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O AUTISMO NO ENFOQUE DA

TERAPIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL E DAS
NEUROCIÊNCIAS: ABORDAGEM
TEÓRICO-PRÁTICA E
TRANSDISCIPLINAR
NORA CAVACO Ph.D EM AUTISMO
• O que é o Autismo?

• Como funciona o cérebro


autista?

• Quais as fragilidades e
funcionalidades do
autista?
O QUE É O AUTISMO?
DEFINIÇÃO DE AUTISMO
O autismo é um transtorno
comportamental de etiologias múltiplas,
com fatores neurobiológicos e genéticos
associados, que compromete o
desenvolvimento global infantil (Freitag,
2007; Volkmar, Lord, Bailey, Schultz, & Klin,
2004, Cavaco, N., 2010).
Os primeiros estudos sobre o autismo
remontam aos relatos clínicos de Kanner
(1943) e Asperger (1944). Utilizando,
respectivamente os termos distúrbio autístico
e psicopatia autística, esses médicos
descreveram crianças com distúrbios do
desenvolvimento e com características
singulares de prejuízos de relacionamento
interpessoal.
KANNER E ASPERGER
• Os achados de Kanner e Asperger
forneceram relatos sistemáticos de casos
em que se evidenciavam características
como uma profunda inabilidade no
relacionamento interpessoal, atrasos na
aquisição da fala, mutismo, ecolalia,
compreensão literal da linguagem,
dificuldades motoras e comportamentos
repetitivos (Bosa & Callia, 2000, Cavaco,
N. 2010, 2014, 2015).
• Curiosamente, tais dificuldades
expressavam-se no grupo estudado por
Asperger, sem a presença de prejuízos
de linguagem e intelectual
significativos.

• Diferenças substanciais entre os grupos investigados por Kanner e


Asperger, abrindo caminho para o surgimento posterior de diferentes
classificações diagnósticas, como referência às distintas manifestações
sintomatológicas do autismo (American Psychiatric Association, 2002).
CLASSIFICAÇÕES DO TEA
• O autismo foi classificado pelo
Manual Diagnóstico e Estatístico Atualmente o
dos Transtornos Mentais- DSM-IV- conjunto de
TR (American Psychiatric síndromes
Association, 2002) dentro da deixou de existir
categoria dos Transtornos Globais sendo
do Desenvolvimento. unicamente
• Três transtornos compartilhavam diferenciado pelo
características do autismo e
nível de
compunham o espectro do autismo
o Transtorno Autista, o gravidade: leve,
Transtorno de Asperger e o moderado,
Transtorno Global do severo
Desenvolvimento Sem Outra
Especificação.
O TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
• O termo Transtorno do
Espectro do Autismo (TEA)
tem sido amplamente utilizado
pela literatura especializada
(Chan et al., 2009; Christ,
Kester, Bodner, & Miles, 2011;
Robinson, Goddard, Dritschel,
Wisley, & Howlin, 2009;
Towgood, Meuwese, Gilbert,
Turner, & Burgess, 2009) e
deverá ser adotado pela
quinta edição do Manual
Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais DSM-V
(American Psychiatric
Association, 2012).
EPIDEMIOLOGIA
• Com relação à epidemiologia do TEA, estudos O gene retinoic
internacionais têm indicado uma prevalência de acid-related
1-3 a cada 150 nascimentos (Centers for orphan receptor-
Disease Control and Prevention, 2007; Rice, alpha (Rora, na
2007), tornando-o um dos transtornos do sigla em inglês),
desenvolvimento mais comuns. que controla a
• Sabe-se ainda que o TEA é mais frequente no produção de
sexo masculino, com uma proporção aromatase –
aproximada de 4:1 nascimentos em comparação uma enzima
ao sexo feminino (Fombonne, 2009). pouco presente
em pessoas com
autismo –,
interage com o
estrogênio e com
a testosterona
encontrados no
cérebro.
CARACTERIZAÇÃO DO TEA
• O TEA caracteriza-se pela
presença de prejuízos
envolvendo três domínios
(designada no DSM-IV de
tríade diagnóstica), sendo
comum a presença de
comprometimentos
acentuados das áreas de
interação social e de
comunicação, bem como
de comportamentos
repetitivos e estereotipados
(American Psychiatric
Association, 2002)
COMPROMETIMENTOS NO TEA
• Prejuízos de interação social podem envolver uma
sensível redução de sinais não-verbais de interesse e de
prazer em estar com outras pessoas, dificuldades quanto
à expressão dos afetos e à capacidade de iniciativa.
• Na área da comunicação, indivíduos com TEA podem
apresentar dificuldades para se direcionar verbal e não-
verbalmente a outras pessoas, podendo ainda
apresentar características peculiares no uso da
linguagem, como comportamentos idiossincráticos e não
convencionais, uso de jargões descontextualizados e de
rituais verbais.
• Quanto à área comportamental, comportamentos e
gestos ritualísticos, estereotipados e rígidos podem estar
presentes (Wing et al., 2011). A manifestação desse
conjunto de sintomas varia em intensidade e severidade,
dentro do espectro.
AUTISMO…
O QUE TEMOS DE
CONSIDERAR PARA
UM DIAGNÓSTICO
DIFERENCIAL?
FALEMOS DE
DESEMPENHO
AUTISMO E DESEMPENHO

• O baixo desempenho escolar é um aspecto comum e


muito inespecifico na infância e na adolescência.

• É importante realçar que nem todos os que apresentam


baixo desempenho académico t~em transtorno mental
subjacente ao seu baixo desempenho.

• Por outro lado, a maioria senão todos dos transtornos


mentais que ocorrem na infância provavelmente têm um
impacto bem negativo sobre o desempenho escolar,
sendo a dificuldade nos estudos a principal queixa.
A avaliação para as causas do baixo desempenho

• Em geral incluem: os testes de QIe défices em habilidades académicas específicas (p.ex.,


leitura, escrita, matemática, linguagem expressiva e receptiva).

• Um diagnóstico definitivo de um transtorno do neurodesenvolvimento do DSM V requer


que as dificuldades de aprendizagem e de comunicação sejam, substancial e
quantitativamente, mas altas do que seria esperado para a idade do indivíduo, bem como
interfiram de maneira substancial no funcionamento escolar, laboral ou social.

• O próximo passo é uma avaliação cuidadosa sobre a presença de vários transtornos


psiquiátricos que têm como uma das suas consequências o prejuízo no desempenho
escolar.

• isso implica obter uma história cuidadosa ( completada pelos relatos dos pais,
professores, pediatras), além de uma avaliação do papel do uso de substâncias. Por
exemplo há déficits significativos em relação ao uso social da comunicação verbal e não
verbal - como no transtorno do espectro do autismo e transtorno da comunicação social
pragmática?

• Há sintomas clinicamente significativos de desatenção e/ou comportamento hiperactivo-


impulsivo ocorrendo em dois ou mais ambientes diferentes (como no transtorno do
TDAH)?
(cont.,)A avaliação para as causas do baixo
desempenho

• Há frequentes ataques de raiva inconsoláveis sobre uma linha de


base de raiva e irritabilidade persistentes ( como no transtorno
disjuntivo da desregulação de humor)?

• Há um padrão de comportamentos anti-sociais, como faltar aulas


(como no transtorno de conduta)?

• Há recusa de ir à escola baseada na incapacidade de se separar


de figuras de apego 8 como no transtorno depressivo maior)?

• Visto que, transtornos do neurodesenvolviemnto e outros


transtornos mentais ocorrem com frequência e em simultâneo , é
importante avaliar todas as possibilidades que estão na base e
fazermos os diagnósticos mais apropriados.
• A presença de um transtorno psiquiátrico é
garantia de insucesso escolar?

• A presença de um transtorno psiquiátrico não garante que


este seja a causa do desempenho escolar problemático.

• Outros factores como: maus hábitos de trabalho, assistir à tv


e jogar video game excessivamente, a falta de motivação,
baixa escolarização, ambiente comunitário disruptivo;
também podem desempenhar um papel significativo.

• Ocasionalmente o transtorno psiquiátrico (p.ex.; transtornos


e adaptação, transtorno desafiante, transtorno depressivo
maior) pode ser mais o resultado do baixo desempenho do
que da sua causa.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
BAIXO DESEMPENHO
S
Deficiência intelectual
ESCOLAR
(Transtorno do desenvolvimento
intelectual)

Associado a déficits na função


intelectual (confirmados por S Acompanhado por déficits no
avaliação clinica e testes de desenvolvimento e na
inteligência) e a déficit no compreensão de relacionamentos;
funcionamento adaptativo, com déficits na reciprocidade
inicio durante o período de socioemocional; padrões repetitivos
desenvolvimento e restritos de comportamento,
interesses ou atividades.
N
Ocorrendo em associação com S N
déficits no uso social da Transtorno da
comunicação verbal e não verbal Transtorno do espectro
Comunicação Social
do Autismo
Pragmática
Ocorrendo em associação com
déficits no uso social da
comunicação verbal e não verbal

Ocorrendo no contexto das S Transtorno Específico da


dificuldades na aprendizagem e no Aprendizagem
uso de habilidades académicas

Ocorrendo no contexto de
dificuldades persistentes na
S Transtorno da Linguagem
aquisição e no uso da linguagem

N
Relacionado ao fracasso em falar S
Mutismo Seletivo
na escola (apesar de falar em
casa)
Associado a sintomas de desatenção e
hiperatividade, com surgimento anterior aos S Transtorno do déficit de
12 anos de idade e clara evidência de Atenção/Hiperatividade
interferência no funcionamento

Associado a um padrão de explosões de


raiva graves que são consideravelmente S Transtorno Disjuntivo da
desproporcionais à situação, acompanhado
Regulação de Humor
por irritabilidade e raiva persistentes entre
as explosões
Associado a um padrão de S
Transtorno da Conduta
comportamento anti-social

Associado a um padrão de S
comportamento negativista hostil e Transtorno de Oposição
desafiador Desafiante

Relacionado ao uso excessivo de S Transtorno por uso de


substâncias Substâncias

N
S Transtorno de Ansiedade de
Recusa de ir à escola relacionado Separação
com temores de separação
Outro Transtorno de ansiedade, de humor, S Indicar o tarnstorno específico
psicótico ou outros transtornos que (ex.; Esquizofrenia ; Transtorno
interferem no desempenho escolar Depressivo Maior)

Resposta mal-adaptativa a um processo


psicossocial S
Transtorno de adaptação

Não relacionado a um transtorno mental (


p.ex.; maus hábitos de trabalho, ambiente
disruptivo)
Associado a um padrão de S
Transtorno da Conduta
comportamento anti-social

Associado a um padrão de S
comportamento negativista hostil e Transtorno de Oposição
desafiador Desafiante

Relacionado ao uso excessivo de S Transtorno por uso de


substâncias Substâncias

N
S Transtorno de Ansiedade de
Recusa de ir à escola relacionado Separação
com temores de separação
COMPROMETIMENTOS NO TEA
AUTISMO NÍVEL SEVERO

A HISTÓRIA DE CARLY
NÍVEIS DE ANÁLISE DO TEA
• O conjunto de teorias compreensivas do TEA
envolve pelo menos quatro níveis de análise:
etiológico, de estruturas e de processos
cerebrais, neuropsicológico e de sintomas
comportamentais (Pennington & Ozonoff, 1996).
• Dado que a etiologia do TEA ainda não é
conhecida (Gustafsson, 1997), estudos sobre
os déficits associados a essa condição têm se
amparado principalmente nos modelos
desenvolvimental e neuropsicológico (Sigman,
Spence, & Wang, 2006).
TEA - TEORIAS PSICANALÍTICAS
• Os referenciais mais utilizados para a investigação do
transtorno são as teorias psicanaliticas (ainda hoje), as
cognitivas e cognitivo-comportamentais, as afetivas,
Teoria da Mente, Coerência Central e Neuropsicologia.

• As teorias psicanalíticas tendem, de


modo geral, a investigar o
funcionamento mental e os estados
afetivos dos indivíduos com TEA,
assim como o modo como esses se
relacionam com as pessoas
(Campanário & Pinto, 2006).
TEA - TEORIAS AFETIVAS
• As teorias afetivas postulam que indivíduos com TEA
apresentam prejuízos afetivos inatos, traduzidos em
respostas afetivas atípicas diante de estímulos sociais,
as quais estão relacionadas a distúrbios de
autorregulação e nas capacidades de representação,
abstração e simbolização (Hobson, Lee, & Hobson,
2009).
TEA - TEORIAS TOM E COERÊNCIA CENTRAL
• A Teoria da Mente (ToM), capacidade do indivíduo de
atribuir estados mentais a outras pessoas, de modo a
antecipar o comportamento das mesmas, parece ser uma
habilidade prejudicada no TEA e consiste em outra linha de
investigação do transtorno (Frith, 1994).

• A teoria da Coerência Central atribui os sintomas


autistas a diferenças no processamento da informação:
indivíduos com TEA teriam dificuldades de integrar
informações em um todo atribuído de significado (Booth &
Happé, 2010).
TEA - TEORIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL

Na TCC utilizam-se técnicas para manter os resultados obtidos na terapia, além de aplicá-las em novos problemas futuros que podem surgir.

No enfoque cognitivo comportamental, por meio de um manejo comportamental bem elaborado, é possível ter um resultado positivo do quadro

geral autístico.

Utilizam-se os princípios da TCC, como aprendizagem, reforço e modelação comportamental.


Alguns comportamentos dos autistas podem ser mantidos por
consequências, como atenção excessiva dos pais ou cuidador que faz
parte do cotidiano da criança.
A criança, por meios de ganhos secundários, sente um certo tipo de prazer

quando emite aquele determinado comportamento; ou ainda, porque a emissão

de um comportamento, como auto-agressão, pode servir para a retirada de uma

situação em que a criança não quer estar, como fazer uma tarefa escolar.

A intervenção comportamental não será baseada na descrição do transtorno, mas

sim, nos comportamentos que a criança emite, avalia-se sua funcionalidade no

ambiente, bem como seu desenvolvimento social.


A TERAPIA COGNITIVA
NO AUTISMO
UMA VISÃO DA TCC NO UNIVERSO
AUTISTA

De acordo com Sampaio (2005), a Terapia Cognitivo-


Comportamental é uma forma de psicoterapia que foi
cientificamente testada e vista como efetiva em mais de 300
pesquisas clínicas para diversos tipos de transtornos. É voltada
para a resolução de problemas do paciente.
Serra (2008), a partir das definições de Beck, em 1960, houve
Geralmente é breve
transformações no etratamento
tem eficácia
de científica e experimental.
alguns transtornos, com a sua
técnica cognitiva. Beck estabeleceu um novo começo para a
avaliação da eficácia das psicoterapias; isto incentivou novas
A TERAPIA COGNITIVA
A terapia cognitiva reflete um sistema integrado,
combinado a um modelo de personalidade, e de
psicopatologia a um modelo aplicado, que reúne princípios,
técnicas e estratégias terapêuticas. Reflete um método
A terapiae cognitiva
diretivo é colaborativa,
semi-estruturado, em um
direcionado processo que
a resoluções de
ambos, terapeuta e paciente, têm papel ativo.
problemas.

Envolve uma relação genuína entre terapeuta e paciente,


baseada na empatia terapêutica, é focal, requerendo uma
definição concreta e específica dos problemas do paciente e das
QUAL O OBJETIVO DA TEORIA COGNITIVA
De acordo com Bahls e Navolar (2004), o objetivo da Teoria
Cognitiva é descrever a natureza de conceitos envolvidos
em determinado transtorno, de maneira que, quando
ativados dentro de contextos específicos, podem
caracterizar-se como inadequados e disfuncionais.
Alguns teóricos pioneiros na abordagem comportamental
como Pavlov, Watson e Skinner, acreditavam que os
psicólogos deveriam estudar apenas o comportamento
observável e mensurável, para alterar comportamentos,
durante o processo terapêutico.
Com isso Skinner adicionou o esquema de reforço em seu
repertório, ele oferecia recompensas a seus experimentos
por se comportarem de maneira adequada.
Assim a terapia comportamental se concentra na
manipulação de comportamentos e variáveis das
pessoas, na crença de que todo comportamento,
tanto os adequados quanto os inadequados são
aprendidos.
NA TCC O PACIENTE É VISTO COMO ÚNICO

São os eventos no meio-ambiente que determinam os seus


comportamentos-problema e o que os mantêm. Assim, um
transtorno passa a ser entendido, como um conjunto de
comportamentos que são analisados por meio do histórico,
contingências e situações presentes.

Conforme Silvares (2000), a terapia comportamental entende que o


paciente é único, e seus problemas são produto de uma história
particular. Isso humaniza o processo de terapia, pois se busca
QUAIS OS PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DA
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL

Os principais instrumentos do terapeuta comportamental são:

1. A análise funcional,

2. Sistemas de reforço,

3. Condicionamento,

4. Modelagem
Assim, é possível propor uma estratégia
so das variáveis que estejam relacionados aos comportamentos desejáveis e
eficaz no alcance do bem-estar, para

com isso instalar e aumentar a


A TERAPIA COMPORTAMENTAL
A terapia comportamental se concentra em manipulação
de comportamentos e variáveis das pessoas, na crença
de que todo comportamento, tanto os adequados
quanto os inadequados são aprendidos.

São os eventos no meio-ambiente que determinam os


seus comportamentos-problema e o que os mantêm.

Assim, um transtorno passa a ser entendido, como um


conjunto de comportamentos que são analisados por meio
do histórico, contingências e situações presentes.
A ABORDAGEM COGNITIVA E A TERAPIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL

Portanto a abordagem cognitiva focaliza o trabalho


terapêutico sobre os fatores cognitivos que estão na
etiologia de determinado transtorno, enquanto a abordagem
comportamental proporciona um entendimento dos fatores
que os mantém, o que possibilita meios de alterar
comportamentos inadequados.

A Terapia Cognitivo-Comportamental integra técnicas e


conceitos que vêm de duas principais abordagens, a
cognitiva e a comportamental, terapias estas, que
apresentam diversas aplicações no tratamento de diversos
transtornos.
Leboyer (1995) considera que na abordagem
cognitiva comportamental estão diversos teóricos que
descrevem a eficácia desta abordagem, na
intervenção de diversos transtornos, como o
transtorno autista.
Autismo e déficit cognitivo
As primeiras alterações da concepção de pacientes autistas surgem a
partir de Ritvo, citado por Assumpção Jr (1997) que relaciona o
autismo a um déficit cognitivo, e o considera não uma psicose, mas
sim um distúrbio do desenvolvimento.

A partir desse pressuposto, Assumpção Jr (2007) considera que o


autismo é descrito como uma síndrome comportamental, com causas
múltiplas, decorrente de um distúrbio de desenvolvimento.

É caracterizado por déficit na interação social. Não apresenta


habilidades para se relacionar com o outro, atrelado com déficit de
linguagem e alterações de comportamento.
Assim, conforme Assumpção Jr (2007) e Luppi (2005), os
autistas não conseguem organizar o pensamento para
expressar-se com clareza; apresentam dificuldades em iniciar
conversação, interpretar atitudes e expressões comunicativas
em si mesmo e nos outros.

E com relação às suas atividades e interesses, eles são


resistentes a mudanças e mantêm rotinas e rituais.
Cognições, contigências, sentidos e
sensações…
Nesse sentido, verifica-se que, ao investigar as cognições e
contingências, deve-se deter atenção nos sentidos e
sensações expressados pelos autistas, pois existe uma
série de sintomas que não podem ser descartadas.

Sendo assim, Verglas, citado por Caballo (2005) considera


que, devido à diversidade de manifestações, foi necessário
fazer uma classificação, diante das características
comportamentais e etiológicas a qual as pessoas com autismo
apresentam, reconhecendo-se, que é uma condição que se
manifesta, em si mesma, com uma grande variabilidade.

Existe uma característica que une vários tipos de autismo, o


acentuado impedimento para estabelecer relações sociais
adequadas, associado com problemas de linguagem.
Silvares (2000, p.231) diz:

A avaliação comportamental é intrinsecamente vinculada ao


tratamento.

Intervenções bem sucedidas confirmam hipóteses levantadas;


intervenções que não levam ao resultado esperado fazem com que
se reformulem hipóteses ou os procedimentos empregados.

O programa de tratamento é considerado mais importante do


que o rotulo diagnóstico, apesar de este ter sua utilidade,
especialmente para os pais, por frequentemente diminuir seu
sentimento de culpa e eventualmente travar a procura de novos
profissionais.
A Terapia Cognitivo-Comportamental oferece …

Nesse sentido, a Terapia Cognitivo-Comportamental oferece


meios para que, a criança e os pais durante o processo
terapêutico, possam utilizá-las em seu próprio benefício.
Conforme Sampaio (2005), na TCC utiliza-se técnicas para
manter os resultados obtidos na terapia, além de aplicá-las em
novos problemas futuros que podem surgir.
No enfoque cognitivo comportamental, por meio de um manejo
comportamental bem elaborado, é possível ter um resultado de
melhora do quadro geral autístico.

Utiliza-se os princípios da TCC, como aprendizagem,


reforço e modelação comportamental.
QUAL A FUNÇÃO DO TERAPEUTA TCC?
Desse modo, a função do terapeuta cognitivo-comportamental
é:
a) estar sempre atento ao processo terapêutico;
b) levantar todos os comportamentos que são emitidos pela criança;
c) fazer uma análise funcional (antes, durante e depois) dos
comportamentos adequados e inadequados, para saber o que
mantém cada um destes comportamentos;
d) não aceitar a priori, comportamentos característicos de uma
criança autista como dificuldade de interação social, de
comunicação, comportamentos agressivos, entre outros.

c) Deve-se estabelecer um plano de ação que seja eficaz para


mudar o repertório comportamental.
Conforme Baer citado por Guilhardi (2001, p. 73)
discorre: Crianças com autismo precisam de
habilidades de linguagem, habilidades sociais,
habilidades de resolver problemas, e habilidades de
autocuidado.
Elas também precisam estar livres de auto-agressão,
agressão, e auto- estimulação.
A NEUROPSICOLOGIA NO TEA
• A neuropsicologia do TEA tem tomado força nas
últimas décadas (Bosa, 2001; Happé & Frith, 1996;
Joseph, 1999), em razão das fortes evidências de
prejuízos neuropsicológicos nessa condição, como
também por tratar-se de uma abordagem que
propõe uma investigação não só dos prejuízos
cognitivos, mas também das competências do
indivíduo (funções preservadas), para o
delineamento de tratamentos e de práticas
educativas adequadas.
O COMPROMETIMENTO DAS FUNÇÕES
EXECUTIVAS

• A hipótese de comprometimento das funções


executivas surgiu a partir da constatação de
semelhanças entre o comportamento de indivíduos
com disfunção cortical pré-frontal e aqueles com
TEA.
• Evidências de um padrão de inflexibilidade e
perseveração comportamental e de dificuldades no
controle inibitório foram prejuízos observados nesses
pacientes.
ALGUNS TESTES PARA AVALIAR AS
FUNÇÕES EXECUTIVAS
Em que idade podemos fechar um diagnóstico

Em que idade podemos


diagnosticar o autismo?

• Investigadores na área suspeitam


que o surgimento do autismo é
possível de detectar até antes dos
2 anos de idade devido a um
fenómeno já bem conhecido que é
o crescimento excessivo do
cérebro.

• Segundo as investigações
realizadas existem correlações
entre o tamanho do cérebro das
crianças pequenas e a gravidade
dos sinais de autismo.
Pesquisas e dados

• Eric Courchesne, director do Centro de Excelência para


a investigación do Autismo da Universidade da California
en San Diego, contribuiu juntamente com a sua colega
Cynthia Schuman comprovar segundo os dados
recolhidos, que o crescimento excessivo do cérebro
comença durante o 1º ano de vida do bebé.
O CÉREBRO E O TEA
•Mediante escáneres de resonancia magnética, los investigadores de la
Universidad de California encontraron un crecimiento excesivo del cerebro
en niños autistas a edades tan tempranas como un año y medio. A los dos
años y medio, los cerebros de los probandos autistas eran, de media, un 7
por ciento mayores que los del grupo de control. Aunque la razón exacta por
la que el crecimiento excesivo del cerebro está relacionado con el autismo
sigue siendo un misterio, este nuevo trabajo contribuye a confirmar que los
indicios del desorden aparecen muy pronto, dato que podría llevar al
diagnóstico y a los tratamientos, como la terapia conduc
•El estudio, publicado en Journal of Neuroscience, evalúa por primera vez el
crecimiento del cerebro y el autismo en su desarrollo más temprano.
Edades más tempranas. Según indica Courchesne, «cuanto antes se actúa,
mejores resultados se obtienen».
O CÉREBRO E TEA
• Com os dados ajustados para idade, em
comparação com os cérebros de controle
(cérebros de crianças sem autismo), os cérebros
das crianças autistas tinham 67% mais
neurónios numa região chamada córtex pré-
frontal, que está associado com o
desenvolvimento cognitivo, comunicação e
função social e emocional .
• Os cérebros das crianças autistas também eram
significativamente mais pesados (uma média de
17,6%) do que os das crianças não-autistas,
apesar do fato de que o peso do cérebro não
variou significativamente entre as crianças não-
autistas (variação média de 0,2%).
• Apesar de estes dados terem sido de um estudo
preliminar envolvendo apenas 13 crianças, os
dados revelaram, no entanto, diferenças
significativas entre os cérebros das crianças
autistas e não autistas.
• À parte do número de neurónios total e peso do
cérebro, havia uma outra diferença entre os
cérebros de autistas e não autistas:
O CÉREBRO E TEA

• Os das crianças não-autistas mostraram melhor correlação entre o


número de neurónios e peso do cérebro.
• Isto é, ao mesmo tempo tanto o número de neurónios do cérebro e o
peso eram maiores em crianças autistas do que em crianças não-
autistas, o aumento do peso do cérebro era menor do que o
esperado com base no número muito maior de neurónios.
• Isto sugere uma patologia neural, do que simplesmente um cérebro
"maior do que normal".
• Os neurónios corticais, tais como os do córtex pré-frontal,
multiplicam-se entre os cerca de 10 e 20 semanas de gestação “
período pré-natal" e não se multiplicam mais uma vez após o
nascimento do bebé.
• Assim os autores do estudo apontam que o rápido e excessivo
aumento da contagem de neurónios sugere que o autismo tem as
suas raízes no desenvolvimento pré-natal, ao invés de ser
provocado pela exposição a algum agente causador (incluindo
vacinas) durante a infância ou a primeira infância.
O CÉREBRO E TEA

• O estudo não tenta determinar a verdadeira causa do autismo, nem


os autores especulam sobre se a patologia neural foi devido ao
excesso de crescimento pré-natal de neurónios, ou o fracasso da
apoptose normal, ou de ambos.

• Apoptose: morte celular programada. Como uma parte normal do


ciclo celular, as células morrem. Durante o desenvolvimento do
cérebro, a apoptose serve uma série de funções importantes. O
cérebro desenvolve muito mais neurónios do que pode
possivelmente utilizar; depois e durante a infância, a apoptose
"suprime" os neurónios que não aparecem para participar na
transferência de informações significativas. Isso ajuda a melhorar e
agilizar o funcionamento do cérebro.
Há um excesso de sinapses em algumas partes dos cérebros das crianças autistas.
No desenvolvimento saudável do cérebro, verifica-se uma explosão de sinapses muito cedo
e depois inicia-se um processo diminuição de sinapses, o que é necessário para assegurar
que as diferentes áreas do cérebro desenvolvam funções específicas sem ficarem
sobrecarregadas.
O CÉREBRO E TEA
• Mau funcionamento nos sistemas de
remoção de células velhas e degradadas,
um processo chamado autofagia.
• Os marcadores de autofagia diminuem nos
cérebros afectados pelo autismo, (Eric
Klann), um professor de ciência
neurológicas da Universidade de Nova
Iorque:
«Sem a autofagia, a ´poda` não pode ocorrer».
• Estas descobertas são as mais recentes na
área da pesquisa do autismo e está a atrair
um interesse crescente. Há anos que os
cientistas debatem se o autismo é um
problema de cérebros com conectividade
insuficiente ou excessiva, ou a sua
combinação.

• Ralph-Axel Müller, um neurocientista da


Universidade Estadual de San Diego, disse
que há crescente evidência de
conectividade excessiva, inclusivamente a
partir dos estudos de imagens do cérebro
que conduziu.
O CÉREBRO E TEA
• «As deficiências que vemos no autismo
parecem ocorrer em diferentes partes do
cérebro, conversando demais umas com
as outras», disse. «É preciso perder parte
dessas conexões para um
desenvolvimento ajustado do sistema das
redes cerebrais, porque se todas as partes
do cérebro conversarem com todas as
partes do cérebro, só se obtém ruído, não
comunicação», explicou.

• Mais sinapses também criam oportunidade


para ataques epilépticos, porque há
sinais eléctricos em excesso a ser
transmitidos no cérebro, prosseguiu
Klann.

• Mais de um terço das pessoas com


autismo tem epilepsia, acrescentou.
AS FUNÇÕES EXECUTIVAS E NEUROPATIA
• A Neuropsicologia é uma ciência aplicada que investiga
a expressão comportamental das disfunções cerebrais
(com e sem a presença de lesões), valendo-se além da
avaliação clínica propriamente dita, do recurso de testes
específicos para avaliar diversas funções cognitivas, de
modo a permitir análises qualitativas e quantitativas dos
dados.

• São crescentes os estudos sobre a cognição - em


especial, sobre as funções executivas, no TEA (Bosa,
2001; Hill, 2004; Robinson et al., 2009; Sanders,
Johnson, Gravan, Gill, & Gallagher, 2008).
AS FUNÇÕES EXECUTIVAS
• Funções executivas são um construto amplo que cobre
processos cognitivos elaborados, responsáveis pelo
controle, integração, organização e manutenção de
diferentes habilidades cognitivas.

• O processamento executivo envolve a focalização da


atenção em informações relevantes, a inibição de
processos e informações irrelevantes ou
concorrentes, a programação de processos voltados a
tarefas complexas, o planeamento de sequências de
subtarefas e o monitoramento do desempenho
AS FUNÇÕES EXECUTIVAS

• O adequado funcionamento das habilidades gerenciadas


pelas funções executivas possibilita o engajamento em
comportamentos adaptativos, auto- organizados e
direcionados a metas.
MODELOS EXPLICATIVOS
• A) Teoria das Três Unidades
Funcionais de Luria (1981): De
acordo com Luria, o cérebro humano é
composto por três unidades funcionais
básicas, as quais interagem entre si.

• A terceira unidade seria responsável


pela programação, regulação e
monitoramento do comportamento
humano.

• Lesões nos lobos frontais


incorreriam em prejuízos no
gerenciamento e na autorregulação
comportamental;
MODELOS EXPLICATIVOS

• B) Sistema Atencional Supervisor (SAS): proposto por


Norman e Schallice (1986), atribui a programação, regulação e
monitoramento das ações e dos pensamentos humanos a dois
distintos processamentos um automático e um controlado
(Shallice & Burgess, 1991).

• O processamento automático seria responsável pelos


comportamentos ou ações aprendidos e habituais,
permitindo ao indivíduo priorizar a ordem desses
comportamentos ou ações. Já o processamento controlado
seria responsável pelo controle de atividades ou
comportamentos não habituais, os quais geralmente envolvem
planejamento e tomada de decisão;
MODELOS EXPLICATIVOS

• C) Modelo tripartite de Stuss e Benson (1986): há


três sistemas que atuam no monitoramento da
atenção e das funções executivas. Enquanto dois
desses sistemas são responsáveis pela manutenção
do estado de alerta do indivíduo, o terceiro sistema
realiza o controle executivo, que envolve
planeamento, seleção de estímulos e de respostas
e monitoramento do desempenho diário.
• Prejuízos nesse sistema acarretariam problemas de
atenção, prejuízos de insight e de organização de
comportamentos direcionados a objetivos;
MODELOS EXPLICATIVOS

• D) Teoria de meta-negligência de Duncan (Duncan et


al., 2000): este modelo enfatiza o papel crucial do
conjunto de metas e submetas no funcionamento
adequado do comportamento humano.
• O comportamento seria orientado a metas. Essas
seriam formuladas, armazenadas e verificadas na mente
pelo indivíduo de modo a organizar uma resposta
comportamental apropriada às situações externas
(ambiente) ou internas;
MODELOS EXPLICATIVOS
• E) Marcadores somáticos de
Damásio (1995): esse modelo
ressalta o papel do lobo frontal
na emoção e no comportamento
social, em especial na tomada de
decisão.

• Sensações corporais atuariam


como sinalizadores
emocionais (funções
executivas atuariam como
sinalizadores emocionais
(funções executivas “quentes”
na tomada de decisão).
MODELOS EXPLICATIVOS
• F) Funções executivas em quatro domínios
(volição, planejamento, ação propositiva e
monitoramento), modelo proposto por Lezak (Lezak et
al., 2004): a volição envolveria aspectos relacionados à
intenção, iniciativa e motivação; o planeamento estaria
relacionado com as capacidades de conceitualização,
julgamento e tomada de decisões; a ação propositiva
estaria relacionada ao controle inibitório, flexibilidade
cognitiva e processos atencionais (atenção focada e
atenção dividida), e o monitoramento estaria associado
à utilização de feedbacks para o ajuste de respostas
(cognitivo- comportamentais), de modo a tornar as
mesmas mais adequadas ao contexto.
MODELOS EXPLICATIVOS
• g) Modelo de Memória de trabalho (Baddeley, 2003;
Baddeley, 2012; Repovs & Baddeley, 2006): a memória de
trabalho ou operacional é um sistema de armazenamento de
informações temporário, o qual permite que o indivíduo
manipule um determinado volume de informações, necessárias
para a execução e ações presentes. É composta por quatro
componentes:
• alça fonológica,
• registro visoespacial,
• buffer episódico e executivo central.
• A memória de trabalho mantém uma estreita relação com as
funções executivas e por isso tem sido considerada nas
avaliações das funções executivas.
MODELOS EXPLICATIVOS
• A maioria dos modelos existentes contempla os
componentes frios das funções executivas ou seja,
processos cognitivos que não envolvem muitos
aspectos emocionais e que são considerados
relativamente lógicos e abstratos.

• Existe, no entanto, poucos modelos que abarcam


componentes executivos quentes relacionados
com aspectos emocionais e motivacionais, a
crenças e desejos, tais como regulação do
comportamento social e tomada de decisão.
MODELOS EXPLICATIVOS
• As funções executivas e o TEA com prejuízos executivos em
diferentes transtornos frontais deram origem à investigação
das funções executivas no TEA (Bosa, 2001; Pennington &
Ozonoff, 1996).
• Indivíduos com desenvolvimento típico utilizam várias funções
cognitivas para criar estratégias de comportamento, fazer
planos, manter uma representação mental na memória de
trabalho e resolver problemas novos através da flexibilidade
cognitiva.
• No entanto, no TEA, muitas dessas habilidades
encontram-se prejudicadas, acarretando em
inflexibilidade e rigidez de comportamento, problemas
comunicativos e dificuldades severas de engajamento
em interações sociais (Sigman et al., 2006).
MODELOS EXPLICATIVOS
• Mesmo a parcela de indivíduos do espectro
que possui QI preservado pode apresentar
dificuldades significativas envolvendo as
áreas:

• De interação social,
• De comunicação (pragmática) e
• De comportamentos repetitivos, ritualísticos
e estereotipados.
TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO
• o TEA é uma condição muito heterogénea, dadas as
diferenças sintomatológicas e de desenvolvimento, a
variabilidade de desempenho quanto ao funcionamento
executivo tende a caracterizar essa população clínica.

• Precisamos delinear quais subprocessos executivos


apresentam maiores prejuízos e quais estariam
preservados no TEA,

• contribuindo assim para a formulação de


procedimentos de intervenção, incluindo estratégias
clínicas e pedagógicas mais eficazes.
UM OLHAR SOBRE O AUTISMO
AULA TCC E AUTISMO
11 DE SETEMBRO DE 2021
CONTEÚDOS:
1. SINTESE DA MATÉRIA ANTERIOR
1.1. AUTISMO: CONCEITO, DÚVIDAS E REFLEXÃO
1.2. A TCC ( MODELO TEACCH; TÉCNICAS; PAPEL DO
TERAPEUTA, O PACIENTE A FAMILIA...).
1.3. SUGESTÕES NA CLÍNICA E EM CASA PARA O TERAPEUTA

2. AS INTERSECÇÕES DAS ABORDAGENS EXISTENTES E O


CONTRIBUTO DE TODAS ELAS NA INTERVENÇÃO NO AUTISMO.

3. O CÉREBRO E AS SUAS ESPECIALIZAÇÕES : O QUE DEVEMOS


SABER PARA O AUTISMO.

4. COMO O AUTISTA APRENDE CONSIDERANDO AS SUAS


POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES.

5.ESTUDO DE CASOS PARA DEMONSTRAÇÃO DA


APLICABILIDADE DA TCC
EDUCAÇÃO COGNITIVA, PORQUÊ E PARA QUÊ?
“Ensinar sem levar
em conta o
funcionamento do
cérebro seria como
tentar desenhar uma
luva sem considerar
a existência da mão”
LESLIE HART
Assumimos que Como desenvolver o máximo
não basta, potencial cognitivo?

somente, para
desenvolver as Como aprender a refletir, a

funções ou raciocinar?

aptidões cognitivas
andar na escola. Como utilizar estratégias de
resolução de problemas?

TODAS AS CRIANÇAS DEVEM TER AS MESMAS OPORTUNIDADES DE


APRENDIZAGEM E OS GOVERNOS A RESPONSABILIDADE DE LHES GARANTIR
OPORTUNIDADES E MEIOS ADEQUADOS PARA O FAZER.
A educação Cognitiva encerra uma visão
dialógica do desenvolvimento cognitivo:
uma construtivista e outra co-construtivista.
A Co-construtivista inspirada por
A construtivista inspirada por Vygotsky – reforça a construção
Piaget – visa a construção centrífuga do conhecimento com
centrípeda , significativa e base em interações sociais
estruturada do conhecimento e interiorizadas e mediatizadas
não a pura acumulação acrítica envolvendo um diálogo
de dados de informação. intencional entre individuos
experientes e inexperientes.

CONFLITO SÓCIO COGNITIVO DE DOISE – PROCESSO DE ENSINO


APRENDIZAGEM INOVADOR, ACEITANDO A COEXISTÊNCIA DE VÁRIAS
ABORDAGENS E DE PONTOS DE VISTA SOBRE O CONHECIMENTO…
A INTELIGÊNCIA É ASSIM
CONSIDERADA

BIOANTROPOLÓGICA NA SUA ORIGEM,


MAS…

PSICOSSOCIAL NO SEU
DESENVOLVIMENTO, RESPEITANDO
A HETEROGENEIDADE E A
DIFERENÇA CULTURAL.…
A escola e a maioria das
instituições sociais
envolvidas na formação e
na qualificação dos
recursos humanos têm
negligenciado as
vantagens da educação
cognitiva, que visa
desenvolver e maximizar
os processos de
captação, integração,
elaboração e expressão
de informação.

Tudo aquilo que podemos definir


como aprendizagem!
A partir do perfil cognitivo
observado devemos
ressaltar o balanço das
aptidões fortes e fracas. A preocupação
central do processo
de observação deve
Pretende a Ed.
enfatizar as
Cognitiva
componentes do ato
evitar
mental no seu todo,
experiências de
ou das funções de
aprendizagem
atenção e captação
de insucesso e
(input), de
de fracasso.
integração e
elaboração
(processamento) e
de planificação e
expressão (output)
de informação,
Com base no nível básico de aptidão cognitiva (NIBAC), a concebidas como
prescrição da intervenção individualizada deve ser traçada com o aptidões para a
objetivo de enriquecer, potenciar, optimizar e maximizar tal construção do
capacidade de processar informação – visa a modificabilidade conhecimento.
estrutural da aprendizagem.
A Educação Cognitiva faz a
diferença porque está
comprometida com a
expansão do potencial de
aprendizagem dos alunos e
não com a assimilação ou
reprodução acrítica ou
irrefletida de conhecimentos.
Aprender a Aprender implica:
Focar a atenção para captar o máximo de informação a
partir do conjunto de estímulos em presença;
Formular estratégias exequíveis para lidar com a tarefa;
Estabelecer e planificar estratégias;
Monitorar a performance cognitiva até atingir o objetivo;
Examinar toda a informação disponível;
Aplicar procedimentos sistemáticos para resolver o
problema em causa e verificar a sua adequabilidade.
Resolver problemas implica:
Receber e interpretar dados e produzir procedimentos
para lidar com o problema (fase do Input);
Criar operações e processos relacionados com as
tarefas inerentes ao problema (fase de integração e de
planificação);
Aquisição de competências para solucionar o
problema (fase do Output).
MODIFICABILIDADE
COGNITIVA: A
ABORDAGEM
NEUROPSICOLÓGICA
DA APRENDIZAGEM
HUMANA
AS FUNÇÕES DOS LOBOS (PRÉ-) FRONTAIS
Pacientes frontais apresentam
Perturbações de resolução de problemas que não se
limitam aos de natureza aritmética,
Perda da capacidade de regulação da atividade,
Perda da capacidade de planificar e programar ações,
Perda de atitude abstrata,
Incapacidade de distanciamento em relação ao real
Dificuldades em passar voluntariamente de uma atividade
para outra,
Dificuldades em destacar num conjunto díspar de
elementos propriedades comuns ou uma perspectiva
global, reações dependentes das impressões sensoriais e
um interesse particular por certos aspetos dos estímulos.
Os Lobos Pré-Frontais:

Tornam-se sede de reflexão, do raciocínio, do


pensamento abstracto, lógico e antecipatório.

As lesões pré-frontais provocam outras alterações, em


particular modificações radicais da personalidade e do
comportamento, como o apragmatismo ou, pelo
contrário, a instabilidade e habilidade emocional.
DAS LESÕES CEREBRAIS ÀS PERTURBAÇÕES DE APRENDIZAGEM NAS
CRIANÇAS

Para definir Dificuldades de Aprendizagem em crianças que


não sofrem de nenhuma inibição cognitiva mas que
apresentam dificuldades especificas recorre-se à nosografia
neuropsicológica.

A dificuldade específica em ler é rapidamente apelidada de


“Alexia congénita” e mais tarde como Dislexia.

A rapidez com que se deu o encontro da neuropsicologia com


as perturbações de aprendizagem nas crianças contrasta com
a lentidão da neuropsicologia ir ao encontro do Autismo!
O CÉREBRO HUMANO
ESTRUTURAS CEREBRAIS E TEA
Achados no cerebelo incluem uma significante
diminuição do número de células de Purkinje.
Regiões cerebrais potencialmente envolvidas (BAUMAN; KEMPER, 2005)
são a amígdala e as áreas pré-frontais, sendo
a amígdala a estrutura que foi detectada com
maior envolvimento em metade das crianças
com autismo .

As estruturas cerebrais relacionadas ao


autismo incluem o cerebelo, a amígdala, o
hipocampo, o corpo caloso e o cíngulo.
Embora esses achados envolvam o sistema
límbico e o cerebelo, poucos dados de
Ressonância Magnética (RM) ajudaram a
explicar o envolvimento neocortical no
autismo.

Alterações funcionais abrangem anormalidades


no lobo temporal e alterações nas conexões
entre o lobo frontal e parietal .
Zilbovicius, Meresse e
Boddaert 2006; FRANK;
PAVLAKIS, 2001
O ENCONTRO DA NEUROPSICOLOGIA COM
O AUTISMO
No final do sec. XX a neuropsicologia encontra-se com o autismo.

As técnicas de imagética cerebral dinâmicas, como o IMR, são


então propostas às pessoas autistas, para observar o Córtex
cerebral a trabalhar e evidenciar as singularidades
neuroanatomofuncionais.

As visualizações tratográficas, não invadidas, encontram um vasto


terreno de aplicação no domínio da plasticidade cerebral e da
reorganização funcional após lesão cerebral, no dominio dos
atrasos mentais das síndromes neurogenéticas e do desenvolvimento
cerebral.

Este aperfeiçoamento das técnicas de imagética cerebral permite,


ainda, visualizar o relevo cortiça e a profundidade dos sulcos em
particular o sulco temporal superior.
FUNÇÕES EXECUTIVAS
FUNÇÕES EXECUTIVAS E SINTOMATOLOGIA
AUTISTA

As funções executivas desempenham um papel muito


importante no funcionamento cognitivo, pois subentendem a
adaptação do comportamento às novas solicitações do meio
envolvente, muito particularmente quando essas
solicitações criam, para o sujeito uma situação de resolução
de problemas.

As funções executivas aproximam-se conceptualmente da


inteligencia fluida (Cattell, 1971) e caracterizam-se por um
conjunto de operações mentais, que foram inferidas das
performances de pacientes apresentando lesão pré-frontal.
as operações que caracterizam as funções executivas são:
A Atenção seletiva: que intervém desde a
consideração do problema para destacar as
informações perceptivas julgadas prioritárias, inibir
ou negligenciar os perceptos acessórios que podem
ser fonte de distração. Intervém como controlo inibidos,
durante a atividade de resolução de problemas, para
permitir o seu desenrolar normal.

A Planificação: corresponde à elaboração mental de


um plano de ação com a capacidade de antecipar
(mentalmente) o objetivo a alcançar. Manifesta-se no
período que decorre entre o momento em que o sujeito
toma conhecimento do problema e o momento em que
começa a resolver.

A Memória de Trabalho: é um espaço mental de


capacidade de armazenamento limitada e de
tratamento dos dados do problema, onde os
conhecimentos processuais e semânticos extraídos
dos diferentes registos mnésicos de longo prazo são
ativados e organizados.
FUNÇÕES EXECUTIVAS
Conjunto de habilidades
integradas que permitem ao
indivíduo

Direcionar comportamentos a
metas

Avaliar a eficiência e adequação


desses comportamentos

Abandonar estratégias ineficazes


em prol de outras mais eficientes

Resolver problemas imediatos, de


médio e longo prazo
A Flexibilidade Cognitiva: corresponde à
capacidade de poder alternar entre diversas
estratégias de resolução e modificar aquela
que conduz a uma solução errada.

Estas características fazem com que as funções executivas


mantenham uma relação estreita com os diferentes registos de
conhecimento: linguísticos, visuoespaciais e socioemocionais.

Arquitetar, construir, criar um percurso de viagem, um men para


convidados, contar uma história a alguém, solicitam as Funções
Executivas.
COMO ENTENDER E O QUE EXIGIR DO
SER HUMANO?
A SÍNDROME FRONTAL
Os pacientes frontais mostram alterações da conduta do relato.
Mostram-se prolixos com um discurso espontâneo difluente,
semeado de absurdos, as ideias desencadeam-se a partir de
detalhes acessórios, que tornam esse discurso pouco
informativo.
No domínio verbal estes pacientes
vão experimentar dificuldades em
resolver problemas sequenciais
de natureza aritmética.

Mas para além do comprometimento


neste domínio, outros como o não
verbal, aquando da resolução de
labirintos ou outras atividades
visuiconstrutivas.
MODELO TEACCH
AJUDA A PLANIFICAR E A DEFINIR A
INTERVENÇÃO - ABA
Os seus principios básicos
são:
PARTICIPE!
I CONGRESSO MUNDIAL DAS INTERFACES DA
PSICOLOGIA ATUALIZAÇÕES E PESQUISAS
24/25/26 DE SETEMBRO DE 2021

https://www.centroclinicoalgharb.com/nora-cavaco-institute

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