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Melyssa Machado Sarmento

RA:N7084C2
Turma:PS6Q13

Fichamento – Sobre a psicologia infantil e o desenvolvimento – Pg 29 a 44

Ao mergulhar na leitura sobre psicologia infantil e desenvolvimento, fui


confrontada com reflexões profundas sobre a maneira como as crianças são
percebidas e compreendidas em nossa sociedade. Desde os primeiros
estudos, percebi que a criança é muitas vezes vista como um estado inicial a
ser superado, como se sua existência fosse inferior à do adulto. Essa ideia de
que a criança precisa deixar de ser quem é para se tornar alguém aceitável é
preocupante e revela um viés em nossa compreensão do desenvolvimento.
As teorias psicológicas do século XX, de Freud a Winnicott, associam a
infância a estágios iniciais que precisam ser transformados para que o adulto
idealizado possa emergir. Parece haver uma constante busca por um padrão
de ser humano mais verdadeiro, o que levanta questões sobre a validade
desses ideais e como eles afetam nossa compreensão das crianças. A leitura
também destaca a tendência de entender a infância com base no que ela não
é, em vez de reconhecer e valorizar o que ela é. Isso levanta preocupações
sobre a homogeneização das experiências infantis e a falta de reconhecimento
da singularidade de cada criança. Afinal, cada criança tem sua própria jornada
de desenvolvimento, e é essencial que reconheçamos e respeitemos isso.
A citação de Boss sobre a incompletude da existência humana ressoa comigo,
destacando que tanto as crianças quanto os adultos estão em constante
processo de transformação. Essa ideia desafia a noção de que a infância é
apenas uma fase a ser superada e enfatiza a importância de valorizar e
compreender as experiências infantis em sua própria complexidade.
O texto me trouxe uma perspectiva totalmente nova sobre a infância e a
maneira como a criança é compreendida. Van den Berg questiona a
necessidade de uma psicologia da criança, argumentando que, em um tempo
anterior, não havia uma separação tão marcante entre o mundo das crianças e
o dos adultos. Isso me fez pensar sobre como nossa compreensão da infância
é moldada pela sociedade em que vivemos e como essa separação pode
influenciar nossa visão das crianças.
Os questionamentos levantados sobre a psicologia do desenvolvimento
também são intrigantes. Será que estamos realmente compreendendo melhor
o ser humano e a criança ao nos concentrarmos tanto no desenvolvimento? A
ideia de que a infância está diminuindo com a chegada precoce da
adolescência e que esta está se prolongando levanta questões importantes
sobre como isso afeta não apenas as crianças, mas também os adultos e a
sociedade como um todo.
A influência de Hannah Arendt é especialmente marcante, sua ideia é de que a
criança é um novo ser humano que nasce em um mundo que já existe, ela
destaca a dupla responsabilidade dos pais de cuidar da nova vida e garantir a
continuidade do mundo. Isso me fez refletir sobre a importância de reconhecer
a singularidade de cada criança e como isso está ligado à preservação do
mundo em que vivemos. A leitura também me levou a questionar a maneira
como pensamos sobre a infância, especialmente no que diz respeito à
educação. Ao considerar a importância do mundo da criança e sua relação com
o mundo comum, percebo como é essencial partir do sentido e dos significados
próprios que surgem nas relações, em vez de partir de pressupostos teóricos
pré-concebidos.

O terceiro ponto sobre fenomenologia me proporcionou uma profunda reflexão


sobre a maneira como percebemos e compreendemos o mundo ao nosso
redor, especialmente no que diz respeito às experiências infantis. O método
fenomenológico, proposto por Husserl e desenvolvido por Heidegger, destaca a
importância de ver as coisas como elas se apresentam diretamente, sem tentar
enquadrá-las em categorias predefinidas ou conceitos pré-concebidos.
A ideia de "ver simplesmente" pode parecer trivial à primeira vista, mas, na
verdade, requer um esforço significativo. Clarice Lispector ressalta isso em sua
obra, destacando que alcançar a simplicidade demanda muito trabalho. A
simplicidade não é algo óbvio ou fácil de alcançar, especialmente quando se
trata de compreender as complexidades da existência humana. Heidegger
aprofunda essa ideia ao discutir a diferença ontológica entre o ser humano e as
coisas do mundo. Ele enfatiza que o ser humano é o único ente que se
questiona sobre o próprio ser e que está constantemente em um estado de
"ser-lançado" no mundo, sempre aberto a possibilidades e cuidados.
A aplicação da fenomenologia na compreensão das experiências infantis é
particularmente desafiadora. É essencial resistir à tentação de impor nossas
próprias expectativas e conceitos sobre as crianças e, em vez disso, abordá-las
a partir de sua própria realidade e perspectiva. Isso requer um esforço
consciente para nos aproximarmos do mundo da criança e entender suas
experiências em sua totalidade existencial.
O método fenomenológico oferece um caminho para essa compreensão mais
profunda, permitindo-nos reconhecer e valorizar a singularidade de cada
criança e sua maneira única de interagir com o mundo ao seu redor. Ao
mantermos essa proximidade com o mundo infantil, somos desafiados a
expandir nossa própria compreensão da existência e a cultivar uma abordagem
mais empática em relação às crianças.

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