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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

1ª CÂMARA CRIMINAL

Autos nº. 0000769-82.2019.8.16.0046

Apelação Criminal n° 0000769-82.2019.8.16.0046 Ap


Vara Plenário do Tribunal do Júri de Arapoti
Apelante(s): Antonio dos Reis
Apelado(s): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ
Relator: Desembargador Substituto Sergio Luiz Patitucci

APELAÇÃO CRIME – TRIBUNAL DO JÚRI – HOMICÍDIO


QUALIFICADO (ART. 121, §2º, II, CP) – CONDENAÇÃO –
INSURGÊNCIA DA DEFESA – ALEGAÇÃO DE DECISÃO
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS PELA
REJEIÇÃO DA TESE DE LEGÍTIMA DEFESA – INOCORRÊNCIA –
OPÇÃO DOS JURADOS POR UMA DAS TESES APRESENTADAS QUE
ENCONTRA RESPALDO NA PROVA EXISTENTE – VERSÃO
ACUSATÓRIA CONSONANTE COM O CONJUNTO PROBATÓRIO –
SOBERANIA DOS VEREDICTOS (ART. 5º, INC. XXXVIII, “C”, CF) –
RECURSO – NEGA PROVIMENTO.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação Crime nº 0000769-


82.2019.8.16.0046, da Comarca de Arapoti – Vara Plenário do Tribunal do Júri, em que é apelante
Antonio dos Reis e apelado Ministério Público do Estado do Paraná.

I - RELATÓRIO

O Representante do Ministério Público do Estado do Paraná ofereceu denúncia em face de


Antonio dos Reis em razão da prática do crime tipificado no artigo 121, § 2º, inciso II, do Código Penal,
conforme descrição fática transcrita in verbis (mov. 5.2):

“FATO 1
No dia 05 de janeiro de 2019, por volta das 20h00min, no estabelecimento denominado bar do Ziel,
situado no Distrito de Calógeras, área rural deste município, o denunciado ANTÔNIO DOS REIS,
com consciência e vontade, portanto, dolosamente, com intenção homicida, matou FLAVIO
VASQUES DA COSTA ao efetuar diversos golpes de punhal em seu tórax, o que ocasionou
hemorragia interna aguda, que foi a causa eficiente de sua morte, conforme Boletim de Ocorrência
n° 2019/19739 às fls. 04/08, Certidão de Óbito à fl. 11, Termo de Declaração às fls. 13/14, Termo
de Declaração às fls. 16/17, Termo de Declaração às fls. 29/30, Termo de Depoimento às fls. 31
/33, Termo de Depoimento às fls. 35/36, Laudo de Exame de Necropsia à fl. 48.
O crime foi cometido motivo fútil, posto que em virtude do não pagamento de dívida que a vítima
possuía com o denunciado”.

A denúncia foi recebida em 02 de julho de 2019 (mov. 18.1).

Encerrada a primeira fase da instrução processual, foi julgada procedente a denúncia para
pronunciar o acusado pela prática do delito de homicídio qualificado, previsto no artigo o 121, § 2º,
inciso II, do Código Penal (mov. 220.1). A decisão transitou em julgado em 28/11/2022 (mov. 241).

Submetido a julgamento, o Conselho de Sentença votou pela condenação do réu como


incurso nas penas do artigo 121, § 2º, inciso II, do Código Penal (mov. 730.17).

Em conformidade com a decisão soberana dos Jurados, o Dr. Juiz Presidente proferiu a r.
sentença (mov. 729.1), estabelecendo a pena privativa de liberdade em 12 (doze) anos de reclusão, a ser
cumprida em regime inicial fechado, concedido o direito de recorrer em liberdade.

Quanto ao teor da decisão, as partes foram intimadas ao término da sessão de julgamento


(mov. 730.18), sendo interposto recurso de apelação pela Defesa (mov. 733.1), recebido pelo juízo com efeito
suspensivo (mov. 735.1).

Nas suas razões recursais (mov. 733.1), a Defesa requer a anulação do julgamento, por ser a
decisão do Conselho de Sentença manifestamente contrária à prova dos autos, considerando ter restado
provado que o réu atuou em legítima defesa, uma vez que apenas repeliu injusta agressão, devendo ser
aplicado o princípio in dubio pro reo.

Contrarrazões do Ministério Público do Estado do Paraná pelo não conhecimento do


recurso em razão da intempestividade. Em sendo conhecido, manifestou-se pelo não provimento,
mantendo-se na íntegra a decisão (mov. 760.1).

Nesta instância, a d. Procuradoria-Geral de Justiça, em parecer exarado pelo ilustre


Promotor de Justiça designado em 2º grau Inacio Bernardino de Carvalho Neto, pronunciou-se pelo
conhecimento e desprovimento do recurso (mov. 14.1/TJ).

É o relatório.

II - O VOTO E SEUS FUNDAMENTOS

De início, cumpre afastar a alegação de intempestividade do recurso apresentada pelo


Ministério Público em sede de contrarrazões.

Isso porque, a sessão Plenária ocorreu no dia 06/10/2023 (sexta-feira), de maneira que o
primeiro dia do prazo foi em 09/10/2023 (segunda-feira) e o último ocorreu em 13/10/2023 (sexta-feira),
data em que houve a suspensão do expediente forense (Decreto Judiciário nº 714/2022). Logo,
tempestiva a interposição havida no dia 16/10/2023 (segunda-feira).

Presentes os pressupostos de admissibilidade, é de se conhecer o recurso.


Trata-se de Recurso de Apelação sob o fundamento de a decisão dos Jurados ter sido
manifestamente contrária à prova dos autos (art. 593, inc. III, “d”, CPP), em razão de restar provado ter o
réu agido sob amparo da excludente de ilicitude da legítima defesa, de modo a ensejar a anulação do
julgamento.

Em que pesem as argumentações expendidas, não assiste razão à Defesa quando almeja a
desconstituição do veredito emanado pelo Conselho de Sentença.

Como se sabe, decisão manifestamente contrária à prova dos autos é aquela que não
encontra amparo algum nos elementos de convicção produzidos ao longo da instrução criminal,
remanescendo, assim, completamente dissociada de todo o conjunto probatório.

Tecendo comentários sobre a questão, Eugênio Pacelli e Douglas Fischer esclarecem:

“Diante das provas colacionadas aos autos, decorre do princípio constitucional invocado competir
ao Júri a soberania para condenar ou absolver. Frente a esta norma constitucional e à previsão
legal recursal, somente se pode cogitar a anulação da decisão (e aqui sim importaria em novo
julgamento) se a conclusão a que chegar o conselho não tiver amparo razoável ‘em nenhuma’
prova colacionada aos autos. Essa circunstância é extremamente relevante para a análise dos
casos em que se possa admitir o recurso em voga, pois não pode servir como supedâneo para
alterar toda e qualquer decisão dos jurados, que, como referido, têm sua soberania garantida
constitucionalmente.
[...]
Mas é preciso ter extremo cuidado do que Não se poderá pleitear a nulificação decidido pelo Júri
se houver nos autos provas que amparem tanto a condenação quanto a absolvição. Nesse caso,
não se está diante de decisão ‘manifestamente’ contrária à prova dos autos, mas unicamente de
adoção pelo Júri (pelo seu livre convencimento, sequer motivado – uma exceção ao art. 93, IX, CF
/88) de uma das teses amparada por provas presentes nos autos. Nessas situações, não há que se
falar em admissibilidade do recurso de apelação forte no art. 593, III, d, do CPP. ”(Comentários ao
Código de Processo Penal e sua Jurisprudência, 5ª. edição, Editora Atlas, São Paulo, 2013, págs. 1.182/1.183). (Destaquei).

No caso, não há que se falar em anulação do julgamento, uma vez que o veredito
condenatório está em consonância com o acervo probatório, não competindo a esta Corte de Justiça
reavaliar a decisão soberana do Tribunal Popular, que interpretou a prova de acordo com o seu livre
convencimento.

Os elementos de cognição constantes nos autos dão suporte suficiente ao veredito


proclamado pelo Conselho de Jurados, o qual acolheu a tese acusatória e afastou a alegação de legitima
defesa.

Tais elementos de cognição – aptos a embasar o veredito proclamado pelos Jurados –


estão evidenciados no bem lançado parecer da d. Procuradoria Geral de Justiça, o qual também utilizo
como razões para decidir (mov. 14.1/TJ):

“Ouvida judicialmente, Aparecida Aleixo Lourenço declarou que chegou ao bar


acompanhada de seu marido, ora ofendido, visualizando o momento em que o réu, armado de
punhal, começou a intimidá-lo com o punhal, por conta do pagamento devido ao réu. Para evitar
confusão, o casal foi em direção ao próprio carro, com o fim de deixar o local, sendo seguido pelo
apelante, que iniciou a sequência de golpes. Especificou que o acusado se postou diante da janela
aberta do carro e estocou a vítima. Desesperada, a própria informante pegou um facão que estava
do lado do passageiro, repassando-o para o marido já ferido, o qual conseguiu apenas acertar
superficialmente a mão de seu agressor. Disse que ela própria ligou o carro e o marido acelerou,
morrendo enquanto dirigia (mov. 207.5).
Em contrapartida, o informante Oliedson de Melo Dionízio, sobrinho do acusado,
especificou que viu o momento em que a vítima investiu contra o réu com um facão, acertando-o na
mão, motivo pelo qual o apelante revidou com o punhal que portava (mov. 207.3 e 207.4).
Os policiais militares Allan Mitsuo e Leandro Ionak Ribeiro disseram, em harmonia, que a
vítima foi atacada por golpes de punhal desferidos pelo réu, sendo atingida múltiplas vezes, não
conseguindo localizar o acusado que perpetrou fuga (mov. 127.2 e 127.3).
As demais testemunhas não presenciaram os fatos.
Interrogado sob o crivo do contraditório, Antônio dos Reis justificou que foi a vítima quem
iniciou a agressão, deixando-o sem opção. Detalhou que o ofendido o acertou na mão e ‘duas
pranchas’ nas costas, revidando com ‘duas cutucadas’ no pescoço, o fazendo com o fim específico
de autodefesa (mov. 207.2 e 730.24).
O estudo das provas angariadas ao longo do feito afasta a conclusão de que o réu agiu em
legítima defesa própria”.

Diante desse contexto, os Jurados chancelaram a versão apresentada pela Acusação, que
lhes pareceu ser mais coerente e verossímil, por estar respaldada nos elementos probatórios carreados aos
autos, não tendo a defesa apresentado prova suficientemente apta a desconstituir a tese ministerial e
convencer o Conselho de Sentença a respeito da atuação do apelante em legítima defesa, conforme
pretende fazer crer a defesa em sede recursal.

Embora o réu alegue que somente feriu a vítima após ter sido atingido por golpes de faca
desferidos por ela, a esposa do ofendido afirma que o ataque do apelante ocorreu abruptamente, depois
que o casal já estava no interior do próprio automóvel, no intuito de deixar o local, retirando a certeza
sobre a necessidade da utilização da arma branca.

Outrossim, a multiplicidade de golpes e a diversidade de áreas do corpo atingidas não


permitem a conclusão pela ausência inconteste de animus necandi na conduta, de modo a justificar a
desconstituição do veredito proclamado pelo Conselho de Jurados (mov. 1.21).

A alegada contrariedade à prova dos autos pelo não reconhecimento da tese de legítima
defesa, relaciona-se ao fato de o réu ter apresentado versão diversa das provas que o incriminam pelo
delito descrito na denúncia, o que não se confunde com decisão manifestamente contrária à prova dos
autos.

Nesse sentido:

“APELAÇÃO CRIME – TRIBUNAL DO JÚRI – TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO –


PARCIAL PROCEDÊNCIA DA DENÚNCIA – CONDENAÇÃO DE UM DOS RÉUS E
ABSOLVIÇÃO DO OUTRO – INSURGÊNCIA DA DEFESA DO CONDENADO – ALEGAÇÃO
DE DECISÃO MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS PELA REJEIÇÃO
DA TESE DE LEGÍTIMA DEFESA - INOCORRÊNCIA – VERSÃO ACUSATÓRIA
CONSONANTE COM O CONJUNTO PROBATÓRIO – VEREDICTO AMPARADO EM
SUPORTE PROBATÓRIO PRODUZIDO NOS AUTOS – TESE NÃO ACOLHIDA –
DOSIMETRIA DA PENA – PLEITO DE COMPENSAÇÃO INTEGRAL ENTRE A REINCIDÊNCIA
E A ATENUANTE DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA – POSSIBILIDADE – TEMA 585, STJ –
CONFISSÃO NA MODALIDADE QUALIFICADA – IRRELEVÂNCIA – PRECEDENTES DO STJ –
READEQUAÇÃO DA PENA – MANUTENÇÃO DO REGIME INICIAL SEMIABERTO PARA
CUMPRIMENTO DA PENA – SÚMULA 269 STJ – RECURSO – PARCIAL PROVIMENTO”. (TJPR
- 1ª Câmara Criminal - 0018179-43.2015.8.16.0031 - Guarapuava - Rel.: Des. Subst. Sergio Luiz Patitucci - J.
07.10.2023 - destaquei)

Assim, em que pese o inconformismo, analisando a prova colhida nos autos, observa-se
que há respaldo probatório suficiente a sustentar a decisão dos Senhores Jurados.

Com efeito, quando existirem duas teses contrárias a respeito do fato criminoso e a escolha
de uma delas estiver amparada pelo conjunto probatório, não será possível desconstituir a decisão do
Conselho de Sentença, sob pena de violação do princípio da soberania dos vereditos do Tribunal do Júri,
expressamente consagrado no artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea “c” da Constituição Federal.

Nessa linha, destacam-se os seguintes arestos do egrégio Superior Tribunal de Justiça:

“PENAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CONDENAÇÃO. APELAÇÃO


CRIMINAL JULGADA. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. INVIABILIDADE. VIA
INADEQUADA. DECISÃO DO JÚRI MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS.
SOBERANIA DOS VEREDICTOS DO CONSELHO DE SENTENÇA. EXAME APROFUNDADO
DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO DOS AUTOS. NECESSIDADE. MATÉRIA INCABÍVEL
NA VIA ELEITA. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO. (...) 2. Não há falar em decisão
manifestamente contrária à prova dos autos se os jurados optaram pela condenação do
increpado, em franco acolhimento a uma das teses que lhes fora apresentada, com o respaldo do
arcabouço probatório carreado aos autos, exercendo, assim, a sua soberania, nos termos do
artigo 5º, inciso XXXVIII, alínea "c", da Constituição da República. (...) 4. Habeas corpus não
conhecido.” (HC nº. 229.135/PR, 6ª. Turma, Relatora: Ministra Maria Thereza de Assis Moura, J. 04.02.2014, DJe
18.02.2014) (Destaquei).

“HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO SIMPLES. WRIT SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.


DESVIRTUAMENTO. PRECEDENTES. CONDENAÇÃO. ALEGAÇÃO DE DECISÃO
MANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À PROVA DOS AUTOS. NÃO OCORRÊNCIA.
SOBERANIA DOS VEREDICTOS. ACOLHIMENTO DE UMA DAS TESES DEFENDIDAS
EM PLENÁRIO. ARRIMO NO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. DOSIMETRIA. PENA-
BASE. PRETENDIDA REDUÇÃO. MATÉRIA NÃO ANALISADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. MANIFESTO CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO
EVIDENCIADO. (...) 4. Para que a decisão do Conselho de Sentença seja considerada
manifestamente contrária à prova dos autos, é necessário que a versão acolhida não encontre
amparo nos elementos fático-probatórios amealhados aos autos, o que, a toda evidência, não se
verifica na espécie em análise, tendo em vista que a Corte estadual destacou, de forma
fundamentada, que existem elementos concretos que dão arrimo à decisão dos jurados, tais como
prova pericial e prova testemunhal produzidas em juízo. 5. Manifestamente contrária à prova dos
autos é a decisão que despreza as provas produzidas, não aquela que, claramente, opta por uma
das versões apresentadas em Plenário, como verificado na espécie sub examine. (...) 8. Habeas
corpus não conhecido.” (HC nº. 170.447/DF, 6ª. Turma, Relator: Ministro Sebastião Reis Júnior, J. 02.05.2013,
DJe 13.05.2013) (Destaquei)

Estando suficientemente alicerçado em elementos de convicção idôneos, deve o decreto


condenatório ser mantido.

O fato de o Conselho de Sentença ter optado por uma das versões verossímeis dos autos e
rechaçado as teses das Defesas, não significa que a decisão tenha sido contrária ao conjunto probatório,
ainda mais quando não se revelou divorciada das provas.
Portanto, a decisão colegiada encontra-se amparada em elementos obtidos durante o
processo, não havendo que se falar na existência de contradição no resultado do julgamento.

Nesse sentido:

“PENAL E PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CONDENAÇÃO. DECISÃO CONTRÁRIA ÀS
PROVAS DOS AUTOS. NÃO OCORRÊNCIA. OPÇÃO POR UMA DAS VERSÕES
CONSTANTES DOS AUTOS. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
SOBERANIA DOS VEREDITOS. REVERSÃO DO JULGADO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM.
REEXAME. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. A jurisprudência desta
Corte é pacífica no sentido de que A apelação lastreada no art. 593, III, d, do Código de Processo
Penal (decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos) pressupõe, em
homenagem à soberania dos veredictos, decisão dissociada das provas amealhadas no curso do
processo. Optando os jurados por uma das versões factíveis apresentadas em plenário, impõe-se a
manutenção do quanto assentado pelo Conselho de Sentença (HC 232.885/ES, Rel. Ministro
SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 19/05/2015, de 28/05/2015). 2. A
reversão das premissas assentadas pelo acórdão demandaria a incursão aprofundada no conteúdo
fático-probatório dos autos, o que se mostra incabível na via recursal, a teor da Súmula 7 do STJ.
3. Agravo regimental improvido”. (Agrega no Ares 523897 Ministro Néfi Cordeiro - Sexta Turma Dj13/12/2016
DJe 19/12/2016) (Destaquei)

Estando suficientemente alicerçado em elementos de convicção idôneos, deve o decreto


condenatório ser mantido.

Diante do exposto, é de se conhecer enegar provimento ao recurso de Antônio dos Reis.

III – DISPOSITIVO

Ante o exposto, acordam os Desembargadores da 1ª Câmara Criminal do TRIBUNAL DE


JUSTIÇA DO PARANÁ, por unanimidade de votos, em julgar CONHECIDO O RECURSO DE PARTE
E NÃO-PROVIDO o recurso de Antonio dos Reis.

O julgamento foi presidido pelo (a) Desembargadora Lidia Maejima, sem voto, e dele
participaram Desembargador Substituto Sergio Luiz Patitucci (relator), Desembargador Telmo Cherem e
Desembargador Substituto Benjamim Acácio De Moura E Costa.

Curitiba, 17 de maio de 2024

Des. Subst. SERGIO LUIZ PATITUCCI

Relator

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