Você está na página 1de 2

A Arte como presença eterna.

'Art is an expression of life not an explanation of it.'

'Life is not what is, but what is created. Our whole life with all
its acts is an exact and accurate picture of what we believe.',
Cecil Collins

No texto 'The Eternal Presence', o pintor Cecil Collins (1908-


1989) escreveu que o propósito primeiro da arte é o de glorificar
a vida através do espanto e do inexplicável. Arte é a realização
poética da natureza da vida, através do eterno.

A arte não ensina e não explica nada - não tenta explicar a vida
porque é a pura expressão da vida. A arte evoca a vida na sua
essência mais poética. É o único caminho para contactar e
experienciar a essência desconhecida da vida, embora deixe
permanecer um inevitável mistério sagrado. Por isso, para
Collins, a poesia e a arte não interferem com a vida, mas
sacrificam-se à vida. O artista, para expressar a essência da
vida, utiliza símbolos. O símbolo é o único modo concreto de
contacto com a desconhecida luz da vida.

'Symbols are not things representing something else, they are


actual emotions of the reality of existence, realised in concrete
form, that can be experienced.', Cecil Collins

Para Cecil Collins, a poesia é a arte verdadeira. É mito que


expressa o que o artista sente ser a natureza da vida. Só a
verdade, com o tempo, se transforma em mito ou lenda - que no
fundo são fortes acontecimentos poéticos, que transportam
uma essência arquetípica tão intensa e que ficam impressos na
consciência do homem por milhares de anos. Segundo Collins, o
mito e a lenda são sinais da vitalidade criativa de uma
sociedade.

A arte necessita de um propósito maior e absoluto para se


relacionar com todas as outras atividades do homem: 'God is
the only absolute capable of reconciling them all. God is the
Poetry that includes all poetry, the Beauty that includes all
Beauty. Poetry and Beauty can be a way to God. God is pure
Poetry, the life of life, Pure Being.',

Collins afirma ainda que o propósito da poesia é o propósito da


vida que é a descoberta do eterno dentro do homem. O intelecto
não pode executar esta tarefa porque o seu campo de ação é
muito limitado.

Só perante um estado puro do ser, o infinito pode ser


desvendado. Um estado em que o homem não necessita de
explicar a vida porque é simplesmente vida. Ora, por isso para
Collins a arte é o meio, por excelência, que evoca esse estado
de pureza, que é constantemente apagado e esquecido pela
vida quotidiana.

'The Poet and the Artist belong to the contemplatives and carry
out this highly concentrated intense work of revealing and
distilling the essence of life to the world of man. In the
contemplative life the mystery of life is worshipped in its simple
essential beauty, for the Poet and the Artist do not desire to
explain the mystery of life, but to live it.', Cecil Collins

Ana Ruepp

Você também pode gostar