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FACULDADE FACEL

Curso de Pós-Graduação em Educação Jovens e Adultos – EJA


Marcela Rodrigues Siqueira de Sancti
Data de início 25/04/2017
Disciplina: Paradigmas Curriculares E Praticas Avaliativas Na Eja
Data da Entrega: 12/04/2019

PARADIGMAS CURRICULARES E PRATICAS AVALIATIVAS NA EJA

Alfabetizar jovens e adultos não é um ato apenas de ensino – aprendizagem é


a construção de uma perspectiva de mudança; no inicio, época da colonização do
Brasil, as poucas escolas existentes era pra privilégio das classes média e alta,
nessas famílias os filhos possuíam acompanhamento escolar na infância; não havia
a necessidade de uma alfabetização pra jovens e adultos, as classes pobres não
tinham acesso à instrução escolar e quando a recebiam era de forma indireta.
Já a proposta de Paulo Freire baseia-se na realidade do educando, levando-
se em conta suas experiências, suas opiniões e sua história de vida. Esses dados
devem ser organizados pelo educador, a fim de que as informações fornecidas por
ele, o conteúdo preparado para as aulas, a metodologia e o material utilizados sejam
compatíveis e adequados às realidades presentes. Educador e educandos devem
caminhar juntos, interagindo durante todo o processo de alfabetização. É importante
que o adulto alfabetizando compreenda o que está sendo ensinado e que saiba
aplicar em sua vida o conteúdo aprendido na escola.
O chamado "método” Paulo Freire tem como objetivo a alfabetização, visando
à libertação. Essa libertação não se dá somente no campo cognitivo, mas deve
acontecer, essencialmente, nos campos sócio-cultural e político, pois o ato de
conhecer não é apenas cognitivo, mas político, e se realiza no seio da cultura.
O estudante da EJA não deve ser estigmatizado como alguém que nada sabe
e o educador não pode se comportar como o único portador do saber. Há, na
verdade, pessoas que tiveram que abandonar as salas de aulas por algum motivo e
que retornam com uma bagagem de experiências e conhecimentos adquiridos em
outros espaços educadores. Portanto, a avaliação não deve ser uma prática
desprovida de significados para esses jovens e adultos, que retornam cheios de
expectativas e esperanças e que muitas vezes não encontram o acolhimento
solidário, tenham ânimo em continuar sua trajetória enquanto estudantes. Percebe-
se que no processo de evasão a avaliação persiste como um dos fatores causador
da exclusão principalmente nas salas da educação de jovens e adultos.
A avaliação também propiciará condições para a obtenção de uma melhor
qualidade de vida quando assentada sobre a disposição de acolher. Aí está o ponto
de partida da construção do conhecimento. Se houver o acolhimento do estudante
na sua totalidade, a prática docente já estará eliminando um grande obstáculo na
avaliação na educação de jovens e adultos, pois, construirá, a partir desse
acolhimento, o diálogo para que o processo de ensino e aprendizagem seja
significativo para todos os sujeitos envolvidos, subsidiando as decisões necessárias
para atingir a meta da educação ( LUCKESI, 2007).
É preciso que os professores assumam o desafio de uma avaliação que
supere o autoritarismo e busque a autonomia do estudante para a transformação
das estruturas sociais das quais eles foram a principais vítimas. Uma avaliação que
seja o ponto de partida para a construção de uma sociedade organizada para o ser
humano na conquista da autonomia e da reciprocidade nas relações (LUCKESI,
2005). Se a sociedade de classes castigou suas vítimas expondo-as a humilhantes
condições – uma delas é ter abandonado a escola - não devemos reproduzir o
mesmo em sala de aula. A avaliação da aprendizagem na educação básica, e
especialmente na educação de jovens e adultos, conforme Luckesi (2007), “não
deveria ser fonte de decisão sobre o castigo, mas de decisão sobre os caminhos do
crescimento sadio e feliz”.
A avaliação é, portanto, o ponto de partida para a emancipação do sujeito
histórico. Não há como continuar fingindo que tudo vai bem e simplesmente jogar a
culpa no mais fraco dentro de um sistema educacional aprisionador. O professor
deve olhar para o estudante como um mestre para o seu discípulo – o mestre não
sabe mais que o discípulo e nem o discípulo mais que o mestre – e no respeito
mútuo, no diálogo permanente, vão construindo um novo jeito de olhar.
Na EJA cada estudante quer reconstruir o seu caminho, a sua vida; quer
compreender seus fracassos e conquistar um novo mundo. Resta aos educadores
conhecer profundamente cada um e ao avaliar a aprendizagem que faça dentro das
perspectivas e sonhos desses jovens e adultos para uma nova sociedade.
REFERÊNCIAS

BRASIL, Resolução CNE/CEB n.4 de 13 de julho de 2010. Diário Oficial da União, Brasília,
14 de julho de 2010, Seção 1, p.284.

BRASIL. LDB dez anos depois: reinterpretação sob diversos olhares. 3- Ed- São
Paulo: Cortez, 2010.

DÓRIA, R. N. Avaliação como elemento transformador. In: Primeiro Seminário de


Educação do Campus Rio Pomba do IF Sudeste MG. Rio Pomba, 2010

FREIRE P. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.

FREIRE,P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. 3.ed


.São Paulo: Paz e Terra,1997.

HOFFMANN, J.M.L. A avaliação mediadora: uma relação dialógica na construção do


conhecimento. Disponível em: www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_22_p051-
059_c.pdf. Acesso em: 2010.

LUCKESI, C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. 18. ed. São Paulo: Cortez,
2006. 180 p.

LUCKESI, C.C. Prática Escolar: do erro como fonte de castigo ao erro como fonte de
virtude. Série ideias nº8. São Paulo:FDE,1998.p.133-140. Disponível em:
www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_p133-140c.pdfp://. Acesso em: 2010.

LUCKESI, C.C. O que é o ato de avaliar a aprendizagem? Disponível


em:http://www.diaadia.pr.gov.br/cge/arquivos/File/avaliacao_luckesi.pdf. Acesso em:
28/10/2010.

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