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No contexto desta notícia, importa destacar o facto de que esta decisão aprovada por parte do Ministério
da Administração Interna, apenas teve o seu fim, pois anteriormente tinha sido identificado um problema
público. Importa então perceber do que se trata um problema público.
Um problema público é a razão de ser de uma política pública e de qualquer intervenção governamental.
Um problema é considerado público quando um grupo considerável de pessoas ou a sociedade como um
todo, consideram que deve receber atenção por parte do governo ou instituições públicas, e os mesmos
passam a prestar atenção ao referido problema.
Estes problemas são caraterizados por terem um impacto significativo no bem-estar ou nos interesses da
comunidade em geral.
Problemas públicos podem variar em natureza e escala, compreendendo questões sociais, económicas,
ambientais, de saúde, educação, entre outras.
Um dos exemplos de um problema público, para além de pobreza, desigualdade social, acesso à saúde, é
o acesso à segurança pública. É precisamente neste ponto que se foca a notícia. O investimento por parte
no Estado nestas entidades, pode ajudar de várias maneiras a lidar com questões relacionadas com a
segurança pública.
O problema público associado a esta notícia está relacionado com a necessidade de investimento nas
Forças de Segurança em Portugal, nomeadamente na Guarda Nacional Republicana (GNR) e na polícia de
Segurança Pública (PSP). O problema central é a falta de infraestruturas, equipamento e condições de
trabalho adequadas para essas entidades, o que pode compreender a eficácia de seu desempenho no
cumprimento das suas funções.
Na nossa opinião, considerando a importância destas forças de segurança pública, este problema é
justificadamente colocado na esfera pública.
Juntamente com o conceito de problema público, importa também perceber o que é uma política pública,
pois são termos que se relacionam e interligam.
Política Pública
Uma política pública é uma solução de ação dada a um problema de natureza pública, pelas entidades
públicas/ governamentais. É tudo aquilo que as autoridades governamentais decidem ou não fazer. É o
resultado de intra e inter-relações de organizações públicas e destas em parceria com privados.
Deste modo uma política pública é um conjunto de decisões e ações que resultam de interações repetidas
entre os atores públicos e privados cujas condutas se veem influenciadas pelos recursos de que dispõem e
pelas regras institucionais gerais e específicas.
• Estudos Descritivos: têm como objetivo retratar uma situação ou fenómeno sem interferir com as
variáveis estudadas. Procuram perceber “o que é” e “como é” uma determinada ação.
Exemplo: “quanto dióxido de carbono pode ser lançado na atmosfera sem provocar uma catástrofe em
termos de aquecimento global do planeta?”; ou “uma pesquisa que analisa a distribuição demográfica de
uma população, descrevendo caraterísticas como idade, género ou localização geográfica”.
• Estudos Prescritivos: têm como objetivo propor soluções ou recomendações para melhorar ou otimizar
uma situação. Concentram-se em “o que deve ser” feito.
Exemplo: “quando é que um estado democrático deve intervir de modo a reduzir as emissões de dióxido
de carbono?” ou “um plano de ação para melhorar a eficiência de um processo empresarial com base na
análise de práticas anteriores”.
No contexto da notícia, achamos que poderá haver elementos dos dois tipos de estudos.
Os estudos descritivos podem incluir a análise das condições de trabalho, das necessidades de
equipamento e infraestruturas, entre outros.
Os estudos prescritivos podem envolver a identificação de soluções específicas para melhorar não só os
problemas relacionados acima, tal como, condições de força de segurança e tecnologias de informação e
comunicação.
Neste domínio, encontramo-nos no carecimento de perceber que tipo de decisões foram tomadas.
Há decisões privadas que podem ser tomadas coletivamente: “tirania da maioria” sobre o indivíduo
(proibição de fumar, por exemplo).
Há decisões públicas tomadas pelo indivíduo: a decisão de poluir o ar ou a água (externalidades
negativas). Em contraste, a educação constitui uma externalidade positiva.
No que concerne à tomada de decisão, é relevante verificar que há modelos que se adequam a umas
decisões e outras decisões a outros modelos.
Cada modelo oferece uma perspetiva única sobre o processo de tomada de decisão e é aplicável em
diferentes contextos e situações. A escolha do modelo pode depender na natureza da decisão, do ambiente
organizacional e das preferências dos que tomam as decisões.
A alternativa governamental apresentada neste caso é a decisão coletiva utilizando meios democráticos.
O governo, enquanto representante do interesse público, está a utilizar a estrutura democrática para tomar
decisões que afetam as Forças de Segurança. Decisões estas que envolvem distribuição de recursos,
aprovação de orçamentos e planeamento estratégico.
Convém, também, compreender no que se refere à análise de políticas públicas, considerando um ponto
importante para a aprovação do Ministério da Administração Interna, relativo a esta notícia.
O que é a análise de políticas públicas?
• Estudar como os governos tomam decisões e colocam essas soluções em prática para resolver problemas
públicos;
• Estudar a dinâmica do governo;
• É aconselhar a ação governamental na resolução de problemas públicos;
• Responder a perguntas: “porquê?”; “para quê?”; e “como?”;
• Uma ligação entre uma ação proposta e um resultado, quer ele seja um resultado previsto ou não.
Refere-se ao processo de avaliação das ações e decisões governamentais, no que diz respeito às políticas
que afetam a sociedade.
Além da análise de políticas públicas, podemos ter em mente outro género de análises:
• Análise das políticas alternativas (policy analysis): relaciona-se com a preocupação em identificar as
políticas mais adequadas perante determinada situação, tendo em conta os mais diversos valores sociais.
Refere-se à análise concreta e imparcial de opções políticas. Envolve a análise de problemas,
identificação de alternativas, previsão dos resultados e avaliação a posteriori desses resultados.
O objetivo é entender o problema específico, examinar as soluções e fornecer informação aos tomadores
de decisão para que possam tomar decisões informadas.
• Advocacia (ou conselho) da política em si (policy advocacy): envolve o esforço intencional para
influenciar a formulação, implementação ou modificação de políticas públicas. Os defensores de políticas
procuram promover interesses específicos, mudança de políticas ou adoção de novas, por parte dos
tomadores de decisão.
Enquanto a análise de políticas está centrada na compreensão das questões e opções políticas, a advocacia
de políticas está mais focada em promover ativamente uma determinada posição ou mudança de políticas.
Numa perspetiva de policy advocacy, uma sugestão adicional poderia ser a promoção de parcerias com o
setor privado para complementar os investimentos do governo.
Esta abordagem poderia envolver a colaboração com empresas locais para aquisição de equipamentos
específicos.
Existem diferentes abordagens e teorias sobre a formação de políticas públicas. São duas as teorias que
estão na base da formação desta política pública. A Teoria das Elites e a Teoria Institucional.
Em relação à Teoria das Elites, esta sugere que as decisões políticas são moldadas por um grupo restrito
de pessoas ou instituições que detêm poder e influência (classe que governa) e subjuga as massas (classe
que é governada) às suas decisões.
Na formação da política pública descrita na notícia, a teoria das elites pode ser observada na decisão em
Conselho de Ministros, “a decisão de aprovar o plano de 607 milhões de euros em investimentos nas
Forças e Serviços de Segurança foi tomada em Conselho de Ministros em 28 de julho”. Este mesmo
Conselho de Ministros é um órgão da elite política, onde os ministros, inseridos no governo, exercem
influência significativa na tomada de decisões de alto nível e também na aprovação e implementação
rápida das políticas públicas, “um mês após a aprovação do plano, o Ministério da Administração Interna
já lançou oito concursos de aquisição de equipamentos”.
Em relação à Teoria Institucional, esta defende que as políticas são resultado das instituições
governamentais e destaca a importância das regras formais e procedimentos na formação de políticas
públicas.
Na notícia, elementos da Teoria Institucional estão presentes na medida em que esta refere o lançamento
de concursos por parte do Ministério da Administração Interna, a aprovação em Conselho de Ministros e,
ainda, a publicação no Diário da Républica, todos eles processos formais e institucionais caraterísticos da
formação das políticas públicas.
As políticas públicas diferem umas das outras na medida em que tem naturezas e caraterísticas diferentes,
por isso, subdividimos e classificamos as políticas nas seguintes tipologias:
Podemos então afirmar que esta política pública se insere na vertente das Políticas de Distribuição da
Tipologia de Theodore Lowi.
Esta vertente particular refere-se a políticas públicas que envolvem a alocação de benefícios ou recursos
para grupos específicos na sociedade e insere-se no contexto da notícia, na medida em que existe
distribuição de recursos financeiros.
A notícia refere também a existência de concursos de aquisição de equipamentos específicos para a GNR
e para a PSP que se traduzem na distribuição de recursos materiais para melhorar as capacidades
operacionais e as condições de trabalho dessas forças.
Retiramos ainda do texto que nos foi apresentado, a realização de investimentos em diversos setores e de
uma forma contínua. Os investimentos abrangem uma variedade de setores, incluindo infraestruturas,
viaturas, armamento, tecnologias de informação, equipamentos de proteção individual, entre outros. Essa
diversidade destaca a natureza distributiva da política, beneficiando diferentes aspetos das Forças de
Segurança.
Tal como referido ainda há pouco, os investimentos são executados de uma forma contínua, entre 2017 e
2021, sendo ainda mencionados aqueles que estão planeados para decorrer até 2026. Isto prova também,
uma abordagem contínua de distribuição de recursos ao longo do tempo, consolidando a essência
distributiva da política.
Por último, notamos ainda que existe uma alusão à modernização e à atratividade naquilo que é a
contribuição desses mesmos investimentos. Esse acontecimento sugere uma distribuição de benefícios
não apenas para as operações, mas também para a qualidade de trabalho e a retenção/atratividade de
pessoal.
Tal como na formação das políticas públicas, existem diferentes formas e modelos de implementação de
uma política.
Dizemos que estamos na presença deste modelo quando observamos uma interceção entre as elites
políticas e administrativas.
Não só observamos um planeamento centralizado (neste caso por parte do Ministério da Administração
Interna) como a decisão é tomada pelo Conselho de Ministros, o que nos indica uma abordagem central
na formulação da política, caraterístico do Modelo Funcional.
Podemos ainda referir uma coordenação e cooperação interdepartamental dado que a notícia refere
investimentos em vários setores já referidos anteriormente. Daí retiramos a necessidade da cooperação
interdepartamental para abordar várias carências das Forças e Serviços de Segurança.
A avaliação de políticas públicas pode ser efetuada de diferentes maneiras e baseia-se em diversos
parâmetros. Desta forma, a categorização das políticas é feita com base nos objetivos e, acima de tudo,
nos efeitos destas.
Avaliação de Processo
Avaliação de Resultados
Avaliação de Impactos
Aproveitamos para referir também uma categorização da avaliação das políticas com base na origem
dessa mesma avaliação, ou seja, a avaliação é considerada interna se partir de dentro da organização e,
naturalmente, externa se tiver origem numa instituição externa à organização que formulou a política.
Na notícia há ainda lugar para um tipo de Avaliação das Políticas Públicas. Neste caso referimo-nos à
Avaliação de Resultados. Com base na referência prévia, podemos também afirmar que a Avaliação é
interna.
Dito isto, concluímos que há uma modernização e rejuvenescimento das Forças e Serviços de Segurança
e, consequentemente, um aumento da atratividade destas mesmas Forças.
Eficiência, igualdade e liberdade são princípios fundamentais que moldam as sociedades e guiam as
políticas públicas.
A igualdade representa a busca por equidade e justiça social. Envolve a distribuição justa de recursos,
oportunidades e benefícios, assegurando que todos os membros da sociedade tenham acesso a condições
similares para prosperar. A promoção da igualdade é um pilar essencial para construir sociedades justas e
inclusivas.
Por fim, a liberdade refere-se à autonomia individual e à proteção dos direitos fundamentais. Baseia-se a
capacidade dos indivíduos de tomarem decisões autónomas e de expressarem as suas opiniões,
respeitando os limites que garantem o bem-estar coletivo.
Em conjunto, esses princípios formam a base para o desenvolvimento de políticas que buscam um
equilíbrio harmonioso entre eficiência, igualdade e liberdade.
Na nossa opinião, a política pública apresentada na notícia contribui positivamente para o critério da
Eficiência.
Conclusão
Para concluir, a notícia sobre os substanciais investimentos nas Forças de Segurança em Portugal reflete
um grande compromisso com a eficiência operacional e a modernização, alinhando-se com princípios
fundamentais de uma sociedade equitativa e segura. A rápida implementação dos concursos de aquisição
de equipamentos evidencia uma abordagem eficaz na execução das políticas públicas e ainda a
distribuição diversificada de recursos, sinaliza a procura pela igualdade de oportunidades e condições de
trabalho melhoradas para os profissionais da segurança.
Em suma, a notícia reflete um esforço abrangente por parte das elites políticas para atingir um equilíbrio
entre eficiência, igualdade e liberdade, fundamentais para o fortalecimento das instituições de segurança e
a construção de uma sociedade mais resiliente.