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RESUMO

Módulo 13: Beta Alanina


A Beta Alanina é um suplemento alimentar bastante difundido e utilizado no meio
esportivo com objetivo de melhorar a performance. Mas para a prescrição ser feita de
forma adequada, é necessário levar em consideração alguns fatores como:

 A Intensidade da atividade física praticada


 A Duração dessa atividade
 O Tempo de suplementação
 A Dosagem do suplemento
 A co-ingestão
 O Nível de treinamento do indivíduo

O QUE É?

A β-alanina é um aminoácido não proteogênico, ou seja, não participa da


estruturação das tantas proteínas presentes em nosso corpo. É considerada ainda
um aminoácido não essencial, pois pode ser sintetizado pelas células hepáticas a
partir da degradação da Uracila, uma base nitrogenada presente nos nucleotídeos
do RNA.

FONTES ALIMENTARES, ABSORÇÃO E METABOLIZAÇÃO

A beta alanina também pode ser adquirida através de fontes proteicas sob a
forma de dipeptídeo, como por exemplo, carnosina, anserina e balenina, presentes
em carne, peixe e aves.

Quando alimentos contendo carnosina são ingeridos, os


dipeptídeos podem sofrer a ação de uma enzima
CARNOSINASE
presente na mucosa jejunal, denominada carnosinase,

PEPT1 que cliva a carnosina em β-alanina e L histidina. Esse


dipeptídeo também pode ser absorvido de forma íntegra

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pela PEPT1 e ser clivado por peptidases dentro do enterócito antes de atingir a
circulação sistêmica.

A maior parte da beta-alanina produzida pelo fígado ou absorvida pela dieta


sofre metabolização hepática e renal. Neste órgãos existem enzimas chamadas
GABA-T e AGXT2 que transaminam a beta alanina no semi-aldeído malonato,
metabólito que poderá ser enviado para desempenhar um papel adicional dentro
do metabolismo do ciclo do ácido cítrico.

Desta forma, uma porcentagem baixa de beta alanina consegue chegar ao


músculo para desempenhar seu papel ergogênico (que será descrito na próxima
sessão). Para que maior quantidade de beta alanina chegue ao músculo, faz-se
necessário saturar a atividade dessas enzimas através da suplementação.

PAPEL DA BETA ALANINA NO MÚSCULO

A captação de BA no músculo é mediada principalmente por uma proteína


chamada TauT , específica de transporte de β-aminoácidos e que é dependente das
concentrações estequiométricas de Na + e Cl - em uma proporção de 2: 1: 1 (
Proporção de Na + : Cl-: β-aminoácido). Outro transportador, PAT1 , também
transporta BA para o músculo, embora sua contribuição pareça mínima em
comparação com TauT.

Ao entrar no músculo, a beta Alanina é convertida em carnosina, uma molécula


sintetizada a partir da união de BA e L-histidina em uma reação catalisada pela
enzima carnosina sintase ( CARNS ), localizada no músculo esquelético. É
importante ressaltar que a beta-alanina tem uma alta afinidade pela carnosina
sintase, apesar de ter um baixo conteúdo muscular. Já a histidina é encontrada em
altas concentrações no músculo, mas apresenta uma afinidade baixa para a
carnosina sintase. Esses dados indicam que o BA é o aminoácido limitador da taxa
de síntese da carnosina muscular, uma descoberta que é corroborada por estudos
de suplementação que mostram que a BA sozinha é igualmente eficaz no aumento

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do conteúdo de carnosina muscular a uma dose equivalente de carnosina (que
compreende BA e histidina)

A carnosina é sintetizada e armazenada em altas concentrações (99%) no


músculo esquelético, principalmente nas fibras musculares de contração rápida
(fibras tipo II), podendo ainda ser transportada para fibras do tipo 1 como um
peptídeo intacto através da membrana plasmática por dois transportadores
chamados de PEPT1 e PEPT2.

PAPEL DA CARNOSINA
Para entender o papel da carnosina, é importante compreender sua estrutura
química:
GRUPAMENTO
CARBOXÍLICO

GRUPAMENTO
AMINO

CADEIA LATERAL
(ANEL IMIDAZOL)

A carnosina atua como um agente tamponante do pH intramuscular, reduzindo


a acidez e a fadiga muscular precoce promovida por exercícios intensos. Esse efeito
tampão se dá principalmente devido à constante de acidez (pKa) do anel imidazol
presente na cadeia lateral da carnosina, que é igual a 6,83. Para que um sistema
tampão atue nas células musculares de forma ótima, o pKa ideal deve ser próximo
ao ponto médio da faixa de variação de pH repouso-exercício. Em outras palavras,
o pKa de um tampão intramuscular ideal deve ser 6,8, já que em repouso o pH
muscular é 7,1 e na fadiga é 6,5, justamente o pKa da carnosina.

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TIPO DE ATIVIDADE MAIS ADEQUADA PARA
SUPLEMENTAÇÃO

A suplementação de beta alanina é mais eficaz no desempenho de atividades


de alta intensidade, principalmente em esforço com duração superior a 30
segundos e menor que 10 minutos, pois são atividades que utilizam
predominantemente glicogênio muscular, as quais reduzem marcantemente o pH
intramuscular devido ao acúmulo de íons H+.

Isso ocorre em atividades como: exercício resistido (musculação/crossfit),


corrida de 800m, remo de 2000 metros, 4km de ciclismo acima de 65% do
VO2máx, 100 a 200m de natação, arremessos de judô, sprints de futebol, etc.

TEMPO DE SUPLEMENTAÇÃO

Em relação ao tempo de suplementação, a produção de carnosina a partir do


suprimento de beta alanina atinge o pico da concentração num período mínimo de
2 a 4 semanas de suplementação. Foi visto que a velocidade da produção de
carnosina no músculo começa a diminuir após 4 semanas devido à uma regulação
negativa dos transportadores de beta alanina, ainda que continue aumentando de
forma lenta e progressiva. Assim, para que sua ingestão seja feita de forma segura,
é recomendado que seja consumida por um período de até no máximo 24
semanas. Nesse caso, a descontinuação do suplemento seria interessante para
restaurar a regulação dos transportadores de beta alanina. Essa pausa pode ser de
4 ou 6 semanas, pois os valores de beta alanina só retorna aos níveis de carnosina
anteriores à suplementação após várias semanas ou meses.

DOSAGEM E ORIENTAÇÃO DE INGESTÃO MAIS EFICAZ

Os estudos avaliando os efeitos da beta alanina na performance mostraram


que a dosagem total que mostrou melhores resultados é a de 4 a 6,4g por dia,
devendo ser fracionada entre 800mg e 1600mg em cada tomada.

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Por exemplo: 2 cápsulas contendo 800 mg cada, 4x por dia, sempre junto às
refeições.

A co-ingestão com carboidratos ou refeições é importante para ajudar a


maximizar o feito da suplementação. Foi visto que a insulina, hormônio produzido
especialmente por estimulação de carboidratos, pode aumentar a afinidade da
beta alanina aos transportadores, assim como aumentar a velocidade do
transporte. Isso acontece porque a insulina aumenta a atividade das Bombas Na+ /
K + -ATPase e como o transportador de beta alanina depende das concentrações
estequiométricas de sódio e cloreto para o co-transporte do aminoácido, o
aumento da atividade da bomba de sódio e potássio repercute no aumento da
disponibilidade de sódio fora da célula para que possa entrar posteriormente com
o cloreto e o aminoácido pelo transportador TauT.

STATUS DE TREINAMENTO

O grau de treinamento do atleta também influencia no tamanho do efeito do


suplemento. Um atleta altamente treinado em exercícios predominantemente
glicolíticos possui maior quantidade de fibras do tipo 2, assim como um aparato
enzimático mais efetivo. Sendo assim, este atleta é mais adaptado para depuração de
íons H+ intramusculares, apresentando desempenho máximo e uma fadiga retardada
em comparação a um atleta não treinado.

Assim, quando se compara o tamanho do efeito da suplementação de beta alanina


em indivíduos treinados e não treinados, normalmente os indivíduos não treinados se
beneficiam mais da suplementação. Mas isso não exclui o benefício do suplemento em
atletas altamente treinados, tendo em vista que qualquer melhora em atletas de alto
rendimento são válidas.

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