).
Regiões Administrativas
A Lei-Quadro estabeleceu as competências a descentralizar nos seguintes domínios:
educação (artigo 11.o), ação social (artigo 12.o), saúde (artigo 13.o), proteção civil (artigo 14.o),
cultura (artigo 15.o), património (artigo 16.o), habitação (artigo 17.o), áreas portuário-marítimas
(artigo 18.o), praias (artigo 19.o), informação cadastral, gestão orestal e áreas protegidas (artigo
20.o), transportes e vias de comunicação (artigo 21.o), estruturas de atendimento ao cidadão
(artigo 22.o), policiamento de proximidade (artigo 23.o), proteção e saúde animal (artigo 24.o),
segurança dos alimentos (artigo 25.o), segurança contra incêndios (artigo 26.o), estacionamento
público (artigo 27.o) e jogos de fortuna e azar (artigo 28.o).
educação, ensino e formação pro ssional (artigo 31.o), ação social (artigo 32.o), saúde (artigo
33.o), proteção civil (artigo 34.o), justiça (artigo 35.o), promoção turística (artigo 36.o) e outras
competências (artigo 37.o).
Atos Normativos
Assembleia da República
Fluxo no AR
Atos Normativos
Governo
Fluxo no Governo
1- A iniciativa para apresentar projetos de decretos-leis e de propostas de lei, bem como
outros atos normativos, cabe aos membros do Governo, que os enviam ao Secretário de Estado
da Presidência do Conselho de Ministros.Os projetos são acompanhados por uma nota
justi cativa, que tem a natureza de documento interno do Governo, para efeitos de
con dencialidade; são acompanhados de todos os projetos de regulamentação necessários à
sua implementação:
a) Projetos de decretos regulamentares; b) Projetos de portarias;
c) Projetos de despachos normativos.
2- Consoante as matérias é necessário parecer prévio positivo do MF ou da MP
3- Fase da Circulação e devolução - Durante a circulação e até ao agendamento, podem os
gabinetes ministeriais transmitir uma apreciação fundamentada que contenha objeções,
comentários ou sugestões de eliminação, modi cação ou aditamento de normas ao projeto
circulado.
4- Articulação interministerial- Cabe ao gabinete do Secretário de Estado da Presidência do
Conselho de Ministros promover a negociação e consensualização, prévias à realização das
reuniões de Secretárias/os de Estado, entre os gabinetes de todos os membros do Governo.
5- Reunião de Secretárias/os de Estado 6- Deliberação do Conselho de Ministros 7- Fase de
redação nal
Agenda Política
Etapas do ciclo político
O Processo Político .
Um problema é uma condição ou uma situação que produz uma necessidade ou uma
insatisfação nos cidadãos, para a qual é procurada e solicitada ação governamental para a
sua solução ou alívio.
Quando um problema recebe a atenção do Governo passa a ser uma questão ou tema. Uma
questão transforma-se em problema político quando mobiliza ação política . Para que uma
situação ou estado de coisas se torne um problema político e passe a gurar como um item
prioritário da agenda governamental é necessário que apresente pelo menos uma das seguintes
características:
(a) mobilize ação política: seja ação coletiva de grandes grupos, seja ação coletiva de pequenos
grupos dotados de fortes recursos de poder, seja ação de atores individuais estrategicamente
situados;
(b) constitua uma situação de crise, calamidade ou catástrofe, de maneira que o ónus de não
resolver o problema seja maior que o ónus de resolvê-lo;
(c) constitua uma situação de oportunidade, ou seja, haja vantagens, antevistas por
algum ator relevante, a serem obtidas com o tratamento daquele problema.
Não É Evidente Que Os Mesmos Dados Objectivos Originem A Mesma Interpretação Política.
Por exemplo os dados estatísticos sobre o crime, a pobreza, a poluição sejam interpretados de
forma diferente por decisores políticos diferentes.
fi
fi
Isto acontece ou porque os dados são inconsistente ou porque as assunções de base dos
analistas, políticos., decisores são divergentes no que diz respeito à natureza humana, governo, e
oportunidades de mudança política através da ação política.
-Muitas vezes caímos no erro de considerar a análise das políticas públicas mais como um
processo de resolução de problemas ( o que não deixa de ser verdadeiro) do que um processo de
exato e competente formulação do problema.
Classes de Problemas
Esquematicamente podemos dividir os problemas políticos em 3 categorias:
• Bem estruturados – problemas que envolvem poucos decisores políticos; nos quais existe um
consenso político no objectivo ou meta a atingir; para os quais existem poucas políticas
alternativas e se conhecem os resultados de cada uma das alternativas: ex: a decisão de
substituição ou compra do parque automóvel governamental.
• Moderadamente estruturados - problemas que envolvem poucos decisores políticos; nos quais
existe um consenso político no objectivo ou meta a atingir; para os quais existem poucas
políticas alternativas; mas em que não são conhecidos e de difícil cálculo os resultados de cada
uma das alternativas. O ex: clássico deste tipo de problemas pode ser traduzido pelo jogo “ o
dilema do prisioneiro”.
• Problemas mal estruturados - envolvem vários decisores políticos, nos quais não existe um
consenso político no objectivo ou meta a atingir; para os quais existem muitas políticas
alternativas.
Problemas Políticos
Facto:
A maior parte dos problemas políticos são mal estruturados em parte por que decorrem de
sistemas complexos de governação.
Explicações:
1- as políticas públicas correspondem a conjuntos de decisões interrelacionados 2- as políticas
públicas estão sujeitas à in uência de muitos stakeholders
3- decorrem ao longo de períodos de tempo prolongados
4- o consenso é raro
5- raramente é possível identi car todo o naipe de soluções alternativas
fi
fl
fi
fl
Agenda Política
Dos milhares pedidos de intervenção governamental apenas algumas matérias serão tomadas
em consideração; apenas algumas merecerão intervenção; ...
Questões ambientais são menos importantes do que questões de equidade social? Problemas no
sistema público de saúde são menos importantes que problemas na educação?
• Os estudos sobre a agenda política estão geralmente preocupados em tentar perceber qual a
razão, em contextos em que os recursos são limitados, as atenções se centram
desproporcionalmente em determinados temas em detrimentos de outros.
• Qual a razão pela qual determinadas questões são colocadas nos programas eleitorais, nos
programas de governo, são sujeitas a decisões parlamentares e outras não ....
• Como se estabelece a agenda política?
Estabelecimento da agenda, ou seja colocar uma determinada política não só nos programas
eleitorais como, posteriormente, na agenda do governo.
O que sabemos:
. A agenda societal é praticamente ilimitada, mas agenda política é limitada; . Há matérias
controversas;
. Há matérias que são imprescindíveis;
. Há in uência dos media;
. Há in uência de atores societais.
Então podemos falar efetivamente num efeito da Comunicação Social na Agenda Política.
“Deciding what is “news” and who is “newsworthy” is a powerful political weapon.”
fl
fl
fi
• Por um lado:
Sem cobertura mediática os programas ou inicativas do governo são desconhecidos;“perdem
importância”, não são valorizados.
Mas atenção: Os media podem determinar sobre o que pensamos, mas (ainda) não determinam
como pensamos sobre os tópicos.
Esta questão foi analisada por Peter Van Aelst and Stefaan Walgrave (2011) que detetaram um
paradoxo
“Most empirical agenda-setting studies using time-series analyses found that the media matter
for the political agenda, but the size of the found media e ects remains often modest. This
nuanced view on media impact seems to contradict with the perceptions of politicians. “
De facto, quando utilizamos métodos quantitativos e séries temporais a evidência aponta para
que o efeito dos media na agenda é limitada e restrita a questões especí cas. Outros elementos
podem ser considerados como fontes primordiais na agenda: partidos políticos, membros do
governo, grupos de interesse, organizações internacionais, acontecimentos, contexto
internacional, etc.
Mas esta visão do impacto limitado dos media é confrontada com uma outra : “politicians think
the media’s agenda-setting impact is very high; they consider the mass media to be one of the
key political agenda setters directly competing with the Prime Minister and the powerful political
parties.”
Ou seja:
a) As elites parecem estar convencidas de que os media estabelecem por si a agenda, sem
interferência direta dos políticos;
2- Os políticos atribuem aos media o poder de estabelecer a agenda, mesmo quando os
verdadeiros iniciadores não são os jornalistas, mas outros agentes ou fontes primordiais;
Independentemente de vermos se a agenda está ou não dependente dos media a verdade é que
cada vez mais se desenvolvem teorias de instrumentalização, dependência ou simbiose entre a
política e os media.
Porquê?
Por um lado:
a) O efeito inter-media no estabelecimento da agenda:
1- efeito contágio e espiral; tempestade mediática.
b) A atenção mediática, especialmente nos períodos eleitorais, contribui para o sucesso individual
do político.
Como explicar a percepção dos políticos que sobrevalorizam o papel dos media? ” Perhaps the
most important explanation for the possible misperception of media power by politicians is the
weak individual position of these elites.”
1- A maioria dos deputados especializa-se ou tem interesse especial em apenas alguns assuntos.
ff
fi
2- Há assim uma competição interna para tornar essas matérias urgentes; a necessidade torna-
os indipensáveis, garante tempo de exposição; protagonismo;
a) Uma competição porque a agenda política é limitada;
b) Na ocasião de elevada atenção sobre uma determinada temática, os jornalistas têm
preferência por guras de 1.a linha, de poder ou carisma
O que sabemos?
• O desinteresse generalizado dos cidadãos pela política ampli ca a capacidade de in uência
dos media
• A vida política assenta em grande medida numa legitimação por via do consentimento ou
adesão
• Há uma tendência generalizada para que os políticos “testem” propostas ou ideias por via
mediática antes de anunciarem de nitivamente ( o pressuposto é que o que os media
escolherem “mostrar” e a forma como o “mostram” determina o sucesso pu insucesso da
medida):
• Focus groups
• Notícias plantadas
Podemos assim perceber a razão pela qual atualmente assistimos a que a política se transforme
numa política de imagem, de eventos, de conta simbólica, muito atreita a dramatizações "media-
friendly”; que a comunicação política assuma cada vez mais contornos de marketing publicitário.
Para ser e caz, o político tem de se submeter à lógica dos media, tornando-a tendencialmente
populista;
“mediacracy” becomes a problem if at any point the entire public can see politics only as they are
seen by the broad masses, and the latter have no alternative way of seeing it other than what is
shown them by the media.” (Meyer, p.54)
Apesar de ser possível a rmarmos que não houve intencionalidade dos media na colonização,
pois são os políticos que voluntariamente e entusiasticamente aderiram às regras dos media no
objetivo de garantirem a “correta interpretação” das suas políticas” e a passagem da sua
mensagem, a verdade é que há uma pressão nesse sentido:
A pergunta central que colocam é : “how does an issue come to be viewed as an important and
appropriate subject of attention? How does it come to command a position on the agenda of
legitimate political controversy or how is it denied that status?”
Mas a investigação e a prática revelou que estes elevados requisitos para a democracia não são
satisfeitos. A maioria das pessoas tende a demonstrar pouco interesse nos assuntos políticos e
não participa ativamente. Ou seja, na verdade, a participação nas arenas onde as alternativas
políticas são discutidas e determinadas é muito restrita.
Agenda sistémica – consiste em todos as questões que são geralmente tomadas como
merecedoras da atenção política ex: crime, saúde, droga, proteção ambiental, etc.
fl
fi
Características:
1- são questões que previamente ocuparam a atenção pública e que permanecem em aberto
2- são temas que interessam aos próprios decisores políticos. Não nos podemos esquecer que
um tópico para atingir o estatuto de agenda tem de ser assumido pelo próprio decisor ( ministro,
deputado, etc.)
2.1 – o acesso dos grupos a estes decisores: ( dívidas ou identi cação pessoais; há grupos que
têm mais recursos e maior capacidade de mobilização que outros; há grupos cuja posição
estratégica na sociedade é tal que não podem ser ignorados; há grupos que detêm maior estima
pública que outros e que portanto acedem com maior facilidade aos decisores políticos
( médicos, advogados, lideres religiosos, etc).
3- são questões bandeira para os partidos políticos
4- a atenção dos media também pode in uenciar, ao elevar questões da agenda institucional para
a agenda sistémica.
Características:
1- temas que surgem com predominância na comunicação social;
2- situações inesperadas ( catátrosfes, acidentes, crises, etc...)
Nota: A agenda sistémica será sempre mais abstrata, mais ampla do que a agenda institucional.
Mais, as prioridades da agenda institucional podem não corresponder a prioridades da agenda
sistémica. De facto, até poderemos argumentar que quanto maior for a disparidade entre
agendas maior será a intensidade do con ito no sistema político.
Sistematização da temática: Agenda Política- Teoria dos 3 Caudais John Kingdon (1984)-
Para responder à pergunta por que razão alguns temas têm prioridade nas agendas
governamentais e outros são negligenciados este autor procura perceber o processo do
estabelecimento da agenda.
Agenda: “ É a lista de temas ou problemas que são alvo num dado momento de séria atenção,
tanto da parte das autoridades governamentais como de pessoas fora do governo, mas
estritamente associadas às autoridades.”
No seu livro “Alternatives, and Public Policies” este académico desenvolveu uma nova forma de
análise e uma teoria. De acordo com ele, por vezes assistimos à con uência de três streams: o
problem stream, a policy stream, e o political stream.
Esta con uência é o que cria o momento que coloca uma questão na agenda política, que
permite fazê-la passar de questão “ em discussão” para a “ agenda de decisão e, assim,
nalmente para a alteração da política pública.
“ (...)the agenda setting can be viewed as comprising three mostly independent streams of
activity ( problems, proposals, and politics), which occasionally converge, opening a “policy
window” and permitting some matters to reach a governamental agenda.”
Ou seja, para este autor existem 3 fontes ( classes de processos) distintas que ocasionalmente,
quando há alternativas de solução, con uem emergindo na agenda.
1- Problemas – assuntos sobre os quais os atores políticos, ( uma massa critica de pessoas)
dentro ou fora do governo, gostariam de garantir ação ( mudar ou afetar). Podem surgir de
fi
fl
fl
fl
fl
fi
fl
catástrofes, crises; de intensa e longa atenção mediática; de políticas que começam cheias de
boas intenções, mas que depois “dão para o torto”; da acumulação de problemas de pequena
escala que atingem uma massa crítica; de grupos ou indivíduos que conseguem impôr uma ideia
na discussão pública; etc.
Pressupostos:
- O processo político é geralmente caracterizado por uma tendência de estabilidade e
incrementalista – As instituições ou o sistema tende a preservar o status quo.
Stasis, rather than crisis, typically characterizes most policy areas, but crises do occur.
- Os sistemas políticos complexos tendencialmente originam eventos desestabilizadores, a
acumulação de queixas ou reclamações, ou processos políticos que originam desequilíbrios
pontuais.
- Em determinados momentos os feedback negativos ( adversos à mudança) são ultrapassados
pelos feedback positivos ( ação para mudança) e um novo equilíbrio é estabelecido.
fi
fi
fi
A anatomia da análise de Políticas Públicas
Previsão
A capacidade de prever o futuro das políticas públicas é uma fase fundamental da análise
política- Ela assume 3 formas:
• Projecção – é uma previsão baseada na extrapolação de tendências históricas e actuais no
futuro. São utilizados argumentos sustentados por métodos especí cos por ex. análises de
séries ou análises comparativa de similitudes entre casos. As projecções podem ser
suplantadas por argumentos autoritários ( ex: especialistas) ou de causa ( teorias económicas
ou políticas).
• Predições – uma previsão sustentada em assunções teóricas explícitas. Estas assunções
podem tomar a forma de leis teóricas ( ex: a lei da utilidade decrescente do dinheiro) ou
preposições teóricas (ex: a crispação social é causada pelo hiato que existe entre as
expectativas e capacidades), ou ainda analogias ( o crescimento do Estado e o crescimento
dos organismos vivos). O que torna particular esta forma de previsão é que ela especi ca as
causa e as consequências, ou as analogias que subjazem a relação. A predição pode ser
suplantada por argumentos de autoridade ( um julgamento informado) ou métodos ( modelos
econométricos)
• Conjectura – é uma previsão baseada em julgamentos informados ou de especialistas sobre o
futuro estado da sociedade. Estes julgamentos podem assumir a forma de argumentos
intuitivos, em que informações previligiadas, criatividade , intuição são utilizados para apoiar as
asserções sobre o futuro. Estas conjecturas podem ser suplantadas por argumentos de
autoridade, métoidos e causa.
fi
fi
Objectivos da previsão/anticipação
• Futuros potenciais ( ou também denominados futuros alternativos) são estado societais que
podem emergir. Um estado futuro nunca é seguro até que efectivamente ocorra e muitos são os
futuros potenciais
• Futuros plausíveis são estados societais futuros que, com base em assunções causais da
natureza e da sociedade, presumimos como prováveis caso não haja intervenção política.
• Futuros normativos são futuros plausíveis e potenciais que são consistentes com a concepção
do analista sobre as necessidades, valores e oportunidades futuras. Ou seja, há um
estreitamento do naipe dos futuros plasiiveis e potenciais ligando a previsão a objectivos ou
metas.
• Parece ser inequívoca a ligação entre os futuros normativos e os objectivos e metas a serem
alcançados. Mas objectivos e metas são dois conceitos diferentes
• Estivemos a analisar muito sumariamente como podemos, através das previsões, encontrar
futuros possíveis da acção ou inacção política, mas como podemos veri car nesta fase não são
oferecidas razões explícitas segundo as quais valorizamos um estado de coisas em detrimento
de outro. Esta será a fase das recomendações.
fi
• A recomendação é o que permite a um analista produzir informação sobre a probabilidade de
resultados e consequências que futuras acções políticas terão para indivíduos, grupos ou
sociedade como um todo.
• Trata-se de um processo que envolve a transformação da informação sobre futuros da política
em acções políticas que, teoricamente e na prática, resultarão em resultados válidos.
• Ou seja, requer que sejam determinadas quais as alternativas mais válidas e porquê. Parece
assim evidente que neste processo de recomendações haja uma relação muito próxima com
questões de carácter moral e ético.
Uma preferência é a alternativa de solução para um problema que mais bene cia um
determinado ator. Assim, dependendo da sua posição, os atores podem ter preferências muito
diversas uns dos outros quanto à melhor solução para um problema político.
As opções políticas são escolhas que dependem de uma ordem de prioridades num universo de
recursos escassos.
ESCOLHAS SIMPLES
Estas escolhas podem ser de carácter muito simples:
1 ação A versus ação B (que também inclui escolha entre agir e não agir);
Com a informação anterior o analista não terá di culdade em fazer a sua recomendação para que
a ação seja A1.
Reparem que até este raciocínio de uma escolha simples tem 2 elementos de escolha: premissas
factuais e premissas de valor. TODAS AS ESCOLHAS ENVOLVEM PREMISSAS FACTUAIS E DE
fi
fl
fi
fi
VALOR. Na realidade esta situação raramente acontece na prática quando lidamos com grandes
problemas sociais pois para ser válida ela depende:
1- da existência de um único decisor; (qd t/ + decisores haverá con ito entre premissas)
2- certeza relativamente aos resultados; (mt raro, pois as pessoas afectadas podem ter
percepções diferentes; os resultados são in uenciados por fatores incontroláveis)
3- consequências imediatas. (mt raro, o que origina a que as premissas se possam alterar)
Problema: não existir legislação que garante um salário mínimo » exploração; pobreza; etc.
Premissas Factuais: Status Quo (A1) » em média todos os trabalhadores não quali cados
auferem um salário anual de 4000 € (R1); alteração para um valor hora mínimo de 4,5 € (A2) » em
média passariam a auferir 7 000 € (R2).
Logo : a escolha seria A2 Mas.... este é um problema em que podemos aplicar escolha simples?
Não.
Ou seja, as recomendações para ação neste caso concreto, baseadas neste tipo de escolha não
reproduziam elmente os cenários possíveis.
Em principio qualquer situação de escolha pode sustentar uma recomendação. Mas a maioria
envolve muitos stakeholders; incerteza, e alterações ao longo do tempo.
Assim, não existe recomendação com uma única base “racional” mas com múltiplas bases
racionais. São elas:
1-racionalidade técnica. Comparações entre alternativas conforme capacidade de promover
soluções efetivas para problemas públicos ( ex: energia solar versos energia nuclear)
2-racionalidade económica. Comparações entre alternativas conforme capacidade de promover
soluções e cientes para problemas públicos.
3-racionalidade legal. Comparações entre alternativas conforme a sua conformidade ao regime
jurídico existente ( Constituição, Código do trabalho, leis de bases etc).
4-racionalidade social. Comparações entre alternativas conforme a sua capacidade de manter
ou melhorar instituições sociais valorizadas.
Então o que podemos utilizar são critérios de decisão para a escolha racional:
fi
fi
fi
fl
fl
fi
fi
1- E cácia. ( resultados)
2- E ciência ( custos associados)
3- Equidade ( racionalidade social; distribuição de efeitos e esforços entre diferentes grupos;
relacionado com concepções concorrentes de justiça e os quadros éticos vigentes) 4-
Adequação ( relação entre a e cácia e a satisfação de necessidades, valores e oportunidades
que originaram o problema)
5- Grau de resposta.
Aconselhamento Político
Vantagens
1- trazer as diferentes partes para o processo de decisão permite que novas perspectiva e
valores sejam incorporadas e levadas em linha de conta; permite também que a experiência dos
serviços da administração pública seja valorizado;
fi
fi
fi
2- processos intensivos de aconselhamento permitem criar pontes entre diferentes perspectivas
o que reduz a con itualidade, ou pelo menos aumenta a compreensão dos motivos e valores das
outras partes.
Avaliação
• Vimos que para recomendar precisamos de escolher a melhor alternativa, veri car se a política
está a funcionar, mas como o fazer?
Avaliando!
• A avaliação consiste numa análise aprofundada dos efeitos, intencionais e não intencionais, das
medidas, programas ou políticas implementadas.
• Para fazer uma apreciação de valor quer da implementação quer dos efeitos das políticas o
analista vai ter de recorrer a critérios como: e cácia, e ciência, relevância, justiça,
sustentabilidade, coerência, consistência, etc...
• Nunca esquecer que a avaliação das políticas públicas é um instrumento de apoio ao processo
de decisão política que fornece informação útil sobre políticas que estão em prática. É assim
também um suporte à recomendação e/ou preparação da decisão.
• Escolhemos o método que mais se adequa à medida, ao programa, à política que estamos a
analisar. Uma escolha que depende do estádio de implementação, dos critérios que
escolhemos para fazer a apreciação de valor, dos dados que existem ou que estão disponíveis,
do tipo de política que estamos a avaliar, etc...
• Ou seja, os métodos de avaliação são variados e podem ser combinados.
Características:
• Esta análise procura medir/calcular todos os custos e benefícios para a sociedade de um
determinado programa público, incluindo variáveis intangiveis que não são facilmente medidas
em termos de custo e benefícios monetários.
• Esta análise assenta em muito na racionalidade económica, pois o critério adoptado mais
frequentemente é o da e ciência económica global.- Uma política ou programa diz-se e ciente
se os seus benefícios líquidos (net bene ts = benefícios totais – custos totais)são superiores a 0
e superiores aos benefícios líquidos que resultariam de um investimento público ou privado
alternativo.
• Utiliza sempre do mercado privado como o ponto de partida na recomendação de um
programa público
• Este tipo de análise é também utilizada para calcular os benefícios da redistribuição
1- tanto os custos como os benefícios são contabilizados numa única unidade de valor dólares/
euros, o que permite a contabilidade directa entre os custos e os benefícios (b-c)
2- permite fazer inferências relativamente ao rendimento da sociedade como um todo
3- permite a comparação entre programas de diferentes áreas de actuação ( ex: saúde e
transporte)
dado que a e ciência é traduzida em termos monetários.
Limitações
• Um excesso de ênfase na e ciência económica. No que diz respeito a questões de
redistribuição e equidade social torna a sua aplicação quase impossível mas quando tal
acontece, a centralidade da dimensão do rendimento como medida da satisfação origina
debates razoáveis sobre as bases morais e éticas de políticas alternativas.
• Quando não estão estabelecidos os preços do mercado dos bens o analista é obrigado a fazer
estimativas subjectivas sobre o valor que o cidadão poderia estar disposto a pagar por bens e
serviços. Ou seja, são muitas vezes arbitrários.
Ou seja, mesmo quando este tipo de análise tem em conta problemas de redistribuição e
equidade social ele assenta sempre no rendimento como medida de satisfação, ignorando
sentimentos morais.
Quase ignoramos outros tipos de racionalidade ( técnica, legal e social), o que prejudica a nossa
capacidade de olhar para as políticas ou programas de uma forma mais integrada e realista.
Características:
• Dado que não envolve medições dos benefícios em termos monetários é de mais fácil
aplicação
• Sustenta-se sobretudo numa racionalidade técnica, dado que não relaciona as consequências
à e ciência económica global ou ao bem estar social agregado.
• Porque não se sustenta no preço do mercado está menos associada à noção de maximização
dos benefícios. Frequentemente não faz qualquer tentativa para determinar se os benefícios
excedem os custos ou se investimentos alternativos no sector privado seriam mais proveitoso
• É um tipo de análise adequada para análise de externalidades e intangíveis
Análise SWOT
SWOT é uma sigla que contém as iniciais, em inglês, dos termos: pontos fortes (Strengths),
pontos fracos (Weaknesses), oportunidades (Opportunities) e ameaças (Threats).
A análise SWOT é uma relação organizada contendo as principais forças (pontos fortes),
fraquezas (pontos fracos), oportunidades e ameaças através do conhecimento, análise e
de nição do contexto político interno e externo. Muito utilizado em economia torna-se
crescentemente útil para análise política:
fi
fi
fi
fi
fi
A Análise SWOT pressupõe a divisão do ambiente em duas partes: ambiente interno e ambiente
externo.
O ambiente interno é in uenciável e gerido pela organização e é caraterizado por pontos fortes e
por pontos fracos.
Quanto ao ambiente externo, contém elementos que não podem ser previstos ou controlados
pela organização, pelo que a sua análise permite a identi cação de tendências que se traduzem
em oportunidades e ameaças.
A Análise SWOT relaciona os pontos fortes e pontos fracos de uma instituição com as
oportunidades e ameaças do seu meio envolvente.
Avaliação Política
• A monitorização e a avaliação estão no cerne da formulação de políticas com base em
evidências. Fornecem um núcleo básico de ferramentas que as partes interessadas podem usar
para veri car e melhorar a qualidade, e ciência e efetividade das intervenções nas várias
etapas de execução ou, em outras palavras, focar em resultados.
• “ Policy evaluation is the assessement of the overall e ectiveness of a national program in
meeting its objectives, or assessement of two or more programs in meeting common
objectives.” Joseph S. Wholey
Avaliações de Impacto
• As populações têm sempre a ideia que uma vez um programa aprovado e implementado, com
as suas burocracias, com verbas adequadas e medidas apropriadas, sentirão os benefícios do
mesmo. Infelizmente, esta não é uma garantia ( em particular nos programas de carácter social).
As experiências nacionais com muitos programas implementados mostram a necessidade de
uma avaliação correcta do real impacto dos mesmos nas populações para as quais o programa
é dirigido.
• Falamos então da necessidade de avaliar os impactos das políticas públicas.
• A avaliação é o conhecimento das consequências das políticas públicas. Uma avaliação de
impacto avalia as mudanças no bemestar dos indivíduos que podem ser atribuídas a um
projeto, programa ou política em particular.
• Este enfoque na atribuição do resultado é o selo distintivo das avaliações de impacto.
Igualmente, o desa o central da execução de avaliações de impacto é identi car a relação
causal entre o projeto, programa ou política e os resultados de interesse
Falamos assim nos impactos das políticas. Impacto são todos os efeitos nas condições reais da
sociedade o que inclui:
• Impacto na situação ou grupo alvo
• Impacto nas situações ou grupos que não o alvo ( o efeito de spillover)
• Impacto no futuro bem como nas condições imediatas
• Custos directos, em termos de recursos aplicados ao programa
• Custos indirectos, o que inclui a perda de oportunidades para fazer outras coisas
Uma avaliação de impacto procura as mudanças nos resultados que são atribuíveis diretamente
ao programa
1- Em primeiro lugar, podem ser recolhidos dados de linha de base para estabelecer as medidas
pré-programa dos resultados de interesse.
• Os dados de linha de base fornecem informações sobre bene ciários e grupos de comparação
antes da implementação do programa e são importantes para medir os resultados pré-
intervenção. Devem ser analisados os dados de linha de base dos grupos de tratamento e de
comparação para garantir que os grupos sejam semelhantes.
• As linhas de base também podem ser usadas para avaliar a efetividade da focalização - isto é,
se o programa vai, ou não, atingir os bene ciários pretendidos.
3- Em terceiro lugar, os grupos de tratamento e de comparação são identi cados antes que o
programa seja implementado
• Nas avaliações retrospectivas, o avaliador geralmente possui informações tão limitadas que se
torna difícil analisar se o programa foi implementado com sucesso ou se os seus participantes
realmente extraíram benefícios dele.
• As avaliações retrospectivas que usam dados existentes são necessárias para avaliar os
programas que foram alocados no passado. De modo geral, as opções para se obter uma
estimativa válida do cenário contrafactual são muito mais limitadas nessas situações. A
avaliação depende de regras claras de operação do programa referentes à alocação dos
benefícios. Também depende da disponibilidade de dados, com cobertura su ciente dos
grupos de tratamento e de comparação, tanto antes como depois da implementação do
programa.
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
• Mesmo quando são possíveis de realizar, as avaliações retrospectivas geralmente lançam mão
de métodos quase-experimentais, que dependem de fortes pressupostos; assim, elas tendem a
produzir evidências mais facilmente contestáveis.
Nota: Uma teoria de mudança é a descrição de como uma intervenção é pensada para gerar os
resultados desejados. Ela descreve a lógica causal de como e por que um projeto, programa ou
política alcançará os resultados pretendidos.
• Uma teoria de mudança é a descrição de como uma intervenção é pensada para gerar os
resultados desejados. Ela descreve a lógica causal de como e por que um projeto, programa ou
política alcançará os resultados pretendidos.
• Uma cadeia de resultados claramente articulada fornece um mapa útil para selecionar os
indicadores que serão medidos ao longo da cadeia. Eles incluirão indicadores usados tanto
para monitorar a implementação do programa quanto para avaliar os resultados.
• De acordo com esta fórmula, o impacto causal (α) de um programa (P) sobre um resultado (Y)
corresponde à diferença entre o resultado (Y) na presença do programa (em outras palavras,
quando P = 1) e o mesmo resultado (Y) na ausência do programa (isto é, quando P = 0).
• A fórmula básica da avaliação de impacto é válida para qualquer unidade que estiver a ser
analisada: um indivíduo, uma família, uma comunidade, uma empresa, uma escola, um hospital,
ou qualquer outra unidade de observação que possa receber ou ser impactada por um
programa.
• Mas podemos pensar no impacto (α) de um programa como a diferença nos resultados (Y) para
o mesmo indivíduo, com e sem a sua participação num determinado programa. Contudo,
sabemos que é impossível medir o mesmo indivíduo em duas situações diferentes ao mesmo
tempo.
O contrafactual
• Qualquer análise tem de ter em mente as limitações das políticas públicas para a resolução dos
problemas:
- Alguns problemas são irresolúveis pela própria forma como são de nidos. Problemas relativos
nunca serão resolvidos. Ex: a pobreza
- As expectativas podem sempre ultrapassar as capacidades dos governos
- Políticas que resolvem problemas a um grupo podem criar problemas a outros
- Também é possível que algumas forças societais não possam ser alteradas pelo governo,
mesmo que seja desejável fazê-lo. Ex: haverá sempre alunos que não aprendem muito nas
escolas independentemente do que se possa fazer.
- As políticas podem ter efeitos não queridos.
- Problemas sociais têm inúmeras causas e uma política especí ca pode não ser capaz de
erradicar o problemas.
- A solução de alguns problemas poderá revelar-se ainda mais honorosa do que o próprio
problema
- O sistema político não está estruturado de uma forma absolutamente racional. O sistema
democrático está estruturado para refelctir a in uência de massas, quer esta seja racional ou
não.
Comunicação Política
• David .L Swanson e Dan Nimmo, de nem a comunicação política como "o uso estratégico da
comunicação para in uenciar o conhecimento, as crenças e a acção pública em assuntos
políticos”
• Brian McNair fornece uma de nição semelhante quando escreve que a comunicação política é
"a comunicação intencional sobre política
Comunicação Governamental
Estratégia
• Deve considerar aspetos práticos, políticos, comunicacionais.
• Quais os pontos fortes e fracos?
• Quais os apoios que irão surgir?
• Quais serão as críticas? É possível minimizá-las?
Como?
• Press release
• Conferência de imprensa - Antecipação
• Entrevista
• Exclusivo
• Declarações
• Discurso/evento
• Parlamento
• Reunião em o
Tomar a iniciativa
Sejam boas notícias...
Responder a perguntas
• Bad news is good news
• Enquadrar ou desmontar a notícia
• Complementar a informação
• Aproveitar uma oportunidade
• A ausência de declaração pode ser vista como “algo a esconder”
• Apagar fogos
O jornalista e o meio
O meio
Televisão: canal aberto/noticioso Jornal
Rádio
Agência
Internet: sites noticiosos e blogs
O jornalista
Pode ser ou não especializado
Não é amigo ou inimigo
Pode ter ângulo à partida
Relação fonte/jornalista
Ferramentas da comunicação
Actores das políticas
Modelos de análise política
Um modelo é tentativa de simpli cação da realidade que:
1- Ajuda a clari car as nossas percepções sobre a política
2- Identi ca aspetos importantes de problemas políticos
3- ajuda a distinguir o que é importante do dispensável
4- sugere explicações para as políticas públicas e ajuda a prever as consequências
Tipos de Modelos
Ao longo do anos vários modelos de análise foram desenvolvidos, consoante a perspectiva de
análise política que adoptamos:
1- Modelo processual
2- Modelo institucional
3- Modelo de grupo
4- Modelo de elite
5- Modelo racional
6- Modelo incrementalista 8- Escolha pública
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
Nota: são apenas alguns exemplos de modelos. Os modelos não são competitivos entre si e a
análise de políticas públicas muitas vezes envolve a utilização de vários modelos paralelamente.
Modelo Processual
O principal motivo para o desenvolvimento deste modelo é a tentativa de encontrar padrões de
atividades ( processos) dos grupos ou stakeholders.
- eleitores; grupos de interesses, sindicatos, juízes, etc.
A forma adoptada para análise corresponde a uma sistematização do processo de decisão
política, que é particularmente útil para a introdução de estudantes nesta matéria.
1- identi cação do problema
2- estabelecimento da agenda
3- formulação das políticas 4- legislação
5- implementação
6- avaliação
Para os defensores deste modelo ele permite estudar como as decisões são tomadas e,
possivelmente como deveriam ser tomadas, mas não o conteúdo das próprias políticas.
151
Modelo Institucional
Nós vimos que existe uma ligação forte entre a atividade política e as instituições do estado.
Ora, as instituições apresentam padrões de comportamento muito estruturados e previsíveis. Isto
signi ca que podemos identi car instituições que podem ser facilitadoras ou obstrutoras de
determinados resultados políticos. Podemos antecipar a opção por dar vantagens a
determinados grupos de interesses em detrimento de outros.
Cuidado: Não é certo que uma alteração da estrutura organizativa da instituições dê origem a
uma alteração no posicionamento face a uma determinada política pública. Não esquecer que
tanto a estrutura como a própria política pública são determinadas por forças socioeconómicas e
que alterações estruturais não alteram as relações de força subjacentes.
Modelo de Grupo
Este modelo assume como pressuposto que a interação entre grupos é uma factor fundamental
na política. Falamos em particular de grupos de interesses.
Um grupo de interesse é um grupo que partilha uma determinada atitude e que reclama
determinados interesses sobre outro grupo. Torna-se político quando passa a fazer as suas
exigências através ou sobre o governo ou instituições. Geralmente estes grupos de interesse são
intermediários entre o indivíduo e as estruturas centrais.
Nesta ótica o sistema político passa a ter como tarefa a gestão de con itos entre grupos: 1-
estabelecendo as regras do jogo
2- potenciando compromissos e equilíbrios entre interesses
3- pondo em prática os compromissos na forma de políticas públicas
4- garantindo o cumprimento desses compromissos
A in uência dos grupos de interesses depende: número; força organizativa, liderança, acesso aos
decisores, coesão interna, etc.
Modelo de Elite
As políticas públicas também podem ser analisadas na óptica de perspectivas e valores de quem
governa.
fl
fi
fi
fi
fl
Assume que o povo (massa) é apática e pouco informada e que a elite consegue moldar a
opinião pública nas questões políticas. Neste modelo as políticas são top-down
1- A sociedade está divida entre uns poucos que têm o poder e muitos que não.
2- Esses poucos que decidem não se identi cam com as massas ( geralmente provêm de um
estrato socioeconómico e cultural mais alto)
3- O movimento de ascensão da não elite para elite ( ex: via educação) é lento e não revolucio-
nário. A não elite aceita o consenso básico partilhado pela elite.
4- A elite partilha o consenso em nome dos valores básicos de uma determinada sociedade ( ex:
liberdade de individual, propriedade privada, etc)
5- As mudanças na política são incrementalistas e não revolucionárias
6- A elite não é in uenciada pelas massas, mas antes as massas são in uenciadas pela elite.
Modelo Racional
Neste modelo o pressuposto central é o de que:
Uma política racional é aquela que garante a maximização dos ganhos sociais. Assim a escolha
das políticas públicas depende do balanço entre os ganhos e os custos.
Este modelo é muito utilizado como ferramenta analítica para avaliar decisões que envolvam des-
pesa, mas apresenta algumas limitações:
1- não há concordância nos benefícios societais
2- muitos benefícios em con ito não são comparáveis
3-incerteza quanto aos resultados
4- incapacidade de obtenção de toda a informação
5- os decisores têm interesses individuais e maximizam as suas próprias recompensa
Modelo Incrementalista
Incrementalismo – A política surge como o resultado das interações e mutuas adaptações entre
uma miríade de atores que defendem valores diferentes, representam interessses diferentes e
detêm diferentes níveis de informação.
Desenvolvido na década de 50 por Charles Lindblom. Este autor apercebeu-se dos limites da
análise racional na sua dimensão de decisão da maximização de valor. Considerava-a como um
ideal inalcançável pois trabalha sobre duas condições que não estão reunidas na esmagadora
maioria das questões: acordo quuanto aos objectivos e informação su ciente que permita uma
previsão apurada das consequências associadas às alternativas disponíveis.
De acordo com o 3.o princípio metodológico , o Estado, que recordo é uma entidade não
orgânica, não poderá em momento algum arrogar-se da prerrogativa de protetor dos agentes
individuais ou defensor de uma melhoria social que a todos interessa, embora ainda nem todos
se tenham apercebido de que essa melhoria de facto lhes interessa.
Isto traduz-se em políticas públicas que a cada momento a intervenção do Estado sobre o
mercado/ sociedade pondere os dois lados da balança e só avance se os custos da ação estatal
forem menores que os custos das externalidades (impactos não desejados que são criados sobre
terceiros) somados aos custos da ação coletiva (são custos impostos ao contribuinte sempre que
está em causa a intervenção do Estado. Ex: os custos de processos burocráticos, os custos de
agência ao nível de um país e representam uma percentagem signi cativa dos custos de
contexto da Economia) .
fi
fi