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INFLUÊNCIAS DAS MÍDIAS NA ALIMENTAÇÃO

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ANA PATRICIA COSTA
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CECÍLIA MESQUITA PORTELA DE AGUIAR BORGES
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CLENILDE LILIA LINDOSO COSTA
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GLÓRIA DÁRIA MENDONÇA FRAZÃO
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LEANDRO SOUSA LEDA
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WERICA CRISTINA MENDONÇA FRAZÃO
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MARIANE ALVES DE SOUSA

1. INTRODUÇÃO

O comportamento alimentar pode ser definido como um conjunto de ações associadas ao alimento, que abrange desde a escolha até o consumo e tudo

que se relaciona a esse processo (VAZ e BENNEMANN, 2014). A partir disso, pode-se considerar que o comportamento alimentar humano, sofre influência do

estado fisiológico, psicológico e do ambiente no qual o indivíduo está inserido (ALVARENGA et al., 2015).

Sabemos que os meios de comunicação e mídias digitais criam constantemente, novos hábitos e necessidades de consumo entre seus usuários, uma

vez que expõem propagandas de alimentos e até mesmo informações contraditórias sobre dietas. Essa exposição aumenta o acesso das pessoas a informações nem

sempre verdadeiras, ou adequadas às necessidades biopsicossociais de cada indivíduo ou grupo, gerando crenças, dúvidas, experimentações, expectativas,

frustrações. Atualmente, observa-se, no Brasil e em outros países, debates sobre aspectos promotores de qualidade de vida, incluindo o papel da mídia no combate

aos maus hábitos alimentares e os desafios envolvendo questões nutricionais com efeitos adversos, como desnutrição, sobrepeso e obesidade.

Uma pesquisa realizada pelo DataSenado em parceria com as ouvidorias da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, verificou que, 83% dos

brasileiros acreditam que o conteúdo nas redes sociais influencia na opinião das pessoas. A mídia não impulsiona apenas na venda de alimentos, ela impulsiona

tudo o que promete um corpo desejável às pessoas. A preocupação ou veneração com o corpo faz com que a mídia ganhe mais força, pois a cada dia vemos mais

nos setores de cosméticos, alimentação e vestuário, tudo para atrair os olhares desse mundo capitalista.

Diante do exposto, sabemos que a alimentação é composta pela interação de diversos fatores, biológicos, psicológicos e socioculturais, que nos levam

a fazer nossas escolhas alimentares.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para Rodrigues et al. (2011), marketing é o processo utilizado pelas empresas para persuadir o consumo de seus produtos, que abrange o

planejamento, a concepção, a atribuição do preço, a promoção e a distribuição de bens, serviços e ideias. E a publicidade é a ferramenta utilizada pelo marketing

para promover a venda de seus produtos, é uma forma de comunicação com o objetivo de promover a comercialização ou alienação.

Para Pimenta, Rocha e Marcondes (2015), as estratégias de marketing buscam seduzir para o consumismo alimentar, utilizando-se de artifícios

emocionais e afetivos, bem como da oferta de brindes e uso de personagens e apresentadores infantis a fim de atrair a atenção das crianças para o consumo de seus

produtos (HENRIQUES et al., 2012).

Uma grande influenciadora do comportamento alimentar é a mídia que vem, trazendo conteúdos inadequados sendo disseminados quando o tema é

alimentação, nutrição e emagrecimento. Tais conteúdos encorajam aos chamados “Modismos Alimentares”. (CHAUD;MARCHIONI, 2004).

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – NUTRIÇÃO - (FLC26712NTR) – Prática do Módulo IV
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A mídia tem o poder de influenciar as escolhas sobre o que comer, ditando e moldando os hábitos alimentares das pessoas. Os seus efeitos estão cada

vez mais presentes na sociedade contemporânea e os seus efeitos impactam diretamente a saúde pública.

É recorrente a quantidade de matérias em rádios, televisão e internet. Com informações e recomendações sobre alimentação e saúde, mas poucas são

as fontes confiáveis. E essa mesma publicidade confunde alimentação saudável e dieta para emagrecer.

Porém infelizmente no Brasil, o público não possui o senso crítico para selecionar o alimento que fala bem, então a longo prazo podem desenvolver

doenças e mal funcionamento no organismo.

Segundo Maria da Conceição, a imagem corporal é a reprodução da nossa mente sobre o nosso próprio corpo, podendo ser compatível com a

realidade ou não. A ideia de corpo “ideal” é criada e compartilhada pela sociedade na qual as mídias sociais são um dos principais temas de propagação dessa

imposição estética.

As redes sociais são uma dessas mídias, pois atingiram proporções grandiosas, alcançando, inclusive pessoas mais velhas e que possuíam pouca

intimidade com a internet e o mundo virtual, isso tem gerado uma grande preocupação as instituições de ensino e as classes profissionais da área da saúde, já que

as informações disseminadas não obedecem ao rigor crítico e científico dos dados, mas os significados a eles atribuídos por aqueles que o compartilham

(RIGONI; NUNES; FONSECA, 2017).


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Segundo SILVA (2019), é através de imagens e páginas da internet que podemos observar como as redes sociais influenciam o

comportamento humano no momento de se alimentar, se vestir, se portar, levando a uma forma de convívio social que gira em torno do estilo da mídia e do que

ela dita, sugere ou enfatiza, formando um padrão comportamental a ser seguido por usuários. Além do mais, o crescimento das mídias sociais também traz o

aumento das Fake News, sendo indispensável chamar atenção para equívocos, crenças disfuncionais e atitudes de risco, e até mesmo prejudiciais, que estão

expostas nesse meio e que podem gerar modelos inadequados de comportamento.

ALVARENGA et al (2010) mostra que o público mais jovem, até 19 anos, tem mais chance de ser influenciado pelas mídias, quando comparados

com universitários maiores de 25 anos. Sendo a adolescência uma fase de intenso desenvolvimento hormonal e cognitivo, e vulnerabilidade intelectual e social, os

indivíduos podem sofrer mais influência da mídia, incluindo experiências de publicidade, adequadas ou inadequadas, desde a infância, quando as crianças já estão

expostas a esse meio digital.

Laus (2012) mostra que a exposição da população a imagens corporais idealizadas pelas mídias tem grande influência sobre a busca do corpo

idealizado perfeito, mesmo que impossível de ser alcançado, o que acaba levando a métodos inadequados e, muitas vezes, ineficientes e perigosos à saúde. Os

autores destacam a necessidade de reduzir a exposição a esses conteúdos que apresentam imagens de corpo ideal e encorajar a veiculação de imagens de pessoas

com peso real, sem distorção da imagem através de alterações de computação, por exemplo. A conscientização sobre a manipulação de imagens e os malefícios

associados à busca pelo corpo “perfeito” devem ser incentivados por profissionais da saúde e da comunicação e por pesquisadores, com dados evidenciados

empiricamente. Assim, como a mídia tem o poder de influenciar negativamente aspectos relacionados ao corpo e à saúde, a mesma mídia também poderia ser

importante nas campanhas de conscientização e promoção de hábitos saudáveis de alimentação.

As mídias sociais influenciam homens e mulheres indicando “o corpo ideal”. De acordo com Ribeiro et. Al (2018), as mulheres buscam pelo corpo

mais magro e os homens pelo corpo musculoso, com isso, seguem dietas de emagrecimento e procuram também por procedimentos estéticos, para se encaixar na

imagem corporal idealizada pelas mídias.

3. METODOLOGIA

Tratou se de um estudo que se refere a uma revisão de literatura e, para a realização do mesmo, foram delimitados e estabelecidos critérios de

inclusão de artigos selecionados.

Para o levantamento das informações foram realizadas buscas por artigos que abrangessem o assunto colocado em questão, sendo avaliado a

influência das mídias sociais na alimentação.

Para o desenvolvimento do estudo foi selecionado a seguinte pergunta: como as mídias sociais influenciam no comportamento alimentar das pessoas?

Foram utilizadas as seguintes plataformas para a pesquisa: Google Acadêmico e Scielo A busca foi feita entre os anos artigos de 2004 a 2019.

As palavras chaves utilizadas na pesquisa foram: alimentação, redes sociais, nutrição e comportamento alimentar.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Instagram é a rede social com mais acessos em relação aos temas sobre estética, alimentação saudável e notícias em geral. Todos os temas (amigos,

estética, alimentação saudável, gastronomia, atividade física e notícias), avaliados sob a influência das mídias sociais, mostraram resultados classificados com

alguma intensidade, de pouco a moderado, em relação a esta influência. O estudo mostrou grande associação entre o estado nutricional e o acesso às mídias
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quando os participantes apresentam insatisfação corporal, mesmo estando eutróficos. Mais uma vez, mulheres apresentam média superior em relação às alterações

de comportamento alimentar. A pesquisa ainda mostrou que os temas sobre estética e alimentação saudável têm associação significativa com a classificação

crescente do IMC e a renda. (COSTA et al, 2019).

Com a profusão de alimentos industrializados nos mercados em nível mundial, criou-se ambiente competitivo, em que o marketing se torna essencial

para o sucesso das companhias produtoras desses alimentos (Mayhew et al., 2016). Portanto, as campanhas de marketing colaboram para o aumento na aquisição

de alimentos industrializados prontos para consumo, a partir da criação de necessidades no consumidor, da falta de tempo dedicada ao preparo dos alimentos, da

comodidade, da praticidade e da conveniência trazidas por esses produtos (Caivano et al., 2017)

Em uma análise por sexo, feita por COLL (2010), percebe-se que as mulheres apresentam maiores mudanças de comportamentos relativos a

alimentação e à pratica de atividades físicas, o que sugere maior suscetibilidade a dicas, sugestões ou relatos de experiência, disponibilizados pelas mídias sociais.

Mulheres, geralmente, também apresentam maior insatisfação corporal, o que foi observado, também, por LAUS (2012). Essa maior insatisfação corporal está

associada ao excesso de peso, muitas vezes superestimado pela própria pessoa, mesmo que familiares e amigos próximos não concordem.

De fato, a leitura dos rótulos pode trazer informações fundamentais para que o consumidor possa fazer escolhas mais adequadas, contanto que tenha

conhecimento suficiente para isto. Ademais, para que o consumidor possa utilizar esta ferramenta, é preciso que a veracidade das informações apresentadas pelo

rótulo nutricional em alimentos seja garantida, cumprindo assim o objetivo de auxiliar o consumidor em suas escolhas. Entretanto, diversos estudos apontam não

conformidades entre dados descritos na rotulagem nutricional e a real composição do alimento, fazendo com que o consumidor se sinta enganado ( Domiciano et

al., 2018; Marzarotto & Alves, 2017).

5. REFERÊNCIAS

ALVARENGA, M.; FIGUEIREDO, M.; TIMERMAN, F.; ANTONACCIO, C. Nutrição Comportamental. 1. Barueri: Manoele, 2015. 1261p;

ALVARENGA, M. S.; SCAGLIUSI, F. B; PHILIPPI, S. T. Comportamento de risco para transtorno alimentar em universitárias brasileiras. Rev Psiquiatr Clin.
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