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CISTOTOMIA E URETROSTOMIA PARA TRATAMENTO DE UROLITÍASE EM

CÃES (Principais aspectos e vantagens/desvantagens do procedimento)

Docente: Ticianne
Discentes: Carlos Eduardo Botelho Ferraz, Lorena Noronha Pires, Luna Cerqueira de Carvalho, Maria
Clara Viana Guimarães Silva, Rubens Grezzi Rodrigues, Thais Rocha de Lacerda

Introdução
O trato urinário é responsável pela homeostase orgânica e eliminação de metabólicos,
reabsorção de substâncias e secreção de produtos biológicos. Existem diversas afecções que
podem comprometer essa homeostase, de origem do próprio trato urinário e dos impactos
através dessas afecções. Os urólitos podem variar em simples, mistos e compostos, de
tamanhos variáveis e os de estruvita e oxalato de cálcio são ao mais comuns. Outros distúrbios
comuns são: lesões inflamatórias, uremia, cistite aguda, prolapso da bexiga, dilatação da
bexiga. As urolitíases podem causar muitos sinais clínicos, sendo esses com um quadro de
obstrução ou não e a precisão nos exames são fundamentais para o diagnóstico. 95% dos
urólitos estão na uretra ou na bexiga e em menos de 5% dos casos, estão nos rins e ureter.

Sinais clínicos
• cistite (agressão da parede da mucosa da vesícula urinária)
• erosão, ulceração, hemorragia, invasão bacteriana
• pode haver recidiva se o manejo não for adequado para sua prevenção
• hematúria, poliaquiúria, estrangúria, disúria, anúria
• distensão de bexiga, vômitos, anorexia, apatia e até ruptura de bexiga
• pode haver azotemia pós-renal
• obstrução do fluxo urinário completo + infecção bacteriana = insuficiência renal aguda e
septicemia
Tratamento
• a remoção cirúrgica é o tratamento mais rápido e utilizado nos urólitos de oxalato de cálcio
que não são dissolvidos com dieta litolítica, então quando não houver chance de dissolução do
urólito, é indicado a remoção cirúrgica.

Etiopatogenia dos urólitos em cães


É relacionado a diversos fatores, entre eles: desidratação, infecção urinária, cistites, obstrução
uretral, deficiência dos inibidores de cristalização e entre outras;

Classificação dos urólitos: estruvita, oxalato de cálcio, purinas e outros tipos.

Urolitíase por estruvita


• são aglomerados cristaloides, de fosfato magnesiano hexa-hidratado, de vários tamanhos e
formas;
• ocorrem por infecção do T.U, por bactérias que convertem a ureia na presença de água, a
hidrólise produz amônia e bicarbonato e elevam o pH urinário, promovendo sedimentação de
estruvita pela diminuição da solubilidade dos cristais, causando também irritação da mucosa da
bexiga.

Urolitíase por oxalato de cálcio


• distúrbios metabólicos como hipercalcemia e acidose é um fator importante para formação
deste tipo;
• Podem levar meses para se formar, são brancos e duros com bordas apiculadas e
irregulares.

Diagnóstico
• boa anamnese
• hemograma, perfil bioquímico sérico, ultrassonografia, urinálise. exame de cultura
microbiológica e antibiograma da urina

Cistotomia
• é a mais utilizada;
• o pós-operatório é determinante para o sucesso do tratamento cirúrgico
• acesso ao lúmen vesical, desviando o fluxo urinário
• temporária ou permanente, por cateter sem conexão com a uretra
• indicações: lesões na bexiga ou uretra, que comprometam o fluxo urinário normal. Indicada
em neoplasias, coágulos, retirada de urólitos, obstruções.
• procedimento cirúrgico: animal em decúbito dorsal, acesso retroumbilical na linha sagital
mediana, a incisão circunda o ápice prepucial e os vasos, que são ligados para diminuir
sangramentos e hematomas; uma pequena incisão é suficiente para tracionar a vesícula
urinaria e com ela em suspenso, é isolada da cavidade abdominal e protegida com compressas
para reduzir contaminação, a incisão é feita e a retirada dos urólitos é realizada. As sutuas de
fixação auxiliam na manipulação do órgão. Após remoção, a limpeza da bexiga deve ser feita
com fluidos mornos. A omentalização no fim do processo é inciado, impedindo aderência a
outros órgãos.
Pós operatório
• importante para evitar recidivas;
• pós da cistotomia: manter o cateter por 3-5 dias, o esvaziamento deve ser estimulados a cada
3-6 horas.
• realizar antibiograma para tratamento adequado de cistite bacteriana e antibioticoterapia por
até 7 dias.
Complicações uroabdomen, lesão uretral, hematúria grave e surgimento de pólipos, além da
recidiva de urólitos.

Uretrotostomia
• indicação: quando não houver recursos ao tratamento conservador ou lesão irreparável na
uretra.
• procedimento: pré-escrotal, escrotal, perineal, pré-púbica ou antepúbica, conforme local da
obstrução ou escolha do cirurgião.
• a uretrostomia perineal é menos indicada, especialmente em machos, pela sutura da
uretra gerar deiscência e complicações, além de dermatite por contato causada pela
urina.
• uretrostomia prepucial: utilizada para preservação em casos de obstruções, principalmente
em felinos, formando uma fistula uretral para manutenção do fluxo urinário pela anastomose da
uretra à mucosa prepucial. A principal vantagem é que a micção é reestabelecida logo após o
procedimento, pode ser usada em cães que apresentem lesões uretrais próximos ao escroto.
• uretrostomia pré-pubica: técnica de salvamento em danos irreparáveis na uretra membranosa
e peniana ou remoção de tecidos neoplásicos.
Pós operatório:
• uso de colar elisabetano, cateterizaçao indicada nos primeiros dias em casos de necrose ou
de extravasamento. A dieta com ração urinária por 3 meses é indicada para auxiliar na urina
ácida e prevenir recidivas. Após 7 dias, deve ser realizada outra urinálise para avaliação
completa. Os curativos nas incisões devem ser feitos a cada 12-24 horas com pomadas
aplicadas ao redor dos pontos, evitando contato da urina direto com a pele. Reavaliações são
programadas para avaliação da evolução do paciente ao 1, 7, 14, 30, 60, 90, e 180 dias após a
cirurgia. A avaliação se dá quanto à presença de seroma, infecção, coloração da pele, edema,
abscesso, deiscência de sutura, micção, hematúria, incontinência, queimadura, urina no
subcutâneo e estenose.

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