Você está na página 1de 17

1.

Defina alcoolismo:
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a dependência química como:
... estado psíquico e algumas vezes físico resultante da interação entre um
organismo vivo e uma substância, caracterizado por modificações de comportamento
e outras reações que sempre incluem o impulso a utilizar a substância de modo
contínuo ou periódico com a finalidade de experimentar seus efeitos psíquicos
e, algumas vezes, de “evitar o desconforto da privação”.
Em 1976, Grifith Edwards e Milton Gross, citado por GIGLIOTTI e BESSA
(2004); propõe o conceito da Síndrome de Dependência do Álcool (SDA), que
se refere ao transtorno dependente da relação de fatores biológicos e
culturais que ajudam no desenvolvimento e na manutenção do
alcoolismo. Já na segunda metade do século XX o alcoolismo é
considerado como doença quando o indivíduo apresenta tolerância,
perda de controle e abstinência alcoólica. A tolerância se define como a
necessidade de doses cada vez maiores para se produzir o mesmo efeito, e a
abstinência se define como o aparecimento de sintomas de desconforto físico
e/ou psíquicos na redução ou não uso do álcool (GIGLIOTTI e BESSA, 2004).
O alcoolismo é um grave problema que tem evoluído ao longo dos anos. Há
várias causas responsáveis pelo uso de álcool entre adolescentes, que são
influenciados pela sociedade, pelas tradições culturais, pela publicidade e pela
atração dos locais próprios para o consumo das bebidas (PEREIRA, 2003).

EPIDEMIOLOGIA
Levantamentos realizados pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas
(CEBRID) entre estudantes de ensino fundamental revelaram aumento na
prevalência de consumo de álcool ao longo do período estudado. Segundo dados do
II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil, realizado
em 2005 pelo CEBRID, 74,6% da população brasileira já fez uso de álcool na vida.
De acordo com os critérios diagnósticos da época, 12,3% da população apresentava
o diagnóstico de dependência. Segundo dados do I Levantamento Nacional sobre os
Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira, de 2007, 52% dos
brasileiros acima de 18 anos bebem pelo menos uma vez ao ano. Entre os homens,
a quantidade é de 65% e, entre as mulheres, é de 41%. Entre os homens, 11%
bebem todos os dias e 28% o fazem de 1 a 4 vezes/semana. Pinsky et al., em estudo
de 2010 com 661 adolescentes brasileiros (14 a 17 anos) encontraram prevalência
de 91% para o beber frequente (pelo menos uma vez por semana). A quantidade
ingerida variava de acordo com gênero, renda familiar e o fato de o adolescente
estar estudando ou não. O binge drinking, ou beber periódico compulsivo
(ingestão de cinco ou mais doses de álcool em uma ocasião para o sexo
masculino ou de quatro ou mais doses no mesmo período para o sexo
feminino), foi verificado em 52,9% dos meninos e em 37,6% das meninas.
Colocar a etiologia.

2. Descrever o sofrimento mental relacionado ao alcoolismo, com ênfase nas


implicações clínicas e subjetivas, familiares, sociais e intersetoriais.
Os sintomas da intoxicação aguda podem variar de pessoa para pessoa, como euforia, perda das
inibições sociais, comportamento expansivo, geralmente inadequado para o ambiente e
emotividade exagerada, desenvolve maior agressividade ou, ao contrário sentem-se sonolentas e
entorpecidas, mesmo que tenham bebido moderadamente.
Com a continuidade de ingestão da droga e seu aumento na concentração sanguínea o cérebro
começa a demonstrar sinais de deterioração, provocando desequilíbrio, alteração da capacidade
cognitiva, dificuldade crescente para a articulação das palavras, falta de coordenação motora,
movimentos vagarosos e irregulares dos olhos, visão dupla, rubor facial e taquicardia. O
pensamento fica desconexo e a percepção da realidade se desorganiza.
Mais tarde ainda surgem letargia, diminuição da frequência cardíaca, queda da pressão arterial,
depressão respiratória e vômitos, que podem eventualmente ser aspirados e chegar aos pulmões
provocando pneumonia ou outros efeitos colaterais perigosos. Para concluir, pode acontecer
estupor e coma, depressão respiratória severa, hipotensão e morte.

 Confunde o próprio usuário, pois é uma droga lícita e muito bem aceita;
 Utilizada para diversão, descanso ou para esquecer os problemas;
 É uma droga muito acessível, barata, tem em qualquer lugar;
 Causa diversas doenças orgânicas: cirrose hepática, pancreatite, câncer,
além de estar associado à ocorrência de acidentes de trânsito e
homicídios.
 Considerada por esses motivos uma droga com potencial elevado de
causar problemas em várias áreas.
 Envolve violência no trânsito – agressividade
 Acidentes automobilísticos;
 Violência doméstica, pois a pessoa alcoolizada pode se tornar muito
agressiva e sem consequências;
 Criminalidade também está muito relacionada ao álcool e outras drogas.
 Gera problemas como depressão e instabilidade de personalidade.
 A pessoa pode largar o emprego ou ser demitida afetando toda a família;
 Brigas familiares constantes, ambiente familiar totalmente fragilizado.
 Repercussões na vida dos filhos de pais alcoólatras, pois gera
negligência na criação.
 Crianças e adolescentes são afetadas e podem ter seu desenvolvimento
psíquico, social e emocional negativamente afetado devido ao grande
estresse emocional vivenciado em seu dia a dia, por presenciar e
também serem vítimas constantemente de violência, brigas, maus tratos,
entre outros.
 O tratamento normalmente só é eficaz se o alcóolatra aceita sua
condição e quer ser tratado;
 As condições para que o dependente consiga são muitas, pois vários
ambientes podem levar a recaídas;
 Filhos de pais alcoolistas são muito mais passíveis de se tornarem
alcoolistas, os riscos destes na idade adulta é três vezes maior do que
aqueles cujos pais não são alcoolistas.
 Afeta o casamento, pois gera vários problemas conjugais e problemas na
criação dos filhos;
3. Discorra sobre a síndrome de dependência (SDA) e abstinência (SAA) do
álcool (SDA - descrita hoje pela CID-10 e DSM-IV) – conceitue elementos da
DAS, incluindo seu manejo farmacológico e não farmacológico.
SÍNDROME DA DEPENDÊNCIA ALCÓOLICA - SDA
Esta síndrome é caracterizada por sinais e sintomas comportamentais,
fisiológicos, cognitivos no qual o uso de álcool torna-se prioridade na vida da
pessoa, ficando outras atividades em segundo plano.
Temos como definição que o uso abusivo de álcool é a forte necessidade ou
compulsão de usar o álcool, associada à incapacidade de controlar o consumo,
com aumento de sua prioridade em relação a outras atividades e persistência
de tal prioridade apesar de suas consequências danosas.
A Organização Mundial de Saúde- OMS classificou o alcoolismo como uma
“síndrome da dependência de álcool”, e registrou no Código Internacional das
Doenças CID-10, sob no. 303, e F.10.2, referente aos “transtornos mentais e
de comportamento” induzidos pelo uso excessivo de álcool. A síndrome
passou então a ser entendida como o conjunto de comportamentos e
manifestações físicas que alcançam grande prioridade na vida de um
indivíduo, que perde valores e princípios que anteriormente eram importantes
e irrevogáveis. A síndrome é baseada em um grande desejo de consumir
determinada substância, sendo esta vontade irresistível para o indivíduo;
motivo tal que vários pacientes mesmo após períodos de abstinência
apresentam recaídas (CID-10, 1993).
Diante disso, além das intervenções psicossociais, alguns medicamentos podem
ser utilizados sendo fundamental a regularidade no seu uso. Como forma de
possibilitar melhor adesão ao tratamento é importante que o profissional crie um
plano conjunto de cuidado com o paciente, auxilie o mesmo na compreensão do
problema, bem como evidencie o funcionamento e efeitos colaterais dos respectivos
tratamentos propostos.
O dissulfiram é um fármaco utilizado no tratamento do alcoolismo, acessível, de
baixo custo e o único sensibilizante ao álcool disponível no Brasil. Seu mecanismo
de ação ocorre no metabolismo hepático do
álcool, pois inativa a enzima acetaldeído-desidrogenase que é responsável pela
conversão de acetaldeído em ácido acético, logo, com a atuação do dissulfiram
ocorre um acúmulo do acetaldeído. Deste modo, caso a pessoa em uso do
medicamento faz ingestão de bebida alcóolica, o acúmulo de acetaldeído
desencadeia uma reação conhecida por “efeito antabuse” caracterizada por rubor
facial, cefaleia, taquipneia, precordialgia, náuseas, vômitos, sudorese e cansaço. Tal
reação pode durar de 30 min a horas e vai depender da sensibilidade de cada
paciente, no entanto, caso a dose de bebida alcóolica seja grande pode haver
progressão do efeito antabuse para confusão mental, rebaixamento do nível de
consciência, hipotensão, coma e até mesmo morte.
Com isso, o dissulfiram age como um freio para o paciente não ingerir bebida
alcóolica, devido a essas reações desagradáveis vinculadas ao ato de beber, por
este motivo o medicamento deve ser iniciado apenas 12h após a última ingestão de
álcool com dose inicial de 500mg/dia por 1-2 semanas e dose de manutenção de
250mg/dia. Porém, é importante frisar com o paciente que, uma vez iniciado o
tratamento, o medicamento permanece na corrente sanguínea por aproximadamente
1 semana, ou seja, mesmo que a medicação seja interrompida, caso ocorra uma re-
caída, o efeito antabuse ainda pode ocorrer. O tempo de tratamento vai depender
da melhora do estado psicossocial do paciente e aquisição do autocontrole do
comportamento de beber.
Outro medicamento que contribui para o tratamento do alcoolismo é a naltrexona,
um antagonista opioide utilizado como coadjuvante das intervenções psicossociais
no tratamento da dependência alcóolica, pois atenua os efeitos prazerosos do ato
de beber. Estudos mostram que seu efeito terapêutico é maior nos primeiros 42 dias
de uso, no entanto, pode atuar reduzindo as taxas de recaídas por até 5 meses. De
modo geral, recomenda-se seu uso por até 12 semanas, com dose inicial de 25
mg/dia para minimizar os efeitos adversos (o principal é a náusea) na 1ª semana,
seguida de 50 mg/dia que é a dose de fato para tratamento do alcoolismo. A
naltrexona é contraindicada quando há doença hepática (aguda ou crônica) devido
seu potencial de hepatotoxidade baseado no aumento das transaminases
hepáticas. Apesar deste aumento nas transaminases estar mais associado ao uso de
doses altas (> 300mg/dia) é importante mesmo assim realizar o controle mensal de
bilirrubinas e transaminases hepáticas.
SÍNDROME DA ABSTINÊNCIA ALCÓOLICA
A síndrome da abstinência alcóolica (SAA) é caracterizada por um conjunto de
sinais e sintomas que se iniciam cerca de 6h após a diminuição ou interrupção do uso
de álcool, sendo o tempo e intensidade do uso diretamente proporcional a
gravidade da apresentação. O curso desta síndrome é flutuante e autolimitado,
porém seu pico pode acontecer entre 24 e 48h após o início do quadro e a mesma
pode durar até 1 semana.
O quadro clínico da SAA está relacionado com o aumento da atividade do
sistema nervoso autônomo, por este motivo, podem ocorrer: tremores, ansiedade,
sudorese, taquicardia, aumento da pressão arterial, cefaleia, náuseas e vômitos,
inquietação, alteração do humor e insônia. Porém, é importante classificar a SAA de
modo a compreender a gravidade do quadro de cada paciente, podendo orientar
melhor o tratamento da síndrome. A classificação pode ser realizada por meio da
aplicação da escala Clinical Withdrawal Assessment Revised (CIWA-Ar) composta
por 10 itens rapidamente respondidos em que o escore final apresenta a gravidade da
SAA: 0-9 leve, 10-18 moderada e >18 grave.
Como já foi dito, o tratamento irá depender da gravidade do quadro do
paciente de modo que, é possível atualmente realizar tratamento
ambulatorial quando o escore classifica o paciente como leve/moderado e,
caso seja grave o tratamento deve ser feito a nível hospitalar. É importante
realizar a adequada indicação de tratamento ambulatorial, pois este quando
bem indicado reduz os custos no tratamento e melhora a adesão do
paciente. No entanto, outros fatores também irão interferir nesta decisão
como, por exemplo, a presença de uma rede de apoio e insucessos em
tratamentos anteriores. Caso o paciente apresente: desidratação, história
de TCE, sintomas neurológicos, complicações clínicas (hipertensão, sangra-
mento digestivo, insuficiência renal), delirium tremens, convulsões e sin-
tomas psicóticos, o mesmo deve ser tratado, de forma mais adequada, em
ambiente hospitalar.
TRATAMENTO DA SAA
O tratamento ambulatorial consiste em inicialmente abordar a família e
informar a natureza do problema, como é o curso da SAA e seu tratamento,
devendo orientar que seja proporcionado ao paciente um ambiente calmo e
tranquilo. Além disso, é importante iniciar reposição vitamínica com
tiamina 1 ampola ao dia por 7-15 dias e após este período reposição via oral
com 300mg/dia como forma de evitar a Síndrome de Wernike, postergando
a evolução para a fase crônica desta que é a Síndrome de Wernike-
Korsakoff.
A síndrome de Wernicke-Korsakoff é uma forma incomum de amnésia que
combina duas doenças: um estado de confusão aguda (encefalopatia de
Wernicke) e um tipo de amnésia de longo prazo denominada síndrome de
Korsakoff.

Além disso, a prescrição de benzodiazepínicos (BDZ) deve ser feita com base
nos sintomas apresentados, mas devem ser retirados gradualmente ao
longo de 1 semana, a 1ª escolha é o uso de Diazepam, mas em pacientes
com hepatopatias graves recomenda-se o uso do Lorazepam.
4- Descrever Delirium Tremens e o cuidado pelo enfermeiro;
Convulsões: a maioria das crises é do tipo tônico-clônica generalizada. As crises
convulsivas correspondem a uma manifestação relativamente precoce da SAA, mais
de 90% ocorrem até 48 horas após a interrupção do uso de álcool (pico entre 13 e 24
horas) e estão associadas com evolução para formas graves de abstinência. Cerca
de 1/3 dos pacientes que apresentam crises evoluem para delirium tremens, se não
forem tratados. Em 40% dos casos, as crises ocorrem isoladamente. Nos pacientes
que apresentam mais de uma crise, elas ocorrem geralmente em número limitado.
Quando houver história prévia de epilepsia, devem ser mantidos os medicamentos já
utilizados pelo paciente. O diazepam (ou um BDZ de ação longa) é a medicação de
escolha, na dose de 10 ou 20 mg, via oral. O uso endovenoso é especialmente
indicado durante os episódios convulsivos. Não há consenso para a indicação de
carbamazepina no tratamento de crises convulsivas da SAA. A literatura não
respalda a utilização de defenil-hidantoína (fenitoína) no tratamento dessa
complicação da SAA.
Cuidados de enfermagem: proteção do corpo para evitar lesões, virar a cabeça à
esquerda para evitar broncoaspiração no momento da convulsão, se o paciente
estiver em maca, manter as grades elevadas para evitar risco de quedas.
Delirium Tremens: O delirium tremens atinge cerca de 5% dos alcoolistas. É uma
forma grave de abstinência, geralmente iniciando-se entre 1 a 4 dias após a
interrupção do uso de álcool, com duração de até 3 ou 4 dias. É caracterizado por
rebaixamento do nível de consciência, com desorientação, confusão mental
aguda, desatenção, alterações sensoperceptivas podendo apresentar alu-
cinações visuais e táteis que pode evoluir para agitação, tremores e sintomas
autonômicos (taquicardia, elevação da pressão arterial e da temperatura
corporal). Doses elevadas de BDZ são necessárias, mas o uso associado de
neurolépticos é geralmente indicado. É uma psicose orgânica que pode ser revertida
em alguns dias com manejo sempre realizado em hospital geral e tratamento baseado
no uso de BDZ: diazepam 60mg por dia (ou lorazepam até 12mg por dia, em casos
de hapatopatia grave) e haloperidol 5mg por dia. No caso de ocorrer distonia
induzida por neurolépticos (particularmente se forem administrados por via
parenteral), esse efeito colateral pode ser controlado com o uso de anticolinérgicos
(biperideno 2mg);
*** cuidados de enfermagem destacados de amarelo:
Além disso, é fundamental realizar hidratação do paciente e avaliação geral através de
exames laboratoriais.

Quando há indicação de tratamento a nível hospitalar o monitoramento do


paciente deve ser frequente, mantendo a orientação de proporcionar um
ambiente calmo. A reposição vitamínica é a mesma indicada para os casos
leve/moderado. Caso o paciente apresente confusão mental, o mesmo deve
permanecer em jejum devido ao risco de broncoaspiração, devendo neste caso realizar
hidratação endovenosa a cada 8h com solução com glicose 5%+ NaCl+KCl (cloreto de
potássio). A indicação de BDZ também deve ser feita com base nos sintomas, sendo
boa opção para profilaxia de delirium tremens (DT). A contenção física só deve ser
realizada em caso agitação intensa onde há risco para o paciente e terceiros ou
quando não é possível administrar as medicações.
5. Utilizando o formulário do
exame psíquico abaixo, avalie no caso de Marcos, quais funções psíquicas
estão alteradas.
Orientação alterada: desorientado.
Pensamento: fuga de ideias.
Linguagem: discurso desconexo.
Sensopercepção: alucinações visuais e tátil.
Afetividade: irritabilidade

Joana chegou ao CAPS nessa manhã, com seu filho Marcos. Aparenta estar um pouco constrangida
e assustada.

A equipe os recebeu e observou que ele apresentava-se desorientado, braços com escoriações e
hematomas no rosto, discurso desconexo, queixando dormência em extremidades e pirose intensa.
Referiu, ainda, estar vendo e sentindo baratas andando pelo seu corpo e começou a agitar-se. Pegou um
pedaço de telha no jardim e raspou a pele, depois a atirou em nossa direção e de alguns usuários que já
se aglomeravam ali.

Marcelo e Rodrigo, auxiliares de enfermagem, se aproximaram dele, segurando seus braços e


conversando na tentativa de acalmá-lo. Ele resistiu muito e precisou ser contido de forma mais efetiva.
Foi conduzido à sala de intercorrências clínicas com um clássico quadro de delirium tremens. Aquiles, o
psiquiatra, orientou diazepam e hidratação venosa.

Num segundo momento, fomos conversar com Joana que chorava copiosamente: “Já não sei
mais o que fazer, não tenho mais gosto de nada. Vivo preocupada e triste com a situação dele. Marcos
tenta, mas não consegue largar a bebida. No começo ele achava que ficava mais forte, que podia parar
quando quisesse, depois, mesmo tomando os remédios, nada...” Ela mostra uma receita antiga:
Acamprosato e Naltrexona.

“Sei que ele já andou usando outras coisas piores... Já pensei em trancar ele, mas ele quebra
tudo quando fica sem a bebida. Coitado, tá se acabando e eu não posso fazer nada. Os amigos
sumiram... Ele é bom carpinteiro, mas perdeu o serviço. O pessoal não quer saber, diz que ele é doido ou
diz que é safado... Já quase morreu dirigindo bêbado... Já tô sem saúde, já tô velha... Só não peço a
Deus pra me levar porque quem ia cuidar dele?” O menino não come, já tá seco e amarelo, tadinho...”.
“Oh, minha filha, me ajude...”.

Marcos adormecera; sua mãe ficou ao seu lado, enquanto Rodrigo o acompanhava. Reunimo-
nos um momento para discutir o caso de Marcos. Discutimos sobre a complexidade do cuidado ao
usuário de álcool e outras drogas. Marina, enfermeira, refletia sobre o que poderia incluir no Processo
de Enfermagem para Marcos. Rosete, assistente social, começou a conversa sobre intersetorialidade,
redução de danos e recursos da comunidade, citando o AA e o ALANON. Sem dúvida, um caso
desafiador.

6. Proponha o Processo de
Enfermagem para Marcos, na perspectiva da SAE.
Agrupamento: Marcus, desorientado, braços com escoriações e hematomas no rosto,
discurso desconexo, queixando dormência em extremidades e pirose intensa. Referiu,
ainda, estar vendo e sentindo baratas andando pelo seu corpo (alucinação visual e tátil)
e começou a agitar-se. Pegou um pedaço de telha no jardim e raspou a pele, depois a
atirou em nossa direção e de alguns usuários que já se aglomeravam ali.
NHB: psicobiológico
Inferência: confusão mental aguda causada por abstinência de substância.
DE: Confusão aguda relacionada a abuso de substâncias evidenciado por agitação,
alteração no nível de consciência e alucinações. Pg. 252
Resultados esperados: Espera-se que Marcus melhore da confusão aguda indicado
por melhora das funções psíquicas.
Intervenções de enfermagem:
 Realizar contenção preventiva;
 Promover acesso venoso e hidratação conforme prescrito;
 Administrar Diazepam conforme prescrição médica;
 Aferir sinais vitais a cada 30 minutos;
 Monitorar e avaliar neurologicamente o paciente;

Você também pode gostar