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Avaliação do transtorno do

espectro autista na vida adulta


Dra. Bárbara Backes
Fonoaudióloga (CRFa 7-8895)
Especialista em Transtornos do Desenvolvimento (UFRGS)
Mestre e Doutora em Psicologia (UFRGS)

Dra. Renata Giuliani Endres


Psicióloga (CRP 07/14213)
Especialista em Transtornos do Desenvolvimento (UFRGS)
Especialista em Terapia Comportamental
Mestre e Doutora em Psicologia (UFRGS)
Aula: Autismo e Fenótipo Ampliado do Autismo

Roteiro da aula
● Retomando o conceito de Transtorno do Espectro Autista e atualização do campo
● Modelo de Interação Gene-ambiente
● Conceito do Fenótipo Ampliado do Autismo (FAA)
● Evidências empíricas do FAA
● FAA e Genética do TEA: evidências empíricas
● Genética do TEA
● Considerações
Transtorno do Espectro Autista
retomando...
• Condição neurodesenvolvimental, com etiologias múltiplas

• Sintomatologia apresenta-se precocemente e de forma crônica

Interação social recíproca e


comunicação
Comprometimentos
significativos Comportamentos, interesses e
atividades restritos,
estereotipados e repetitivos
Transtorno do Espectro Autista: retomando...

● A descrição da condição mantém muito da essência de como foi


definida no início, mas houve muitos avanços:

○ Raramente ocorre por conta própria: presença de transtornos do


neurodesenvolvimento ou condições psiquiátricas;

○ Formas de TEA em um continuum etiológico com variação típica


em traços autistas dentro do população geral;

○ A heterogeneidade dentro do espectro em si pode ser o maior


gargalo para o progresso na área
Interação Gene-ambiente

● Transtorno com etiologias múltiplas

Interação Natureza X Ambiente


Implicações para o FAA
ambiente • Impacto no desenvolvimento e no
comportamento infantis

• Interações genes X subsequente comportamento


do indivíduo
desenvol
vimento genética
• Explicação potencial para diferenças individuais
nas respostas às influências ambientais
(Corrales & Herbert, 2011)
Fenótipo Ampliado do Autismo (FAA)

• Possível suscetibilidade genética para desenvolvimento do TEA


em parentes de indivíduos que fazem parte do espectro

• Dificuldades leves ou moderadas (não suficientes como critérios


diagnósticos)

(Davidson et al., 2014)


Fenótipo Ampliado do Autismo (FAA)

Comportamentos
Interação Social Recíproca e
Estereotipados e Perfil Sociocognitivo
Comunicação
Repetitivos

Atrasos de linguagem,
Rigidez/
problemas
Menor preferência por perfeccionismo insistência
sociopragmáticos e
atividades sociais em rotinas e hobbies
discurso narrativo
circunscritos
espontâneo, etc.

(Endres, Lampert, Schuch, Roman, & Bosa, 2015; Hurley, Losh, Parlier, Reznick, & Piven, 2007; Losh et al., 2008; Murphy et al., 2000; Piven et al., 1997b)
Fenótipo Ampliado do Autismo (FAA)
● Autismo não era reconhecido como uma condição genética

● estilo parental frio mãe geladeira

● Aumento em 50 a 10 vezes das taxas de autismo entre irmãos

primeiro estudo com gêmeos (21 pares de gêmeos do mesmo sexo)(Folstein &
Rutter, 1977)

As taxas de concordância marcadamente diferentes para pares


monozigóticos (MZ, 4 de 11; 36%) e dizigóticos (DZ, 0 em 10; 0%)
Fenótipo Ampliado do Autismo (FAA)
● Não apenas autismo grave: suscetibilidade para um conjunto mais
amplo de diferenças de desenvolvimento envolvendo o
desenvolvimento social e de comunicação ao lado de padrões
atípicos de interesses Fenótipo Ampliado do Autismo

● Concordância maior em pares MZ vs DZ (82% vs 10%), indicando forte


influência genética no TEA

● Herdabilidade acima de 90%, tornando o autismo uma das condições


comportamentais mais herdáveis (replicação dos achados em
estudos maiores)
Fenótipo Ampliado do Autismo: evidências empíricas
● Avanços do Projeto Genoma Humano
● Desenvolvimento de sequenciamento em larga escala
● Tecnologia de estudo de associação genômica ampla estudos moleculares
identificação de variantes de número de cópias grandes e raras e
mutações de novo

● Estudos de associação genômica ampla (GWAS)

papel de variantes variantes genéticas raras de


genéticas comuns de alta penetrância
pequeno efeito

○ variantes comuns: 50% da responsabilidade pelo TEA


○ variantes raras de novo e herdadas: 10%
FAA e Genética do TEA: evidências empíricas

● Múltiplas incidências: ↑ carga genética para desenvolver o TEA

● Diferenças de Gênero: maior incidência em homens

● Traços de personalidade e risco elevado para o desenvolvimento de


condições psiquiátricas

● Identificação de 102 genes ligados ao TEA

● Aumento da compreensão da arquitetura genética do TEA

● Primeiros insights sobre os mecanismos moleculares que contribuem para a


etiologia do TEA
FAA e Genética do TEA: evidências empíricas

Correlações genéticas significativas entre o TEA e uma ampla gama de


condições neurodesenvolvimentais e psiquiátricas

● Menor correlãção entre familiares com outras condições neurodesenvolvimentais e


psiquiátricas e subtipos de TEA que co-ocorreram com deficiência intelectual,
epilepsia, anormalidades cromossômicas ou malformações congênitas

● Proporção substancial de loci genômicos associados a TEA e TDAH co-localizam

● Loci e genes específicos para cada uma das condições individuais

● Efeitos bidirecionais, com cada condição aumentando o risco para as outras


condições
Genética do TEA: evidências empíricas
Inclusão da genética em análises de trajetórias de desenvolvimento
preditivas de resultados relevantes para TEA

● Atrasos no domínio motor podem ser um importante sinalizador precoce que


diferencia o TEA associado a uma condição genética conhecida de outros subtipos

● Eye-Tracking e desenvolvimento do reflexo pupilar à luz : preditor precoce do


comportamento relacionado ao TEA: latência e amplitude entre 9 e 24 meses,
correlacionadas com um diagnóstico de TEA aos 3 anos e/ou com traços
dimensionais de afeto social e comportamento repetitivo/restritivo

● Relação entre trajetórias de alto risco para cautela social e preferência pela
solidão e escores poligênicos de TEA
Algumas considerações importantes

● A nova genética do TEA pode melhorar nossa visão sobre mecanismos e


etiologia, preditores precoces, heterogeneidade e comorbidade

● O impacto social da pesquisa genética relacionada ao TEA já é visto no apoio


a pais e pacientes por meio de serviços de aconselhamento genético, serviços
de intervenção precoce e desenvolvimento de medicamentos terapêuticos
direcionados

● O campo de pesquisa está se expandindo na busca de biomarcadores


cerebrais do TEA, identificação de trajetórias iniciais e desenvolvimento de
intervenções preventivas
Referências
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Obrigada!
(rgendres01@gmail.com)

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