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2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Criptomoedas - a moeda na era digital
As transações financeiras estão presentes historicamente no cotidiano das
relações sociais. Diante da utilização do escambo, as moedas surgem como uma forma
de facilitar a troca de bens entre os indivíduos. Ao longo de milhares de anos diversos
tipos de ligas metálicas, sendo um exemplo o ouro, foram utilizadas como moeda-
mercadoria. Com o passar do tempo os padrões monetários foram sendo alterados
conforme as necessidades, culminando nas moedas fiduciárias que utilizamos
atualmente.
O Bitcoin, também conhecido como ouro digital, tem uma demanda por
investidores visando comprar tal criptomoeda diante de um aspecto de investimento ou
até mesmo como uma reserva de valor da mesma forma que é comumente estabelecido
para o ouro. Tal mudança de hábito dos indivíduos além de gerar um grande impacto
socioeconômico, acabou gerando diversas dúvidas de ordem jurídica a respeito da
legalidade na utilização das criptomoedas no Brasil, tendo em vista o ordenamento
jurídico pátrio. Descreve Antonopoulos (2014) que a criptomoeda é dinheiro digital
descentralizado, baseado na tecnologia blockchain. Você pode estar familiarizado com
as versões mais populares, Bitcoin e Ethereum, mas existem mais de 5.000
criptomoedas diferentes em circulação.
O processo de globalização e a ascensão de diversas tecnologias disruptivas
alteraram de forma abrupta as interações entre indivíduos. Nesse contexto, as pessoas
começaram a prezar pela agilidade e facilidade. Conforme Ulrich (2014), em 2008,
culminando com a crise do Bitcoin foi criada e acabou revolucionando a forma de
realizar transações financeiras utilizando a tecnologia Blockchain, abrindo, assim, as
portas para a criação de diversas outras moedas do mesmo gênero.
O autor Luiz (2018), é um meio de troca digital, criptografado e
descentralizado. Ao contrário do dólar americano ou do euro, não existe uma autoridade
central que administre e mantenha o valor de uma criptomoeda. Em vez disso, essas
tarefas são amplamente distribuídas entre os usuários de uma criptomoeda através da
Internet.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Howey Test, baseado na decisão em comento e cujos parâmetros foram
delineados no artigo 2º, inciso IX da Lei 6.385/76, tem sido mundialmente utilizado
para a verificação se determinado produto seria ou não um ativo mobiliário.
Basicamente, será compreendido como contrato de investimento coletivo (ativo
mobiliário), se verificada a oferta pública, o caráter coletivo do produto e a expectativa
de benefício econômico por esforços de terceiros. Tal posição foi reforçada pelo Parecer
40 da Comissão de Valores Mobiliários em 11 de outubro de 2022 , exarado pouco
antes da sanção da lei 14.487/2022.
O Superior Tribunal de Justiça assim se manifestou no HC 530.563/2020 da 6ª
Turma (relatoria do ministro Sebastião Reis Júnior), onde, além de repetir o
entendimento no sentido de que a mera transação criminosa com criptoativos não possui
o condão de atrair a competência da Justiça Federal, afirmou que demais elementos
orbitantes da conduta devem contribuir para a definição da competência dos crimes
criptopatrimoniais, mormente o modo como procedida a captação dos recursos, a oferta
de investimento e a natureza destes.
Verifica-se que o Tribunal optou por decidir sobre a competência ora discutida
baseado no teste americano, já que deixou claro que apenas o produto em si (ativo
virtual) não é suficiente para indicar a natureza jurídica de ativo mobiliário.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Ação 8/2018, ENCCLA, Dispõe sobre: Aprofundar os estudos sobre a utilização de
moedas virtuais para fins de lavagem de dinheiro e eventualmente apresentar propostas
para regulamentação e/ou adequações legislativas. Disponível em:
https://www.justica.gov.br/news/1542723430.63 Acesso em 12 de janeiro de 2023.
BRASIL, Câmara dos Deputados. Projeto de Lei 4401, de 2021 (Nº Anterior: PL 2303/2015).
Dispõe sobre diretrizes a serem observadas na prestação de serviços de ativos virtuais e na
regulamentação das prestadoras de serviços de ativos virtuais; altera o Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/ Acesso em 16 de janeiro de 2023.
COSTA, Adriano Sousa. FONTES, Eduardo, WEND, Emerson. Zumas. Vytautas Fabiano
Silva. Cripto estelionato: os impactos legais da Lei nº 14.478/2022. Disponível em:
https://www.conjur.com.br/2023. Acesso em 23 de janeiro de 2023.
LUIZ, Edson. Do escambo à inclusão financeira. Rio de Janeiro: Linotipo Digital, 2018.
ULRICH, Fernando. Bitcoin: a moeda na era digital. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises,
2014.