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DIREITO DO TRABALHO

Remuneração
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REMUNERAÇÃO
REMUNERAÇÃO E SALÁRIO
REMUNERAÇÃO é um gênero e o SALÁRIO é uma espécie desse gênero, ou seja, os
conceitos não são idênticos.
Dentro do gênero REMUNERAÇÃO, há como espécies:
• Salário
• Gorjetas

1. CONCEITO

CLT
Art. 457. Compreendem-se na remuneração do empregado, para todos os efeitos
legais, além do salário devido e pago diretamente pelo empregador, como contra-
prestação do serviço, as gorjetas que receber.
(...)
§ 3º Considera-se gorjeta não só a importância espontaneamente dada pelo cliente
ao empregado, como também o valor cobrado pela empresa, como serviço ou adicio-
nal, a qualquer título, e destinado à distribuição aos empregados.

 Obs.: a estimativa das gorjetas é anotada na CTPS.

Enquanto o salário é pago diretamente, a gorjeta é paga por terceiro. Esse terceiro
paga essa gorjeta, seja dando-a espontaneamente para o trabalhador (por exemplo, a
um garçom), ou sendo cobrada na nota de serviço (§ 3º do art. 457).
O trabalhador que recebe gorjeta na sua remuneração significa que o empregador
precisa colocar a estimativa dessas gorjetas na Carteira de Trabalho como anotação.

CLT
Art. 29 (...)
§ 1º As anotações concernentes à remuneração devem especificar o salário, qualquer
que seja sua forma de pagamento, seja ele em dinheiro ou em utilidades, bem como
a estimativa da gorjeta.

Em termos práticos, faz diferença saber essa distinção entre salário e remuneração?
Sim, faz muita diferença, pois existem verbas trabalhistas que são calculadas sobre
a remuneração e verbas trabalhistas que são calculadas sobre o salário.

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Súmula 354 do TST


GORJETAS. NATUREZA JURÍDICA. REPERCUSSÕES (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003
As gorjetas, cobradas pelo empregador na nota de serviço ou oferecidas espontanea-
mente pelos clientes, integram a remuneração do empregado, não servindo de base de
cálculo para as parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso
semanal remunerado.
As parcelas de aviso prévio, adicional noturno, horas extras e repouso semanal remu-
nerado são calculadas sobre salários, não são calculadas sobre remuneração.
No cálculo referente às férias (remuneração das férias), deve ser calculado tanto o
salário quanto as gorjetas. O próprio 13º salário, apesar de ser denominado 13º salário,
corresponde à remuneração de dezembro – a gratificação natalina corresponde à remu-
neração de dezembro e por lei é calculado sobre a remuneração, o que significa que as
gorjetas também devem ser consideradas.
O FGTS não é calculado apenas sobre o salário, é calculado sobre remuneração.
Diante desse quadro, o aluno percebe que é essencial compreender a diferença entre
remuneração e salário.
5m
Dentro das parcelas salariais há várias subespécies de salários.

2. CARACTERÍSTICAS DO SALÁRIO

a) Essencialidade
A onerosidade é um elemento de existência da relação de emprego. É óbvio que ao
pensar na dimensão objetiva dessa onerosidade, surge a figura do salário, o pagamento
que é feito para o trabalhador em virtude da contraprestação do serviço. Existe um cará-
ter essencial no salário.
Considerando a onerosidade como elemento da existência da relação de emprego, o
salário é imprescindível.
b) Natureza alimentar
A premissa é de que o trabalhador, como regra, depende desse salário para sua pró-
pria sobrevivência, daí ser uma característica do salário atribuir a ele uma natureza ali-
mentar, pois objetiva o sustento do trabalhador e sua família.
c) Reciprocidade
O pagamento do salário corresponde justamente a uma retribuição daquele con-
trato. O trabalhador vai prestar serviços e, evidentemente, em virtude desses serviços,
que não são gratuitos, ele vai receber um salário como contraprestação. Não parece ao
professor ser uma contraprestação, mas sim uma retribuição, pois existem situações

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nas quais o trabalhador não está prestando serviços e ainda assim recebe salário, por
exemplo, em alguns intervalos da jornada que são remunerados.
Existem aqueles que defendem que na questão de salário, melhor do que utilizar a
expressão “contraprestação”, deveria utilizar-se “retribuição”, considerando todo o con-
junto contratual. Nas férias, o trabalhador não está prestando serviços, mas está, evi-
dentemente, recebendo o seu salário, que está dentro da remuneração.
Na reciprocidade, existe uma retribuição pelos serviços prestados, pelo tempo à dis-
posição, pelas pausas remuneradas, etc. O trabalhador não recebe uma doação, recebe
pelo cumprimento de uma obrigação recíproca.
10m
d) Comutatividade
Existe uma equivalência simbólica entre aquele salário e aquele serviço, aquele tempo
à disposição do empregador. Em vários momentos se verificará essa lógica de equivalên-
cia simbólica.
e) Pós-numerário
Normalmente, é devido após a prestação de serviço ou tempo à disposição, o traba-
lhador presta o serviço e depois recebe o salário.
f) Sucessividade ou de trato sucessivo
É uma característica do salário porque a obrigação do pagamento de um salário se
renova no tempo, assim como se renova a obrigação daquele trabalhador ficar à dispo-
sição e prestar serviços no curso do contrato de trabalho. É, portanto, obrigação que se
renova no tempo.
g) Periodicidade
É uma característica do salário em que se considera haver uma habitualidade razoá-
vel como pagamento, como mecanismo de proteção do trabalhador. Esse pagamento é
feito de tempos em tempos e é justamente essa questão “de tempos em tempos” que
envolve a noção de periodicidade. O salário é periódico porque se considera o tempo
máximo para pagamento como forma de proteger o trabalhador. É necessário haver
uma habitualidade razoável nesse pagamento, de maneira que esse pagamento se torne
habitual e permita a própria sobrevivência do trabalhador.
h) Tendência de determinação heterônoma mínima
Quando é referido o salário para um empregado, é óbvio que se sabe o mínimo que
deve ser pago. Existe, portanto, uma tendência de determinação heterônoma mínima:
um terceiro vai impor aquele mínimo que deve ser pago. Normalmente, isso é feito por
meio de atos estatais, como acontece por meio do salário mínimo, que é fixado e res-
peitado para uma jornada padrão. Há algumas leis que fixam pisos profissionais (“o piso
mínimo para esta categoria é X”). É uma expressão da limitação da autonomia privada,
já que os salários tendem a ter um parâmetro mínimo fixado e que deve ser respeitado.
15m
i) Irredutibilidade

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O salário é irredutível, salvo por negociação coletiva na forma do art. 7º, inciso VI da
Constituição Federal (CF). O salário não é passível de redução, salvo negociação coletiva.
j) Quantificação
O trabalhador deve ter a possibilidade de conseguir antecipar, ainda que de forma
potencial, quando será o seu futuro salário.
Por exemplo, um trabalhador é contratado para receber R$ 5 mil mensais. Portanto,
ele sabe que, no final do mês, vai receber até o limite que a lei permite, o pagamento
de R$ 5 mil. Há quem receba de forma variável, por comissões, por tarefa, mas ele sabe
o valor de cada tarefa ajustada, o percentual de comissão e qual é a base de cálculo.
Potencialmente, o trabalhador sabe que se vender X, receberá Y de comissão. O empre-
gado deve possuir meios de saber, de forma antecipada, quanto receberá, ainda que de
forma potencial.
k) Natureza composta
O salário envolve uma natureza composta. O salário possui a capacidade de atrair
adicionais e outros acréscimos. O salário tem a capacidade de se relacionar diretamente
com uma série de outras parcelas.
Por exemplo, as horas extras são calculadas com base no salário, há gratificações que
são calculadas sobre o salário, o adicional de periculosidade é calculado sobre o salário
básico, o adicional noturno é calculado sobre o salário, o aviso prévio é calculado sobre o
salário.
20m
Há uma série de parcelas trabalhistas, não todas, que estão diretamente relaciona-
das ao salário.
l) Forfetário
O salário é o valor que se recebe pela prestação de um serviço e não é uma corres-
pondência matemática com a riqueza que o trabalhador gera, porque nesse caso não
haveria a mais-valia.
O empregador, quando contrata um trabalhador, ele tirará daquela prestação de ser-
viço a mais-valia, pois vivemos num mundo capitalista que visa o lucro.
A ausência de relação matemática precisa entre o valor econômico da prestação exe-
cutada e a retribuição que lhe é paga. Se a atividade econômica der prejuízo, isso signi-
fica que aquela prestação de serviços não gerou riqueza para o empregador, mas o salá-
rio continua a ser devido.

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3. CLASSIFICAÇÃO DO SALÁRIO

3.1- SALÁRIO MÍNIMO

CF
Art. 7º (...)
IV – salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas
necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educa-
ção, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes
periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para
qualquer fim;

No Brasil, não se admitem salários mínimos diferentes entre as regiões. O salário


mínimo é nacionalmente unificado.

CLT
Art. 76. Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo
empregador a todo trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção de
sexo, por dia normal de serviço, e capaz de satisfazer, em determinada época e região
do País, as suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene
e transporte.

a) características
• Imperatividade: o salário mínimo é imposto por norma cogente, é o Estado que
efetivamente determina o valor do salário mínimo.
25m
• Generalidade: nenhuma categoria de trabalhadores está excluída do salário mínimo.
Não pode haver exclusão de nenhuma categoria. E se a pessoa trabalhar recebendo
comissões, se trabalhar por produção?

CLT
Art. 78 (...)
Parágrafo único. Quando o salário-mínimo mensal do empregado a comissão ou que
tenha direito a percentagem for integrado por parte fixa e parte variável, ser-lhe-á
sempre garantido o salário-mínimo, vedado qualquer desconto em mês subsequen-
te a título de compensação.

Não pode acontecer de um trabalhador, sendo comissionista, naquele mês vender


menos do que o necessário para gerar comissões que atinjam o nível do salário-mínimo.
O empregador não deve pagar a diferença e querer compensar no mês seguinte.

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Se o trabalhador comissionista não vender o suficiente para gerar comissões até


atingir o salário mínimo, o empregador terá de complementar, sem possibilidade de
compensação futura.
• Irrenunciabilidade: não tem validade qualquer ato do empregado que renuncie ao
direito de receber o salário mínimo. Esse é um direito do trabalhador e é irrenunciável.
• Intransacionabilidade: os contratantes nem mesmo por norma coletiva podem
ajustar salário inferior ao mínimo se o trabalhador trabalha uma jornada padrão.
Não se admite a transação para pagamento inferior ao salário mínimo, nem mesmo
mediante norma coletiva por se tratar de parcela de indisponibilidade absoluta.

Por exemplo, o trabalhador João presta serviços numa jornada de 8 horas de traba-
lho, 44 horas semanais (art. 7º, III, CF). Para a categoria de João, essa é a jornada padrão,
e ele recebe um salário mínimo. Na hipótese de João trabalhar apenas 4 horas diárias,
22 horas semanais, exatamente a metade, e receber metade do salário mínimo, e se está
sendo preservado o salário mínimo/hora, não há qualquer problema.
30m
É necessário fazer um cotejo entre o salário mínimo e a jornada.
Não é apenas na CF que existe previsão quanto ao salário mínimo, também existe
previsão de salário mínimo na própria CLT.

CLT
Art. 76. Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo em-
pregador a todo trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção de sexo, por
dia normal de serviço, e capaz de satisfazer, em determinada época e região do País, as
suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte.

O salário mínimo é pago diretamente pelo empregador, e saí a lógica referente ao


salário. O empregador não pode ter um empregado que receba gorjetas e integralizar o
cálculo do salário mínimo com essas gorjetas, porque as gorjetas são pagas por tercei-
ros, enquanto o salário mínimo é pago diretamente pelo empregador.
Gorjeta não é salário. Se um garçom estiver recebendo o valor equivalente a 80% do
salário mínimo para trabalhar uma jornada padrão e o restante ele recebe em gorjetas,
essas gorjetas não podem ser consideradas para integralizar o salário-mínimo. Nesse
caso, o trabalhador está irregular e teria de receber a diferença, o restante para com-
plementar o salário mínimo.

��Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Concursos, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor José Gervásio.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do con-
teúdo ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela lei-
tura exclusiva deste material.

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