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Celso Furtado
Os portugueses já tinham experiência com a plantação canavieira nas ilhas atlânticas (Madeira,
Açores). Os equipamentos tinham sido baseados na produção do Chipre, também uma ilha, um dos
grandes produtores açucareiros da época;
Houve a quebra do monopólio veneziano no refino do açúcar, com o surgimento de concorrentes no
Flandres e na Holanda;
Foi contraída aliança com cidades em ambas as regiões mencionadas: Antuérpia e Amsterdam, para
refino e distribuição da produção açucareira no Norte da Europa; os holandeses eram extremamente
organizados e especializados no comércio intra-europeu; tendo, ainda, contribuído com o capital
necessário para a instalação de engenhos;
A solução escravagista africana para o problema da mão-de-obra nos canaviais acrescentou fonte extra
de renda para ambas as partes.
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3. Razões do Monopólio
O frete na Espanha era caríssimo (de Sevilha para as Colônias). A Espanha queria transformar suas
colônias em sistemas econômicos independentes, que produzissem excessos periodicamente
transferidos para a metrópole;
Crescimento do Estado e do déficit comercial espanhol. Diminuição das atividades produtivas, que
levaram à crise espanhola no século XVII – A Espanha descansara nos fundos e produtos provenientes
das colônias.
A Espanha tinha terras melhores e mais próximas da Europa para produzir açúcar para concorrer com
Portugal (a mais óbvia, Cuba), mas não o fez.
4. Desarticulação do Sistema
União Ibérica-> Guerra contra holandeses e flamencos, em busca da independência contra a Espanha;
Os holandeses continuaram comandando o comércio marítimo europeu até cerca de 1730;
A distribuição e produção de boa parte dos produtos coloniais portugueses (i.e. açúcar) tiveram
grandes problemas com o afastamento dos parceiros holandeses e flamencos;
Ocupação holandesa do Nordeste, principal zona produtora, com alguma colaboração portuguesa.
Os holandeses, nesse período, adquiriram conhecimentos técnicos que foram posteriormente
utilizados em suas colônias caribenhas e no Suriname;
Diminuição do preço do açúcar e quebra do Monopólio;
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6. Consequências da Penetração do Açúcar nas Antilhas
Falta de mão de obra europeia nas plantações de fumo caribenhas, que também passaram a usar
escravos africanos;
Os holandeses criaram um novo núcleo produtor de açúcar, com mais investimentos e maior
proximidade à Europa;
Fim das colônias de povoamento inglesas e francesas no Caribe. Parte dos colonos migrou para as
colônias da América do Norte, que exportavam trigo para o Caribe;
As ilhas, por sua vez, destilavam bebidas alcoólicas (rum, principalmente) e exportavam para o Norte;
O consumo nas colônias de povoamento da América do Norte era maior que o do Caribe.
Portugal perdera seus entrepostos comerciais no Oriente para a Espanha durante a União Ibérica;
Portugal alienou parte de sua soberania à Inglaterra; tornando-se praticamente um vassalo econômico
desta;
Boa parte do ouro achado no Brasil foi para a Inglaterra, ao invés de Portugal;
Portugal, aproveitando-se da proteção inglesa, aproveitou-se para obter importantes vitórias políticas
contra França e Espanha em Utrecht;
Ouro -> expansão demográfica no Brasil e financiamento do desenvolvimento manufatureiro inglês;
Privilégios ingleses em relação a Portugal estenderam-se também ao Brasil, quando a família real fugiu
para cá das tropas napoleônicas;
Grande Esforço diplomático para a consolidação da independência brasileira criou grandes
dificuldades econômicas;
O café facilitou a ampliação de relações com os EUA.
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Parte Dois: Economia Escravista de Agricultura
Tropical dos Séculos XVI e XVII
8. Capitalização e Nível de Renda na Colônia Açucareira
Escravo negro veio substituir outro escravo, menos eficiente e de recrutamento mais incerto
(indígenas);
Escravos eram um bem durável de consumo;
Quase toda a renda vinha de exportações. Os gastos, por sua vez, iam para as importações. Era uma
economia semi-feudal;
Boas possibilidades de expansão (grande quantidade de terras);
Enfraquecimento de mercado externo certamente geraria decadência.
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Parte Três: Economia Escravista Mineira do Século XVIII
13. Povoamento e Articulação das Regiões Meridionais
Crise na cana de-açúcar levou a uma maior procura por metais preciosos na Colônia;
Uso dos paulistas, que conheciam bem o interior, em procurar metais;
Primeira migração espontânea de Portugal para o Brasil. Gente de poucos recursos era atraída à
Colônia;
Escravos nunca foram maioria da população mineira. Podiam trabalhar por contra própria e alcançar a
liberdade (comprando-a);
Maior mobilidade social em relação ao Complexo Nordestino-Açucareiro;
Desenvolvimento da Pecuária no Sul, com feira de muares em Sorocaba-SP;
Sistema de transporte mais complexo (distância do litoral) –> maior mercado para animais de carga;
Interdependência com regiões mais ao Sul (São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e
Sacramento).
Não houve tentativas sérias de solucionar a falta de ouro, como aconteceria na Austrália, um século
depois;
Fricções sociais menos graves, devido ao menor grau de dependência do trabalho do escravo africano;
Adoção do regime de subsistência na região.
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Parte Quatro: Economia de Transição para o Trabalho Assalariado,
Século XIX
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19. Declínio a Longo Prazo do Nível de Renda:
Primeira Metade do século XIX
Iniciativas siderúrgicas de Dom João VI falharam por falta de mercado consumidor interno;
Pequeno consumo em declínio, decadência do artesanato têxtil;
Impossibilidade de estabelecimento de cotas de importação e importação de maquinário;
Estancamento das exportações;
Baixa de 40% no preço das exportações. Importações da Grã Bretanha com preço estável.
Não houve aumento da taxa de urbanização.
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22. O Problema da Mão de Obra, II. A Imigração Europeia
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25. Nível de Renda e Ritmo de Crescimento na Segunda
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27. A Tendência ao Desequilíbrio Externo
Salário real das populações urbanas era particularmente afetado por variações cambiais;
Imposto de importação era cobrado a taxa fixa de câmbio;
Boa parte do ouro ia para o serviço da dívida externa, emitindo-se moeda para manutenção de
serviços públicos básicos;
Muitos empréstimos externos para manutenção da taxa de câmbio;
Adstringência de meios de circulação na transição Império-República, devido ao crescimento do
comércio exterior e ao fim da escravidão;
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Aumento de divergências e ao fim do período imperial: grande X pequena propriedade;
Maior demanda por serviços públicos no sul do país;
Revolução de 1889 prega a autonomia regional;
Permissão da emissão de moeda aos bancos regionais -> expansão do crédito;
Depreciação cambial;
Joaquim Murtinho, Ministro da Fazenda de Campos Salles (1898-1902) adotou base mais crítica em
sua política econômica;
Deflação e aumento das exportações de borracha = equilíbrio externo;
Grupos industriais não gostam da depreciação cambial, pois dificulta a aquisição de fatores produtivos
importados (aparelhos e algumas matérias-primas);
Tensão entre Governo Federal e Governos Estaduais nos primeiros decênios do século XX.
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31. Os Mecanismos de Defesa e a Crise de 1929
Socialização de perdas;
Depreciação cambial;
Retenção de estoque, expansão do crédito;
Procura inelástica do café no mercado internacional;
Programa de fomento da renda nacional e manutenção do emprego;
Brasil superou a crise já em 1933 (EUA o fizeram apenas em 1934, parcialmente).
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Capacidade produtiva e exportações em crescimento;
Redução de renda per capita de 10% entre 1937 e 1942;
Dificuldades de transporte para importação e exportação;
“Sobreesforço de guerra”;
Aumento de despesas militares, diminuição de subsídios;
Baixa geral da produtividade;
Começo da Guerra: desemprego, capacidade produtiva não utilizada em diversos países;
Inflação;
Favorecimento aos exportadores;
Preços das importações crescem com menor rapidez;
Revalorização da moeda brasileira.
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36. Perspectiva dos Próximos Decênios
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