Você está na página 1de 4

Caso prático 7

Vasco casado com Carlota, no regime de comunhão de bens adquiridos, comerciante no ramo
de pronto-a-vestir, efetuou no decurso de janeiro de 2018, as seguintes operações:

1. Qualifique justificando legalmente os atos praticados pelo Vasco:

a. Comprou a Bernardo, agricultor, dois sacos de batatas para consumo caseiro por 50
euros;
Nos termos do artigo 464º a compra de sacos de batatas para consumo caseiro não é
considerada uma compra e venda comercial. Esta compra não se encontra tipificada
no código logo não é um ato comercial.
V é comerciante, artigo 13º, mas apesar disso não é objetivamente comercial artigo
2º,I parte nem é subjetivamente comercial (artigo 2º,II parte).
Para Bernardo, agricultor, não é objetivamente comercial nos termos do artigo 464º/2.
Vendeu um coisa móvel (art.463º/3), venda de batatas que produziu- não é
subjetivamente comercial (artigo 230º, §1).
Posto isto, a compra e venda do saco de batatas é um ato meramente civil tanto
para Vasco como para Bernardo.

b. Comprou por 1 500 euros num estabelecimento comercial designado por Rei dos
Eletrodomésticos uma televisão para oferecer à sua amiga Catarina.
Nos termos do artigo 463º, como não se encontra lá previsto, não é uma compra e
venda comercial.
Para Vasco não é objetivamente comercial- artigo 2º, I parte, e não é subjetivamente
comercial, pois apesar deste ser comerciante, nada tem a ver com a sua atividade
comercial, e nem se destina a revender nem alugar o uso. Por isso é um ato
meramente civil para Vasco.
Para o estabelecimento é subjetivamente comercial, pois é uma venda no âmbito da
sua atividade, é comerciante, sendo objetivamente comercial, pois encontra-se
previsto no código esta compra e venda de coisas móveis- artigo 463º, no entanto,
suponhamos que o estabelecimento tinha a televisão mas não com o intuito de
revender, então aqui consideramos o ato não objetivamente comercial. Estamos
perante um ato misto, pois para Vasco é um ato meramente civil e para o
estabelecimento é um ato objetivamente e subjetivamente comercial (ato
comercial).

c. Comprou por 750 euros à Sociedade Comercial In Divis Venitus, limitada 12 caixas de
garrafas de vinho para oferecer aos seus empregados.
Não é objetivamente comercial- artigo 2o, I parte- porque não é para revenda ou uso
- artigo 463º.
Artigo 2º, II parte, Vasco é comerciante – artigo 13º, Vasco comprou as garrafas para oferecer
no Natal aos seus empregados como prémios, ofertas, liberalidades, posto isso, as garrafas
tem em vista a atividade da sua empresa, pois ao oferece-las pretende motivar os
trabalhadores de forma a que a sua empresa se desenvolva melhor- sendo assim, considera-se
um ato subjetivamente comercial, pois assim não tem natureza exclusivamente civil.
Para a Sociedade Comercial In Divis Venitus, é comerciante nos termos do artigo 13º, é
objetivamente comercial artigo 2º, I parte, pois encontra-se previsto no artigo
463º/3, se ao adquirirem tinham o intuito de as vender., e também é
subjetivamente comercial, nos termos do artigo 2º, II parte.
Então estamos perante um ato comercial para a Sociedade Comercial, e um ato não
objetivamente comercial e subjetivamente comercial para Vasco.

d. Comprou por 30 mil euros À firma Valentinos,S.A., 300 fatos para os revender no
âmbito do seu comércio.
Para Vasco:
Nos termos do artigo 463º/1, a compra dos 300 fatos à Valentinos S.A é considerada
compra e venda comercial- logo, objetivamente comercial nos termos artigo 2o, I
parte, como se encontra regulado no código comercial. A II parte do mesmo artigo,
considera-se subjetivamente comercial, pois é praticado por um comerciante, não tem
natureza exclusivamente civil, e o próprio ato resulta da sua atividade comercial.
Vasco é comerciante, nos termos do artigo 13º.
Para a firma Valentinos,S.A.:
se esta vendeu os fatos que produziu- nos termos do artigo 464º não
é objetivamente comercial- artigo 2o, I parte;
Se esta comprou para vender os fatos então, nos artigo 463º é
considerado comercial, logo, objetivamente comercial- artigo 2º, I
parte.
Como é comerciante, este ato não tem natureza exclusivamente civil e foi praticado no
âmbito do seu exercício, este ato para a firma Valentinos,S.A é considerado ato
subjetivamente comercial-artigo 2, II parte.
Posto isto, concluímos que para Vasco a compra e venda dos fatos é um ato
objetivamente e subjetivamente comercial. Para a firma, também é um ato
objetivamente e subjetivamente comercial.

e. Vendeu por 20 mil euros ao seu amigo Diogo, um gipe que havia adquirido em março
de 2008;
Para Vasco, mesmo sendo comerciante, este ato é meramente civil.
Artigo 463, no3- Não o comprou com o intuito de vender, por isso não é objetivamente
comercial – art.2, I parte.
Também não é subjetivamente comercial, porque nada tem a ver com a sua atividade
comercial. Sendo assim é um mero ato civil.
2-Suponha que Vasco não pagou nenhuma das compras que efetuou, nesse caso
indique:
a. A responsabilidade de Carlota, sua mulher, pelas dívidas contraídas por Vasco

Nos termos do artigo 1690º C.C. ambos tem legitimidade para contrair dívidas.
O artigo 1691º C.C estabelece quais as dívidas que responsabilizam ambas os
cônjuges.
Quanto às saco das batatas (a)- como é em proveito comum do casal é da
responsabilidade de ambos art.1691º/1,d) C.C.
Quanto à compra da televisão para oferecer, o artigo 15º Cod.Com tem uma
presunção legal, que estabelece que as dividas comerciais do cônjuge comercial
presumem-se contraídas no exercício do seu comércio, ou seja, de acordo com o
artigo 1691º/1, d) é da responsabilidade de ambos, no entanto, esta presunção
pode ser ilidida caso a Carlota prove o contrário, ela tem o ONUS de afastar a
presunção. Se esta provar que não foi contraído no exercício da sua atividade nem
foi em proveito comum só Vasco é que é responsável pela dívida contraída- artigo
1692o C.C.
Quanto às garrafas de vinho, presumimos que estas eram um ato comercial,
pois era no âmbito da sua atividade comercial, sendo assim uma dívida comercial,
pelo artigo 15º Cod.Com, é da responsabilidade de ambos, e é em proveito
comum do casal, pois os rendimentos do comércio são para proveito do casal logo
esta presunção aqui não se afasta de acordo com o artigo 1691º/1,d) C.C.
Assim, ambos os cônjuges são responsáveis pela dívida.
Quanto aos 300 fatos aplica-se o referido anteriormente, divida comercial
artigo 15º Cod.Com – ambos responsáveis-artigo 1691º/1, d).

b. Quais os bens do casal que responderiam pela dívida (2 valores);


Com base na resposta anterior, pelas dívidas que responsabilizam ambos os
cônjuges os bens que respondem por essas mesmas são os previstos no artigo
1695ºC.C, sendo os bens comuns do casal e solidariamente os
bens próprios, isto apenas para o saco de batatas, as garrafas de vinho e os fatos.
Nas dívidas que responsabiliza apenas o Vasco art.1692º, os bens que respondem
são os referidos no artigo 1696ºC.C, sendo os bens próprios e subsidiariamente a
sua meação dos bens comuns, ou seja, pela dívida da televisão (caso Carlota
conseguisse provar o não proveito comum).
.

Você também pode gostar