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Modelo Contrarrazoes Ao Recurso Inominado
Modelo Contrarrazoes Ao Recurso Inominado
_______________/__.
Processo nº 0000000-00.2020.8.00.0001
Assim, segundo Nelson Nery Junior, “tendo em vista que o recurso visa, precipuamente,
modificar ou anular a decisão considerada injusta ou ilegal, é necessária a apresentação das
razões pelas quais se aponta a ilegalidade ou injustiça da referida decisão judicial”
(Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos , Sã o Paulo: RT, 2000, p. 150).
Deste modo, o Recorrente não cumpre com o princípio da dialeticidade, pois deixa
de enfrentar os fundamentos da decisão recorrida.
No exame dos pressupostos de admissibilidade intrínsecos (cabimento, legitimidade
recursal, interesse recursal), e extrínsecos (tempestividade, preparo, regularidade formal e
inexistência de fato impeditivo), verifica-se na espécie dos autos nã o estar presente a
regularidade formal exigida, ante a ausência de razõ es de fato e de direito contrariando os
fundamentos da decisã o recorrida, impedindo o conhecimento do recurso, por ofensa ao
princípio da dialeticidade, como acima foi relatado.
Também é nesse sentido que se posiciona o Superior Tribunal de Justiça:
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE. AUSÊNCIA DE
IMPUGNAÇAO ESPECÍFICA DOS FUNDAMENTOS DA DECISAO. ENUNCIADO N. 182/STJ. RECURSO INFUNDADO.
MULTA. 1. Em obediência ao princípio da dialeticidade, deve o agravante demonstrar o desacerto da decisão
agravada, não sendo suficiente a impugnação genérica ao decisum combatido. 2. A ausência de efetiva
impugnação a todos os fundamentos da decisão agravada obsta o conhecimento do agravo, consoante
entendimento consolidado na Súmula 182/STJ. 3. Agravo manifestamente inadmissível ou infundado enseja
aplicação de multa do art. 557, 2º, do CPC. 4. AGRAVO REGIMENTAL NAO CONHECIDO, COM APLICAÇAO DE
MULTA (Agravo Regimental no Agravo de Instrumento nº 1414927/SC, Rel. Ministro PAULO DE TARSO
SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 03/04/2012).”.
“AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO (ART. 544 DO CPC)- FALTA DE IMPUGNAÇAO ESPECÍFICA A UM DOS
FUNDAMENTOS DA DECISAO ATACADA - INCIDÊNCIA DO ART. 544, 4º, I, DO CPC - INTELIGÊNCIA DA SÚMULA
182/STJ - VIOLAÇAO AO PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE, ENSEJANDO A MANUTENÇAO DO PROVIMENTO
HOSTILIZADO POR SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - RECURSO NAO CONHECIDO, COM APLICAÇAO DE MULTA. I.
Em razão do princípio da dialeticidade, deve o agravante demonstrar de modo fundamentado o desacerto da
decisão agravada. II. "É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos
da decisão agravada." Súmula 182/STJ. III. Agravo regimental não conhecido, com aplicação de multa (Agravo
Regimental no Agravo em Recurso Especial nº 88.957/RS, Rel. Ministro MARÇO BUZZI, QUARTA TURMA, julgado
em 06/03/2012, DJe 16/03/2012).”
A par disso, conclui-se que em momento algum, sequer em uma linha de seu arrazoado,
referiu-se ao conteú do da decisã o apelada, razã o pela qual as razõ es do presente recurso
estã o dissociadas daquelas consolidadas pelo decisum combatido, constataçã o, por si só ,
capaz de se ter como inexistente qualquer eficaz impugnaçã o à quela, levando a peça
recursal ao inevitá vel nã o-conhecimento.
Sobre o tema a jurisprudência e a doutrina já se manifestaram. Veja-se o que disse, por
primeiro, o Desembargador Araken de Assis, em “Doutrina e Prá tica do Processo Civil
Contemporâ neo, RT 2001”, fls. 327/329, verbis;
“Manifestando seu inconformismo com o ato decisório, indispensável se revela a motivação do recurso, ou seja, as
razões através das quais o recorrente pretende convencer o órgão ad quem do desacerto do órgão a quo.
De resto, o próprio conteúdo das razões merece rigoroso controle. Deve existir simetria entre o decidido e o
alegado no recurso, ou seja, motivação pertinente. Ademais, as razões carecem de atualidade, à vista do ato
impugnado, devendo profligar os argumentos deste, insubstituíveis (as razões) pela simples referência a atos
processuais anteriores. Quer dizer, não se conhece de recurso dotado de motivação per relationem, no qual o
recorrente se reporta a alegações expendidas anteriormente à emanação do ato impugnado.”
Logo, dú vidas inexistem de que a dívida deve ser declarada inexistente, pois nã o foi
contratada em momento algum pela Recorrida, que por sinal é vítima da situação. A
suposta boa-fé do Recorrente em nada afasta seu ato ilícito, pois nã o há que se falar em
pagamento de débito que a Recorrida nã o contraiu.
b) DA PRESENÇA DE NEXO DE CAUSALIDADE
Em que pese o Recorrente narre que, supostamente, inexiste nexo de causalidade no
presente caso, entre açã o ou omissã o culposa do agente e o dano efetivamente
experimentado pela vítima, obviamente nã o merece prosperar.
O pró prio Recorrente alega que: “No caso em tela, manifesto que faltou o liame entre o dano
que a parte Autora alegou ter sofrido e a conduta praticada pelo Banco do Brasil, pois este
último não contribuiu para o prejuízo que aquele alega ter sofrido (apenas autorizou as
transações realizadas em conta, o que é rotineiro da atividade que as Casas Bancárias
prestam), sem contudo, ter participado na elaboração de qualquer evento.”
Ou seja, o Recorrente ADMITE que autorizou as transaçõ es realizadas em conta e ainda
disse que é rotineiro nas casas bancá rias. Ou seja, faltou com o dever de OBSERVÂ NCIA e
FISCALIZAÇÃ O no momento da contrataçã o de serviços por pessoa estranha à Recorrida,
restando-se negligente.
Nesse sentido, entende o Egrégio Tribunal de Justiça de Sã o Paulo:
“DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E
MORAIS – CONTRATAÇÃO FRAUDULENTA DE EMPRÉSTIMO – PARCIAL PROCEDÊNCIA – PRETENSÃO DE
DEVOLUÇÃO EM DOBRO DOS VALORES INDEVIDAMENTE TRANSFERIDOS DE SUA CONTA CORRENTE – CABIMENTO
PARCIAL – O banco réu deve responder pelos danos causados à autora, sendo necessário que restitua os valores
correspondentes à operação financeira impugnada, tal como postulado na petição inicial, de forma a trazer a
situação patrimonial do autora e de sua conta corrente o mais próximo possível do status quo ante, em relação
aos atos fraudulentos negligenciados - Restituição contudo, que deverá ser feita de forma simples, por não se
verificar má-fé da instituição apelada no caso concreto – Recurso parcialmente provido, nessa parte.
DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE DÉBITO CUMULADA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS –
FRAUDE PERPETRADA NOS SERVIÇOS BANCÁRIOS – PARCIAL PROCEDÊNCIA – PRETENSÃO DE MAJORAÇÃO DA
INDENIZAÇÃO FIXADA A TÍTULO DE DANOS MORAIS – DESCABIMENTO - Indenização por dano moral fixada em R$
5.000,00, já é adequada e parcimoniosa ao caso, e foi fixada na origem, segundo os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade. Recurso desprovido. (TJ-SP - AC: 10160039520198260309 SP 1016003-
95.2019.8.26.0309, Relator: Walter Fonseca, Data de Julgamento: 18/08/2020, 11ª Câmara de Direito Privado,
Data de Publicação: 18/08/2020)”. (grifos nossos).
Tal conduta, de falta de cautela, negligência, omissã o, foi o que ocasionou o dano à
Recorrida, como provado. Inclusive, como se trata de responsabilidade objetiva, nem a
culpa precisaria ser provada nesse caso.
Por esse motivo, nã o restam dú vidas acerca da existência do nexo de causalidade e de
todos os demais elementos da responsabilidade civil para a condenaçã o do Recorrente e da
declaraçã o de inexigibilidade da dívida em nome da Recorrida.
c) DA AUSÊNCIA DE CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA/ FATO DE TERCEIRO
Ainda, o Recorrente alega culpa exclusiva da vítima ou de terceiro, requerendo que seja
afastada a sua responsabilidade.
Ocorre que, como já bem explicado nos autos, o Recorrente faltou com seu dever de
verificar a pessoa contratante dos serviços, gerando à Recorrida os débitos que ela nem
mesmo contratou. Independentemente se foi uma outra pessoa que contratou os planos, se
passando pela Recorrida, a responsabilidade é OBJETIVA do Recorrente, pois se trata de
atividades bancá rias.
Outrossim, nã o pode o Recorrente alegar tais excludentes sem que prove cabalmente suas
alegaçõ es, por forçado artigo 373, inciso II, do Có digo de Processo Civil, que assim prevê, in
verbis:
“Art. 373. O ônus da prova incumbe:
(...)
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.”
Inclusive, como bem reforçado na r. sentença, a boa-fé não é o suficiente para afastar
os pedidos autorais.
Por fim, o valor requerido à título de danos morais está em conformidade com os princípios
da razoabilidade e proporcionalidade, sendo, inclusive, o patamar fixado pelos mais
diversos Tribunais em casos aná logos.
IV – CONCLUSÃO
Os argumentos apresentados em sede de Recurso Inominado pelo Recorrente sã o
destituídos de qualquer fundamentaçã o plausível, visto que objetivam beneficiar somente
os interesses do mesmo.
Desta forma, requer-se, preliminarmente, o não conhecimento do recurso ora
contrarrazoado, tendo em vista a ofensa ao princípio da dialeticidade.
Ademais, no mérito, a r. sentença proferida pelo Juízo “a quo”, há que ser confirmada, pelos
seus pró prios fundamentos, para que seja NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO
INOMINADO interposto pelo Réu, ora Recorrente.
EM RAZÃ O DO EXPOSTO, por qualquer â ngulo que se observe, forçoso que este Juízo afaste
a pretensã o do Recorrente, motivo pelo qual, através das razõ es apresentadas, confia o
apelado que Vossas Excelências irã o refutar os argumentos expendidos no Recurso
Inominado apresentado, mantendo-se intacta a r. sentença proferida, no que pertine aos
tó picos esposados, para que reste negado provimento a estes, como medida de J U S T I Ç A.
Estes sã o os termos, em que pede e espera deferimento.
(CIDADE), (DATA).
ADVOGADO
OAB/__ 000000
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Petição elaborada por Kizi Roloff, criadora do Iuris Petições - Serviço de Elaboração
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