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EXÉRCITO BRASILEIRO
ESCOLA DE SARGENTOS DAS ARMAS
ESCOLA SARGENTO MAX WOLF FILHO
PERÍODO BÁSICO
COLETÂNEA DE MANUAIS
DE
TÉCNICAS MILITARES II
UD 1
(HIGIENE E PRIMEIROS SOCORROS)
2021
(Coletânea de Manuais de Tec Mil II - UD 1..................................................... 1/45)
ÍNDICE DE ASSUNTOS
1.1.1 Generalidades 03
1.1.2 Divisão da Higiene 03
1.1.3 Princípios Básicos 03
1.1.4 Medidas Normais de Higiene 04
1.2.1 Generalidades 07
1.2.2 Doenças Sexualmente Transmissíveis 08
1.2.3 Profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis de um Modo Geral 10
1.2.4 SIDA/AIDS 11
1.2.5 Conclusão 11
1.3.1 Introdução 11
1.3.2 Curativo Individual e Kit de Primeiros Socorros 12
2. HIGIENE SEXUAL
1.1 Generalidades
Encontram-se ainda dificuldades de vulto no controle das doenças sexualmente
transmissíveis (DST), embora as conquistadas ultimamente, na profilaxia e na
terapêutica dessas doenças, representam um dos mais importantes capítulos da
medicina moderna. Com a aplicação dos métodos de investigação do contágio e com o
emprego dos antibióticos, a incidência das DST baixou acentuadamente.
As DST crescem em incidência, com o tempo de permanência do homem nas Forças
Armadas. Isto se verifica porque grande parte dos jovens, que se apresentam para o
serviço militar, desconhecem ainda as relações sexuais e, quando as inicia, não toma,
em geral, qualquer precaução, contaminando-se logo às primeiras cópulas. Convém
lembrar ainda, que praticamente, nenhum soldado está isento de adquirir DST, porque
pela inconsequência própria da idade, raramente se dispõe a observar as precauções
que lhe são aconselhadas.
É fundamental que tenhamos conhecimentos de como fazer a nossa higiene sexual
para que não venhamos a contrair uma DST que poderá trazer consequências
desastrosas para nós e nossas famílias. Sob o ponto de vista histórico, estas doenças
constituem um problema para ambas as comunidades, civis e militares.
1) Curativo Individual
O equipamento consiste de um pacote de curativo individual, acondicionado no estojo
de primeiro socorro do cinto de guarnição.
O curativo consiste de um invólucro plástico contendo um curativo de gaze reforçado
em seu interior.
A finalidade principal do curativo é proteger os ferimentos. É o único material dado ao
combatente individual, cabendo ao mesmo a confecção de seu KIT de Primeiros
Socorros como veremos mais à frente. O curativo individual é para uso próprio. Em
caso de ferimentos em outro companheiro, deve ser usado o curativo deste, somente
em casos de emergência se usa o próprio curativo em outro combatente.
2) Kit de Primeiros Socorros
Toda tropa em missões isoladas deverá ter elementos de saúde em apoio; tais
elementos (praça de saúde, atendente ou cabo enfermeiro) conduzem “Bolsas de
Primeiros Socorros” com um maior número de medicamentos e materiais de saúde,
que irão prestar o socorro imediato, tendo em vista que o combatente, em princípio, só
leva o curativo individual.
Visando precaver-se, o bom combatente deve possuir seu próprio KIT de Primeiros
Socorros que, em princípio, constará de uma pequena bolsa ou outro material para
acondicionar seus medicamentos e materiais de primeiros socorros. Este KIT deve ser
conduzido no cinto ou na mochila, dependendo do volume.
Tantos os medicamentos como os materiais do KIT devem ser acondicionados em
pequenos frascos plásticos para evitar que se quebrem (se conduzidos em vidros) e
visando a ocupação de pequeno espaço.
Os medicamentos devem ser conduzidos em pequenas quantidades, apenas para uso
próprio. Os depósitos plásticos para guardar alimentos em freezers ou aqueles usados
nos fornos de micro-ondas são muito bons para acondicionar os medicamentos e
materiais de seu KIT. Use tira de borracha após fechá-lo para maior segurança. Esses
depósitos são também impermeáveis, protegendo contra a água.
1.3 Finalidade
a) Realizar manobras simples que podem salvar uma vida;
b) Prevenir lesões adicionais;
c) Promover conforto da vítima (amenizar o sofrimento);
d) Transportar a vítima com segurança e rapidez para o hospital, desde que isto
não o prejudique;
e) Manter a segurança durante o atendimento das emergências para prevenir novo
acidente ou piora do quadro.
1.4 Segurança e Proteção Individual
a) Garanta a sua segurança – Antes de iniciar a avaliação, é necessário ter certeza de
que não há risco à sua segurança pessoal. Você poderá ser outra vítima.
b) Garanta a sua proteção – Em situações de urgência, o socorrista pode estar exposto
a riscos de contaminação com vírus HIV e hepatite – transmitidos pelo sangue,
doenças respiratórias (tuberculoses, gripes e resfriados) e meningite – transmitidas
pelas vias aéreas. Para a proteção, o socorrista deve utilizar, no mínimo, um par de
luvas, evitando assim o contato direto com o sangue da vítima. Quando não for
possível, podemos utilizar uma sacola ou saco plástico.
c) Avalie as condições gerais da vítima – A avaliação do paciente é um procedimento
rápido que auxilia na identificação dos riscos à vida e ajuda o socorrista a tornar
decisões sobre os cuidados urgentes mais adequados.
1.5 Hemorragia
É a perda de sangue devido ao rompimento de vasos sanguíneos. Basicamente a
visualização do sangue é uma das características que serve para classificar a
hemorragia.
Observação: Um adulto normal tem em torno de cinco litros de sangue. Este volume
deve ser mantido para que haja a função circulatória normal.
1.5.1 As três medidas salva vidas
- Estancar a hemorragia
- Proteger o ferimento
- Evitar ou tratar o choque
1) Estancar a Hemorragia
As hemorragias, ou simplesmente, “sangramentos”, ocorrem quando há o rompimento
de vasos sanguíneos (veias ou artérias).
Elas podem ser:
- Externas - quando a pele se rompe e, consequentemente, o sangue sai para o
exterior do corpo.
- Internas - quando o sangue, sem ter por onde sair acumula-se no interior do corpo.
- LEMBRETE: Quando o ferido for um companheiro seu, use o curativo dele. Só use o
seu para suplementar o do outro ou quando for bastante necessário para cobrir o
ferimento. Lembre-se que você pode precisar do seu curativo.
Para estancar hemorragias mais graves, aquela forte pressão deverá prolongar-se por
cinco a dez minutos. A pressão sobre o ferimento produz dois efeitos que ajudam o
estancamento do sangue (figura 1 e 2).
FIGURA 3– Torniquete
ATENÇÃO:
- Nunca esqueça de que a aplicação prolongada desta técnica de estancamento pode
provocar gangrenas e causar lesões graves com dor permanente.
- Nunca aperte o torniquete além do necessário para estancar o sangramento.
- Se, em uma das vezes em que afrouxar o torniquete (mesmo que seja a primeira) a
hemorragia não voltar, abandone-o e aplique somente pressão local.
- A qualquer tempo, se o paciente ficar com as extremidades dos dedos frias e
arroxeadas, afrouxe um pouco o torniquete, o suficiente para restabelecer a circulação,
reapertando a seguir caso prossiga a hemorragia. Ao afrouxar o torniquete, comprima o
curativo sobre a ferida.
Enquanto estiver controlando a hemorragia, proceda da seguinte forma:
- Mantenha a vítima agasalhada com cobertores ou roupas, evitando seu contato com o
chão frio e úmido.
O que fazer?
Providencie para que o ferido descanse confortavelmente. Retire todo o equipamento
que ele estiver carregando. Afrouxe o cinto e desabotoe seu fardamento; seja delicado
ao tratá-lo. Evite movê-lo sem necessidade, Se ele se encontrar em posição anormal e
não havendo fratura aparente, mude-o suavemente para uma posição mais correta e
confortável. Coloque-o numa posição tal que sua cabeça fique em nível inferior ao resto
do corpo, para que o sangue volte a fluir normalmente para o cérebro. Nesse caso não
devem haver lesões na cabeça, queixo ou tórax.
LEMBRE-SE: Nunca erga uma perna fraturada nem movimente um acidentado com
fraturas, sem antes colocar talas no local fraturado, pois sem a imobilização, pode
ocorrer uma lesão vascular ou nervosa, além de dor acentuada levando ao choque.
Mantenha o acidentado sempre aquecido, enrolando-o num cobertor, casaco ou
japona. Coloque algo macio em baixo dele para protegê-lo da friagem do solo, por
exemplo, roupas (figura 4-1).
Essa avaliação deve ser feita de forma sistematizada, priorizando os cuidados mais
urgentes seguindo os seguintes critérios:
A via aérea (espaço para respiração – boca) deve estar livre de coágulos de sangue,
vômitos, restos alimentares e outros corpos estranhos como fragmentos dentários,
próteses, etc.
b) B = Respiração
Após checar a via aérea (A), verifique se a vítima respira (B), ou seja, se o tórax se
eleva (quando o pulmão se enche de ar) e retorna a sua posição (quando o ar sai dos
pulmões). Você pode verificar o movimento do tórax ou do abdômen. Verifique a
qualidade e a frequência da respiração, ou seja, se está rápida ou lenta.
c) C = Circulação
Procure por sinais de hemorragia externa. Em caso de hemorragia adote os
procedimento já citados nesta Coletânea de Manuais.
Observe a coloração da pele: Pele rosada e aquecida significa sem perda de sangue
significativa; pele pálida e suor frio pode significar perda de sangue considerável.
d) D = Avaliação Neurológica
Esta avaliação é limitada, mas o militar deve observar se a vítima está acordada
(alerta); se ela consegue falar ou abre os olhos quando solicitado pelo militar que
presta o socorro; se faz gestos diante dos estímulos dolorosos. Caso não reaja a
nenhum estimulo destes, está vítima está inconsciente.
3) Lesões que Exigem Medidas Especiais de Primeiros Socorros
As três medidas salva-vidas que você aprendeu, aplicam-se ao tratamento de todas as
lesões, porém, às vezes, deparamo-nos com certos tipos de lesões que exigem
medidas especiais de primeiros socorros. Há seis tipos de lesões que exigem estas
medidas.
- Ferimento profundo no tórax
- Ferimento no abdômen
- Ferimento na cabeça
- Ferimento na mandíbula
- Queimaduras
- Fraturas.
FIGURA 6– Talas
(Coletânea de Manuais de Tec Mil II - UD 1..................................................... 23/45)
As talas devem ser amarradas com ataduras ou tiras não muito apertadas, em, no
mínimo, quatro pontos. Abaixo da articulação distal, abaixo da fratura. Acima da
articulação proximal, acima da fratura.
Outro recurso no caso de fratura da perna é aquele que consiste em amarrar a perna
quebrada à outra, desde que sã, tendo o cuidado de acolchoar entre ambas com lençol
ou manta, dobradas.
2) Fraturas Abertas ou Expostas
a. Fixe firmemente o curativo no lugar utilizando-se de uma bandagem forte (tira de
roupa, cinto de guarnição, cinto de lona, etc);
b. Mantenha a vítima deitada;
c. Aplique talas, conforme descrito para fraturas fechadas, sem tentar puxar o
membro ou fazê-lo voltar a sua posição natural;
d. Não desloque ou arraste a vítima até que a região suspeita tenha sido
imobilizada, a menos que ele se encontre em iminente perigo.
e. Evite manobras violentas com a vítima.
FIGURA 8 – Transporte
5) Luxações e Entorses
Toda vez que os ossos de uma articulação ou junta saírem do seu lugar proceda como
no caso de fraturas fechadas.
a. Coloque o braço em uma tipoia quando houver luxação do ombro, do cotovelo
ou do punho.
b. Trate uma entorse como se houvesse fratura;
(Coletânea de Manuais de Tec Mil II - UD 1..................................................... 25/45)
c. Imobilize a parte afetada;
d. Não aplique nada quente sobre a parte afetada durante 24 horas, no mínimo, o
calor aumentaria a dor e a inchação.
e. O correto tratamento de uma luxação ou de uma entorse exige o atendimento
médico.
FIGURA 9 – Imobilização
1.8 Cuidados com os Pés
Os grandes deslocamentos fazem com que você use os pés constantemente. Prevenir
as perturbações do pé é o primeiro socorro para o caso.
1) Procedimentos Normais
Conserve-os limpos. Seque-os minuciosamente, principalmente entre os dedos, isso
previne o “Pé de Atleta”. Use sistematicamente pó entre os dedos dos pés; é bom para
coceira ou vermelhidão. Nunca corte calo ou calosidade, pois causa infecção.
Mantenha as unhas dos dedos limpas e curtas, para evitar unhas encravadas. Antes de
uma marcha, polvilhe sempre os pés, para evitar assaduras pela absorção de suor.
Calce meias limpas todos os dias. Não use meias furadas nem incorretamente
ajustadas.
2) Doenças mais Comuns
a) Erisipela
O surgimento de ferimentos nos pés favorece a erisipela, doença infectocontagiosa,
que atinge a pele e plano subcutâneo, caracterizando-se pelo rubor (vermelhidão) e
inchação das áreas lesadas. É comum se contrair em águas contaminadas, quando se
circula pelas mesmas com ferimentos, o que favorece o contágio.
Quando atuando em regiões úmidas (Amazônia, Pantanal Mato-grossense, etc), ou
ainda, sob chuvas constantes, aconselha-se besuntar os pés com pomadas de
características emoliente e hidratante (tipo a comercial “HIPOGLÓS”) pois a mesma irá
impermeabilizar a pele, evitando que fique enrugada favorecendo o surgimento de
feridas devido a longas caminhadas, quando os pés secam e molham constantemente.
O Permanganato de Potássio é um ótimo antisséptico no tratamento de feridas nos
pés, causadas pelo atrito de areia que entra no coturno e a pele. Conhece-se causas
de combatentes com os pés feridos que após 2 dias lavando os ferimentos dos pés
com permanganato de potássio, estavam prontos para o combate no 3º dia.
(Coletânea de Manuais de Tec Mil II - UD 1..................................................... 26/45)
As seguintes observações feitas para prevenção e o tratamento do Pé de Trincheira,
são válidas também para atuação em regiões úmidas:
- Tenha sempre mais de um par de meias, ao ser trocado todo o dia;
- Retire o coturno, massageie e limpe os pés sempre que tiver oportunidade,
principalmente antes dos pernoites.
- Não use coturno novo nem apertado para longas caminhadas, pois fatalmente
surgirão calos e feridas. Dê preferência a coturnos já usados e amaciados e com algum
tempo de uso.
b) Pé de Atleta (também conhecido como “Frieira”)
É a mais comum infecção dos pés. É produzido por fungos geralmente na camada
superficial da pele. Este fungo desenvolve-se em condições de calor e umidade. É uma
doença cutânea que produz inflamação entre os dedos dos pés, podendo atingir as
mãos, e causa intensa coceira.
O seu tratamento consiste no uso de pó para os pés, duas vezes ao dia, trocando as
meias diariamente. Se estas regras simples forem observadas, serão remotas as
possibilidades de desenvolver-se o pé de atleta. Se você for atingido por esta moléstia,
procure o médico.
Não corte calos, nem calosidades, pois poderão sobrevir infecções graves. Procure o
médico para atender seu caso.
Para evitar unhas encravadas, mantenha-as limpas e curtas. Corte as unhas retas, não
as arredonde.
c) Pé-de-imersão
É uma síndrome muito semelhante ao pé-de-trincheira, produzido pela imersão
prolongada dos pés em água fria, tal como acontece entre os sobreviventes de
naufrágios ou aviadores que são obrigados à descidas forçadas sobre a água.
As vestimentas apropriadas, protegendo o corpo e os pés e o uso de graxa grossa para
untar os pés e o corpo, são medidas apreciáveis na prevenção dos acidentes causados
pela imersão prolongada.
d) Pé-dos-Trópicos
O pé-dos-trópicos é causado por circunstâncias semelhantes às de que dão origem ao
pé-de-trincheira, com a diferença de que a água não precisa estar gelada. Esta
síndrome se revela, sobretudo, nas zonas tropicais em que os homens são obrigados a
vadear e atravessar extensos pântanos, sem estarem providos de sapatos
impermeáveis ou qualquer meio de proteção à prova d’água.
O importante para a prevenção é conservar os pés secos e limpos.
Definição
É a parada dos movimentos respiratórios e do coração, de forma súbita e inesperada.
O coração para de bater e a circulação é subitamente interrompida, fazendo com que
os órgãos vitais fiquem sem oxigenação.
1) Como Identificar uma Parada Cardiorrespiratória
a) A vítima está inconsciente (não responde a nenhum estímulo);
b) A vítima não respira (não apresenta nenhum movimento de tórax, nem do abdômen).
ATENÇÃO: A vítima de Parada Cardiorrespiratória não respira e nem apresenta
qualquer tipo de movimento, está inconsciente. Caso apresente algum movimento
não é Parada Cardiorrespiratória.
FIGURA 16 – Padiolas
b) Padiolas feitas de varas e gandolas
Dobre duas ou três gandolas, camisas ou túnicas, de modo que o avesso esteja para
fora. Abotoe-as com as mangas para dentro. Passe uma vara através de cada manga.
c) Padiolas feitas de porta ou prancha
Use qualquer objeto de superfície e tamanho adequado tais como cama de campanha,
portas, escadas ou varas amarradas entre si. Se possível, acolchoe.
1.22 Convulsões
Contratura involuntária da musculatura, provocando movimentos desordenados e em
geral acompanhada de perda da consciência.
1. Procedimento Normal
a) Coloque a vítima em lugar confortável, retirando de perto objetos em que se
possa machucar.
b) Introduza um pedaço de pano ou um lenço entre os dentes para evitar
mordidas na língua.
c) Afrouxe as roupas.
d) Veja se existe pulseira, medalha ou outra identificação médica de emergência
que possa sugerir a causa da convulsão.
e) Terminada a convulsão, mantenha a vítima deitada. Deixe-a dormir, caso queira.
f) Procure um médico ou transporte a vítima até ele.
g) Não segure a vítima (deixe-a debater-se) não dê tapas, não jogue água sobre
ela. Mantenha-se vigilante e afaste ou curiosos.
BRASIL. SAMU Porto Alegre – 2012. Manual Elaborado pela equipe NEP. Manual de
Primeiros Socorros para leigos.