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DELAÇÃO PREMIADA
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Adalberto José Aranha define este instituto como: “uma afirmativa feita por um
acusado, ao ser interrogado em juízo ou ouvido na polícia, e pela qual, além de confessar a
autoria de um fato criminoso, igualmente atribui a um terceiro a participação como seu comparsa;
Vilmar Pacheco Filho e Gilberto Thums dizem que há delação premiada quando “o
indiciado, espontaneamente, revelar a existência da organização criminosa da qual faz parte,
permitindo a prisão de um ou mais de um dos seus integrantes”.
A delação premiada pode ser encontrada no direito pátrio como causa de diminuição
de pena (Lei de Crimes Hediondos), ou ainda como causa de extinção de punibilidade, conforme
previsão expressa da Lei 9.613/98 (Lei que dispõe sobre os Crimes de "Lavagem" ou Ocultação de
Bens, Direitos e Valores) e Lei 9.807/99 (Lei que dispõe sobre programas especiais de proteção à
vítima e à testemunha), reconhecendo que o acusado merece o perdão judicial a partir da
efetividade de seu depoimento.
2. HISTÓRICO DO INSTITUTO
Títulos VI (6º) e CXVI (116), do Livro Quinto: previsão não só do mero perdão, mas
também de autêntico prêmio ao indivíduo que apontasse o culpado.
A aplicação do instituto no Brasil colonial deu-se à época da Inconfidência Mineira –
ocorrida entre 1788 e 1792. Como cediço, essa tentativa de revolução restou frustrada pelas delações
efetuadas por alguns de seus próprios integrantes, destacando-se entre estas a do Coronel Joaquim
Silvério dos Reis, que, mediante a promessa do perdão de sua vultosa dívida com a Fazenda Real,
entregou todos os planos de seus companheiros inconfidentes, culminando no fim do conflito e
na execução do alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, em 21 de
abril de 1792.
“A recompensa como prevenção geral: O Direito Premial” (Luiz Jimenez de Asúa- Espanha)- Séc.
XX
Asúa faz referências a Giacinto Dragonetti como sendo o pioneiro no direito premial
com seu "Das Virtudes e dos Prêmios", datado de 1836; cita também o inglês Bentham, que, por
mérito de seu trabalho intitulado "Teoria da pena e da recompensa" chega a ser considerado por
Jiménez de Asúa como o fundador do direito premial; e, por fim, menciona a contribuição de Raoul
de La Grassérie, o autor da monografia "Direito Premial e Direito Penal".
A Lei 8.072/90 previu duas hipóteses de delação premial, ambas como causa de
diminuição de pena. A primeira delas está contida no artigo 7º, que incluiu o § 4º no artigo 159 do
Código Penal, nos seguintes termos: “Se o crime é cometido por quadrilha ou bando, o co-autor que
denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a
dois terços”. Após, em 1996, a Lei n. 9.269 alterou esse parágrafo para sua redação atual: “Se o crime
é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do
seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços”.
3.2 Leis 7.492/86 e 8.137/90, alteradas pela Lei 9.080/95 (Lei que dispõe sobre Crimes contra o
Sistema Financeiro Nacional e contra a Ordem Tributária)
A Lei Federal n º 9.080/95, de 19 de julho de 1995, inseriu o prêmio a delação nas leis
7.492/86 e 8.137/90, que prevêem crimes cometidos contra o sistema financeiro nacional e contra a
ordem tributária, econômica ou as relações de consumo, respectivamente.
Segue abaixo transcrição da supracitada norma: “Nos crimes previstos nesta Lei,
cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea
revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a
dois terços”.
Ainda que já tivessem sido editadas normas semelhantes, a Lei 9.807/99 trouxe
verdadeiro avanço quanto à utilização do prêmio à delação. Isso, por duas razões principais: aplicar-
se a todos os crimes, sem as restrições de legislações anteriores em relação aos tipos penais; e
proporcionar proteção ao réu colaborador, conforme previu o art. 13 do mesmo diploma legal.
Dessa forma, para o delator receber o benefício, a sua colaboração deve ter sido
voluntária, ou seja, um ato livre e consciente do sujeito, sem qualquer espécie de coação física ou
moral. O valor da delação como meio de prova, é difícil de ser apurado com precisão.
Porém, é importante destacar que há atualmente várias normas dispondo sobre a
delação premiada, isto é, sobre a denúncia, que tem como objeto narrar às autoridades o
cometimento do delito e, quando existente, os coautores e seus partícipes, com ou sem resultado
concreto, conforme o caso, recebendo em troca do Estado, um benefício qualquer, consistente em
diminuição de pena ou, até mesmo em perdão judicial.
A Lei 12.805/2013, em seu art. 4º, prevê a possibilidade de delação premiada para
desarticulação de organização criminosa. A Lei especifica os casos no qual o benefício é cabível; os
objetivos que devem pautar a busca da informação, o benefício de abatimento de pena concedido e
quais os critérios para concedê-lo.
A faculdade concedida por lei ao magistrado, de reduzir em até 2/3 a pena restritiva
de liberdade do colaborador, ou substitui-la por pena privativa de direitos será aplicada, de acordo
com a personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a repercussão
social do fato criminoso e a eficácia da colaboração, conforme previsão do art. 4º, § 1º.