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Coordenação Editorial
Irma JacÍnfa Turolo Garcia Gestão da Informação
Assessoria Administrativa'
Irmã Teresa Ana Sofíatti em Ciência e Tecnologia
sob a ótica do cliente
Coordenação da Coleçâo Plural.
Luiz Eugênio Véscio
13 LISTA'DE GRÁFICOS
15 LISTA DE QUADROS
17 LíSTA DE FIGURAS
19 LISTA DE SIGLAS
23 INTRODUÇÃO '
CAPfTULO l •
CAPITULO 2
41 Informação com agregação de valor
CAPÍTULO 3
55 Gestão da Informação em C&T
CAPÍTULO'4 ,
117 Práticas em Serviços de Informação em C&T
'CAPÍTULO 5
O texto está dividido em capítulos, precedidos por uma Para não tirar do leitor a expectativa e o prazer de desven-
Introdução na qual são descritos os cenários da sociedade con- dar a riqueza do todo que se descortina nas próximas páginas e
temporânea e da ambiência da Informação em Ciência e para não b privar do acesso rápido às informações que, certa-
Tecnologia. mente, enriquecerão o seu sistema particular de conhecimentos
No capítulo l, são apresentados os conceitos essenciais e práticas de última geração, paramos por aqui.'
sobre a Informação e suas diferentes classificações, dimensões, Em síntese, está de parabéns o leitor, premiado com uma
objetivos e fontes. '• fonte de leitura que se sobressai pelo rigor científico na análise
O capítulo 2 refere-se à'agregação de valor à Informação e do assunto, pela atualidade do tema que aborda e pela lin-
às políticas institucionais, voltadas para a área de Informação em , guagem direta e expressiva em que está redigida.
Ciência e Tecnologia, no Brasil. Estão de parabéns as autoras, por terem conseguido
Novas condutas e paradigmas atuais para a Gestão da reunir tantas qualidades numa só obra.
Informação são abordados no capítulo 3, com destaque para Está de parabéns a Editora da USC ~ EDUSC - que agre-
conceitos e síntese das características e dimensões de um Serviço ga, ao seu rol de publicações, um estudo valoroso que revela
de Informação em C&T. São discutidos, também, ;as noções nível de qualidade consentâneo com uma editora universitária e
básicas de Marketing, sob a perspectiva de uma avaliação orien- que para isso seleciüna, rigorosamente, o que publica, em
tada para o mercado informacional, os princípios e dimensões respeito às exigências crescentes de qualidade requeridas pêlos
de gestão da qualidade e a gestão de pessoas e de competências, seus leitores. -
como uma visão inovadora na área de Ciência da Informação.
- Um estudo de caso, validado no CITEC/ÏPT/SP, é apre-
sentado no capítulo 4, como ilustração de práticas' em serviços
desse género. . • ,
Drn Ir. Jacinta Turolo Garcia
Finalmente, no capítulo 5/é apresentado um modelo Bauru, fevereiro de 2003.
conceituai para desenvolvimento de novas condutas em Gestão
de Serviços de Informação em C&T, com foco no clie.nte, ense-
jando reflexões que contribuem para a adoção de novas condu-
tas nas formas de gestão de ambientes informacionais envolvi-
dos diretamente com questões de desenvolvimento cientíïico e
tecnológico no Brasil.
Um dos muitos aspectos inovadores a destacar é a ótica
do cliente incorporada ao texto, o que caracteriza uma^abor-
dagem mais completa e diferenciada entre as disponíveis no
reduzido acervo de livros que discutem a Gestão da Informação
.em Ciência e Tecnologia.
10 11
LISTA DE .GRÁFICOS
GRÁFICO 2 ' .
124 Distribuição dos usuários do Serviço de Resposta Técnica
do CITEC/IPT por tipo de cliente
13
LISTA DE QUADROS
QUADRO I , -
40 Diagrama do contexto da informação nas organizações:
classificação, dimensões, objetivos e fontes
QUADRO II ' , :
45 A Organização da Informação em C&T no Brasil , •
QUADRO III
61 Síntese das características e dimensões de um Serviço de
Informação em C&T
QUADRO IV
63 A- gestão de serviços em dupla visão
QUADRO V • '
88 . Etapas das organizações nos séculos XX/XXI
. QUADRO V/I
91 Síntese comparativa de indicadores tradicionais e ino-
vadores'adotados na gestão de pessoas em ServíçQS de
Infomaçâo em C&T
15
Gestão da Informaçeo em Ciência e Tecnologia 'sob a ótica do cliente
QUADRO VII . . :
93 Princípios fundamentais das concepções sobre a natureza
humana
FIGURA.2 . '
FIGURA 3 . . ' .
16 17
JSTA.DE SIGLAS
n.
19
l»
Lista de siglas , ;
Gesfm da Informd^So em Ciência e Teawhgia sob n ótica da cliente
FIESP .Federação das Indústrias do Estado de São Paulo . PCT Programa de Competitividade Industrial'
PACTI. Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica SNICT Sistema Nacional de Informação em Ciência e
Industrial " Tecnologia i
20 21
TRODUÇÃO
23
Introdução
Gestão da Informação em Ciência e Teawhgia sob a õtica do cliente
A emergência de um novo paradigma tecnológico, prga- longo de seu processo de produção de bens ou serviços e pelo
nizado em torno de novas tecnologias da informação, mais fle- modo como essas atividades interagem (PORTER, 1989).
xíveis e poderosas, tem possibilitado que a própria informação, Os impactos das tecnologias de informação, no setor
desde que reconhecida, se torne produto e insumo do processo económico, se refletem no custo, na produtividade e na com-
produtivo. A produtividade e a competitividade das organiza- petitividade; no setor social, no emprego, no meio ambiente,
coes, regiões ou nações dependem de sua capacidade de gerar, na qualidade de vida; no setor político, nos mercados regio-
processar e aplicar de forma eficiente a informação, o que tem nais, na concorrência global, na eficiência técnica e na capaci-,
levado, nas duas últimas décadas, á uma nova economia funda- taçao tecnológica.
mentada em um modelo informadonal de desenvolvimento O acesso às informações, que dizem respeito à inovação'
que, provavelmente, caracterizará as futuras décadas (CAS- e à proteçao de marcas e patentes no mercado, constitui instru-
TËLLS, 1999). Observa-se quê a transformação tecnológica nos mento para a competitividade das organizações em mercados
sistemas de informação, consubstanciada na criação de softwa- regionais e globalizados e a geração de conhecim,ento e sua aplÍ-
rés, hardwares, Internet, web, redes de computadores e de teleco- caçao na produção e inovação de produtos/serviçqs2 estão díre-
municações, comércio eletrônico, etc., vem exercendo um im- tamentê relacionadas à disponibilidade de informaç0e's tecno-
pacto profundo sobre a concorrência e sobre a vantagem com- científicas em sistemas de informação.
petitiva das organizações. Em uma época de transição e incertezas, a informação
As técnicas de comunicação e de representação das men- precisa ser transformada em conhecimento explícito/ com a
sagens, tais como a oralídade, a escrita e a informática, são con-
sideradas por Levy (1993) como tecnologias intelectuais e se
apresentam como uma nova forma de gestão do conhecimento A inovação é considerada, nos sistemas da economia e da tecnologia, como
a. expressão das mudanças através de processos criativos de conhecimentos
na sociedade. Em decorrência, a informação torna-se um im-
conduzidos por ações d.eterminadas ou espontâneas de agentes internos e
portante elemento modíficador do processo de produção. externos ao sistema (BRESCIANI FILHO, 1999, p. l!5).
De fato, a informação^ considerada, cada vez mais, um De acordo com conceito da Norma ISO 8402, serviço é o resultado gerado
recurso estïatégico e de valor agregado para a percepção e absor- por atividades na interface fornecgdor e cliente, e por atividades internas do
fornecedor para atender às necessidades do cliente, e produto, o resultado
cão de novas tecnologias. A informação pode criar riqueza mais
de atividades ou processos, incluindo serviços, materiais e equipamentos,
rápido e de maneira mais económica que os ativos financeiros e materiais processados, informações, ou uma combinação destes
outros tradidonaknërite empregados nas, organizações (STE- (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1995).
:WART,1998). O conhecimento explícito pode ser expresso em palavras e números,'e
facilmente comunicado e compartilhado sob a forma de dados brutos, fór-
Como insumo decisório, a informação tem papel pre- mulas científicas, procedimentos codificados ou princípios universais
pondefante na cadeia de valores de uma organização, consti- (NONAKA;TAKEUCHU997,p.7). ' .
24 25
Introdução
Gestão da lnfonm(ã<} em Ciência e Tecnologw sob a ótica ao ciiente •
oferta de produtos/serviços de informação eficazes e fidedignos, de que a aquisição, organização, análise, síntese, armazenamen-
que serão tão ou mais valiosos quanto maior for a qualidade das to, recuperação e disseminação de informações ainda são inci-
informações por eles geradas e disseminadas. Para atender a es- pientes em seus empreendimentos.
. sãs exigências, os serviços de informação devem, responder com- Um dos principais obstáculos para o uso efetivo das infor-
qualidade ao mercado, isto é, devem apresentar informações de mações disponíveis, apontado por Davenport (1998), pode estar
.real significado e valor para seus clientes/usuários, apoiando-se relacionado ao fato de que os empresários, de modo geral, não
na otímização de recursos e ativos informacionais existentes e na possuem formação quanto ao tratamento da informação. Não
melhor disseminação da informação gerada e disponível. Esses sabem o que e por quanto tempo devem armazenar, se são eles
serviços concentram grande valor de mercado, uma vez que or- mesmos que devem fazê-Io ou ter um sistema centralizado que
capte tudo, não conseguindo, portanto, administrar essa hetero-
ganizam, sistematizam e apoiam a prática científica desenvolvida
geneídàde. A comunicação entre administradores de negócio e
pelo macro-sistema ao qual estão ligados, por meio de atividades
técnicos deve ser agilizada, pois os ambientes internos são pobres:
de coleta de dados e informações, tratamento, .recuperação e di-
fusão de conhecimentos, interna e externamente. ninguém sabe o que sabe ou o queprecisa saber (p. 16). Davènport
26 27
Gestão iia ïnformaçfio em Ciênriu e Teawlogw sob a ática do climte Introdução
quívada em computadores. A tecnologia da informação é apenas ca, por parte dos clientes do setor produtivo, contando com pro-
um dos componentes do ambiente infõrntacional e, freqüente- fissionais habilitados na oferta de respostas que subsidiem a to-
mente, não é meio adequado para operar mudanças. Para Daven- mada de decisão e, também, das facilidades tecnológicas dispo-
port (1998), quanto mais complexo o modelo de informação .me- níveis, evitando apresentar informações fragmentadas e de difí-
nor será sua utilidade. O volume e a variedade da informação, os cil compreensão.
múltiplos propósitos a que se destina e as rápidas transformações A crescente competição, nó mundo dos negócios, favore-
tecnológicas vencem até mesmo as mais rigorosas tentativas de ce o surgimento de .clientes cada vez mais conscientes de Seus dí-
planejamento, projeto ou controle. reitos a produtos e serviços com qualidade. Para'se adaptarem a
Em pesquisa realizada ^pela CNI-DAMPI (1996) aponta- essa nova realidade, os serviços de informação têm buscado
se que, em geral, as organizações contam com serviços de infor- apoio em inovações tecnológicas e gerenciaisj com a adoçâo de
maçao baseados em acervos internos, sem a adequada orienta- postura competitiva associada à pró-ativídade no atendimento
cão para acessar a informação desejada. Recorrer às fontes e/ou às demandas dós usuários, ou seja, à melhor oferta de produ-
produtos eletrôniços de informação (on-Iinë, CD-ROM, bancos tos/servíços, à facilidade de acesso à informação, à agregação de
e bases de dados) ainda não constitui uma cultura na maioria valor e customizaçao (TARAPANOFF et al., 2000).
das organizações brasileiras envolvidas com Ciência e Tecnolo- Segundo Aranha (2000), os profissionais de informação
gia (C&T) e são poucos os dados sobre o uso dessas fontes e/ou não devem ser meros organizadores e controladores do acesso às
produtos. Tais pesquisas são fundamentais para a proposição de estantes e sim atuarem como portais, mapeadores e auditores de
ações efetivas para mudança dessa situação. fontes, internas e externas, de informações de interesse do dien-
A inovação e o aperfeiçoamento dos processos produti- te/usuário. \
vos nas organizações dependem do acesso aos, diferentes am- Face a essas ponderações, esses profissionais, considerados
bíentes e fontes, entre os quais se incluem as redes e os serviços mediadores da comunicação, têm que utilizar instrumentos tais
de informação voltados ao atendimento dos setores de pesquisa como dicionários, tesauros (impressos e eletrônicos), bancos de
e produtivo. Para a otímizaçao da capacidade competitiva em dados terminológicos e outros, que facilitem a comunicação
mercados globalizados, em especial as micro, pequçnas e médias mono e multilíngüe. A terminologia deve constituir tema de pfeo-
empresa? (PME's),5 é necessário o apoio de serviços de informa- cupação, pois afeta todos os aspectos da comunicação da infor-
cão adequados a essas novas visões e exigências. mação no atendimento a um público diverso (SAGER, 1993), o
Os Serviços de Informação em C&T, de modo geral, têm que exige a adequada capacitação do profissional na utilização de
buscado incrementar a utilização da informação tecno-científí- modernas e eficazes ferramentas que agreguem valor à informa-
cão e novas abordagens de gerençiamento que facilitem a dissemi-
nação e a oferta de serviços customizados.6 v
28 29
Introdução
Gestão tia informarão em Ciência e reaiologia sob a ática (h cliente
Atuálmente, nota-se, nas áreas de Biblioteconomia e dê PrçÉeride-se que os subsídios a serem ofertados sejam
Ciência da Informação, uma tendência dos serviços, trádicional- apoiados em marcos teóricos, na descrição do processo de
mente voltados para a oferta de informação, em privilegiar o atendimento, na análise das percepções dos clientes acerca da
cliente. Os clientes passam a esperar, cada vez mais, eficácia e qualidade dos serviços prestados por Serviços de Informaçã-o
qualidade na gestão desses serviços (SUTTER, 1994). em C&T e na avaliação dos impactos e mudanças havidos, de-
Essa nova perspectiva tem suscitado muitas questões tais correntes da adoçâo de novas condutas gerenciais direciona-
como: quem demanda o serviço; como o usuário é atendido; das por uma .filosofia com o foco no cliente e na gestão por
processo de atendimento, dentre outras. Em resumo, a questão Essas dimensões se justificam pela.observação de que há,
principal envolve conhecer se a informação é fundamental para p. na literatura das áreas de Ciência da Informação e Admmistra-
estratégia competitiva, como os Serviços de Informação em Có^T cão, uma coíistante preocupação com ^ questão da gestão da in-
deverão ser gerenciados sob a óticü do mercaâo. formação voltar-se à inovação científica e tecnológica,, como
Se considerarmos que, tradicionalmente, os serviços de uma das formas de mudança e sobrevivência do status quo do
informação ainda atuam de certa forma distanGÍados da nova desenvolvimento científico e tecnológico do país.
realidade social, na qual há necessidade de se lançar mão de A adoção de novas estratégias administrativas implicará
novos princípios de gestão7,para atender mellior aos objetivos em mudanças significativas nas ações dos serviços de informa-
das organizações e melhorar continuamente a relação cliente cão, na eliminação de problemas e na responsabilidade partilha-
e fornecedor, é interessante contar com estudos e pesquisas da pelo cumprimento das metas organizacionais (BELLUZZO;
nessa direção. / MACEDO, 1993). A importância da adoção de novas condutas
Com ql apresentação desta obra, objetiva-se levar ao co-, na gestão dessas unidades informacioriais reside no fato de que
nhecimento da ambíêncía da informação em C&T e seu espec- tendem» em geral, a considerar o seu mercado como homogê-
tro, pára ofertar subsídios à melhor compreensão, planejamento neo e indistinto, ofertando produtos/serviços padronizados, não
e desenvolvimento do processo de. gestão de serviços de infor- considerando os'hábitos e nv>tívos quê levam o cliente a recor-
maçao destinados ao atendimento das-organizações que atuam rer a elas. :
em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em mercado produtivo. , Uma visão orientada para o cliente, em suas dimensões
interna e externa, é essencial pára conduzir uma organização à
excelência e deter.minação de açôes corretívas em seus proces-
fontes, sel.ecíonados e apresentados para o aproveitamento máximo dos sos/atividades gerenciais, o que exige a implantação de uma es-
conhecimentos disponíveis para a solução de problemas mais imediatos ou tratégía baseada nos princípios de qualidade e marketing de re-
importantes da. organização (NUNEZ PAULA; GONI CAMEJO, 1999).
lacionamento. Isso se traduz na disposição e possibilidade da or-
Tradução do espanhol (N. A.). ,
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Gestão da ïnformaçiw em Csêncw e Tecríotogia sob a ótica do clientf
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Gestão da Ififon^içõo em Ciência e Tecnoiogia sob a ática do cliente Informação em Ciência e Teawhgw (1CT)
questão é apontado por Jannuzzi (1999) como um problema.na de fatos distintos è objetivos, relativos a eventos que estão liga-
área áe Biblioteconomia e Ciência da Informação impedindo dos aos estímulos que as pessoas recebem; têm pouca relevância
sua compreensão,, Do mesmo modo, a literatura sobre a termi- ou propósito, descrevem apenas aquilo que aconteceu. A ínfor-
nolpgia empregada pelas organizações, nessa área, é escassa e de maçâo são dados organizados de modo significativo. Já, conhe-
difícil acesso. . cimento é..uma mistura fluída de experiência condensada - va-
De modo objetivo, Peter F. Drucker define informação lores, informação contextualizada e insight 'experimentado -.a
como dados dotados de relevância e propósito (apud DAVEN- qual proporciona uma estrutura para à avaliação e incorporação
PORT, 1998, p. 19). Ainda, encontramos em Barreto (1994) que de novas experiências e informações.
a informação é como o dado que gera conhecimento quando a As organizações necessitam de informações além daqúe-
ele se agrega'algum valor. ' . las tradicionalmente fornecidas pêlos sistemas de bibliotecas
De uma outra perspectiva,'Marchand (1997J afirma que o com fins educativos, de erudição ou de lazer. Tais informações
processo de agregação de valor à informação inclui: a sensibili- são aquelas que possuem valor comercial e que possibilitam ma-
dade, que envolve a identificação dos indicadores externos de ximizar os processos de produção ou viabilizar seu desenvolvi1
mudança mais adequados; a coleta, que é centrada nas formas de mento. Essas informações de natureza variada podem ser carac-
reunir informação relevante e potencialmente importante; a or- terizadas em diferentes tipos: científica, tecnológica, estratégica
gaiüzaçâo, que ajuda a estruturar a informação recolhida em e de negócios. L-
mekis e formatos carretos; o processamento» que trata da análi-
sé da informação com o uso de métodos e instrumentos apro- INFORMAÇÃO CIENTIFICA É O CONHECIMENTO' RESULTANTE DA PES-
priados; a comunicação, que se concentra em acumular e simpli- QUÍSA QUE SE ACRESCENTA AO ENTENDIMENTO UNF/ERSAL EXISTENTE.
ficar o acesso à informação para os usuários; e, finalmente, a uti-
lização, que implica na sua aplicação em ações e decisões. Por outro lado, ao buscar uma definição para a infornia-
Como produto, a informaçãü.é suscetível de interpreta- cão tecnológica, Aguiar (1991) relaciona-a ao conceito de tecno-
coes diversas. Assume papéis e formas de apresentação em fun- logia. Recorre, então, a definição de tecnologia proposta por Lon-
çâp do contexto em que é gerada, do interesse do receptor, do go .(1984), o conjunto ordenado de todos os conhecimentos - cïen-
seu grau de competência e domínio sobre o assunto e do uso a tíficos, empíricos ou intuitivos - empregados na produção e comer-
que se destina (RODRIGUES, 1994). - cialização de bens e serviços. Aguiar, por extensão, define Ínfor- .
mação tecnológica como todo tipo de conhecimento relacionado
com o modo de fazer um produto ou prestar um serviço, para colo-
Afinai o q'ue é informação? ' • • cá~lo no mercado (p: 11).
Para Davenport e Prusak (1998, p. l) da4o, informação e INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA É TODO TIPO DE CONHECIMENTO RE-
conhecimento não são sinónimos. Deve-se pensar a informaçaa LACIONADO COM O MODO DE FAZER UM PRODUTO OU PRESTAR UM
como dados que fazem a diferença. Os dados são um conjunto SERVIÇO, TENDO COMO OBJETIVO A SUA COLOCAÇÃO NO MERCADO.
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Gestão da Informarão emGénda e Tecfwbgia sob a ática do cliente Informação em Ciência e^TecnoSogw (JCT)
O autor enfatiza o aspecto funcional da informação tec~ do, das empresas fornecedoras de insumos, matérias-primas e
nológica apontando a diversidade de funções que ela pode exer- produtos concorrentes, das organizações concorrentes, em im-
çer: insumo para o desenvolvimento de pesquisa tecnológica; re- plantação ou em expansão e do seu ambiente operacional
gistro da propriedade industrial; contribuição ao desenvolvi- (MARCHAND, 1999).
mento tecnológico do setor produtivo; subsídio ao processo de As informações estratégicas são obtidas a partir de um
gestão tecnológica; acompanhamento e avaliação de tendências e monitòramento para a formulação de estratégias, realizado pé-
do impacto económico, social e ambiental da tecnologia. los tomadores de decisão nos diferentes níveis gerenciais de uma
Montalli e Campello (1997) identificãnr outras funções organização. Sua função observa-se na contribuição para o de~
da informação tecnológica ao d.efmi-la como aquela que trata senvplvimento de estratégias adequadas e capazes de criar valor
da informação gerada nos procedimentos de: aquisição, inova- e de serem vantajosas eiïi novos mercados e indústrias (MAR-
cão e transferência de tecnologia; metrologia; certificação de CHAND, 19,97).
qualidade; normalização e processos de produção. Essa infor- Um outro tipo utilizado pelas empresas é a informação
maçao serve de apoio à tornada de decisão estratégica no plane- ' para negócios entendida como aquela que subsidia o prócesso-de-
jamento de investimentos, no acompanhamento das principais dsório do gerendamento das empresas industriais, de prestação de
tendências tecnológicas, nos aspectos legais quanto à inovação serviços e comerciais, nos seguintes. aspectos: companhias, produ-
e à próteçao de uma invenção. Complementando, acrescenta-se tos, finanças, estatísticas, legislação e mercado (MONTALLI;
o apoio à tornada de decisão gerendal a saber: estruturação e CAMPELLO,1997,p.321).
administração de operações, avaliação de mercados fornecedo- Embora existam classificações distintas para os diferentes
rés, solução de problemas pontuais (como se faz e quem ofere- tipos de informação, há uma, superposição entre sua natureza e
ce determinado produto, serviço ou tecnologia; fornecedores è/ função, uma complementando a outra, ou ainda, uma como
preços de insümos, mate rias-primas e produtos concorrentes) consequência da outra. Muitas vezes, as informações necessárias
(AGUIAR, 1991). , à tornada de decisão pelas organizações são consideradas sigilo-
Essas informações instalam-se em corifeúdos de docu- sãs ou se apresentam com um alto custo para acesso, em função
mentos de patentes, contratos de transferência de tecnologia, de seu valor económico, podendo estar implícitas no-conheci-.
descrição de produtos e processos. Seus documentos-chavç são: mento tácito.
o relatório técnico, a carta patente, as normas técnica?, cafálógos Tanto a informação científica, tecnológica, estratégica
de equipamentos e especificações (BATTAGLIA, 1999). como aquelas para negócios, incluem ainda, outros tipos tais
Além das informações científicas e tecnológicas, as em- como: comercial, económico-financeira, regulamentar e Jurídi-
presas necessitam de outro tipo de informação, de origem in- ca, ambiental e de segurança, formando a base de conhecimen-
terna e externa, para conhecer, avaliar, decidir ou transformar to utilizada para a tornada de decisão nas organizações (BATTA-
seus, processos produtivos - a informação estratégica - que se GLIA, 1999).
refçre ao conhecimento das tendências do mercado, das con- Por outro lado, os diferentes tipos de informação men-
junturas económicas que afetam o comportamento do merca- danados apresentam-se em diversas dimensões, dependendo da
36 "37
Gestão da Infornwfm em Ciência e Tecnologia sob a ática do cliente Informação em Ciência e Tecnologia (ICT)
veiculação, formal ou informalmente, e conforme seu conteúdo exaustivo sôbVe as mesmas, apontando haver inúmeras bases sis-
e meios utilizados. Em função dos diferentes veículos de comu- tematizadas nesse sentido, como áreas prioritárias de atuação
nicação, adquirem formatos específicos para facilitar sua divul- ^ dos sendços de informação.
gaçâo e utilização. Essas fontes de informação apresentam-se em diversos
Desse modo, para acessar a base de conhecimento cien- suportes, do meio impresso ao digitalizado. Com o avanço das
tífico e técnico as organizações dependem de fornecedores, dis- tecnologias de informação, tem J-tavído esforços no sentido de
tnbuidores, clientes, órgãos governamentais e nao-governa-
aumentar a 'oferta de fontes em meio eletrônico.
mentais. Garcia (1980) indica as diferenças na .preferência As informações científicas, tecnológicas, estratégicas e
quanto aos canais de comunicação entre pesquisadores docen- para negócios passam, cada vez mais, a integrar-se às inovações
tes e administradores: ' , dos meios de comunicação, processos de organização e análise e,
, principalmente, de sistemas de recuperação e difusão.
...•os técnicos e administradores utilizam mais os canais infor-
Uma síntese do contexto da informação nas organiza-
mais[...] A atuação efícaz dos canais informais na geração de no- coes, relatado acima, é apresentada no Quadro I, procurando fa-
-- vás ideias pressupõe, porém, uma competência científica ou técni-
vorecer uma melhor compreensão sobre o processo de interação
.ca adquirida, em grande, parte através do contato com canais for-
entre a informação e a competitividade das organizações face às
mais durante seu treinamento e formação. [...] & desenvoÏvimento áreas de atuaçâo. .
de uma nova ideia até a produção de resultados irá depender de um
bom acesso aos canais formais (p.42). . .
38 39
Gestão da informação em Ciência e 'Tecnologia sob a ática do clíeníe
INFORMAÇÃO COM
QUANTO A NATUREZA FORMATO !' PESQUISA • bases e bancos de dados...
Fonte: DIAS, Maria Matilde Kronka. O gerendamento de unidades de informação A geração da informação e sua disseminação, prioritariá-
tecnológica sob enfoque de marketing e gestão da qualidade: do estudo das per- mente, constituem atividades do sistema de Pesquisa e Desen-,
cepções e reações do cliente ao. desenho de novas condutas. 2001. Tese (Douto- volvimento (P&D) de um país. O desenvolvimento desse siste-'
rado) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, ma depende de uma adequada infra-estrutura instalada em ins~
2001.
titutos, universidades e centros de pesquisa, como também das
40
41
Gesfâo da ïnformayw em Ciência e Tecmlagia sob a ática tio diente Informação com agregação de valor
maçâo para as organizações em ambientes de mudança. Para Nunez Paula e Gôííi Camejo (1999), as fontes infor-
mais têm grande relevância nos processos de inovação e'transfe-
42 43
Gestão 4a Informação em Ciência e Temoiogia. sob a ética da .cliente Informação conï agregdçm de valor
renda de tecnologia se forem consideradas pêlos tomadores de QUADRO II - A Organização da Informação em C&T no Brasil.
decisão somente como um recurso para economia de tempo e Décadas instrumentos Poiíticos Principais Ações
forem complementadas pelas informações contidas nós sistemas
50 e 60
formais. Á solução adotada pelas organizações mais estrutura- • dinamização • criação do Conselho • estímulo da industrialização com a -
das está sendo buscada na gestão do conhecimento, que se refe- - do processo Nacional de Pesquisa importação de tecnoiogia
re ao conjunto de ações coordenadas de busca, seleção, análise e
de desenvolvi- (CNPq) e do Instituto > capacitação de recursos humanos, no
mento tecno- Brasileiro de Bibliogra- exterior, para produção de C&T >
interpretação de informação sobre capacidades e avanços técni- lógico no país fia e Documentação > instalação de laboratórios e bibliotecas
cos, externos e internos, e sua divulgação às pessoas responsáveis e delineamen- (IB8D) > produção de informação em C&T cen-
to de uma po- •criação do Instituto irada nas universidades, institutos de
pelo processo de tornada de decisão.
lítica em C&T Nacional de Tecnologia pesquisa e empresas públicas de
.A implementação da gestão do conhecimento permite (ÍNT} pesquisa e desenvolvi mento
que os tomadores de decisão se antecipem sobre a situação dos > criação de sistemas nacionais e Enter-
mercados, a evolução da concorrência, detectem e avaliem nacionais de informação especializada
44 45
ïttih Gestão da Informação em Ciência e Tecnohgia 'sob a ófica do cliente Ínformiïção com agregação de valor
9Õ~
Esse espectro evolutivo trouxe consigo a criação e ins-
• modelo de desenvolvi- • l! PND (1990-1995) - cri- • reestrutyraçâo dos SEICTs
mento baseado na açâo de sistemas e/ou • produção e difusão de pro- talaçâo da Rede de Núcleos de Informação Tecnológica, em
, abertura do mercado redes responsáveis pelo dutos e serviços de infor- 1984, com o objetivp de atender às reais necessidades dos
• início do desenvolvj- Programa de mação; desenvotvimento e
mento da informação Disseminação da tecnologiaspelolBICT clientes, conforme indicado nas políticas de planejamento das
tecnológica no pais • Informação Tecnológica •criação do Balcão SEBRAE instituições sede, ofertando bases de dados internas e geração
com a Eristalação de •111 PND (1996-1999) com a oferta de banco de
áe projetos conjuntos. A Rede inclui seis Núcleos Regionais li-
Núcleos de • Programa Brasileiro de dados sobre mercado, tec-
Informação Qualidade e Produtividade nologia, crédito, legislação, gados aos institutos de pesquisas dos Estados de São Paulo,
Tecnológica ~ '^ (PBQP) 'meio ambiente, eventos no
Espírito Santo, Ï)aráná, Ceará, Rio de Janeiro e Minas Gerais,
• Programa de Apoio à Brasil e nó exterior, etc.
• instalação dos Núcleos de treze núcleos especializados nas áreas têxtil e de confecção in-
Capadtação Tecnológica
da Indústria (PACTO e o • Informação Tecnoiógica do .dustrial; mobiliário e madeira; construção civil; itiateriais;
sub-programa de PADCT
• criação da Rede de máquinas e equipamentos; design industrial; plástico; alimen-
Tecnologia industrial
Básica (TIB) -. . ' .Documentação do tos; processamento de peles; normas técnicas; patentes; auto-
•PPÀ (1996-1999)-Plano CNf/DAMPI
.matizaçãü industrial; metais, gemas e pedras. Além desses, a
. Pluri-Anual de Metas do • consolidação e expansão
dos centros, núcleos, Universidade Federal de Minas Gerais sedia o Núcleo de Cà-
Ministéricrde Ciência e
serviços e redes deJnfor-
Tecnologia pacitaçãp de Pessoal em Inforn^iação Tecnológica Empresarial
mação tecnológica
• criação da Rede ANTARES (VIEIRA, 1996).
(Rede Nacional de A instalação efetíva da Rede Nacional de Informação em
informação em C&T}
• estabelecimento de projetos
Ciência e Tecnologia teve como consequência a ampliação das
estratégicos para a capaci- possibilidades de satisfação dos usuários, com a promoção de
taçao em C&T
intercâmbio entre serviços de informação, centros de docu-
• difusão de redes corporati-
.vás. de informações intema- mentação e bibliotecas especializadas; a cooperação na forma-
cionais , ~ cão de bases de dados bibliográficos; a capacítaçâo dos recursos
• propagação de bibliotecas
universitárias virtuais conn a humanos; a aceitação de normas e padrões e a comutação entre
' implementação de progra- organizações; o fornecimento de informação para elaboração
mas interativos: WES of
de catálogos coletivos e outros produtos como controle e regÍs-
Sdence ofthe Institifte for
Stíentific Informatiw, tro das publicações periódicas editadas; catalogação na fonte;
Probe,RedeSciÈLO,S!B!net, intercâmbio de duplicatas; atualização e ampliação das listas de
Athena
cabeçalhos de assunto; produção ,de índices e bibliografias ria-
Fonte: DIAS, Maria Matilde Kronka. O gerenciamento de unidades de m/or-, cionais, catálogos de teses, diretórios, guias e tesauros. ,
moção tecnológica sob enfoque da gestão da qualidade: do estudo 4as per- Nos anos 90, o destaque é para os sistemas responsáveis
cepçoes e reações dos clientes ;ao desenho de novas con-dutas. 2001. Tese
pelo Programa de Disseminação da Informação Tecnológica: o
(Doutorado) - Escola de Comunicações eArtes, Universidade de São Paulo,'
São Paulo,2001. ; ' •.
balcão SEBRAE, rede informatizada de atendimento às micro e
46 47
Gestão da informação em Ciência é Tecnologia sob a ática 'do cliente Informação com agregação de valor
pequenas empresas, com bancos de dados sobre mercado, tecno- • de sistemas de informação tecnológica e, principalmente, com
lo,gia, crédito, legislação, meio ambiente, eventos no Brasil e ex- as mudanças nas formas de gestão da informação e no uso de
tenor e o Programa de Apoio à Capacitaçãó Tecnológica da In- tecnologias avançadas para organização e difusão das informa-
dústria (PACTI) (TARAPANOFF, 1992). ' coes disponíveis. . . .
Consolidaram-se e expandiram-se, nessa década de 90,os Embora esses avanços sejam dignos de nota, obserya-se á
centros, núcleos, serviços e redes de informação' tecnológica;' necessidade de uma organização mais adequada dos sistemas de
instalou-se uma Rede Nacional de Informação em Ciência e Tec- ICT, com vistas a melhorar o atendimento, aumentar o número
nologia, coordenada pelo IBICT, com a criação da Rede Antares. de usuários, reduzir investimentos com a formação de acervos e
Por outro lado, passou-se a observar o declínio de importantes aquisição de equipamentos, favorecer o registro da produção
centros de pesquisa no país e a explosão de redes corporativas de nacional de informação científica e tecnológica, facilitar a elabo-
informações internacionais com base nas novas tecnologias de ração de obras referenciais e a atuação política de defesa dos in~
informação e telecomunicações, bibliotecas universitárias vir- teresses nacionais no campo das atividades de informaçãtí.
tuais com a implementação de 'programas interativos tais como Ape'sar da crescente coriscientízaçâo a respeito da presta-
a Web ofScience of the Institute for Scientific Information, Progra- cão de serviços para a área dê Ciência e Tecnologia, existe um
ma da Biblioteca EletrônÍca (Probe), Scíentific EletronÍc Library significativo distanciamento entre esses serviços è usuários, pro-
Online (Rede SciELO), Rede do; Sistema Integrado de Bibliotecas vavelmente devido ao equívoco de disponibilizar os mesmos pa-
da Universidade de São Paulo (SIBInet), Rede da Universidade drões^de produtos e serviços elaborados para usuários da área
Estadual Paulista (Athena), entre outros. científica (PINHEIRO, 1991). ;
A iniciativa privada também tem gerado redes de infor- A política de ICT tem acompanhado o lento e irregular
mação destinadas ao atendimento da clientela empresarial com processo de desenvolvimento científico e tecnológico desde à
o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do Ser- época do Brasil-Çólônía, o que levou a uma concentração da in-
viço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Servi- fra-eçtrutura da comunicação científica e tecnológica nos Esta-
co Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SE- dos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e, mais recente-
BRAE), a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísti- mente, no Rio Grande do Sul, estados estes responsáveis por
ca (IBGE), a Fundação GetúlÍo Vargas (FGV), o Instituto Nacio- 78% da literatura tecno-científica. Esse quadro pode ser supera-
nal de Propriedade industrial (INPI) e a Federação das Indús- do por meio do estabelecimento de uma política de ICT que crie
trias do Estado de São Paulo (FIESP) (BORGES, 1995, p. 186); um sistema de circulação e produção dp conhecimento descen-
os Sistemas Estaduais de Informação Científica e Tecnológica tralizado, organizando um,novo'espaço para a produção em
(SEICTs), criados em 1984'e reestruturados em 1996, o Instítu- C&T (ARAÜJO, 1985; TARGINO; CARVALHO, 1998).
to Nacional de Tecnologia (INT), e o Instituto Nacional de Me- A partir de.1990» com a abertura de mercados brasilei"
trologia (INMETRO) (VIEIRA, 1999). ros, surgiu a preocupação com a eficiência técnica, a capacita-
Atualmente, o contexto da informação tecnológica no cão tecnológica, a economia internacional e o incentivo à con-
Brasil acha-se favorecido com a instalação, ainda que recente, çorrência. As disfunções, decorrentes da acentuada intervenção
48 49
Informação com agregação de valor
Gestão da ínformaçM, em Ciência e Teawlogia sob a ótica do cliente
•governamental na promoção da industrialização do país, exigi- órgãos governamentais e privados, estimulando a organização
ram alterações nos mecanismos de política industrial e no da ICT nacional em bases de dados, a criação de redes de servi-
maior comprometimento das empresas nacionais com a quali- s de informação e sua integração em redes de comunicação
dade e produtividade, diferentemente do passado, quando o se- eletrônicas, nacionais e internacionais, como também amplian-
tor produtivo atendia à demanda interna, à áuto-sufíciência, à do a oferta de serviços de informação de valor agregado.
produção, à nacionalização, com reserva de mercado (COE- Com a implantação e efetivaçao dos planos de desenvol-
LHO et al,1997). . , ' vimento estabelecidos o cenário foi modifícafdo. Por outro lado,
De 1993 e 1995, a evolução dos dados brasileiros revelou, observa-se que, a partir dos anos 50, passadas quase cinco déca-
de um lado, comportamento ainda tímido da indústria nacional das, o país ainda se ressente de uma maior interação-entre a ca-
em face das estatísticas dos países mais industrializados; de ou- pacitação científica e tecnológica e as reais demandas da socie-
tro lado, porém, em face da industrialização recente e dos anos dade e do setor empresarial. Permanecem os padrões insatisfa-
particularmente turbulentos vivenciados no país, os quais carac- tórios de desenvolvimento, o caráter periférico de nossa inserção
terizaram a década passada, tais evidências apontaram para a mundial, os desequilíbrios regionais e o agravamento dos níveis
resposta significativa das empresas brasileiras aos novos para- de desigualdade social e de distribuição de renda (BRANDÃO;
digmas da competição global, aos novos desafios decorrentes da MEDEIROS, 1998).
abertura económica do início dos anos 90 e aos recentes instru- Sinalizam-se para projetos de instalação das chamadas
mentos de política industrial e tecnológica implementados no Entidades Tecnológicas Setoriais (ETS's), em especial pela Se-
país, como o Programa de Competitividade Industrial (PCT) e cretaria de Desenvolvimento Tecnológico do Ministério da
Q Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica Industrial Ciência e Tecnologia. O conceito de Entidade Tecnológica Seto-
(PACTI) (SBRAGIA et al., 1998). ria! (ETS) refere-se à urna organização civil de fins nâo-lucrati-
As profundas mudanças ocorridas no carnpo das tecrio- vos que, em nome de um determinado setor da indústria, exer-
logias da informação favorecem.o acesso à informação afetan- ca a gestão de uma ou mais atívidades como a de P&D; presta-
do as relações econômico-sociais. O acompanhamento das ten- cão de serviços técnicos; metrologia, normalização è certificá-
dências mundiais e a definição de políticas governamçntaÍs fâ- cão; gestão da qualidade; treinamento ou organização de ban-
zem com que o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, a in- cos de informações tecnológicas. Essas ETS's são apontadas
formação e a inteligência de suporte ao mesmo, tenham melho- como as mais apropriadas para, setorialmente, desempenharem
rés condições de apoiar as diversas organizações públicas e as o papel de catalisadoras, disseminadoras ou mesmo gerencia-
empresas privadas na competição global, pois é universalmente doras da produção do conhecimento indispensável para o salto
aceito que os conhecÍjfientos científicos e tecnológicos formam o cm direção à competitividade. '
substrato para a inovação, e o desenvolvimento da indústria A partir desse panorama, é necessária a compreensão sobre
(VIEIRA, 1999). v , ' . . a oferta e demanda das organizações ao sistema formalde ICT. •
Obserya-se uma crescente preocupação com a definição,
de díretrizes, estratégias e programas conjuntos por parte dos
50 51
Gestão tia Snfonníição em Ciência'e Teawhgia sob a ática do cliente In formação com agregação de valor-
Oferta e demanda para 'Serviços de Pesquisas são fundamentais para a proposição de ações
A procura de serviços de informação é decorrente da cul" Pode-se dizer que, aparentemente, o Brasil não explora
tura da informação das empresas que, segundo Marchand toda a potencialidade dos recursos de informação provenientes
(1999), é definida como um conjunto de valores, atitudes e com- dos países desenvolvidos, o que certamente reflete negativamen-
portamentos que influenciam a forma como a pessoa avalia, te nos padrões de inovação* tecnológica nacional e na competití-
apreende, recolhe, organiza, processa, comunica e utiliza a infor- vidade das organizações no mercado produtivo, talvez pelo fato
maçao. Para o autor, embora as tecnologias de informação faci- de existir uma cultura centrada rio hábito de não pagar pela in-
litem a criação de redes e a partilha da informação entre admi- formação. Alvim (1998) deixa isso, claro no trecho de seu artigo
nistradores e empregados, é importante analisar a forma como em que se reporta ao custo da informação como um dos maio-
as pessoas utilizam essa informação, pois o fato de instalar esta- rés obstáculos no seu uso pelo setor produtivo, no Brasil: ospou-
coes de trabalho, redes e recursos de multimídia à disposição âe cos usuários que sempre tiveram acesso à informação'organizada e-
administradores e empregados não aumenta automaticamente o tratada geralmente por estruturas vinculadas a eiitidades de âmbi-
uso inteligente da informação em uma organização. to.governamental criaram a cultura do acesso e do uso gratuito da
informação (p. 28). . . '
APESAR DO BRASIL APRESENTAR UM CENÁRIO PROMISSOR COM RELA- Acredita-se que a maximização da utilização dos recursos
CÃO Ã OFERTA DE SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO, EM DECORRÊNCIA DAS, de informação disponíveis será, possível a partir de estudos de:
AÇOES DESENVOLVIDAS PARA- DOTAR O PAÍS DE UM SISTEMA NACIONAL determinação das necessidades e comportamento dos usuários,
DE ICT) A DEMANDA PARA ESSES SERVIÇOS NÃO É SIGNIFICATrVA. RES-
custo-benefício dós serviços de ICT e representação da informa-
SALTE-SE QUE TÃO SOMENTE A DISPONIBILTZAÇÃO DA INFORMAÇÃO.
cão, métodos automáticos de tratamento âa informação, aplica-
NÃO É SUFICIENTE PARA SE CRIAR DEMANDAS. • ....
cão de tecnologias de computação e telecomunicações em ICT e
desenvolvimento de linguagens adequadas, entre outros.
Embora haja a percepção de que a informação ocupa pa-
Nesse cenário, as perspectivas para gerenciar serviços de
peï fundamental na produtividade e competitividade das em-
informação que de fato contribuam para a inovação _científíca e
presas e de algumas áreas do conhecimento terem atingido ni-
tecnológica e a competitividade empresarial no Brasil, depen-
veis razoáveis em termos de acervo e serviços de informação,
dem da implantação das -linhas de açâo estabelecidas pêlos ór-
existem inúmeras barreiras, ainda não caracterizadas, para o uso
gãos competentes no que se refere à melhoria da oferta e uso da
adequado da informação disponível nos sistemas formais, que
ICT no país. Essas linhas de ação contemplam a recuperaçãp, a
ainda não é considerada como insumo para as ativÍdades tecno-
sisteinatízação e a efetiva disseminação da ICT, possibilitando a
lógicas pelas organizações (CNI-DAMPI, 1996).
melhor compreensão de suas questões conceituais e terminoló-
O conhecimento sobïe o uso de fontes e/ou produtos de
informação eletrônicos tais como: serviços' on-line, CD-ROM, gicas e o aprimoramento dos serviços e produtos de informação
bancos e bases de dados pelas empresas, ainda é bastante restrito. tecnológica existentes.
52 53
Gestão da infffrmnção em Ciência e Teawlogia sob a óticü do cliente
GESTÃO DA 1AÇAO
EM' G&T
estudos e pesquisas , •
Inúmeras são as oportunidades e ameaças que se apresentam
em decorrência dos diferentes enfoques de gestão para os Serviços
de Informação em C&T, destacandó-se a ênfase para o talento das
pessoas e a sinergia no trabalho em equipe/rede.
54 55
Gestão da informação em CÓ-T
Gestão da Informação an Ciência e Tecnologia soh a ótica do cliente'
Nos recentes debates a respeito de questões de qualidade, chamadas de serviços. O que caracteriza o serviço ea simulta-
produtividade e competitividade, o tema cultura organizacional: neidade entre o consumo e a produção (TEBOUL, 1999). Entre
tem aparecido com frequência e todos concordam em que a Ín- os serviços, incluem-se os de informação e seu gerenciamento.
troduçãò desses programas altera a cultura da empresa, mas por Uma outfa tendência na definição do setor de serviços
que, como e quando isso ocorre poucos se detém a questionar. afirma que a distinção entre a indústria e esse setor é pouco per-
As mudanças no -gerenciamento de uma organização, nas políti- tinente, uma vez que os serviços não prosperam na ausência dó ,
cãs mercadológicas, financeiras, de recursos humanos ou nas setor industrial. O produto, nessa perspectiva, pode, então, ser
formas de organização do trabalho podem provocar mudanças considerado a materialização do serviço.-
nos padrões culturais, Hirata (1991) apud Fleury (1993) afirma Há urna gama de outras definições do setor de serviços
que a questão da qualidade passa pela valorização ou visualiza- sugeridas por diferentes autores, das quais se apresentam aque-
cão da satisfação do cliente. Isso, por si só, requer que o trabalha- las que são consideradas mais representativas para a compreen-
dor esteja mais integrado e participativo .na deftnição e realização são e nivelamento conceituai deste estudo. ^
do que é produzir com qualidade. As técnicas, os programas para se Grõnroos (1995) define serviços, com base em Lehtinen,
alcançar a qualidade e produtividade são bastante variados,, po- Kotler, Bloojn e Gumihesson, como:
Sob tal pp-spectivá, acredita-se que a introdução de uma acontece durante as interaçoes entre cliente e empregados de servï-
nova abordagem de teor administrativo na gestão de Serviços de co e/ou recursos físicos ou bens e/ou sistemas do fornecedor de ser- <
Informação em €&T, que privilegie o diente/usuário, pode pro- viços ~ que e fornecida como solução ao(s) problema(s) do(s)
vacar mudanças significativas nos padrões culturais do clima cliente(s) (p. 36). . . ,,
56 57
Gestão da ínfwwaçao em Ciência e Tecnologia sob a ática fio cliente Gesfão da ínformaçiw em CdfT
Os customizados caracterizam-se pelo seu ajuste às necessidades A simultaneidade da produção, distribuição e consumá-
do cliente, dependem muito do desempenho e da experiência cão do serviço exige que o mesmo seja bem executado e apresen-
profissional do prestador do serviço e sua prestação é única para tado desde a primeira vez, de modo rápido e eficaz, consideran-
cada cliente. do-se, ainda, que uma das características apontadas para os ser-
Os serviços têm alto grau de incerteza e vulnerabilidade. viços é que o cliente não é apenas um receptor, mas um partici-
As instalações, as pülítícas, os recursos e os processos/ativida- pante, mesmo que em parte, de sua produção.
dês podem ser .utilizados para mostrar ao cliente que ó presta- Para que o cliente demande o serviço com confiança, há
dor de serviço procura atender às suas necessidades (ÁL- necessidade de sua produção ser transparente e flexível (GRON-
BRECHT, 1992).; ROOS, 1995). A transparência no processo de produção do ?er-
No que diz respeito a um serviço de informação propria- viço, apesar. de constrangedora para o prestador, mantém o
•mente dito, destaca-se â definição de Lapeyre (Í998): é uma ati- cliente informado sobre os detalhes da prestação e o comprome-
vidade de resposta às necessidades de informação dos clientes e re- te a entregar o serviço com a qualidade desejada. Desse modo,
presenta um valor económico,'mesmo que não corresponda à pró- procura-se reduzir a distânda entre as expectativas do cliente e.
dução de um bem material9 o serviço recebido (^APEYRE, J99S).
Face à disponibilidade de inúmeros canais de comunica- A complexidade da produção do serviço, a relação face a
cão, os clienteç/usuários dos serviços de informação passam a /face com o cliente e a necessidade de atendimento personaliza-
esperar, cada vez mais, qualidade, eficiência e'eficácia dos mes- do requerem que uma unidade de informação conte com equi-
mos, pois necessitam contar com conhecimeritos que permitam pés que tenham habilidades e competências, desenvolvidas por
encontrar respostas adequadas às novas situações que se apre- meio de programas de formação e capacítação que enfatizem:
sentam (SUTTER, 1994). " .. ' cultura geral e eonhecimentos específicos dá área de atuaçao.
O atendimento oferecido por um Serviço de Informação A estrutura de um Serviço de Informação em C&T, a
em C &T pode ser ciassificado, portanto, como um serviço cus- exemplo do que menciona Albrecht (1992), é composta pelo
tomizado, pois é único para cada cliente, exigindo um estreito front-office, ou seja, a linha de frente na qual o cliente recebe a
relacionamento entre o prestador-do serviço e o cliente. prestação do serviço, e pelo 'back-ojfice, no qual Q mesmo é rea-
lizado; Cabe à liderança estabelecer a proximidade entre ambos.
A PRÓPRIA PERGUNTA DO CLIENTE É PARTE SIGNIFICATIVA DA'PRODU-
Os resultados da prestação de serviços de informação em
ÇÃQ DA INFORMAÇÃO, DADO QUE É ELA QUE ESÏABELEC.E OS OBJETIVOS C&T são variáveis e dependem da competência e qualificação do
DESSA PRODUÇÃO, À SEMELHANÇA DE UM PROBLEMA DE PESQUISA QUE
prestador do serviço. Na avaliação do serviço, a subjetividade, na
DEFINE O PROCESSO DE INVESTIGAÇÃO.
forma de percepção e satisfação das pessoas, prepondera sobre
as características objetivas do próduto/semço recebido, haven"
do a necessidade de atenção permanente sobre os detalhes de
9 . Tradução do francês, como também das demais citações de excertos desse cada etapa envolvida.
• Íívro utilizado neste texto (N. A.).
58 59
Gestão cia informação em Ciência e Tecnologia sob d ótíca do cliente' Gestão da InfornHiçuo em Cé"T
Fl!
Para a melhor compreensão dos Serviços de Informação QUADRO III - Síntese das características e dimensões de um
em C&T é importante refletir sobre as suas caractçrísticas e di-, Serviço de Informação em C&T. ,
mensões para, em seguida, tecer considerações a respeito da sua Características Dimensões da . Processos/Atividades do Competências ~.
gestão sob enfoque do marketing e da qualidade. Uma síntese - de um Qualidade Atendimento Humanas
produto/Serviço J
das principais dimensões e as características mais importantes
Recepção' Performance
que representam esses serviços é apresentada no Quadro III, •TniangÍBilicisde QUALIDADE • ambiente físico • analisar e expressar a demanda em
como um recurso estratégico para desenvolver competência'es- * impossibilidade TÉCNiCA • atitudes e apresen- linguagem adequada e precisa
de armazena- (atributos do produto) íaçâo pessoal • identificaf fontes adequadas, digitais
pecífica a fím de organizar e utilizar a informação com a neces- • procedimento de
mento (peredbi- e eletrônicas, para coleta de dados e
sária agregação de valor à tornada de decisão. lidade) • • custo atendimento: rapidez informações úteis
• inseparabilidade • prazo, no acesso e forned- • localizar, examinar e selecionar fontes
(simultaneidade • confíábílidade mento de infor- •interpretar, analisar, siniieíizar e
áa produção, maçoes avaiiar a informação coletada (com-
•distribuição e • confiabiiidade .pulsação, tratamento e análise da
consumo) . QUALIDADE • personaiizaçao informação para transformar em
• variabiiidade . FUNCtONAL • comunicação produti- inteligência)
(menor (atributos do va (entendimento das • apresentar e comunicar o resultado
padronização e relacionamento) necessidades e expec- da pesquisa nos prazos estabelecidos
uniforme) tativas dos clientes) • avaliar os resultados dos.
• relacionamento • relação com o • adequação da lin- processos/aíividades
estreito entre cliente guagem natural à lin- • interesse em conhecer coisas
fornecedor e .. • desempenho guagem do sistema novas/aprendizado contínuo
cliente humano , • acessibjlidade/boa vontade/postura
* complexidade de NEGOCIAÇÃO. E ELABORAÇÃO pró-ativa e flexibilidade
produção DA RESPOSTA • determinação para o trabaEho em
• prazo e nível às equipe e em rede
resposta • reação/atitude positiva para escutar e
l • fontes de informação responder perguntas
adequadas à área de • capacidade de transformar conheci-
interesse mento em resultados práticos/pensa-
• competência mento "lógico
• experiência • conhecimento de técnicas d&pesquisa
• segurança • para buscd, recompilação, organiza-
cão e recuperação da informação com
. EtffREGA 00 . uso de novas tecnologias da infor-
PRODUTO/SERVÍÇO maçao e comunicação
• acompanhsmento' • agregação de valor à informação
pós-entrega
•avaliação do resultado
apresentado
•implementação de
melhoria contínua dos
produtos/sen/iços
• controle e garantia da
qualidade ,
l ,
60 61
Gestão cia- Infmmayw em Có-T
Gestão da Jnformaçao em Ciência e Teaiahgin sob a ói-ica do dtente
A gestão das organizações formais tende a operar com sua razão de ser na organização. Envolve muito mais do que um
processo final de escolha, caracterizando" se como,um complexo
processos integrados e flexíveis, que acrescentam agilidade, efi-
ciência e qualidade às funções tradicionais que têm como carac- processo de reflexão, investigação e análise (MORESI, 2000).
terísticas alto nível de formalização e departamentalização, có-
SERVIÇOS EXCELENTES SÃO CONSTRUÍDOS MEDIANTE A AD.OÇÂO DE ES-
municação vertical, especialização elevada, unidade de coman-
TRATÉGIAS COMPETniVAS COM A ATENÇÃO VOLTADA ÀQUELES QUE SER-
do, dentre outras. Quando orientadas para o mercado, essas or-
VEM E SÃO SERVIDOS (ALBRBCHT, 1997). - . .
ganizações oferecem produtos e serviços inovadores, o quç tem
favorecido o surgimento de outras formas de gestão, com o ob-
Sob esse enfoque, as ações administrativas buscam alcan-
jetívo de assegurar o sucesso de um empreendimento coletivo
çar resultados de valor para seus clientes.
, (VASCONCELLOS; HEMSLEY, 1997).
Uma comparação entre a visão tradicional e uma nova vi-
Essa nova visão de formas e condutas de gestão tem revo-
são para gerencÍar serviços é apresentada por Brocka e Brocka
lucionado as organizações de natureza hierárquica e autoritária
(1994, p. 5 e 6). O Quadro IV descreve essa comparação, com
ao integrar, no ambiente da organização, colaboradores, forne-
adaptação das autoras.
cedores e usuários. Tal integração e interaçâo dçrivam da con-
cepção de qualidade definida enquanto satisfação do clien- QUADRO IV ^ A gestão de serviços em dupla visão.
te/usuário, o que requer a participação deste na defmição e ela- Visão Tradicional Nova Visão
boração do produto/serviço. A pergunta ou problema do clien-
A produtividade e a qualidade possuem O ganho de produtividade é alcançado
te é o fato desencadeado!' do processo de produção. objetivos conflitantes. por meio da melhoria da qualidade.
O processo de gestão da qualidade ,adota dois princípios: é A qualidade é definida como conformí- A qualidade é definida para satisfazer às
uma capacidade inerente das pessoas e é um processo controlável dade às especificações e aos padrões, necessidades dos clientes.
e não acidental. E uma filosofia que tem por finalidade melhorar A qualidade é medida pelo grau de nâo- A quaiidade é medida pela contínua me-
continuamente a produtividade em cada nível de operação e em cada conformidade. Ihoria nos processos e produtos e pela
satisfação dos clientes.
área funcional de uma organização, utilizando todos os recursos fi-
nanceiros e humanos disponíveis (BROCKA; BROCKA, 1994, p. 3). A qualidade é alcançada por meio de uma A qualidade é determinada pelo pianeja-
intensiva inspeção dos^produtos. mento do produío.e é alcançada pelo cqn-
Mediante a tendência atual em administração, é impor- trole efetivo de técnicas.
tante acompanhar o cliente antes, durante e após o término da
Alguns defeitos são permitidos quando o Os defeitos são prevenidos por meio de
prestação de serviços, com o objetívo de avaliar sua satisfação e produto se encontra dentro dos padrões técnicas de controle do processo.
saber do uso ou aproveitamento dado ao serviço prestado. mínimos de qualidade.
A adoçâo de novas condutas em gestão pode favorecer a A qualidade é uma função separada e A qualidade é uma parte de cada função
criatividade dos processos/atividades e a melhor distribuição do enfocada no processo de produção. em todas as fases do ciclo de vida do
produto,
poder, reduzindo os controles burocráticos e agiïizando a tornada
Os trabalhadores mascaram a ausência Q gestor é responsável pela qualidade.
de decisão. As questões que envolvem a tornada de decisão são ati-
de qualidade nos produtos.
vidades máximas de qualquer liderança, independentemente de As relações com os fornecedores não são O relacionamento com os fornecedores é a
sua posição na organização. É o momento no qual esse líder deve integradas e relacionam-se diretamente longo prazo e é orientado pela qualidade.
demonstrar toda a sua capacidade de conduzir os colaboradores e com os custos. . '
62 63
Gestão da Informação em Gêncw e Tecnologia sob a ática da cliente Gestão da informação em C^T
Pode-se perceber, posto, que essa nova visão apresenta prusak (1994), esse é um campo de interesse recente, não existin-
três características básicas: é centrada no cliente; determina no- do literatura clássica a exemplo do que ocorre com outros temas
vás formas de definir,, medir e garantir a qualidade; e o fato de já consagrados na área de administração.
ser centrada no cliente impõe, conseqüentemente, á perspectiva
de mercado. GESTÃO DA INFORMAÇÃO É O CONJUNTO DE CONCEÍTOS, PRINCÍPIOS,
MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS NA PRÁTICA ADMINISTRATP/A COÜ3-
0\DOS EM EXECUÇÃO PELA LIDERANÇA DE UM SERVIÇO DE INFORMA-
CÃO EM C&T PARA ATINGIR A MISSÃO E OS OBJETIVOS FIXADOS.
Foco da demanda © do comportamento..
do ciiente • • [ '' .
A gestão de um Serviço de Informação em C&T deve estar
O deslocamento da percepção de processos/atividades orientada para p macroambíente com a clara definição dps resul-',
para o foco da demanda e do comportamento do cliente, ten- tados que se pretende alcançar, ofertando produtos e serviços ino-
dência de administração, se reproduz também no gerenciamen- vadores e de qualidade, em fijnçâo da demanda. Compreende o
to de recursos informacionais. Nos novos modelos orgànizacio- estabelecimento das condições de trabalho, a organização do tra-
nais, as pessoas participam das decisões da organização, aten- balho, a natureza das relações hierárquicas, o tipo de estrutura or-
tam-se às necessidades do cliente, bem como à melhoria contí- ganizaciohal, os sistemas de avaliação e controle dos resultados, as
nua dos processos/atividades e à intensificação do fluxo de.in- políticas em matéria de gestão de pessoas e os objetivos, os valo-
formações. A gestão dos Serviços de Informação em C&T é o rés e a filosofia de gestão que o inspiram (CJ-IANLAT, 1996).
ponto de-partída para o planejamento e implantação de ativida- Os pontos essenciais para as políticas de gestão da infor-
dês operacionais, levantamento de necessidades de informação, mação são a importância âa qualidade, a produção com criativi-
obtenção e definição das fontes de informação a serem consul- dade e a satisfação do cliente. Isso envolve átividades de monito-
tadas (BORGES, 1995). ramento e implementação dos princípios da qualidade no aten-
É interessante ressaltar que existem aqui controvérsias ter- dimento às necessidades âe clientela específica e orienta os pro-
minológicas e conceituais que necessitam melhor elucidação. As- cessos/atividades sob a ótica de princípios e técnicas de marke-
sim, algumas pessoas utilizam a expressão gestão dos recursos ting e qualidade, constituindo-se em um método qualitativo para
informacionais" para se referir à gestão dos recursos usados na estudo da percepção e comportamento de clientes internos
distribuição da informação, sem considerar o seu valor agregado. (equipes que atuam profissionalmente na organização ë que pre-
^ Outros, aplicam o conceito em sua, acepção ampla, incluindo a cisam interagir com a comunidade com efetividade) e clientes
organização e controle de todo o ambiente de informação: tecno- externos (comunidade representada por pessoas que interagem
logia, informação propriamente dita e recursos humanos envol- com os recursos existentes na organização motivadas por necës-
vidos nas diferentes fases do processo: geração, coleta, organiza- sidades, interesses, desejos e expectativas) (BELLUZZO, 1995).
cão, armazenamento; processamento, disseminação, recuperação
Uma organização criativa, orientada para o cliente, com es-
è uso.(CIANCONI, 1999). Entretanto, de acordo com McGee e
trutura descentralizada e voltada para o funcionamento em rede,
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Gestão da Infonnaçao em Ciência e Tecnologia sob a ética lia cliente Gestão da. Informação em Cé'T
viabüiza o diálogo interativo com o cliente e a, adequação de seus e ativos informadonais existentes e à melhor disseminação da
produtos/serviços a demandas específicas (PEPPERS; ROGERS/ informação gerada e disponível.
1997). Um Serviço de Informação em C&T deve oferecer as con- Por negócio entendë-se a disseminação de informações
dições e colocar à disposição respostas pertinentes à solução efi- precisas e a prestação da carreta assistência às empresas para que
caz de problemas, õ que se concretiza na oferta de informação iniciem (tçmada de decisão), mantenham e concluam (execução
qualitativa ç quantitativa que contenha alto valor agregado. da ação) as necessárias mudanças tecnológicas, comerciais, geren-
Em síntese, o fluxo da informação, nesse tipo de unidade ciais, logísticas e mercndológicas que assegurarão sua evolução e.so-
de serviço, é um processo de agregação de valor, e o sistema de brevivênda (COLLECTA, 1995, p. 9). .
informação em C&T pode ser considerado como sendo a sua ca- A eficiente administração desses serviços informacionais
deia de valor, por ser o 'instrumento para a produção e acesso à enquanto unidades de negócio impõe, portanto, o recurso a um
informação. Logo, pode-se dizer que um Serviço de Informação conjunto de técnicas e instrumentos de gestão, destacando-se o
em C&T é uma combinação de processos relacionados ao ciclo marketing. .. . , ,.
informacional dos setores académico e produtivo, dependente O teí-mo marketing surgiu na década de 50, voltado p,arà
de pessoas e de uma plataforma de tecnologia organizada para o a produção e vendas, determinando valores, necessidades e mer-
alcance de objetivos voltados à produtividade, competitividade, cado fornecedor e concorrente (KOTLER, 1994).
inovação e desenvolvimento.
Em decorrência dessas exigências, o planejamento e a or- MARKETING É UMA FORMA DE FAZER NEGÓCIOS PQR MEIO DA CRrAÇÃO
ganização de um Serviço de Informação em C&T requerem a E MANUTENÇÃO DE RELAÇÕES ENTRE A INFRA-ESTRUTURA DA ORGANI-
transferência e aplicação dê novos princípios de gestão, destacan- ZAÇÃO E OS CLIENTES, INTEGRANDO-OS NO PROJETO, DESENVOLVIMEN-
do-se as técnicas de marketing e os conceitos de qualidade e ges- TO, PRODUÇÃO E PROCESSO DE VENDAS.
tão de pessoas para o desenvolvimento de competências objeti-
vando: a satisfação das exigências dos clientes, a otimizaçao de ré- Segundo Sutter (1994) o marketing não é apenas uma
saltados e melhoria da imagem, a agregação de valor à mforma- técnica, é também uma filosofia de gestão baseada na consulta às
cão e a criação de ambiência de aprendizado contínuo. necessidades do mercado e no estabelecimento de estratégias
que permitam planejar os serviços de acordo com essas necessi-
dades. O uso dos meios disponíveis possibilita a identificação dp
Marketing^ uma avaliação do mercado.. - processo de fixação de preços, a promoção e comunicação de
"\ produtos/serviços e da imagem da organização, o monitora-
Para que os Serviços de Informação em C&T respondam mento da satisfação dos clientes e a melhoria constante da ofer-
aos seus mercados com a.qualidade desejada, é necessário que se ta e do desempenho da organização, tomandb como base ofeed
posicionem como unidades de negócio, isto é, que apresentem back do mercado ,(KOTLER, 1994).
resultados de real significado e valor para seus clientes. Esses re- A principal função do marketing é, portanto, facilitar as re-
saltados dependem de ações visando à otimização dos recursos lações de troca entre uma organização e seu mercado, real e poten-
66 67
Gestão da Informação em Ciência e Tecnologia sob a ótica do cliente.
Gestão tia informação em Có'T
ciai, mediante o conhecimento das necessidades e valores desse , havendo a necessidade premente do desenvolvimento de rela-
mercado, para tornar a organização mais eficaz que as concorren- . coes com ^ornecedore?, distribuidores, investidores e clientes.
tes (KOTLER, 1994). Sutter (1994) refere-sè às mudanças que po- Esses últimos não podem ser encarados como números, fenô-
dem ocorrer nas necessidades da clientela e do ambiente. Em razão menos abstratos ou uma massa que está presente em algum Íu-
disso, o estudo das, necessidades dos clientes ou do mercado, que gar. Cada cliente cria um relacionamento com o fornecedor que
tem um lugar importante no marketing, deve ser atualizado ou va- a organização tem de desenvolver e manter. Os relacionamentos
lidado periodicamente. Para ele, o marketing ensina que se torna com os clientes não estão garantidos: devem ser continuamente
necessário ampliar a visão do produto; é preciso saber passar da lo- . conquistados (GRÕNROOS, 1995).
1 gica da oferta para uma lógica da demanda, focalizando sobre as Na prestação de serviço, diferentemente da produção in-
necessidades da clientela e sobre o serviço a ser prestado. A essas dustrial, o produto é vendido antes de ser produzido econsumi-
- colocações. Santos (1996) acrescenta que além da compreensão do. O mbcdo marketing clássico identificado pêlos 4 P?s (preço,
correia da lógica de economia do mercado, sejam levados em con- produto, praça e promoção) amplia-se para incluir mais dois
síderaçâo aspectos conjunturais como aqueles que interferem 'na pe- , Ps, participante (funcionários e clientes) e processo de entrega.
renização dos fluxos de informação e no grau de sinergia das relações' .
O marketing da transação evolui para o marketing de relacio-
estabelecidas entre os indivíduos que participam da cadeia de gera-
namento, quando são estabelecidas e desenvolvidas as relações
cão, de transferência e de'Mtilização da informação (p.. 13). ••
com o cliente (TÉBOUL, 1995). Para o autor a importância do
Encontrám-se afirmações de McKenna (1999) indicando
marketírig de relacioriamento na prestação de um serviço é fre-
que do ponto de vista do cliente, a diferenciação não está tão re-
qüenteraente ignorada ou subestimada. O sucesso de uma orga-
lacionada à organização quanto à sua forma de fazer negócios. A
riização de serviços depende claramente de sua capacidade em
distância entre a percepção e a realidade está diminuindo. Além
estabelecer um relacionamento satisfatório com cada um de
disso, como existem inúmeras opções nos mercados, os clientes
seus dientës/usuáríos. Implantar uma estratégia de reladona-
podem ser instáveis. Isso significa que o marketing no mercado
mento em Serviços de Informação em C&T, baseada nos princí-
atual é um instrumento voltado à busca da gáranüâ da fidelida-
pios de marketíng, é de grande importância, uma vez que tais
de do cliente. Tal busca vai reeïaborar a resposta à pergunta: ^
princípios fundamentam a disposição e a possibüidade da orga-
Como um Serviço de Inforinaçao em Ce^T pode estabelecer uma
nizaçao mudar de comportamento com relação a usuários indÍ-
posição sólida nos mercados atuais, em rápida transformação? As ,
viduais, cpm base no que o usuário diz e nó que se sabe sobre ele
estratégias de marketing tradicionais consideram a tecnologia.e
(PEPPERS;ROGERS,1997). , ,
as mudanças como fatores importantes para a gestão de um ne-
: góeio ou serviço, colocando como objetivos sèciïndários o de-
Em síntese, a aplicabilidade do marketíng consiste em:
senyplvimento e a manutenção de boas relações com os clientes,
base para a conquista de fidelidade.
, • ..um.estado de espírito ou uma filosofia que orienta o pensa-
O fator crítico atualmente está residindo na abordagem
mento geral da organização, tanto no processo de tornada de
de marketing voltado para o conhecimento da estrutura do mer-
decisão quanto na execução dos planos acordados; •
cado de negócios, no qual se inserem os serviços de informação,
69
Gestão da Informctçm em Ciência e Tecnologia sob a ática da dwnte
Gestão da 'hifornwção em CÓ'T
nósticõ; da -organização em termos de capacidade instalada, re- A gestão da qualidade implica, primeiramente, na com-
cursos e produtos (ÁCKOFF, 1983). O resultado é o chamado preensão do conceito do termo "qualidade" e as situações que o
"plano de marketing, que deve oferecer respostas às seguintes : envolvem nas organizações prestadoras de serviços. Concebida
em seus vários aspectos, a qualidade é;
questões: qual é o negócio? quem é o cliente? qual é o valor espera-
do pelo cliente? Nesse plano, definem-se os produtos/serviços, o
~~1^ • ' . - . .
rização do mercado potencial de um serviço de informação des- que os produtos/serviços são extremamente simples;
sá natureza envolve principalmente: a distribuição geográfica, * a diversidade de opções que um produto/ser viço oferece; .
composição demográfica, idade, grau de educação, ocupação, • a organização como um todo e o seu processo de produção
ï"i"hi; disponibilidade financeira, motivos, atitudes, valores, difusão de voltado à melhoria contínua (PAfADINI, 2000, p. 19-20).
; «j II.) i l
informações, experiência com o produto, conhecimento de ou-
l
trás alternativas de atendimento e influências sócio-culturais. No tocante à qualidade como instrumento de gestão, Beï-
Contar com um sistema de informações de marketiíig é luzzo (1995) e Barbalho (1996) apresentam síntese e descrição ; su-
uití requisito importante para a implantação da gestão da quali- cinta da.s abordagens dos principais teóricos que se entende ser
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71
Cestão da InfarmaçtW em Ciência e Tecnohgin sob a ática do dienh
Geshw da Infornwyto em Có-T
oportuno reproduzir aqui para uma melhor compreensão da sua O que se depreende desse histórico apresentado por Bel-
aplicabilidade em Serviços de Informação em C&T. luzzo (1995) e Barbalho (1996) é que qualidade é um conceito di-
Historicamente, inkia-se com Walter S~hewart, ria década nâmico, ou seja, trabalha com diferentes referenciais que evoluí-
de 30, que desenvolveu o chamado Controle Estatístico da Qua-- ram ao longo do tempo. Entretanto, permanece como seu ele-
lidade nos produtos industriais e o famoso Ciclo PDCA - Plan, mento básico o planejamento dÍredonádo para a melhoria contí-
Do, Check e Artw.fí - atuálmente co.'^e<:ido como Ciclo de Üe- nua dos processos/atividades e das pessoas que os executam.
ming.Wüiïam Edwards Deming, no lm<!? da década de 40, intro- A noção de qualidade centrada no cliente aparece em vá-
duz no Japão o Método de Controle da Qualidade e Controle nos autores. Existem tentativas de estudar a qualidade a.,partir de
Estatístico do Processo, em 14 Pontos - Método Deming de Ad- \ uma perspectiva centrada no processo de produção, mas é a
ministraçâo -, imprimindo um novo paradigma ao trabalho nas abordagem da qualidade percebida pelo cliente que, de acordo
organizações: a qualidade das pessoas. Para Joseph M. Juran, em com revisão da literatura feita por Grõnroos (1995), fundamen-
Í 964, a qualidade é implementada por meio de um programa de ' ta a maioria das pesquisas sobre qualidade do serviço e do desen-
plapejanrento, controle e aperfeiçoamïnto, conhecido como a volvimento da teoria sobre marketing de sei-viços. Grõnroos
Trilogia da Qualidade, com foco no desenvolvimento de produ- (1995) reafirma que a qualidade é qualquer coisa que os clientes
tos e serviços de acordo com as necessidades, dos clientes. Ar-
afirmam ser,-e a-qualidade de um produto ou serviço, empartícu-
mand V. Feigenbaum propõe o Controle Total da Qualidade lar, é qualquer coisa que o'cliente perceba como tal (p. 47). Saber ó
ÏCQT), para propiciar satisfação ao cliente, gerando produtos e que sente o cliente é difícil: sua percepção é imediata, subjetiva e
serviços por meio de ações organizadas de forma económica e qualitativa, nos vários momentos de ínteraçãò, apresentando'
assistência ao usuário, para que todos os empregados da organi- consequências na percepção global do serviço. A fidelidade de-
zaçao possam participar e contribuir para o esforço de desenvol- pende de um saldo positivo na conta satisfação na qual o cliente
vimento, manutenção-e melhoria da qualidade de forma global.
credita ou debita sua percepção, positiva ou negativa, de um ser-
Kaoru Ishikawa propõe os Círculos de Controle de Qualidade,
viço (GRÕNROOS, 1995). Para Albrecht (1997), uma visão da
envolvendo toda a organização durante o ciclo de vida do pro-
qualidade nas organizações deve começar com o cliente, anco-
duto, representado pelo Diagrama de Causa e Efeito, incentivan- rando todas as definições de critérios de qualidade ao modelo de
do a necessidade de ampliar a educação e o treinamento para a
valor para esse cliente e premiando as pessoas pela criação de va-
h \- qualidade. Philip B. Crosby, com o conceito do Defeito Zero, em
lor e não apenas pela obediência aos procedimentos.,
1961, propõe acertar desde a primeira vez com requisitos claros,
De acordo com Murdick, Render e Russel (1990) a quali-
treinamento, uma atitude positiva e um plano (BELLUZ20,
dade de um serviço ou produto também é determinada pela
.1995; BARBÁLHO, 1996). percepção do cliente/usuário. Assim, a qualidade de um serviço
prestado por um Serviço de Informação em C&T pode ser ava-
GESTÃO DA QUALIDADB EM SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO EM C&T É
liada com base em pesquisa sobre comportamento do clien-
UMA FILOSOFIA GERENCIAL VOLTADA AO ATENDIMENTO DOS.INÏERES-
te/i^suário e dos efeitos das suas expectativas com relação ao de-
SÉS, DESEJOS E NECESSIDADES DE CLIENTES INTERNOS E EXTERNOS DAS
sempenho do serviço recebido na avaliação pós-consumo. Des-
ORGANIZAÇÕES EM MERCADO ACADËMIGO E PRODUTIVO.
sá noção de qualidade decorrem as medidas de qualidade.
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'Gestão da Informação em Ciência e Tecnologia sob a ólica do cliente, Gestão da fnfffrmnçao em C6'T
Medir a satisfação do cliente, o que significa medir a dis- integralmente o produto/servíço. Essas são as dimensões sobre
tância entre a qualidade percebida e a qualidade esperada, pode as quais os clientes baseiam suas opiniões acerca do produto ou
ser obtido mediante consulta ao cliente (LAPEYRE, 1998). A serviço. Hayes (1996) descreve essas dimensões como dimensões
percepção do cliente passa por três filtros: quadro de referencia, da qualidade. ' : . '
modo de integração e do processo de entrega. NQ processo de Montgomeiy apud Hayes (1996) refere-se a dois tipos de
entrega, apresentam-se duas questões: tive um bom serviço?, in-
qualidade: qualidade do projeto è qualidade do desempenho. Qua"
dagação'que se refere à qualidade técnica do trabalho (o quê);/oí
lidade •dle projeto reflete a extensão com que um produto/serviço
fácil obtê-lo?, pergunta que se refere à qualidade do processo de
possui uma característica pretendida: A qualidade do desempenho
entrega (como)' fGRÕNROOS, 1995). O desvio entre a percep-
reflete a extensão com que o produto/serviço atende às expectati-
cão e as expectativas resulta na medida de satisfação do cliente.
vás do projeto, ou seja, a qualidade eni conformidade com o pro-
Antes ou durante 3 consumação do serviço, o cliente descobre,
jeto. Para Hayes, a medida da qualidade do projeto e a do desem-
consciente ou inconscientemente, :os sinais materiais que o m-
penho são condições para a organização saber quão bem seus pro-
formam sobre sua qualidade.
cessos/atividades estão funcionando de modo eficiente, indicando
A pressão dos clientes, insatisfeitos ea melhor ação para
onde atuar para fazer mudanças e aperfeiçoamentos, buscando, as-
provocar a evolução do serviço. Os itens de insatisfação dizem
sim, a eficácia de suas ações.
respeito, principalmente, às condições de atendimento, como o
E por meio dessa medida que se pode apreender desvios.
tempo de espera, a lentidão no tratamento da prestação do ser-
viço, a não compreensão da questão apresentada, entre outros
Os desvios da qualidade podem ser relacionados à concepção do
As organizações que oferecem serviços ou produtos de e a concepção do serviço. Quanto mais padronizado o serviço,
informação, com qualidade'0 e valor," adequados às necessída- mais fácil será especificá-lo mediante'normas e procedimentos.
dês de seus clientes, podem ser avaliadas sob dois enfoques: a re- Quanto mais personalizado, mais dependerá do desempenho e
levâncÍa e confiabilidade da informação fornecida/a correção e da experiência profissional (HAYES, 1996).
oportunidade e seu impacto para os clientes, isto é, à precisão e Um outro desvio da qualidade pode ser com relação à en-
os efeitos resultantes desses usos nas a-tividades dos usuários (LÊ trega: desvio entre a entrega do serviço e a especificação do ser-
COADÏC, 1996). viço; desvio negativo, quando a prestação do serviço não estiver
Para avaliar a satisfação de um cliente é preciso identifi- à altura do planejado; positivo, quando, por um esforço suple-
car as características, consideradas importantes, que descrevam mentar, os funcionários conseguirem entusiasmar e surpreender
o cliente. O desvio de percepção se refere ao desvio entre a pres-
taçao do serviço, tal como é entregue pela organização, e sua
percepção pelo cliente (HAYES, 1996).
10 Determinada pela interação do serviço com o cliente e a capacidade de b Há dimensões da qualidade consideradas como padrões,
. serviço responder às necessidades. . .
aplicáveis a muitos produtos ou serviços e outras usadas apenas
11 Estimativa do cliente em relação à capacidade global de o produto satisfa-
zer às suas necessidades. .
em alguns tipos específicos. Como dimensões da qualidade ou
74 75
Gestão da [nfornwção em Ciêncifí e Tecnologia sob a ática do cliente
Gestão da Infornuíçno enrCó-T
indicadores da satisfação do cliente Kennedy e Young apud Ha- As interações eomprador-vendedor, incluindo horas da
yes (1996) sugerem: apresteza, o tempo para o fornecedor aten- verdade,12 mal ou bem administradas, é que contam para a qua-
der à solicitação do cliente; a disponibilidade, que se refere ao lidade percebida. Nesse'sentido, pode-se concluir que o cliente
grau de facilidade com que o cliente pode entrar em contato é também influenciado pelo modo como recebe o serviço e
com o fornecedor; a pontualidade, a entrega do serviço dentro como vivência o processo de produção e consumo simultâneos.
do prazo determinado e/ou negociado pelo cliente; a totalidade, Esta é uma outra dimensão da qualidade estreitamente reïacío-
ou seja, a extensão com que o trabalho é realizado; o profissio- nada com as funções do prestador de serviços e como este lida
nalismo, a cordialidade e o comportamento do profissional na com a liora da verdade nas interações comprador-vendedor.
relação com o fliente. Denominada qualidade funcional 4o processo, esta dimensão
A satisfação geral com o atendimento,se expressa pelas não pode ser avaliada tão' objetivamente quanto a dimensão
reações quanto ao atendimento da equipe ou do pessoal que tra- técnica; Quase sempre ela é percebida subjetivamente (GRQN-
balha para o fornecedor e a saüsfação com o produto ou servi- ROOS, 1995).
co, reações que demonstram que o serviço preencheu as expec- A imagem da organização pode impactar a percepção
tativas do cliente. Essa satisfação gera afinidade emocional com da qualidade de várias formas. Se a imagem for positiva, pe-
a marca e não apenas a preferência racional, favorecendo a con- quenos erros são tolerados; se negativa, qualquer falha será
quista da fidelizáção do, cliente. maximizâda. No que concerne à percepção da qualidade, a
Murine apudïisyes (1996) acrescenta outras dimensões: imagem pode ser vista como um fíltro conectado à credibili-
a exatidão, ou seja, a extensão com que o serviço atende às espe- dade (GRONRÕOS, 1995),
dficações do cliente; a confíabilidáde, a extensão com que o ser- Bateson ãpud Gronroos (1995) introduz o conceito de
viço auxilia com precisão na solução do problema do cliente; a controle percebido como um aspecto da percepção de serviços
praticidade, que se refere ao esforço necessário para entender claramente inter-relacionado com a qualidade percebida. A per-
e/ou utilizar o serviço oferecido. cepção, pelo cliente, do controle da situação de consumo pode-
O que os clientes recebem em suas interações com a or- ra levá-lo a se sentir confortável ou desconfortáveÏ, dependen-
gánizaçâo é muito importante para eles e para a avaliação que do do seu nível de informação, quando consome um determma-
fazem da qualidade. Internamente, em uma organização, isto é do produto. Se o cliente sentír-se informado, mesmo em situa-
visto como a qualidade do produto entregue. Entretanto, esta é cão negativa, sua satisfação poderá ser recuperada.
apenas uma dimensão da qualidade, denominada por Gronroos A partir de uma revisão de pesquisas realizadas, sobre as-
de qualidade técnica do resultado do processo de produção do pectos da boa qualidade, Grõnroos (1995) aponta seis critérios
^ÍiÏ'f 1
«•s'lí''l'l l
serviço. E com isso que o cliente fica, quando o processo de-pro- que integram os estudos,disponíveis:
duçao e as interaçõés comprador-vendedor terminam. Nem
sempre esta dimensão pode ser medida objetivamente devido ao
caráter subjetivo de uma solução técnica a um problema 12 Termo introduzido na literatura gerencial por Normann apuá Grõnroos
(GRÕNROOS, 1995). . . (1995). Os momentos da verdade são às interações entre os clientes e os
representantes da organização ou das várias áreas/setores da organização.
76 77
Gesïiao <h, Informação em Ciência e Twwhgía sob a ática do clíe,,,
Gestão da Informação em CeífT
operacionais e os recursos físicos necessários -para ,soÏu- làtisfação. Esta resulta, ou não, em maior ou menor proporção,
cionar de forma profissional seu problema; feais ou menos consciente, por meio da comparação que o con-
Isuinidor faz entre suas expectativas em relação ao produto a<^
: - atitudes e comportamento: s^tjmenío de que os funcío-
e o seu desempenho após a compra. Expectativa é o pa-
nários responsáveis pêlos serviços (pessoas de contat^
preocupajn-se ou preocuparam-secom ele (.dients) e se
^árao <?tíe 0 consumidor utiliza para avaUar se e até que ponto hou-
interessam por solucionar seu problema de forma espon- %w desvios quanto ao desempenho em relação à expectativa (p. 49).
Como o cliente não compra produtos., mas sim expecta-
tânea e amigável;
tivas, o custo, o prazo de espera para o atendimento, a confiabi-
• Facilidade de acesso e flexibilidade: percepção de que o
lidade, a qualidade técnica da prestação e o relacionamento
prestador de serviços, sua localização, sistemas operado- -
com os prestadores do serviço constituem importantes dimen-
nais, etc. são de fácil acesso e que estão preparados para
soes que, por estarem relacionadas ao desempenho humano, são
atender às demandas e aos desejos dos clientes de manei-
difíceis dê avaliar e monitorar.
ra flexível;
O custo e o prazo de entrega expressam compromissos de
• Confiabilidade e honestidade: consciência de que a orga-
serviço que devem ser precisos e devidamente comunicados aos
, nização manterá suas proirrëssas e desempenho coerente •
clientes, o que lhes permite escolher com segurança entre as dife-
com os melhores interesses aos áientes; '
rentes propostas. A qualidade do resultado do serviço está vincú-
' Recuperação e credibilidade; o cliente acredita/- que as lada às competências dos profissionais que executam o serviço.
• operações do prestador de serviço merecem sua confían- Se o consumidor não encontrar o equilíbrio desejado entre"
- ca, valem o dinheiro pago e representam um bom nível de expectativa e desempenho, resulta a chamada dissonância cogniti-
desempenho. va c|ue se reflete em um estado de desconforto que o indivíduo
procura reduzir ou eliminar, reavaliando os motivos que o levaram
Gronroos (1995) sustenta que o preço e um fatorreladona- à decisão de comprar um produto ou serviço (RICHERS,'l984).
do às expectativas de qualidade, âepenàendo da situação e do tipo Segundo Rkhers (1984), o conhecimento possibilita atin-
de serviço. Em serviços profissionais, por exemplo, preços mais al- gír um alto grau de consonância, entre expectativas e desempe-
tos são associados à melhor qualidade na percepção do cliente.
nho do produto, para a média dos cÏíentês. A díssonância é ine-
O nível de qualidade total percebida, para Grõnroos
vítável pára a maioria das transações e talvez nem seja indesejá-
(1995), é determinado pela diferença.entre a qualidade esperada
vel, contanto que o consumidor tenha sido colocado num esta-
e a'qualidade experimentaáa. Segundo o autor, 9 qualidade es-
do de semi-alertâ quanto às repercussões do seu ato de compra.
perada depende de inúmeros fatores; comunicação com o mer-
É preciso oferecer algum apoio ao consumidor para que ele atin-
cado, comunicação boca a boca, imagem rorporativa/locaLe ne- '
já um maior grau de consonância, mediante informações que o
cessidades dos clientés/usuáríos.
leve a considerar sua decisão como racional e acertada.
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Gestão da luformação em Ciência e Tecnologia sob a ótiça 'do diente
Gestão da ïiiformaçw em Cd^T
• Profissionalismo e habilidades:, percepção que o cliente Para Richers (1984), a reação é uma das fases do proces-
tem de que o prestador do serviço e seus empregados só de compra, quando o consumidor procura atingir a esperada
possuem o conhecimento, as habilidades, os sistemas satisfação. Esta resulta, ou não, em maior ou menor proporção,
operacionais e os recursos físicos necessários para solu-
mais ou menos consciente, por meio da comparação que o con-
cionar de forma profissional seu problema; -
sumidor faz entre suas expectativas em relação ao produto ad^
• Atitudes e comportamento: sentimento de que os funcÍo- quirido e o seu desempenho após a compra. Expectativa é o pa-
nários responsáveis pêlos serviços (pessoas de contato) drão que o consumidor utiliza para avaliar se e até quepontò hou-
preocupam-se ou preocuparam-se com ele (cliente) e se
vê desvios quanto ao desempenho em relação à expectativa (p. 49).
interessam por solucionar seu problema de forma espon- Como & cliente não compra produtos, mas sim çxpecta-
tânea e amigável; tivas, o custo, o prazo de espera para o atendimento, a confiabi-
* Facilidade de acesso e flexibilidade: percepção de que o lidade, a qualidade técnica da prestação e o relacionamento
prestador de serviços, sua localização, sistemas operacio- com os prestadores do serviço constituem importantes dimen-
nais, etc. são de fácil acesso e que estão preparados para soes que, por estarem relacionadas ao desempenho humano, são
atender às demandas e aos desejos dos clientes de manei- difíceis de avaliar e monitorar.
ra flexível; • O custo e o prazo de entrega expressam compromissos de
* Confiabilidade e honestidade: consciência de que a orga" serviço que devem ser precisos e devidamente comunicados aos
nização manterá suas promessas e desempenho coerente clientes, o que lhes permite escolher com segurança entre as dife-
com os melhores interesses dos clientes; rentes propostas. A qualidade do resultado do serviço está yincú-
* Recuperação e credibilidade: o cliente acredita-que as lada às competências dos profissionais que executam o serviço.
operações do prestador de serviço merecem sua confian- Se o consumidor não encontrar o equilíbrio desejado entre
ca, valem o dinheiro pago e representam um bom nível de expectativa e desempenho, resulta a chamada dissonânda cogniti-
desempenho. va clue se reflete em um estado de desconforto que o indivíduo
procura reduzir ou eliminar, reavaliando os motivos que o levaram
Grônroos (1995) sustenta que Q preço é um fator relaciona- à decisão de comprar um produto ou serviço (RICHERS, 1984).
do às expectativas de qualidade, dependendo da situação e do tipo Segundo Richers (1984), o conhecimento possibilita atin-
de serviço. Em serviços profissionais, por exemplo, preços mais al- gir um alto grau de consonância, entre expectativas e desempe-
tos são associados à melhor qualidade na percepção dü cliente. nho do produto, para a média dos cliçntès. A díssonância é ine-
O nível de qualidade total percebida, para Grõnroos vitável pára a maioria das transações e talvez nem seja indesejá-
(1995), é determinado pela diferença-entre a qualidade esperada vel, contanto que o consumidor tenha sido colocado num esta-
e a qualidade experimentada. Segundo p autor, a qualidade es- do de semi-alerta quanto às repercussões do seu atü de compra.
perada depende de inúmeros fatores: comunicação com o mer- E preciso oferecer algum apoio ao consumidor para que ele atin-
cado, comunicação boca a boca, imagem corpoi-ativa/locaLe ne- já um maior grau de consonância, mediante informações que o
cessidades dos clientés/usuários. leve a considerar sua decisão como racional e acertada.
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Gestão da infarmação em Ciência e Tecnologia sob a ótíca da clientë Gestão da Informação em C^T
Para a repetição de uma compra, afirma Richers (1984), agregado para seus clientes, como tambémïajude a manterás cpn-
o desempenho de um produto/serviço é elemento importante correntes longe desse relacionamento (GROïSTROOS, 1995). Para
na memória do consumidor. A comunicação induzida tem in- o autor, o serviço, entendidQ.como o modo de rèlacionar-se com
fluência na formação de hábitos de consumo. As variáveis endó- o cliente, é a competência-chave de uma organização.
genas, como características demográficas, nível sócio-econômi- Como um dos principais agentes da qualidade, o gestor de
co e educacional e variáveis psicossociais, influenciam o proces- uma organização é quem dá sentido à busca de melhoria para as-
só de decisão de compra de um bem ou serviço. As variáveis exó- segurar a fídelização do cliente e é responsável pela dinamização,
genas ou influências externas (informações objetívas, comunica- aperfeiçoamento e ò respeito-ao compromisso do serviço para
cão induzida e grupos de referência), segundo Richers (1984), com o cliente (LAPEYRE, 1998). Para resolver problemas que sur-
influenciam o processo de compra. gem no atendimento, esse gestor recorre a instrumentos para ava-
Da definição e avaliação da qualidade com foco no clien- liar a execução do serviço quanto à qualidade entregue e à qualida-
te/usuário decorrem providências de gestão, observando-se suas de desejada pelo cliente. Criar condições de trabalho em equipe,
percepções, mediante pesquisas de saEisfação do cliente e a divul- necessárias nessa nova abordagem, é também função da liderança.
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gação regular de 5eus resultados (LAPEYRE) 1998). O cliente re- No Brasíkexiste carência de estudos disponíveis que apre-
vela sua satisfação mediante expressões como: recebi o melhor aço- sentem resultados ao uso de recursos de gestão da qualidade em
Ihimento; deram informações detalhadas sobre os direitos do cliente serviços de informação. Esforços para desenvolver trabalhos que
ea-garantia do serviço; são pontuais e sorriem durante o atendimen- fundamentem a implantação desses princípios de gestão nesses
to; os prestadores do serviço são discretos (LAPEYRE, 1998). serviços de informação têm se concentrado na sistematização de
A medida da satisfação do cliente pressupõe a existência de conceitos pertinentes à temática em questão.
Lim sistema de avaliação permanente com base em parâmetros ou Alguns desses trabalhos, os mais representativos, estão
indicadores, constituindo-sè em controle da qualidade; Para mar- sendo aqui destacados, como um referencial teórico, empírico e
;ar presença em um mercado competitivo, os Serviços de Infor-, instrumental básico, sendo que estudos pioneiros, registrados na
nação em C&T podem adotar quatro tipos de estratégias ínter- literatura nacional, foram publicados na década de 90. Isso de-
implementares: a diferença na qualidade técnica, no preço (ra- monstra quão recente é a discussão dessa abordagem, na área de
•amente será uma estratégia por um longo prazo, a menos que a Biblioteconomia e Ciência da Informação em nosso contexto.
)rganizaçâo possa manter outros elementos de seu relacionamen- Esse período, década de 90, coincide com o período em
o como a qualidade técnica), na imagem baseada na imaginação que, segundo Leite (1996), novas trajetórias organizacionais se
onstruída em torno dos bens ou serviços, criada poranúncios ou configuraram no Brasil. Essas novas trajetórias se caracterizam,
mtros meios de comuni.cação com o mercado (é uma estratégia, entre outras, pela ênfase na qualidade, produtividade e flexibíli-
m certo sentido, equivalente à do preço, porque algo sem, subs- dade, elevadas pautas tecnológicas pensadas também como pró"
incia real é acrescentado à oferta para alcançar vantagem compe- cesso contínuo de aprendizagem e avaliação organizacional e es-
tíva) e em uma estratégia de semçós (relacionamento) que pçr- forço para pensar global e integradamente a organização, como
lita que uma organização diferencie sua oferta e crie um valor sistema aberto, interatuando com atares internos, externos e com
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Gestão da informação em Ciêncüt e Tecnologia sob a ótica do cliente' Gestm dn Infwmnção em Cé"T
Para a repetição de uma compra, afirma Ríchers (1984), agregado para seus clientes, como também^ajude a manteros con-
o desempenho de um produto/serviço é elemento importante correntes longe'desse relacionamento (GRONROOS, 1995). Para
na memória do consumidor. A comunicação induzida tem in- o autor, o serviço, entendido, como o modo de rèlacionar-se com
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fluência na formação de hábitos de consumo. As variáveis endó- o cliente, é a competência-chave de uma organização.
genas, como características demográfícas,. nível sódo-econômi- Como um dos principais agentes da qualidade, o gestor de
M e educacional e variáveis psicossociais, influenciam o prõces- uma organização é quem dá sentido à busca de melhoria para as-
io de decisão de compra de um bem ou serviço. As variáveis exó- segurar a fídelização do cliente e é responsável pela dinamização,
gerias ou influências externas (informações objetivas, comunica- aperfeiçoamento e õ respeito ao compromisso-do serviço para
râo induzida e grupos de referência), segundo Richers (1984), com o cliente (LAPEYRE, 1998). Para resolver problemas que sur-
nfluenciam o processo de compra. gem no atendimento, esse gestor recorre a instrumentos para ava-
Da definição e avaliação da qualidade com foco no clien- liar a execução ao serviço quanto à qualidade entregue e à qualida-
e/usuário decorrem providências de gestão, observando-se suas de desejada pelo cÜente. Criar condições de trabalho em equipe,
percepções, mediante pesquisas de saüsfação do cliente e a divul- necessárias nessa nova abordagem, é também função da liderança.
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;ação regular de seus resultados (LAPEYRE, J 998). O cliente re- No Brasifeexiste carência de estudos disponíveis que apre-
ela sua satisfação mediante expressões como: recebi o melhor aco- sentem resultados do uso de recursos de gestão da qualidade em
zimento; deram informações detalhadas sobre os direitos do cliente serviços de informação. Esforços para desenvolver trabalhos que
a-garantia do serviço; são pontuais e sorriem durante o atendimen- fundamentem a implantação desses princípios de gestão nesses
ï; os prestadores do serviço são discretos (LAPEYRE, 1998). serviços de informação têm se concentrado na sistematização de
A medida da satisfação do cliente pressupõe a existência de conceitos pertinentes à temática em questão.
m sistema de avaliação permanente com base em parâmetros ou Alguns desses trabalhos, os mais representativos, estão
locadores, constituindo-se em controle da qualidade. Para mar- sendo aqui destacados, como um referencial teórico, empírico e
ti- presença em um mercado competitivo, os Seïviços de Infor-. instrumental básico, sendo que estudos pioneiros, registrados na
lação em C8cT podem adotar quatro tipos de estratégias inter- literatura nacional, foram publicados na década de 90. Isso de-
mplementares: a diferença na qualidade técnica, no preço (ra- monstra quão recente é a discussão dessa abordagem na área de
mente será uma estratégia por um longo prazo, a menos que a Biblioteconomia e Ciência da Informação em IIQSSO contexto.
ganização possa manter outros elementos de seu reiacionamen- Esse período, década de 90, coincide com o período em
como a qualidade técnica); na imagem baseada na imaginação que, segundo Leite (1996), novas trajetórias organizacionais se
nstruída em torno dos bens ou serviços, criada por/anúndos ou configuraram no Brasü. Essas novas trajetórias se caracterizam,
itros meios de comunicação com o mercado (é uma estratégia, entre outras, pela ênfase na qualidade, produtividade e flexibili-
l cerío sentido, equivalente à do preço, porque; algo sem, subs- dade, elevadas pautas tecnológicas pensadas também como pro-
icia real é acrescentado à oferta para alcançar vantagem compe- cesso contínuo de aprendizagem e avaliação organizacional e es-
va) e em uma estratégia de serviços (relacionamento) que pçr- forço para pensar global e integradamente a organização, como
ta que uma organização diferencie sua oferta e crie um valor sistema aberto, interatuando com atares internos, externos e com
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Gestão da ínfwmaçfw em Cò-ï
Gestão cia Informação em Ciência e Tecmhgia sob a ática do cliente
a sociedade em geral. A produtividade e a eficiência global passam Pinto (1993), a partir de uma revisão de formulações teó-
a depender menos dos fatores puramente técnicos que'da qualidade ricas 'sobre a qualidade, apresenta um subsídio à elaboração de
do sistema de gestão dos fluxos - de materiais, informacionais, pes- proposta concernente à qualidade de produtos e serviços dos
soas - a qual não pode ser rígida nem pré-programada (p.48). centros de informação brasileiros. A autora refere-se às unidades
Os estudos aqui relatados foram classificados pela temá- de informação como instituições dotadas de uma estrutura or-
fica que abordam. Um primeiro grupo de estudos discute aspec- ganizaqorial com divisões, departamentos e seções respoftsâveis
tos conceituais e instrumentais da gestão da qualidade e apon- desde a implantação até a recuperação da informação. Enfatiza
a importância dos recursos humanos como ~requisito-chave
ta para a necessidade de implantar programas de qualidade em
serviços de informação. para se trabalhar a informação com qualidade. .
Rocha e Gomes (1993), por exemplo, após uma revisão das Barbalho (1996) apresenta os elementos teóricos mais
publicações mais recentes, referem-se aos conceitos mais ímpor- importantes para o sistema de gestão pela qualidade, avaliando
tantes em gestão da qualidade. Discorrem sobre a viabilidade de se os processos históricos que fizeram emergir essa forma de gestão
implantar um programa de qualidade em serviços de informação como também os processos de certificação que ocorrem no ce-
^r'^:
exemplificando as ações gerendâis e de soluções <te problemas, por nário nacional. A autora analisa as implicações desses processos
meio de gráficos e quadros contendo dados estatísticos, como fer- nos serviços de informação e chega à conclusão de que afiloso"
ramentas conhecidas e de fácil manuseio. Afirmam também que a fia, técnicas e modelos da qualidade são de fácil adaptação a es-
implantação de uma gerência da qualidade em serviços de infor- sãs unidades, em razão dos pontos em comum que encontrou
maçâo requer a sensibilização dos profissionais da área. entre a gestão pela qualidade e a necessidade de maior e melhor
Outro estudo, proposto como uma contribuição à base atuação dos serviços de informação diante das mudanças ocor-
teórica, é o de Belluzzo e Macedo (1993). Em artigo de síntese ridas no cenário nacional e internacional.
da revisão bibliográfica contida na tese de Belluzzo, as autoras Valls e Vergueiro (1998) apresentam uma revisão da 1Í-
ipresentaram as abordagens da gestão da qualidade e as três es- teraturanacional sobre a gestão da qualidade em serviços de
;olas delas oriundas. Destacam a aplicabilidade nos serviços de - informação. Traçam considerações sobre a melhoria da quali-
informação da filosofia de Deming e de'seus princípios conhe- dade ea gestão da qualidade total e enfocam sua aplicabilida-
:idos como seus 14 pontos, adaptados ao contexto de bibliote- de nos referidos serviços, ps autores chegam à conclusão de
zas universitárias. que há uma forte tendência em aplicar de maneira pontual
Lins (1993) propõe o uso de ferramentas básicas e auxi- conceitos e ferramentas, ligados a essa gestão. Critícam-a litera-
lares para a representação de dados que são para ele uma neces- tura nacional e a consideram sem uma base teórica sedimenta- iriÏl •:.
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1.1 It ! ^
cidade do gerenciamento da qualidade. Selecionou algumas das da sobre essa questão.
erramentas e dem-onstrou formas de utilizar, em conjunto, flu- Um segundo grupo de estudos apresenta resultados de
rogmma, folha de verificação, gráfico de Pareto, diagrama de pesquisas empíricas sobre implantação-de programas de quali-
;ausa e efeito, gráfico de tendência, histograma, carta de^contro- dade em unidades de informaçãQ, formas de gestão e identifíca-
e e gráfico de dispersão. . cão e validação de indicadores de qualidade.
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Gestão da.hïformaçõo &m Có-T
Gestão da infórnuiçm em Ciência e Teciwloya sob a ptica tio cliente
que os indicadores de odontologia possibilitam a identificação e Nesse cenário, o fator humano e a aprendizagem contí-
caracterização dos principais fatores que devem estar presentes na íiua passam a ser elementos vitais, pois deixam de ser desafios
avaliação da qualidade de um Serviço de Informação de natureza para se tornarem a vantagem competitiva das organizações, ca- '' ^ •" ^ ^
Xavier (2001) a partir da sistematização do tema serviço para as organizações em decorrência das exigências de uma so-
ao cliente e qualidade" apresenta um estuáo de caso envolvendo ciedade globalizada, para uma (re) significação do ser humano
as bibliotecas universitárias da área odontológíca das três üni- como a verdadeira vantagem competitiva (WAGNER III; HOL-
LENBECK, 1999). • • ' ' '.' ••' "
versidades Estaduais Paulistas (USP, UNESP e.UNICAMP) com
o objetivo de identificar a adpçao de estratégias de serviços voï- Entretanto, apesar dessa valorização das pessoas poder ser
tadas à satisfação do cliente, concluindo que, a implementação considerada um avanço na cultura das organizações, essa é ainda
de estratégias com foco centrado no cliente é premissa básica uma postura muito recente no contexto de serviços de informa-
para o atendimento de suas necessidades e obtenção da qualida- cão. Isso nos leva a repensar os modelos de gestão que têm dòmi-
de nos serviços de informação. nado a introdução de novas tecnoïogias, multiplicidade de pro-
Como se pode depreender, a.Utera.tura especializada nesta cessas de produção, criação de novos mercados'de trabalho e ên-
temática ainda é incipiente. A própria Gestão da Qualidade, em fase na especialização profissional em face das mudanças sociais.
geral, requer maior amadurecimento e se ressente da transferên- Po<ie-se dizer que, dentre essas mudanças, a mais signifi-
cia-de conceitos e técnicas já consagrados no setor de produção cativa na cultura das organizações é o que se convencionou cha-
industrial para ó ambiente de Serviços de Informação em C8s:T, mar de sociedade pós-industriaF. Para tanto, procurá-se repre-
que são organismos indispensáveis em meio ao cenário de globa- sentá-las nó Quadro V a seguir, com a. adaptação necessária ao
lizaçao de atividades, formação de novos mercados económicos, momento atual.
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