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DICAS PARA UM BOM FICHAMENTO/RESUMO

Caras alunas e alunos,

Como combinamos, gostaria de compartilhar algumas sugestões


sobre como costumo fazer os meus fichamentos/resumos, o que
espero possa ajudar no percurso acadêmico de vocês. Vamos lá:

1. Em primeiro lugar, eu costumo ler qualquer material (livro,


artigo, capítulo de livro, etc) anotando em algum lugar as páginas
mais importantes. Se leio material físico, costumo anotar em um
papel de rascunho quais são as páginas mais importantes da leitura;
se leio material online ou um livro digital, costumo criar um
documento destinado a conter o futuro fichamento a ser feito e
nele escrevo as páginas mais importantes à medida em que a leitura
avança;

2. Ao terminar a leitura costumo ter em mãos uma sequência com


vários números, os quais correspondem aos trechos essenciais do
material que foi lido. Isso vale tanto para materiais físicos quanto
digitais. É a hora de voltar a estas páginas com o intuito de
transcrever o trecho importante, acompanhado da respectiva
página. Uma observação: em materiais digitais é comum que não
haja exatamente uma página como referência, mas sim uma
“posição”. Sendo assim, pode-se substituir “página” de cada trecho
importante por “posição”, em sendo o caso (vejam o modelo como
exemplo, tendo sido usado o termo “POS”);

3. Ao terminar a transcrição dos trechos essenciais faço uma leitura


do fichamento obtido, o que funciona como um exercício de
fixação do aprendizado.

Em síntese, sigo a seguinte estrutura:

1. LEITURA DO MATERIAL
2. ANOTAÇÃO DAS PÁGINAS OU POSIÇÕES RELEVANTES
3. TRANSCRIÇÃO DOS TRECHOS RELEVANTES

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4. LEITURA DO FICHAMENTO

A vantagem desta técnica simples é a de permitir que se possa ler ao


menos três vezes os trechos mais importantes de cada obra.
Vejamos o porquê:

(1) há uma primeira leitura;

(2) há uma segunda leitura no momento em que se faz a transcrição


dos trechos relevantes que foram selecionados;

(3) por fim, há uma terceira e última leitura, o que ocorre quando o
fichamento é concluído.

Hoje em dia, com a prática, costumo fazer o fichamento de forma


bem mais ágil do que quando comecei e ele sempre me traz um
ótimo resultado no processo de fixação do aprendizado. Nem
sempre faço uma transcrição exata de cada trecho que selecionei,
mas acho recomendável começar fazendo transcrições exatas dos
trechos para quem está iniciando e desenvolvendo o hábito.

Compartilho com vocês um exemplo de fichamento pronto a


seguir, com algumas observações em negrito para auxiliá-los.
Lembro que se trata apenas de uma sugestão de método de estudo,
sendo cada um livre, evidentemente, para construir sua própria
experiência.

Abraços e sucesso nos estudos!

Gabriel Marques
Prof. Visitante - Universidade Paris 2 Panthéon-Assas (2020-2022)
Prof. Sciences PO (2021-2022)
Prof. Adjunto - UFBA e Faculdade Baiana de Direito
Mestre e Doutor em Direito do Estado - USP
Bacharel em Direito - UFBA

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MODELO DE FICHAMENTO/RESUMO

FICHAMENTO 171 (*observação: sempre coloco um número para


organizar a minha sequência de fichamentos)

LEGRAND, Pierre. Como Ler o Direito Estrangeiro. Tradução:


Daniel Wunder Hachem. São Paulo: Contracorrente, 2018.
(*observação: aqui insiro, logo no início do fichamento, a
referência bibliográfica completa da obra lida, para facilitar
consultas futuras)

POS. 45: descrição por Daniel da fidelidade do Professor Legrand


aos seus hábitos, dentre os quais o café no Restaurante “La
Favorite”;
POS. 68: ética da comparação baseada nos valores do
“reconhecimento” e do “respeito” (Cf. POS. 723);
POS. 115: trecho final da Introdução faz uma bela associação entre
maré, travessia e “remar contra a corrente”;
POS. 154: expressão “demônio das comparações” relacionada à
comparação entre os jardins;
POS. 173: dois textos propostos pelo autor fazem parte de uma peça
teatral, sendo esboço de algumas ideias sobre o tema da
“comparação de direitos”;
POS. 233: cada Direito nacional possui sua própria cultura e
tradição, sua própria “episteme”;
POS. 257: riscos da projeção e do etnocentrismo;
POS. 293: importância de se esquecer a objetividade e entender que
sempre se parte de nossa “pré-compreensão”;
POS. 311: caráter autobiográfico de toda pesquisa;
POS. 340: importância de se falar de hermenêutica em lugar de se
falar em interpretação;
POS. 369: importância da língua, religião e moralidade no processo
de interpretação;
POS. 435(!): obra clássica alemã no campo dos Estudos
Comparados;
POS. 500: o Professor Legrand classifica os Estudos Comparados
como “intervenções”, dada a visão pessoal que se tem sobre cada

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fenômeno, sendo que cabe ao jurista minimizar a violência de sua
interpretação;
POS. 524(!): “tudo acaba no ouvido” (Cf. POS. 900 e a noção de
“ouvido refinado”, de Derrida);
POS. 561(!): posição do Professor Legrand de rejeição do
positivismo, que deve ser substituída pela de “juriscultura” (POS.
573);
POS. 662: importância da “fonte pré-jurídica do jurídico” (Derrida);
POS. 776: comparatista trabalha como uma espécie de “barco de
passagem”, facilitando a representação dos significados de um outro
Direito;
POS. 847(!): defesa pelo autor da mudança do “paradigma da
autoridade” para o “paradigma da alteridade” na Comparação entre
Direitos;
POS. 1064: uso do termo “destino”; “atração” na abordagem do
processo individual de escrita, repleto de escolhas pessoais que
repercutem no olhar interpretativo de quem analisa outro Direito;
POS. 1112: escrever sobre o Direito Estrangeiro é “trabalhar a
lacuna” de um abismo que jamais se pode superar;
POS. 1245: texto do estudioso a respeito de outro Direito é uma
“ficção”;
POS. 1261: “nunca dominamos o texto; é ele quem tem a última
palavra”.

Paris, 9 de dezembro de 2020. (*observação: sempre finalizo com


local e data de elaboração do fichamento)
Gabriel Marques

Última atualização: Salvador, 7/2/23, 16h.

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