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Princípios Administrativos na Doutrina

Índice
CONCEITO DE PRINCÍPIO
PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU DA IGUALDADE
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
PRINCÍPIO DA MORALIDADE E DA PROBIDADE ADMINISTRATIVA
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO
PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO
PRINCÍPIO DA SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS VANTAJOSA
PRINCÍPIO DO SIGILO NA APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS
PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA E DA INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
PRINCÍPIO DA ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA
PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO FORMAL
PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE
PRINCÍPIO DA FINALIDADE
PRINCÍPIO DA LICITAÇÃO
Referências
Ver também

CONCEITO DE PRINCÍPIO
(MELLO, 2014, p. 54) Celso Antônio Bandeira de

Princípio é, pois, por definição, mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição
fundamental que irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o espírito e servindo de critério para exata
compreensão e inteligência delas, exatamente porque define a lógica e a racionalidade do sistema normativo,
conferindo a tônica que lhe dá sentido harmônico.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 187) Marcelo e Vicente

Os princípios são as ideias centrais de um sistema, estabelecendo as suas diretrizes e conferindo a ele um
sentido lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma adequada compreensão de sua estrutura. Os
princípios determinam o alcance e o sentido das regras de um dado subsistema do ordenamento jurídico,
balizando a interpretação e a própria produção normativa.
(JÚNIOR apud DI PIETRO, 2014, p. 63) José Cretella, citado por Maria Sylvia Zanella

Princípios de uma ciência são as proposições básicas, fundamentais, típicas que condicionam todas as
estruturas subsequentes. Princípios, neste sentido, são os alicerces da ciência.

(MEIRELLES, 2010, p. 88) Hely Lopes

Como salientado, por esses padrões [princípios] é que deverão se pautar todos os atos e atividades
administrativas de todo aquele que exerce o poder público. Constituem, por assim dizer, os fundamentos da
ação administrativa, ou, por outras palavras, os sustentáculos da atividade pública.

(JUSTEN FILHO, 2012, p. 104) Marçal

O princípio consiste em norma jurídica que consagra modelos genéricos e abstratos de conduta, sem
estabelecer uma solução única e predeterminada abstratamente. O princípio produz uma delimitação das
condutas compatíveis com o direito. Consagra uma moldura, no sentido de contemplar um limite entre
condutas lícitas e as ilícitas. Isso significa que a aplicação do princípio envolve, como primeira etapa, a
identificação desse limite, algo que até pode ser fixado de modo teórico e abstrato.

Mas o princípio não se restringe a fixar limites, porque também impõe a escolha da melhor solução possível, o
que significa a necessidade da análise do caso concreto. Nessa segunda etapa, as circunstâncias da vida real
condicionam a aplicação do princípio. Assim se passa porque as características da vida real variam caso a
caso, sendo impossível estabelecer uma solução única e geral aplicável de modo uniforme.

(JUSTEN FILHO, 2012, p. 108) Marçal

Pode-se dizer, então, que os princípios desempenham função normativa extremamente relevante no tocante ao
regime de direito administrativo. Com algum exagero, poder-se-ia afirmar que os princípios possuem
influência mais significativa no direito administrativo do que no direito privado.

(JUSTEN FILHO, 2012, p. 115) Marçal

Por outro lado, não existe supremacia entre os princípios. Todos os princípios têm assento constitucional
idêntico e se encontram no mesmo nível hierárquico. A determinação da solução concreta depende da
ponderação dos diversos princípios, de modo a promover a mais intensa realização de todos eles – tal como
melhor será examinado a propósito do princípio da proporcionalidade.

(NIEBUHR, 2008, p. 31) Joel de Menezes

Os princípios jurídicos consubstanciam a base, o ponto de partida, a estrutura sobre a qual se constrói o
ordenamento jurídico. Daí a importância deles, porque, para se compreender as leis, é fundamental que se
compreenda o que deu origem e serviu de inspiração a elas.

Por consequência, para compreender a licitação pública, as leis e os decretos que a disciplinam, é fundamental
compreender os princípios que a informam, o que, verdadeiramente, está por trás ou na base destas leis e
decreto. Sem recorre aos princípios, não se alcança a essência da licitação e, em razão disso, muitas questões
a respeito dela acabam sendo interpretadas de forma equivocada.

(MENDES, 2012, p. 63) Renato Geraldo

Portanto, princípios são ideias estruturais que traduzem os valores fundamentais do regime jurídico da
contratação pública. Se afirmarmos que o regime jurídico é constituído de uma parte fundamental e de outra
importante, a parte fundamental seria a dos princípios.

(BARROS, 2005, p. 15) Márcio dos Santos

Fonte e origem das normas, que devem ser interpretadas e aplicadas a sua luz, sendo inconcebível qualquer
solução que com eles colida.

(FERNANDES, 2008, p. 49) Jorge Ulisses Jacoby

Numa singela analogia, pode-se afirmar que os princípios estão para o Direito como o alicerce para o edifício:
visível ou não, é o alicerce que dá sustentação à obra; expressos ou não na lei, são os princípios que garantem
harmonia e consistência à ciência jurídica.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 61-62) Jessé Torres

Os princípios aplicáveis às licitações e contratações públicas são agrupáveis em três categorias: na primeira, o
princípio universal da isonomia, subordinante dos demais; na segunda, os princípios constitucionais gerais,
quais sejam os da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, indisponibilidade, devido processo
legal e continuidade, presentes em todas as atividades administrativas estatais; na terceira, os princípios de
direito administrativo específicos para as licitações, quais sejam os da vinculação ao instrumento convocatório,
do julgamento objetivo e correlatos.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 62) Jessé Torres

Princípio é a proposição geral e abstrata que orienta determinado sistema, de modo a compatibilizar as partes
que o integram. […] A importância dos princípios nomeados no art. 3º está em que:

(a) facilitam a dedução das normas gerais que lhes dão cumprimento;

[…]

(c) fixam os pontos cardeais para a interpretação de todo o conjunto normativo relativo à licitação pública.

PRINCÍPIO DA ISONOMIA OU DA IGUALDADE


(NIEBUHR, 2008, p. 31-32) Joel de Menezes

O princípio mais importante para a licitação pública é o da isonomia ou da igualdade. Ele é, em análise
acurada, a própria causa da licitação pública. Melhor explicando: os contratos administrativos geram benefício
econômico ao contratado. Como todos os interessados em colher tais benefícios econômicos devem ser
tratados com igualdade, por força do caput do art. 5º da Constituição Federal, impõe-se à Administração
seguir certas formalidades para escolher com quem contratar, quem será o beneficiário.

[…]

Quer dizer que a licitação pública é procedimento utilizado para que a Administração selecione com quem
futuramente irá celebrar o contrato, de maneira respeitosa ao princípio da igualdade, sem privilegiar
apadrinhados ou desfavorecer desafetos.

[…]

Portanto, o que determina se dada exigência é compatível ou incompatível com o princípio da isonomia é o
interesse público. Se a exigência for amparada e justificada em interesse público, ainda que desiguale pessoas
e situações, será legítima, sem impor qualquer sorte de agravos ao princípio da isonomia. Se a exigência não
for amparada e justificada em interesse público, será ilegítima e ofensiva ao princípio da isonomia.

(JUSTEN FILHO, 2012, p. 443) Marçal

Há equívoco em supor que a isonomia veda diferenciação entre os particulares para contratação com a
Administração Pública. Quando a Administração escolhe alguém para contratar, está efetivando uma
diferenciação entre os interessados. Não se admite, porém, a discriminação arbitrária, produto de preferências
pessoais e subjetivas do ocupante do cargo público. A licitação consiste em um instrumento jurídico para
afastar a arbitrariedade na seleção do contratante.

(JUSTEN FILHO, 2012, p. 447-448) Marçal

Deve-se ressaltar uma preocupante tendência da Administração Pública a mitigar a importância do princípio
da isonomia em prol do da vantajosidade. Isso se traduz na concepção de que o tratamento imparcial dos
potenciais interessados em contratar com a Administração Pública é secundário e irrelevante. O argumento de
que a contratação vantajosa é válida, mesmo quando infringente do princípio da isonomia, contém o germo do
autoritarismo e representa a abertura da oportunidade para práticas eticamente reprováveis. Mais do que isso,
conduz inevitavelmente a contratações desastrosas, visto que a contratação mais vantajosa depende da
competição entre os particulares.

(DI PIETRO, 2014, p. 378) Maria Sylvia Zanella

O princípio da igualdade constitui um dos alicerces da licitação, na medida em que esta visa, não apenas
permitir à Administração a escolha da melhor proposta, como também assegurar igualdade de direitos a todos
os interessados em contratar.

[…]

No § 1º, inciso I, do artigo 3º da Lei nº 8.666, está implícito outro princípio da licitação, que é o da
competitividade decorrente do princípio da isonomia:

(MEIRELLES, 2010, p. 283-284) Hely Lopes


Desse princípio [da igualdade] decorrem os demais princípios da licitação, pois estes existem para assegurar a
igualdade.

O desatendimento a esse princípio constitui a forma mais insidiosa de desvio de poder, com que a
Administração quebra a isonomia entre os licitantes […]. Todavia, não configura atentado ao princípio da
igualdade entre os licitantes o estabelecimento de requisitos mínimos de participação no edital ou convite,
porque a Administração pode e deve fixá-los sempre que necessários à garantia da execução do contrato, à
segurança e perfeição da obra ou serviço, à regularidade do fornecimento ou ao atendimento de qualquer
outro interesse público.

(Obs.: desatender ao princípio da isonomia subverteria a própria existência/finalidade da licitação)

(MELLO, 2014, p. 542-543) Celso Antônio Bandeira de

O princípio da igualdade implica o dever não apenas de tratar isonomicamente todos os que afluírem ao
certame, mas também o de ensejar oportunidade de disputá-lo a quaisquer interessados que, desejando dele
participar, podem oferecer as indispensáveis condições de garantia.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 608) Marcelo e Vicente

Com base na redação original da Lei 8.666/1993, não seria exagero afirmar que, a respeito das licitações
públicas, o legislador erigiu o princípio da isonomia, na escala de importância, ao mais elevado patamar entre
os postulados, expressos e implícitos, apontados pela doutrina, pela jurisprudência e pelo próprio texto legal
como orientadores dos procedimentos licitatórios – em que pese a evidente relevância de todos eles.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 611) Marcelo e Vicente

A observância da igualdade entre os participantes no procedimento licitatório possui uma dupla vertente:
devem ser tratados isonomicamente todos os que participam da disputa, o que significa vedação a
discriminações injustificadas no julgamento das propostas, e deve ser dada oportunidade de participação nas
licitações em geral a quaisquer interessados que tenham condições de assegurar o futuro cumprimento do
contrato a ser celebrado.

(BARROS, 2005, p. 16) Márcio dos Santos

[Princípio da igualdade] De suma importância, mas que deve ser aplicado à luz do princípio da isonomia, pois
que a igualdade deve prevalecer, apenas, para os iguais. O mesmo tratamento dado a pessoas em situações
distintas pode ser gerador de injustiças.

(MENDES, 2013, p. 59) Renato Geraldo (coord.)

Enquanto realidade jurídica, a licitação tem fundamento direto na ideia de igualdade. A impossibilidade de
garantir uma seleção isonômica afasta a licitação como dever jurídico. Nesse sentido, haverá sempre o dever
jurídico de realizar a melhor contratação possível, mas não necessariamente o dever de realizar a licitação
para obter a melhor relação benefício-custo. Realizar a melhor contratação possível não significa pagar menos,
mas pagar o melhor preço. Por outro lado, obter o melhor preço é satisfazer plenamente a necessidade e
realizar o menor desembolso de recursos financeiros.

(MENDES, 2013, p. 60) Renato Geraldo (coord.)

Para assegurar tratamento isonômico, é preciso também que o critério de julgamento seja objetivo, sob pena
de a igualdade ser violada por preferência de ordem pessoal (subjetiva).

(FERNANDES, 2008, p. 52) Jorge Ulisses Jacoby

Preliminarmente, cabe registrar que, ao contrário do que à primeira vista pode parecer, a isonomia não é uma
garantia da igualdade absoluta, mas apenas se estabelece em função de determinado objeto ou sujeito de uma
dada relação jurídica.

(FERNANDES, 2008, p. 52) Jorge Ulisses Jacoby

Ofende o princípio da isonomia restringir a competição, estabelecendo objeto com indicação de qualidade ou
características exclusivas, quando essas não forem indispensáveis à satisfação do interesse público.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 68) Marçal (comentários à lei)

As contratações públicas serão promovidas de modo a assegurar a igualdade de condições de todos os


concorrentes.

[…]

Quando a Administração escolhe alguém para contratar, está efetivando uma diferenciação entre os
interessados. Em termos rigorosos, está introduzindo um tratamento diferenciado para os terceiros.

[…]

Mas isso não significa a validade de todo e qualquer tratamento discriminatório cogitado pela Administração.

[…]

A licitação consiste em um instrumento jurídico para afastar a arbitrariedade na seleção do contratante.


Portanto, o ato convocatório deverá definir, de modo objetivo, as diferenças que são reputadas relevantes para
a Administração. A isonomia significa o tratamento uniforme para situações uniformes, distinguindo-se-as na
medida em que exista diferença.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 68-69) Marçal (comentários à lei)

A discriminação é juridicamente válida quando presentes quatro elementos:

a) existência de diferenças efetivas e reais nas próprias situações de fato que serão regulamentadas pelo
Direito;

b) compatibilidade dos critérios de diferenciação com a ordem jurídica;

c) adequação entre os critérios de diferenciação e a finalidade da diferenciação;


d) proporcionalidade entre o tratamento discriminatório e os valores jurídicos consagrados pelo ordenamento
jurídico.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 69-70) Marçal (comentários à lei)

A isonomia significa, de modo geral, o livre acesso de todo e qualquer interessado à disputa pela contratação
com a Administração.

Como decorrência direta e imediata da isonomia, é vedado à Administração escolher um particular sem
observância de um procedimento seletivo adequado e prévio, em que sejam estabelecidas exigências
proporcionadas à natureza do objeto a ser executado.

Sob esse ângulo, a isonomia significa o direito de cada particular participar na disputa pela contratação
administrativa, configurando-se a invalidade de restrições abusivas, desnecessárias ou injustificadas. Trata-se,
então, da isonomia como tutela aos interesses individuais de cada sujeito particular potencialmente
interessado em ser contratado pela Administração.

Mas a isonomia também se configura como proteção ao interesse coletivo. A ampliação da disputa significa a
multiplicação de ofertas e a efetiva competição entre os agentes econômicos. Como decorrência da disputa,
produz-se a redução de preços e a elevação da qualidade das ofertas, o que se traduz em contratações mais
vantajosas para a Administração.

Sob esse prisma, a isonomia reflete a proteção aos interesses coletivos.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 70) Marçal (comentários à lei)

No tocante ao procedimento, a isonomia incide em dois momentos diversos.

Em uma primeira fase, há um ato administrativo em que são fixados os critérios de diferenciação que a
Administração adotará para escolher o contratante.

[…]

Toda e qualquer discriminação deverá constar do ato convocatório. Não são válidas discriminações
"inovadoras", introduzidas após editado o ato convocatório.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 70) Marçal (comentários à lei)

O ato convocatório viola o princípio da isonomia quando:

a) estabelece discriminação desvinculada do objeto da licitação;

b) prevê exigência desnecessária e que não envolve vantagem para a Administração;

c) impõe requisitos desproporcionados com necessidades da futura contratação; e

d) adota discriminação ofensiva de valores constitucionais ou legais.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 80) Marçal (comentários à lei)


Portanto, isonomia e vantajosidade se integram de modo harmônico como fins a que se norteia a licitação. Não
se admite a preponderância de qualquer um desses fins, o que significa que é antijurídico a Administração
adotar soluções não isonômicas sob o pretexto de promover a competição ou obter vantajosidade. Por igual,
não se admite que a isonomia conduza a ignorar a obtenção da proposta mais vantajosa.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 62) Jessé Torres

O da igualdade impõe à Administração elaborar regras claras, que assegurem aos participantes da licitação
condições de absoluta equivalência durante a disputa, tanto entre si quanto perante a Administração,
intolerável qualquer espécie de favorecimento;

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
(DI PIETRO, 2014, p. 64) Maria Sylvia Zanella

Os dois princípios fundamentais e que decorrem da assinalada bipolaridade do Direito Administrativo –


liberdade do indivíduo e autoridade da Administração – são os princípios da legalidade e da supremacia do
interesse público sobre o particular, que não são específicos do Direito Administrativo porque informam todos
os ramos do direito público; no entanto, são essenciais, porque, a partir deles, constroem-se todos os demais.

(DI PIETRO, 2014, p. 384) Maria Sylvia Zanella

O princípio da legalidade, já analisado no item 3.3.1 em relação à Administração Pública em geral, é de suma
relevância, em matéria de licitação, pois esta constitui um procedimento interamente vinculado à lei;

[…]

Além disso, mais do que direito público subjetivo, a observância da legalidade foi erigida em interesse difuso,
passível de ser protegido por iniciativa do próprio cidadão. É que a Lei nº 8.666/93 previu várias formas de
participação popular no controle da legalidade do procedimento […]

(MELLO, 2014, p. 103) Celso Antônio Bandeira de

[O princípio] da legalidade é específico do Estado de Direito, é justamente aquele que o qualifica e que lhe dá
a identidade própria. Por isso mesmo é o princípio basilar do regime jurídico-administrativo, […]

É o fruto da submissão do Estado à lei. É, em suma: a consagração da ideia de que a Administração Pública só
pode ser exercida na conformidade da lei e que, de conseguinte, a atividade administrativa é atividade
sublegal, infralegal, consistente na expedição de comandos complementares à lei.

[…] [o princípio da legalidade] é a tradução jurídica de um propósito político: o de submeter os exercentes do


poder em concreto – o administrativo – a um quadro normativo que embargue favoritismos, perseguições ou
desmandos.

(MELLO, 2014, p. 108) Celso Antônio Bandeira de


O princípio da legalidade, no Brasil, significa que a Administração nada pode fazer senão o que a lei
determina.

Ao contrário dos particulares, os quais podem fazer tudo o que a lei não proíbe, a Administração só pode fazer
o que a lei antecipadamente autorize. Donde, administrar é prover aos interesses públicos, assim
caracterizados em lei, fazendo-o na conformidade dos meios e formas nela estabelecidos ou particularizados
segundo suas disposições.

(MEIRELLES, 2010, p. 89) Hely Lopes

A legalidade, como princípio de administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está,
em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não
se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e
criminal, conforme o caso.

A eficácia de toda a atividade administrativa está condicionada ao atendimento da Lei e do Direito.

[…]

As leis administrativas são, normalmente, de ordem pública e seus preceitos não podem ser descumpridos,
nem mesmo por acordo ou vontade conjunta de seus aplicadores e destinatários, uma vez que contêm
verdadeiros poderes-deveres, irrelegáveis pelos agentes públicos.

(MEIRELLES, 2010, p. 101-102) Hely Lopes

Nos Estados modernos já não existe a autoridade pessoal do governante, senão a autoridade impessoal da lei.
A igualdade de todos perante a lei e a submissão de todos somente à lei constituem os dois cânones
fundamentais dos Estados de Direito.

[…]

No Direito Público o que há de menos relevante é a vontade do administrador. Seus desejos, suas ambições,
seus programas, seus atos, não têm eficácia administrativa, nem validade jurídica, se não estiverem
alicerçados no Direito e na Lei. Não é a chancela da autoridade que valida o ato e torna respeitável e
obrigatório. É a legalidade a pedra de toque de todo ato administrativo.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 193) Marcelo e Vicente

O princípio da legalidade é o postulado basilar de todos os Estados de Direito, consistindo, a rigor, no cerne da
própria qualificação destes (o Estado é dito "de Direito" porque sua atuação está integralmente sujeita ao
ordenamento jurídico, vigora o "império da lei").

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 194) Marcelo e Vicente

Observe-se, ainda que, em sua atuação, a administração está obrigada à observância não apenas do disposto
nas leis, nos diplomas legais propriamente ditos, mas também à observância dos princípios jurídicos e do
ordenamento jurídico como um todo ("atuação conforme a lei e o Direito", na feliz redação do inciso I do
parágrafo único do art. 2º da Lei 9.784/1999).
(NIEBUHR, 2008, p. 34) Joel de Menezes

Isto é, as licitações públicas devem ser processadas em estrita obediência ao princípio da legalidade, uma vez
que os agentes administrativos veem-se compelidos a agir nos termos das normas que lhes são apresentadas,
procedendo conforme a lei e exigindo apenas o que nela for admitido. Impede-se que haja a invenção ou a
criação de procedimentos estranhos àquele anteriormente definido pelo legislador.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 83) Marçal (comentários à lei)

No âmbito da licitação, o princípio da legalidade significa ser vedado à autoridade administrativa adotar
qualquer providência ou instituir qualquer restrição sem autorização legislativa.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 84) Marçal (comentários à lei)

A aplicação dessas normas envolve diversos métodos de interpretação. Em outras palavras, a relevância do
princípio da legalidade não significa que a autoridade administrativa estaria constrangida a uma interpretação
puramente gramatical ou literal. Nem se exige que toda e qualquer decisão se funde em uma disposição legal
explícita.

[…]

Seria inviável transformar o procedimento licitatório numa atividade integralmente vinculada à lei. […] Uma
vinculação assim ampla e exaustiva seria tão prejudicial e indesejável quanto a total liberação do
administrador para formalizar o contrato que melhor lhe aprouvesse.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 86) Marçal (comentários à lei)

Como se observa, a legalidade e a vinculação ao ato convocatório são manifestações jurídicas de princípios
inter-relacionados. A validade dos atos administrativos praticados no curso da licitação depende de sua
compatibilidade não apenas com a Lei, mas também com os atos administrativos praticados nas etapas
anteriores.

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
(MEIRELLES, 2010, p. 93-94) Hely Lopes

O princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é do que o clássico
princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique ato para o seu fim legal. E o fim
legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de
forma impessoal.

[…]

E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo: o interesse público.

[…]
Do exposto, constata-se que o princípio em foco está entrelaçado com o princípio da igualdade (arts. 5º, I, e 19,
III, da CF), o qual impõe à Administração Pública tratar igualmente a todos os que estejam na mesma situação
fática e jurídica.

(MELLO, 2014, p. 117) Celso Antônio Bandeira de

Nele se traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos os administrados sem discriminações,
benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades
pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa e muito menos interesses
sectários, de facções ou grupos de qualquer espécie. O princípio em causa não é senão o próprio princípio da
igualdade ou da isonomia.

(MELLO, 2014, p. 542) Celso Antônio Bandeira de

O princípio da impessoalidade encarece a proscrição de quaisquer favoritismos ou discriminações


impertinentes, sublinhando o dever de que, no procedimento licitatório, sejam todos os licitantes tratados com
absoluta neutralidade.

(DI PIETRO, 2014, p. 385) Maria Sylvia Zanella

O princípio da impessoalidade, já analisado no item 3.3.3, aparece, na licitação, intimamente ligado aos
princípios da isonomia e do julgamento objetivo: todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos
de direitos e obrigações, devendo a Administração, em suas decisões, pautar-se por critérios objetivos, sem
levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas, salvo as
expressamente previstas na lei ou no instrumento convocatório.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 198) Marcelo e Vicente

Essa primeira é a acepção mais tradicional do princípio da impessoalidade, e traduz a ideia de que toda a
atuação da administração deve visar ao interesse público, deve ter como finalidade a satisfação do interesse
público.

(Obs.: os autores entendem que, sob esse prisma, o princípio da impessoalidade se confunde com o princípio
da finalidade)

[…] Qualquer ato praticado com objetivo diverso da satisfação do interesse público será nulo por desvio de
finalidade.

[…]

A finalidade da atuação da administração pode estar expressa ou implícita na lei. Há sempre uma finalidade
geral, que é a satisfação do interesse pública, e uma finalidade específica, que é o fim direto ou imediato que a
lei pretende atingir. (Obs.: e neste caso, para os autores, havendo desvio da finalidade geral ou da finalidade
específica, o ato é nulo)

(FERNANDES, 2008, p. 55) Jorge Ulisses Jacoby


Como o próprio nome indica, este princípio veda que a ação da Administração efetive-se em vista de
determinada pessoa; a conduta não pode ser em razão das pessoas envolvidas, porque acima delas paira,
sobranceiro, o interesse público, não o interesse pertinente à determinada religião, localidade, grupo de
empresários.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 86) Marçal (comentários à lei)

A seleção do licitante vencedor é uma decorrência do preenchimento dos requisitos previstos em lei e no ato
convocatório, tal como da apresentação da proposta mais vantajosa. Não se admite que a atividade decisória
da Administração seja informada por subjetivismos do julgador.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 87) Marçal (comentários à lei)

A impessoalidade e a objetividade do julgamento são emanações da isonomia, da vinculação à lei e ao ato


convocatório e da moralidade.

[…]

Todas as decisões adotadas pela Administração ao longo do procedimento licitatório, desde a fase interna até o
encerramento do certame, devem traduzir um julgamento imparcial, neutro e objetivo.

PRINCÍPIO DA MORALIDADE E DA PROBIDADE


ADMINISTRATIVA
(MELLO, 2014, p. 122) Celso Antônio Bandeira de

De acordo com ele, a Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade de princípios éticos. Violá-
los implicará violação ao próprio Direito, configurando ilicitude que assujeita a conduta viciada a invalidação,
porquanto tal princípio assumiu foros de pauta jurídica, na conformidade do art. 37 da Constituição.

(DI PIETRO, 2014, p. 385) Maria Sylvia Zanella

O princípio da moralidade, conforme visto nos itens 3.3.11 e 18.1, exige da Administração comportamento não
apenas lícito, mas também consoante com a moral, os bons costumes, as regras da boa administração, os
princípios de justiça e de equidade, a ideia comum de honestidade.

(DI PIETRO, 2014, p. 79) Maria Sylvia Zanella

Além disso, o princípio deve ser observado não apenas pelo administrador, mas também pelo particular que se
relaciona com a Administração Pública. São frequentes, em matéria de licitação, os conluios entre os licitantes,
a caracterizar ofensa a referido princípio.

(MEIRELLES, 2010, p. 91) Hely Lopes


O certo é que a moralidade do ato administrativo juntamente com a sua legalidade e finalidade, além da sua
adequação aos demais princípios, constituem pressupostos de validade sem os quais toda atividade pública
será ilegítima.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 196) Marcelo e Vicente

O princípio da moralidade torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da administração pública. A
denominação de moral administrativa difere da moral comum, justamente por ser jurídica e pela possibilidade
de invalidação dos atos administrativos que sejam praticados com inobservância deste princípio.

É importante compreender que o fato de a Constituição haver erigido a moral administrativa em princípio
jurídico expresso permite afirmar que ela é requisito de validade do ato administrativo, é não de aspecto
atinente ao mérito. Vale dizer, ato contrário à moral administrativa não está sujeito a uma análise de
legitimidade, isto é, um ato contrário à moral administrativa é nulo, e não meramente inoportuno ou
inconveniente.

Em consequência, o ato contrário à moral administrativa não deve ser revogado, e sim declarado nulo. Mais
importante, como se trata de controle de legalidade ou legitimidade, este pode ser efetuado pela
administração e, também, pelo Poder Judiciário (desde que provocado).

(JUSTEN FILHO, 2012, p. 446) Marçal

A licitação deve ser norteada pela honestidade e seriedade. Os princípios aplicam-se tanto à conduta do agente
da Administração Pública como à dos próprios licitantes.

(NIEBUHR, 2008, p. 35) Joel de Menezes

Sobremaneira, para o Direito Administrativo, a moralidade significa harmonia com o interesse público, vetor
máximo de todos os princípios e regras que o informam, revelando-se intimamente ligada à legitimidade.

Outrossim, o princípio da moralidade exige que os agentes administrativos envolvidos em licitação pública
atuem de boa-fé, de maneira proba e honesta, sem esconder dados ou informações, sem pretender receber
vantagens indevidas, ainda que favoráveis à Administração. O princípio impõe tratar licitantes e outros com
honestidade, sem pretender prejudicá-los.

(MENDES, 2013, p. 60) Renato Geraldo (coord.)

A relação da Administração com o mercado (pessoas e agentes) tem de ser transparente, isenta e ética. O
fundamento de validade da relação deve se assentar na ideia da obtenção do melhor benefício que o mercado
pode oferecer, pagando-se por isso o menor preço.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 87) Marçal (comentários à lei)

A ausência de disciplina legal não autoriza o administrador ou o particular a uma conduta ofensiva à ética e à
moral. A moralidade soma-se à legalidade. Assim, uma conduta compatível com a lei, mas imoral, será inválida.

[…]
Na licitação, a conduta moralmente reprovável acarreta a nulidade do ato ou do procedimento.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 62) Jessé Torres

O da probidade administrativa ordena à Administração que o único interesse a prevalecer é o público e que a
única vantagem a ser buscada é a da proposta que melhor atenda ao interesse público;

PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
(MELLO, 2014, p. 117) Celso Antônio Bandeira de

Consagra-se nisto o dever administrativo de manter plena transparência em seus comportamentos. Não pode
haver em um Estado Democrático de Direito, no qual o poder reside no povo (art. 1º, parágrafo único, da
Constituição), ocultamento aos administrados dos assuntos que a todos interessam, e muito menos em relação
aos sujeitos individualmente afetados por alguma medida.

(MELLO, 2014, p. 547) Celso Antônio Bandeira de

O princípio da publicidade impõe que os atos e termos da licitação – no que se inclui a motivação das decisões
– sejam efetivamente expostos ao conhecimento de quaisquer interessados. É um dever de transparência, em
prol não apenas dos disputantes, mas de qualquer cidadão.

(DI PIETRO, 2014, p. 385) Maria Sylvia Zanella

A publicidade é tanto maior quanto maior for a competição propiciada pela modalidade de licitação; ele é a
mais ampla possível na concorrência, em que o interesse maior da Administração é o de atrair maior número
de licitantes, e se reduz ao mínimo no convite, em que o valor do contrato dispensa maior divulgação.

(DI PIETRO, 2014, p. 385-386) Maria Sylvia Zanella

Existem, na Lei nº 8.666/93, vários dispositivos que constituem aplicação do princípio da publicidade, entre os
quais os seguintes: o art. 3º, § 3º, estabelece que a licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao
público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura

(Obs.: ocorre uma flexibilização, ainda que temporária, do princípio da publicidade face ao princípio do sigilo
das propostas)

(MEIRELLES, 2010, p. 97) Hely Lopes

A publicidade, como princípio de administração pública (CF, art. 37, caput), abrange toda atuação estatal, não
só sob o aspecto de divulgação oficial de seus atos como, também, de propiciação de conhecimento da conduta
interna de seus agentes. Essa publicidade atinge, assim, os atos concluídos e em formação, os processos em
andamento, os pareceres dos órgãos técnicos e jurídicos, os despachos intermediários e finais, as atas de
julgamentos das licitações e os contratos com quaisquer interessados, bem como os comprovantes de despesa
e as prestações de contas submetidas aos órgãos competentes. Tudo isto é papel ou documento público que
pode ser examinado na repartição por qualquer interessado, e dele pode obter certidão ou fotocópia
autenticada para os fins consitutcionais.

(Obs.: o segmento retrata bem a extensão/alcance do princípio da publicidade)

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 608) Marcelo e Vicente

O objetivo evidente da imposição de observância do princípio da publicidade nas licitações é permitir o


acompanhamento e a fiscalização do procedimento, não só pelos licitantes, como também pelos diversos
órgãos de controle interno e externo e pelos administrados em geral.

[…]

O princípio da publicidade impõe, ainda, que os motivos determinantes das decisões proferidas em qualquer
etapa do procedimento sejam declarados.

(JUSTEN FILHO, 2012, p. 446) Marçal

A publicidade desempenha duas funções. Permite o amplo acesso dos interessados ao certame. Refere-se,
nesse aspecto, à universalidade da participação no processo licitatório. Depois, a publicidade propicia a
verificação da regularidade dos atos praticados.

(NIEBUHR, 2008, p. 31-32) Joel de Menezes

Para a licitação pública, o princípio da publicidade é de vital importância. Sem ele, já não se poderia falar em
licitação pública, mas tão somente em licitação privada. Ora, se não há publicidade, se a licitação é destinada a
grupo restrito de pessoas, não se pode chamá-la de pública. Aliás, se alguns têm condições de saber da
licitação e outros não, não há igualdade, que é a causa da licitação. Desse modo, sem a publicidade, não há
utilidade em realizar a licitação.

(BARROS, 2005, p. 20) Márcio dos Santos

Para sua boa aplicação pela Administração é necessária a consciência de que a informação é um bem público e
não propriedade do Governo, portanto um direito do cidadão e não um favor a ele prestado. Além do mais, a
informação é um requisito básico para o exercício de outros direitos e, portanto, deve ser clara, pronto e
precisa.

(FERNANDES, 2008, p. 57) Jorge Ulisses Jacoby

Verifica-se que, num primeiro momento, a publicidade está relacionada com o dever de comunicar ao público
em geral e, num segundo, permitir ao interessado que conheça um ato do processo administrativo.

(FERNANDES, 2008, p. 58) Jorge Ulisses Jacoby

Tal princípio só não vigora em relação ao conteúdo das propostas, que está submetido a outro princípio: o do
sigilo da proposta até o momento da sua regular abertura.
(JUSTEN FILHO, 2014, p. 89) Marçal (comentários à lei)

A publicidade é uma decorrência inafastável da concepção democrática, que reconhece que a vontade estatal
traduz um processo de consenso a partir da participação aberta a todos os integrantes da Nação.

[…]

Por outro lado, a publicidade pode consistir em um direito subjetivo, quando envolver fatos e informações
aptos a afetar a dimensão específica de um ou mais sujeitos específicos.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 89-90) Marçal (comentários à lei)

Ademais, a publicidade objetiva permitir o amplo acesso dos interessados ao certame, de modo que se instaure
uma ampla competição pelo objeto licitado. Refere-se, nesse aspecto, à universidade da participação no
processo licitatório, o que é obtido mediante a divulgação da oportunidade de contratação com a
Administração Pública.

Depois, a publicidade orienta-se a facultar a verificação da regularidade dos atos praticados. Parte-se do
pressuposto de que as pessoas tanto mais se preocuparão em seguir a lei e a moral quanto mais for a
possibilidade de fiscalização de sua conduta.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 90) Marçal (comentários à lei)

Mesmo no curso de licitações normais estão autorizadas situações em que se afasta a publicidade. Assim, o
exame de aspectos técnicos de documentos pode fazer-se em reuniões restritas aos integrantes da
Administração. Isso decorre da própria natureza do exame a ser realizado.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 62) Jessé Torres

O da publicidade exige que a Administração anuncie, com a antecedência e pelos meios previstos na lei, além
de outros que ampliem a divulgação, que realizará a licitação e que todos os atos a ela pertinentes serão
acessíveis aos interessados;

PRINCÍPIO DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO


CONVOCATÓRIO
(MELLO, 2014, p. 548) Celso Antônio Bandeira de

O princípio da vinculação ao instrumento convocatório obriga a Administração a respeitar estritamente as


regras que haja previamente estabelecido para disciplinar o certame, como, aliás, está consignado no art. 14
da Lei 8.666.

(DI PIETRO, 2014, p. 386-387) Maria Sylvia Zanella

Trata-se de princípio essencial cuja inobservância enseja nulidade do procedimento. […] O princípio dirigi-se
tanto à Administração, como se verifica pelos artigos citados, como aos licitantes, pois estes não podem deixar
de atender aos requisitos do instrumento convocatório.

(MEIRELLES, 2010, p. 285) Hely Lopes

A vinculação ao edital é princípio básico de toda licitação. Nem se compreenderia que a Administração fixasse
no edital a forma e o modo de participação dos licitantes e no decorrer do procedimento ou na realização do
julgamento se afastasse do estabelecido, ou admitisse documentação e propostas em desacordo com o
solicitado. O edital é a lei interna da licitação, e, como tal, vincula aos seus termos tanto os licitantes como a
Administração que o expediu (art. 41).

Assim, estabelecidas as regras do certame, tornam-se inalteráveis para aquela licitação, durante todo o
procedimento.

(NIEBUHR, 2008, p. 35) Joel de Menezes

Os licitantes, ao analisarem o instrumento convocatório, devem ter condições de precisar tudo o que serão
obrigados a fazer, caso saiam vencedores do certame.

E, por outro lado, a Administração Pública só pode exigir aquilo que efetivamente estiver no instrumento
convocatório.

(Obs.: em razão deste princípio a Administração tem responsabilidade quanto a elaboração de um edital de
qualidade, com completude e, especialmente, clareza)

(BARROS, 2005, p. 17) Márcio dos Santos

O edital (ou convite) estipula as regras do procedimento licitatório e não pode ser modificado no curso da
licitação, tampouco pelo contrato que será firmado com o licitante vencedor, salvo situações excepcionais que
atendam ao interesse público, sem prejuízo para o particular. Ver art. 65 e parágrafos. Havendo conflito entre
as cláusulas do edital e as cláusulas do contrato, as primeiras sempre prevalecerão. O edital é lei entre as
partes.

(FERNANDES, 2008, p. 59) Jorge Ulisses Jacoby

A Administração, segundo esse princípio, deve prender-se à linha que traçou para a realização do certame,
ficando adstrita às regras que estabeleceu.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 83) Marçal (comentários à lei)

A licitação é um procedimento orientado a reduzir o risco de escolhas fundadas em critérios subjetivos,


vinculando o administrador à disciplina legal e ao conteúdo do ato convocatório.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 84) Marçal (comentários à lei)

Na licitação, a vinculação à lei é complementada pela vinculação ao ato convocatório. A Administração dispõe
de margem de autonomia para configurar o certame. Mas incumbe à Administração determinar todas as
condições da disputa antes de seu início e as escolhas realizadas vinculam a autoridade (e aos participantes do
certame).

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 85) Marçal (comentários à lei)

Uma vez realizadas as escolhas atinentes à licitação e ao contrato [especificações do objeto, condições de
execução e pagamento, elaboração do edital e da minuta do contrato], exaure-se a discricionariedade, que
deixa de ser invocável a partir de então – ou, mais corretamente, se a Administração pretender renovar o
exercício dessa faculdade, estará sujeita, como regra, a refazer toda a licitação, ressalvadas as hipóteses de
inovações irrelevantes para a disputa.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 63) Jessé Torres

O da vinculação ao instrumento convocatório faz do edital ou do convite a lei interna de cada licitação,
impondo-se a observância de suas regras à Administração Pública e aos licitantes, estes em face dela e em face
uns dos outros, nada podendo ser exigido, aceito ou permitido além ou aquém de suas cláusulas e condições;

PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO


(MELLO, 2014, p. 548) Celso Antônio Bandeira de

O princípio do julgamento objetivo almeja, como é evidente, impedir que a licitação seja decidida sob o influxo
do subjetivismo, de sentimentos, impressões ou propósitos pessoas dos membros da comissão julgadora. Esta
preocupação está enfatizada no art. 45 da lei.

Cumpre reconhecer, entretanto, que objetividade absoluta só se pode garantir previamente nos certames
decididos unicamente pelo preço.

(MEIRELLES, 2010, p. 286) Hely Lopes

Julgamento objetivo é o que se baseia no critério indicado no edital e nos termos específicos das propostas. É
princípio de toda licitação que seu julgamento se apoie em fatores concretos pedidos pela Administração, em
confronto com o ofertado pelos proponentes dentro do permitido no edital ou convite. Visa a afastar o
discricionarismo na escolha das propostas, obrigando os julgadores a aterem-se ao critério prefixado pela
Administração, com o quê se reduz e se delimita a margem de valoração subjetiva, sempre presente em
qualquer julgamento (arts. 44 e 45).

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 623-624) Marcelo e Vicente

É de todo evidente que só se pode cogitar absoluta objetividade quando o critério da licitação é o de "menor
preço" ou, nas alienações, o de "maior lance ou oferta". Diferentemente, os critérios "melhor técnica" ou
"técnica e preço" inexoravelmente implicarão certa dose de valoração subjetiva na escolha da proposta
vencedora.
(JUSTEN FILHO, 2012, p. 446) Marçal

A decisão será impessoal quando derivar racionalmente de fatores alheios à vontade psicológica do julgador. A
impessoalidade conduz a decisão a independer da identidade do julgador.

A vantajosidade da proposta deve ser apurada segundo um julgamento objetivo. O ato convocatório tem de
conter critérios objetivos de julgamento que não se fundem nas preferências ou escolhas dos julgadores. O
julgamento das propostas subordina-se obrigatoriamente àqueles critérios.

(NIEBUHR, 2008, p. 39) Joel de Menezes

O princípio do julgamento objetivo propugna abstrair ao máximo o subjetivismo no cotejo das propostas
apresentadas.

[…]

Sem embargo, o julgamento objetivo agrega-se ao instrumento convocatório, pois os critérios do julgamento
nele estão previstos. Nesse desígnio, o julgamento objetivo é aquele que se dá na estrita conformidade dos
parâmetros prefixados no edital.

(BARROS, 2005, p. 17) Márcio dos Santos

O julgamento do procedimento licitatório não pode ser feito com base em critérios subjetivos que variam de
acordo com a opinião de cada membro da comissão de licitação, mas, sim, com base em critérios que,
inexoravelmente, sem sombra de dúvidas, levem a comissão a escolher a melhor oferta para a Administração.

(MENDES, 2013, p. 60) Renato Geraldo (coord.)

É evidente que não basta a existência de um critério objetivo, pois mesmo sendo ele objetivo, pode ser ilegal.
Na maior parte dos casos em que se estabelece restrição ilegal e que, por isso, se afasta indevidamente
competidores, o critério de julgamento é objetivo. Isso ocorre porque a ilegalidade pode não estar no critério
de julgamento propriamente dito, mas integrar uma condição que lhe é anterior, capaz de afastar o competidor
antes mesmo do critério objetivo de julgamento ser aplicado.

(FERNANDES, 2008, p. 60) Jorge Ulisses Jacoby

A comissão de licitação deverá seguir as normas definidas na lei e no ato convocatório. O julgamento objetivo,
como ministramos em nossos cursos, é aferível pela substituição fictícia do julgador por outro, de tal modo que
o procedimento estará correto se, da substituição feita em tese, resultar o mesmo julgamento.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 86) Marçal (comentários à lei)

A seleção do licitante vencedor é uma decorrência do preenchimento dos requisitos previstos em lei e no ato
convocatório, tal como da apresentação da proposta mais vantajosa. Não se admite que a atividade decisória
da Administração seja informada por subjetivismos do julgador.
(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 63) Jessé Torres

O do julgamento objetivo atrela a Administração, na apreciação das propostas, aos critérios de aferição
previamente definidos no edital ou carta-convite, com o fim de evitar que o julgamento se faça segundo
critérios desconhecidos dos licitantes, ao alvedrio da subjetividade pessoal do julgador;

PRINCÍPIO DA SELEÇÃO DA PROPOSTA MAIS


VANTAJOSA
(BARROS, 2005, p. 18) Márcio dos Santos

Deve a Administração buscar a melhor prestação possível por parte do licitante, arcando com o menor ônus
possível. Trata-se de uma relação custo/benefício em que se busca minimizar o numerador e maximizar o
denominador, evidentemente sem violar os direitos e garantias individuais e a exigência constitucional (art.
37, XXI) da manutenção das condições efetivas da proposta.

[…]

Como a licitação busca a melhor proposta para a Administração, não necessariamente a mais barata, deve
estabelecer especificações qualitativas mínimas para o objeto, de sorte que a proposta vencedora efetivamente
produza o resultado esperado.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 71) Marçal (comentários à lei)

Toda e qualquer contratação administrativa envolve uma solução quanto ao uso de recursos escassos de
titularidade de um sujeito administrativo. Existe um deve de a Administração adotar a escolha mais eficiente
para a exploração dos recursos econômicos de sua titularidade. Portanto e como regra, a licitação visa a obter
a solução contratual economicidade mais vantajosa para a Administração.

[…]

Quando a Administração desembolsa um montante de recursos para uma contratação determinada, o referido
montante não poderá ser utilizado para promover outras atividades. Por isso, existe o dever de a
Administração desembolsar o menor valor possível para obter uma prestação inclusive porque isso lhe
assegurará a possibilidade de satisfazer outras necessidades com os recursos remanescentes.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 80) Marçal (comentários à lei)

Portanto, isonomia e vantajosidade se integram de modo harmônico como fins a que se norteia a licitação. Não
se admite a preponderância de qualquer um desses fins, o que significa que é antijurídico a Administração
adotar soluções não isonômicas sob o pretexto de promover a competição ou obter vantajosidade. Por igual,
não se admite que a isonomia conduza a ignorar a obtenção da proposta mais vantajosa.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 60) Jessé Torres

Selecionar a proposta mais vantajosa é, a um só tempo, o fim de interesse público que se quer alcançar em
toda licitação (sentido amplo) e o resultado que se busca em cada licitação (sentido estrito). Licitação que não
instigue a competição, para dela surtir a proposta mais vantajosa, descumpre sua finalidade legal e
institucional, impondo-se à autoridade competente invalidá-la por vício de legalidade […]

PRINCÍPIO DO SIGILO NA APRESENTAÇÃO DAS


PROPOSTAS
(MEIRELLES, 2010, p. 285) Hely Lopes

O sigilo na apresentação das propostas é consectário da igualdade entre os licitantes, pois ficaria em posição
vantajosa o proponente que viesse a conhecer a proposta de seu concorrente antes da apresentação da sua.
[…]

A abertura da documentação ou das propostas ou a revelação de seu conteúdo antecipadamente, além de


ensejar a anulação do procedimento, constitui também ilícito penal, com pena de detenção e multa (art. 94).

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 623) Marcelo e Vicente

A observância do sigilo das propostas até a sua abertura é de tal importância que constitui crime sua violação,
como consta no art. 94 da lei.

PRINCÍPIO DA ECONOMICIDADE
(BARROS, 2005, p. 17-18) Márcio dos Santos

Em verdade, a ação da Administração não pode mais desconsiderar, em nenhum momento, a eficiência –
melhor utilização possível dos escassos recursos públicos – porque esculpida, ainda que tardiamente, como
princípio constitucional, mas deverá dar a mesma relevância à eficácia – atingimento mais completo da meta
colimada – e à efetividade, porque a base sobre a qual se sustenta a própria razão de ser da Administração: o
real atendimento das necessidades coletivas, enfim, do interesse público não difuso, mas específico.

O conteúdo econômico do princípio da eficiência é chamado de economicidade, que significa a busca de


aquisição do bem ou da disponibilidade necessários à Administração da forma mais econômica possível, sem a
perda da qualidade exigida.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 72) Marçal (comentários à lei)

A economicidade é o resultado da comparação entre encargos assumidos pelo Estado e direitos a ele
atribuídos, em virtude da contratação administrativa. Quanto mais desproporcional em favor do Estado o
resultado dessa relação, tanto melhor atendido estará o princípio da economicidade. A economicidade exige
que o Estado desembolse o mínimo e obtenha o máximo e melhor.
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
(DI PIETRO, 2014, p. 84) Maria Sylvia Zanella

O princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de
atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr
os melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública,
também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público.

(MEIRELLES, 2010, p. 98) Hely Lopes

O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e
rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser
desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e seus membros.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 213) Marcelo e Vicente

A ideia de eficiência aproxima-se da de economicidade, princípio expresso no art. 70, caput, da Constituição,
referente ao controle financeiro da administração pública. Busca-se o atingimento de objetivos traduzidos por
boa prestação de serviços, de modo mais simples, mais rápido, e mais econômico, melhorando a relação
custo/benefício da atividade administrativa. O administrador deve sempre procurar a solução que melhor
atenda ao interesse público, levando em conta o ótimo aproveitamento dos recursos públicos, conforme essa
análise de custos e benefícios correspondentes.

Eficiência tem como corolário a boa qualidade. A partir da positivação desse princípio como norte da atividade
administrativa, a sociedade passa a dispor de base jurídica expressa para exigir a efetividade do exercício de
direitos sociais, como a educação e a saúde, os quais têm que ser garantidos pelo Estado com qualidade ao
menos satisfatória. Pelo mesmo motivo, o cidadão passa a ter o direito de questionar a qualidade das obras e
atividades públicas, exercidas diretamente pelo Estado ou por seus delegatários.

Note-se que, sendo um princípio expresso, a eficiência indiscutivelmente integra o controle de legalidade ou
legitimidade, e não de mérito administrativo. Deveras, a atuação eficiente não é uma questão de conveniência
e oportunidade administrativa, mas sim uma obrigação do administrador, vale dizer, não é cabível a
administração alegar que, dentre diversas atuações possíveis, deixou de escolher a mais eficiente porque
julgou conveniente ou oportuno adotar uma outra, menos eficiente.

(NIEBUHR, 2008, p. 33) Joel de Menezes

As formalidades decorrentes do princípio da isonomia devem ser moderadas. Não é razoável impor tantas e
tantas formalidades, que acabam por prejudicar a Administração e, por dedução, o interesse público. É que a
licitação pública deve ser, além de garantidora da isonomia, instrumentos para que a Administração selecione
o melhor contratante, que lhe apresente proposta realmente vantajosa, quer quanto ao preço (economicidade),
quer quanto à qualidade.

[…]

A eficiência em licitação pública gira em torno de três aspectos fundamentais: preço, qualidade e celeridade.
Daí que do princípio da eficiência, mais abrangente, decorrem outros princípios, entre os quais o do justo
preço, o da seletividade e o da celeridade.

(BARROS, 2005, p. 17-18) Márcio dos Santos

Em verdade, a ação da Administração não pode mais desconsiderar, em nenhum momento, a eficiência –
melhor utilização possível dos escassos recursos públicos – porque esculpida, ainda que tardiamente, como
princípio constitucional, mas deverá dar a mesma relevância à eficácia – atingimento mais completo da meta
colimada – e à efetividade, porque a base sobre a qual se sustenta a própria razão de ser da Administração: o
real atendimento das necessidades coletivas, enfim, do interesse público não difuso, mas específico.

O conteúdo econômico do princípio da eficiência é chamado de economicidade, que significa a busca de


aquisição do bem ou da disponibilidade necessários à Administração da forma mais econômica possível, sem a
perda da qualidade exigida.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 64) Jessé Torres

Perceba-se que a eficiência, a partir do momento em que se eleva a princípio constitucional, deixa de ser
apenas uma proposta politicamente correta para tornar-se um dever jurídico, imposto a todos os que gerem a
administração pública, direta ou indireta, em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
ou dos Municípios.

[…]

É hora, no direito público brasileiro, de proclamar-se que o princípio da eficiência implica o dever jurídico,
vinculante dos gestores públicos, de agir mediante ações planejadas com adequação, executadas com o menor
custo possível, controladas e avaliadas em função dos benefícios que produzem para a satisfação do interesse
público.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 64-65) Jessé Torres

[Em razão do princípio da eficiência, fazendo uma leitura atualizada do art. 4º da Lei nº 8.429/92 – Lei de
Improbidade Administrativa] Em resumidas contas, tangenciaria a improbidade administrativa um sem-número
de práticas enraizadas no cotidiano das licitações administrativas, tais como licitar sem especificar
corretamente o objeto, nem planejar os resultados a serem atingidos; deixar de estimar, com apuro, o valor de
mercado do objeto a ser contratado, com o fito de evitar a aceitação de preços excessivos ou inexequíveis; não
explicitar os motivos que justificam as soluções escolhidas; criar, artificiosamente, situações que afastem o
dever de licitar; aditar contratos em justificativa plausível, na medida em que foram imperfeitos e superficiais
os projetos básicos de obras e serviços. Notem os gestores que, nos termos dos arts. 9º, 10 e 11 da Lei nº
8.429/92, improbidade administrativa não se configura apenas nas hipóteses de enriquecimento ilícito do
agente público, mas, também, quando de suas decisões decorrerem prejuízos ao erário ou ofensa aos
princípios da Administração.
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE
(MELLO, 2014, p. 111) Celso Antônio Bandeira de

Enuncia-se com este princípio que a Administração, ao atuar no exercício de discrição, terá de obedecer a
critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e
respeitosas das finalidades que presidiram a outorga da competência exercida. Vale dizer: pretende-se colocar
em claro que não serão apenas inconvenientes, mas também ilegítimas – e, portanto, jurisdicionalmente
invalidáveis – , as condutas desarrazoadas, bizarras, incoerentes ou praticadas com desconsideração às
situações e circunstâncias que seriam atendidas por quem tivesse atributos normais de prudência, sensatez e
disposição de acatamento às finalidades da lei atributiva da discrição manejada.

Com efeito, o fato de a lei conferir ao administrador certa liberdade (margem de discrição) significa que lhe
deferiu o encargo de adotar, ante a diversidade de situações a serem enfrentadas, a providência mais
adequada a cada qual delas.

(MEIRELLES, 2010, p. 94-95) Hely Lopes

Pode ser chamada de princípio da proibição de excesso, que, em última análise, objetiva aferir a
compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas por parte da
Administração Pública, com lesão aos direitos fundamentais. Como se percebe, parece-nos que a razoabilidade
envolve a proporcionalidade, e vice-versa.

Não se nega que, em regra, sua aplicação está mais presente na discricionariedade administrativa, servindo-
lhe de instrumento de limitação, ampliando o âmbito de seu controle, especialmente pelo Judiciário ou até
mesmo pelos Tribunais de Contas.

(NIEBUHR, 2008, p. 37-38) Joel de Menezes

Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade são fundamentais para o controle da discricionariedade


concedido em favor dos agentes administrativos.

[…]

Pois bem, o princípio da razoabilidade é mais abrangente do que o princípio da proporcionalidade. Ele significa
que as decisões administrativas, especialmente as discricionárias, devem encontrar amparo em justificativas
racionais, no bom senso.

[…]

Noutro lado, o princípio da proporcionalidade apresenta-se como faceta do princípio da razoabilidade, apesar
de não se confundir com ele. O princípio da proporcionalidade requer adequação entre os meios e os fins dos
atos tomados pela Administração.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
(MELLO, 2014, p. 113) Celso Antônio Bandeira de
Este princípio enuncia a ideia – singela, aliás, conquanto frequentemente desconsiderada – de que as
competências administrativas só podem ser validamente exercidas na extensão e intensidade correspondentes
ao que seja realmente demandado para cumprimento da finalidade de interesse público a que estão atreladas.
Segue-se que os atos cujos conteúdos ultrapassem o necessário para alcançar o objetivo que justifica o uso da
competência ficam maculados de ilegitimidade, porquanto desbordam do âmbito da competência; ou seja,
superam os limites que naquele caso lhes corresponderiam.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 214) Marcelo e Vicente

É frequente os autores, e mesmo a jurisprudência, sobretudo no âmbito do direito constitucional, tratarem


razoabilidade e proporcionalidade como um único e mesmo princípio jurídico, empregando esses termos como
sinônimos, no mais das vezes dando preferência ao uso da expressão "princípio da proporcionalidade".

[…]

Seja como for, certo é que, no âmbito do direito administrativo, os princípios da razoabilidade e da
proporcionalidade encontram aplicação especialmente no controle de atos discricionários que impliquem
restrição ou condicionamento a direitos dos administrados ou imposição de sanções administrativas. Deve ser
esclarecido desde logo que se trata de controle de legalidade ou legitimidade, e não de controle de mérito,
vale dizer, não se avaliam conveniência e oportunidade administrativas do ato – o que implicaria, se fosse o
caso, a sua revogação – , mas sim a sua validade. Sendo o ato ofensivo aos princípios da razoabilidade ou da
proporcionalidade, será declarada a sua nulidade; o ato será anulado, e não revogado.

(JUSTEN FILHO, 2012, p. 445) Marçal

Como sempre, é imperioso fazer referência à proporcionalidade, que se traduz, antes de tudo, na necessidade
de equilíbrio na busca de diversos fins igualmente relevantes: a realização do princípio da isonomia deve dar-
se simultânea e conjuntamente com a seleção da proposta mais vantajosa. Não é possível privilegiar um desses
dois fins como absoluto em si mesmo.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 82) Marçal (comentários à lei)

A compatibilidade entre os diversos princípios envolve uma técnica de proporcionalidade, o que tem direta
relação com a exigência jurídica de racionalidade da atuação estatal.

[…]

Como é pacífico, a proporcionalidade se desenvolve sob três primas: (1) a medida deve ser apropriada para o
atingimento do objetivo (elemento de idoneidade ou adequação); (2) a medida deve ser necessária, no sentido
de que nenhuma outra medida disponível será menos restritiva (elemento de necessidade); e (3) as restrições
produzidas pela medida não devem ser desproporcionadas ao objetivo buscado (elemento de
proporcionalidade stricto sensu), acarretando o comprometimento de valores fundamentais.

(BARROS, 2005, p. 20) Márcio dos Santos

Não se deve esquecer que, em face dos numerosos princípios (que devem ser interpretados de forma inter-
relacionada ou conjunta), é boa regra de hermenêutica, no deslocamento da teoria para o caso concreto,
estabelecer-lhes a devida ponderação, para, eventualmente, harmonizá-los. Trata-se de uma aplicação
concreta do princípio da proporcionalidade.

(Obs.: o princípio da proporcionalidade é, sobretudo, uma ferramenta para a aplicação dos demais princípios)

PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO
(MELLO, 2014, p. 115) Celso Antônio Bandeira de

Dito princípio implica para a Administração o dever de justificar seus atos, apontando-lhes os fundamento de
direito e de fato, assim como a correção lógica entre os eventos e situações que deu por existentes e a
providência tomada, nos casos em que este último aclaramento seja necessário para aferir-se a consonância da
conduta administrativa com a lei que lhe serviu de arrimo.

A motivação deve ser prévia ou contemporânea à expedição do ato.

(DI PIETRO, 2014, p. 82) Maria Sylvia Zanella

O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de
suas decisões. Ele está consagrado pela doutrina e pela jurisprudência, não havendo mais espaço para as
velhas doutrinas que discutiam se a sua obrigatoriedade alcançava só os atos vinculados ou só os atos
discricionários, ou se estava presente em ambas as categorias. A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer
tipo de ato, porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle de legalidade dos atos
administrativos.

(MEIRELLES, 2010, p. 101-103) Hely Lopes

Nos Estados modernos já não existe a autoridade pessoal do governante, senão a autoridade impessoal da lei.
A igualdade de todos perante a lei e a submissão de todos somente à lei constituem os dois cânones
fundamentais dos Estados de Direito.

[…]

No Direito Público o que há de menos relevante é a vontade do administrador. Seus desejos, suas ambições,
seus programas, seus atos, não têm eficácia administrativa, nem validade jurídica, se não estiverem
alicerçados no Direito e na Lei. Não é a chancela da autoridade que valida o ato e torna respeitável e
obrigatório. É a legalidade a pedra de toque de todo ato administrativo.

Ora, se ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, claro está que
todo ato do Poder Público deve trazer consigo a demonstração de sua base legal e de seu motivo.

[…]

A motivação, portanto, deve apontar a causa e os elementos determinantes da prática do ato administrativo,
bem como o dispositivo legal em que se funda.
PRINCÍPIO DA SUPREMACIA E DA
INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
(DI PIETRO, 2014, p. 64) Maria Sylvia Zanella

Os dois princípios fundamentais e que decorrem da assinalada bipolaridade do Direito Administrativo –


liberdade do indivíduo e autoridade da Administração – são os princípios da legalidade e da supremacia do
interesse público sobre o particular, que não são específicos do Direito Administrativo porque informam todos
os ramos do direito público; no entanto, são essenciais, porque, a partir deles, constroem-se todos os demais.

(DI PIETRO, 2014, p. 64) Maria Sylvia Zanella

Uma primeira observação é no sentido de que a própria licitação constitui um princípio a que se vincula a
Administração Pública. Ela é uma decorrência do princípio da indisponibilidade do interesse público e que se
constitui em uma restrição à liberdade administrativa na escolha do contratante; a Administração terá que
escolher aquele cuja proposta melhor atenda ao interesse público.

(MELLO, 2014, p. 57) Celso Antônio Bandeira de

Todo o sistema de Direito Administrativo, a nosso ver, se constrói sobre os mencionados princípios da
supremacia do interesse público sobre o particular e indisponibilidade do interesse público pela
Administração.

(MELLO, 2014, p. 99) Celso Antônio Bandeira de

O princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é princípio geral de Direito inerente
a qualquer sociedade. É a própria condição de sua existência.

[…]

Como expressão dessa supremacia, a Administração, por representar o interesse público, tem a possibilidade,
nos termos da lei, de constituir terceiros em obrigações mediante atos unilaterais. Tais atos são imperativos
como quaisquer atos de Estado. Demais disso, trazem consigo a decorrente exigibilidade, traduzida na
previsão legal de sanções ou providência indiretas que induzam o administrado a acatá-los.

[…]

Também por força desta posição de supremacia do interesse público e – em consequência – de quem o
representa na esfera administrativa, reconhece-se à Administração a possibilidade de revogar os próprios atos
inconvenientes ou inoportunos, conquanto dentro de certos limites, assim como o dever de anular ou
convalidar os atos inválidos que haja praticado. É o princípio da autotutela dos atos administrativos.

(MELLO, 2014, p. 102) Celso Antônio Bandeira de

Interesse público ou primário, repisa-se, é o pertinente à sociedade como um todo, e só ele pode ser
validamente objetivado, pois este é o interesse que a lei consagra e entrega à compita do Estado como
representante do corpo social. Interesse secundário é aquele que atina tão só ao aparelho estatal enquanto
entidade personalizada, e que por isso mesmo pode lhe ser referido e nele encarnar-se pelo simples fato de ser
pessoa, mas que só pode ser validamente perseguido pelo Estado quando coincide com o interesse público
primário.

Com efeito, por exercerem função, os sujeitos de Administração Pública têm de buscar o atendimento do
interesse alheio, qual seja, o da coletividade, e não o interesse de seu próprio organismo, quatale considerado,
e muito menos o dos agentes estatais.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 188) Marcelo e Vicente

O princípio da supremacia do interesse público é característico do regime de direito público e, como visto
anteriormente, é um dos pilares do denominado regime jurídico-administrativo, fundamentando todas as
prerrogativas especiais de que dispõe a administração como instrumentos para a consecução dos fins que a
Constituição e as leis lhe impõem. Decorre dele que, existindo conflito entre o interesse público e o interesse
particular, deverá prevalecer o primeiro, tutelado pelo Estado, respeitados, entretanto, os direitos e garantias
individuais expressos na Constituição, ou dela decorrentes.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 81-82) Marçal (comentários à lei)

É essencial ter em vista que os princípios não apresentam natureza absoluta. Justamente porque traduzem
valores, seria despropositado eleger um princípio (e um valor) como superior e absoluto,

[…]

Não cabe isolar um princípio específico e determinado para promover a sua aplicação como critério único de
solução jurídica. Promover a concretização de princípios jurídicos é uma atividade de ponderação e de
avaliação dos diversos aspectos e interesses envolvidos.

[…]

Justamente por isso, rejeita-se a pura e simples afirmativa da "supremacia" do interesse público, argumento
utilizado com frequência em licitações para justificar decisões que, muitas vezes, são incompatíveis com a
ordem jurídica.

O único valor supremo é a dignidade humana, núcleo dos direitos fundamentais consagrados
constitucionalmente. A expressão "interesse público" não apresenta conteúdo próprio, específico,
determinado. Costuma ser invocada pra a satisfação dos interesses escolhidos pelo governante, o que é
absolutamente incompatível com a ordem jurídico-constitucional vigente.

PRINCÍPIO DA ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA


(DI PIETRO, 2014, p. 388) Maria Sylvia Zanella

Com relação ao princípio da adjudicação compulsória, significa, segundo Hely Lopes Meirelles (2003:267) que
a Administração não pode, concluído o procedimento, atribuir o objeto da licitação a outrem que não o
vencedor. "A adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou o não
firmar no prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo. A compulsoriedade veda também que se abra
nova licitação enquanto válida a adjudicação anterior". Adverte ele, no entanto, que "o direito do vencedor
limita-se à adjudicação, ou seja, à atribuição a ele do objeto da licitação, e não ao contrato imediato. E assim é
porque a Administração pode, licitamente, revogar ou anular o procedimento ou, ainda, adiar o contrato,
quando ocorram motivos para essas condutas. O que não se lhe permite é contratar com outrem, enquanto
válida a adjudicação, nem revogar o procedimento ou protelar indefinidamente a adjudicação ou a assinatura
do contrato sem justa causa".

(MEIRELLES, 2010, p. 286) Hely Lopes

O princípio da adjudicação compulsória ao vencedor impede que a Administração, concluído o procedimento


licitatório, atribua seu objeto a outrem que não o legítimo vencedor (arts. 50 e 64).

A adjudicação ao vencedor é obrigatória, salvo se este desistir expressamente do contrato ou não o firmar no
prazo prefixado, a menos que comprove justo motivo. A compulsoriedade veda também que se abra nova
licitação enquanto válida a adjudicação anterior.

Advirta-se, porém, que o direito do vencedor limita-se à adjudicação, ou seja, à atribuição a ele do objeto da
licitação, e não ao contrato imediato. E assim é porque a Administração pode, licitamente, revogar ou anular o
procedimento ou, ainda, adiar o contrato, quando ocorram motivos para essas condutas. O que não se lhe
permite é contratar com outrem, enquanto válida a adjudicação, nem revogar o procedimento ou protelar
indefinidamente a adjudicação ou a assinatura do contrato sem justa causa.

PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO FORMAL


(MEIRELLES, 2010, p. 282) Hely Lopes

O princípio do procedimento formal é o que impõe a vinculação da licitação às prescrições legais que a regem
em todos os seus atos e fases. Essas prescrições decorrem não só da lei mas, também, do regulamento, do
caderno de obrigações e até do próprio edital ou convite, que complementa as normas superiores, tendo em
vista a licitação a que se refere (Lei 8.666/93, art. 4º).

Procedimento formal, entretanto, não se confunde com "formalismo", que se caracteriza por exigências inúteis
e desnecessárias. Por isso mesmo, não se anula o procedimento diante de meras omissões ou irregularidades
formais na documentação ou nas propostas, desde que, por sua irrelevância, não causem prejuízo à
Administração ou aos licitantes.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 607) Marcelo e Vicente

O procedimento administrativo da licitação é sempre um procedimento forma, especialmente em razão de


preceder contratações que implicarão dispêndio de recursos público.

PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE
(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 625-626) Marcelo e Vicente
Celso Antônio Bandeira de Mello menciona a competitividade como um dos princípios norteadores das
licitações públicas, afirmando ser ele da essência mesma do procedimento. […] Somente o procedimento em
que haja efetiva competição entre os participantes, evitando manipulações de preços, será capaz de assegurar
à administração a obtenção da proposta mais vantajosa para a consecução de seus fins.

(NIEBUHR, 2008, p. 36-37) Joel de Menezes

O princípio da competitividade significa a exigência de que a Administração Pública fomente e busque agregar
à licitação pública o maior número de interessados, para que, com olhos na eficiência e na isonomia,
aumentando o universo das propostas que lhes são encaminhadas, ela possa legitimamente escolher aquela
que seja a mais vantajosa ao interesse público.

A concretização rigorosa da competitividade não é tarefa fácil. […]

O princípio da competitividade também impõe limites às formalidades erguidas no edital da licitação pública.
[…]

[…] Em análise acurada, percebe-se que as formalidades descabidas, que não guardam justificativa ou
utilidade, agridem o princípio da competitividade. […]

É no âmbito do princípio da competitividade que operam em licitação pública os princípios da razoabilidade e


da proporcionalidade. Ocorre que tais princípios oferecem os parâmetros para decidir se determinada
exigência ou formalidade é compatível ou não com o princípio da competitividade. Sobretudo, deve-se atentar
ao bom senso, bem como à proporção entre as exigências a serem realizadas e o objeto licitado, especialmente
no momento de se definir as exigências para a habilitação.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 93) Marçal (comentários à lei)

O ato convocatório da licitação deve estabelecer condições que assegurem a seleção da proposta mais
vantajosa (de acordo com a concepção de vantajosidade adotada), com observância do princípio da isonomia. É
essencial que a licitação seja um procedimento orientado por critérios objetivos, sendo ilícita a adoção de
cláusulas ou quaisquer práticas que, de modo parcial ou total, restrinjam, afetem ou dificultem ilegitimamente
a competição.

(JUSTEN FILHO, 2014, p. 93-94) Marçal (comentários à lei)

Não há impedimento à previsão de exigências rigorosas nem impossibilidade de exigências que apenas possam
ser cumpridas por específicas pessoas. O que se veda é a adoção de exigência desnecessária ou inadequada,
cuja previsão seja orientada não a selecionar a proposta mais vantajosa, mas a beneficiar ou prejudicar alguns
particulares.

Portanto, a invalidade não reside na restrição em si mesma, mas na incompatibilidade dessa restrição com o
objeto da licitação e com os critérios de seleção da proposta mais vantajosa.

(PEREIRA JÚNIOR, 2007, p. 67) Jessé Torres

Licitação sem competição é fraude ou não-licitação.


PRINCÍPIO DA FINALIDADE
(MELLO, 2014, p. 109-110) Celso Antônio Bandeira de

Por força dele [princípio da finalidade] a Administração subjuga-se ao dever de alvejar sempre a finalidade
normativa, adscrevendo-se a ela.

[…]

Em rigor, o princípio da finalidade não é uma decorrência do princípio da legalidade. É mais que isso: é uma
inerência dele; está nele contido, pois corresponde à aplicação da lei tal qual é; ou seja, na conformidade de
sua razão de ser, do objetivo em vista do qual foi editada. Por isso se pode dizer que tomar uma lei como
suporte para a prática de ato desconforme com sua finalidade não é aplicar a lei; é desvirtuá-la; é burlar a lei
sob pretexto de cumpri-la.

[…]

Assim, o princípio da finalidade impõe que o administrador, ao manejar as competências postas a seu encargo,
atue com rigorosa obediência à finalidade de cada qual. Isto é, cumpre-lhe cingir-se não apenas a finalidade
própria de todas as leis, que é o interesse público, mas também a finalidade específica abrigada na lei a que
esteja dando execução.

(MEIRELLES, 2010, p. 93-94) Hely Lopes

O princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37, caput), nada mais é do que o clássico
princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique ato para o seu fim legal. E o fim
legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de
forma impessoal.

[…]

E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo: o interesse público.

[…]

Do exposto, constata-se que o princípio em foco está entrelaçado com o princípio da igualdade (arts. 5º, I, e 19,
III, da CF), o qual impõe à Administração Pública tratar igualmente a todos os que estejam na mesma situação
fática e jurídica.

(ALEXANDRINO e PAULO, 2014, p. 198) Marcelo e Vicente

Essa primeira é a acepção mais tradicional do princípio da impessoalidade, e traduz a ideia de que toda a
atuação da administração deve visar ao interesse público, deve ter como finalidade a satisfação do interesse
público.

(Obs.: os autores entendem que, sob esse prisma, o princípio da impessoalidade se confunde com o princípio
da finalidade)

[…] Qualquer ato praticado com objetivo diverso da satisfação do interesse público será nulo por desvio de
finalidade.
[…]

A finalidade da atuação da administração pode estar expressa ou implícita na lei. Há sempre uma finalidade
geral, que é a satisfação do interesse pública, e uma finalidade específica, que é o fim direto ou imediato que a
lei pretende atingir. (Obs.: e neste caso, para os autores, havendo desvio da finalidade geral ou da finalidade
específica, o ato é nulo)

PRINCÍPIO DA LICITAÇÃO
(JUSTEN FILHO, 2014, p. 68) Marçal (comentários à lei)

A licitação é um procedimento administrativo para a seleção da proposta de contratação de um particular com


a Administração Pública. Esse procedimento licitatório se oriente à realização de duas finalidades essenciais,
que são a concretização do princípio da isonomia e a obtenção da proposta mais vantajosa (inclusive sob o
prisma do desenvolvimento nacional sustentável).

Referências
ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito administrativo descomplicado. 22.ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo: Método, 2014.

BARROS, Márcio dos Santos. 502 comentários sobre licitações e contratos administrativos. São Paulo:
NDJ, 2005.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito administrativo. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

FERNANDES, J. U. Jacoby. Sistema de registro de preços e pregão presencial e eletrônico. 3. ed. rev.
atual. e ampl. Belo Horizonte: Fórum, 2008.

JUSTEN FILHO, Marçal. Curso de direito administrativo. 8. ed. rev. ampl. e atual. Belo Horizonte: Fórum,
2012.

JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 16. ed. rev. atual. e
ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 36. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 31. ed. rev. e atualizada. São Paulo:
Malheiros, 2014.

MENDES, Renato Geraldo. O processo de contratação pública – fases, etapas e atos. Curitiba: Zênite, 2012.

MENDES, Renato Geraldo (Coord.). Lei de licitações e contratos anotada – notas e comentários à lei nº
8.666/93. 9. ed. Curitiba: Zênite, 2013.

NIEBUHR, Joel de Menezes. Licitação pública e contrato administrativo. Curitiba: Zênite, 2008.

PEREIRA JÚNIOR, Jessé Torres. Comentários à lei das licitações e contratações da administração
pública. 7. ed. rev. atual. e ampl. Rio de Janeiro: Renovar, 2007.
Ver também
Leis
Jurisprudência

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