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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
Curso de Graduação em Engenharia Mecânica

MECÂNICA DOS SÓLIDOS 1


(ME 098)

Calendário Acadêmico 2021.1


Professor: Jorge Palma Carrasco - Dr. Eng.
e-mail: jorge_palma_c@yahoo.com.br

Recife, setembro
de 2021
TEMA 4: FLEXÃO SIMÉTRICA
FLEXÃO SIMÉTRICA
Vigas
São barras longas e retas que suportam cargas transversais em
relação a seu eixo longitudinal.
➢ Inicialmente vamos considerar uma viga prismática (de seção
transversal constante).
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Relações entre Carga, Força Cortante e Momento Fletor
a) Carga distribuída

𝑑𝑉
෍ 𝐹𝑦 = 0 𝑉 − 𝑉 + 𝑑𝑉 − 𝑞(𝑥)𝑑𝑥 = 0 = −𝑞(𝑥)
𝑑𝑥

෍ 𝑀𝐶 = 0 𝑑𝑥 𝑑𝑀
−𝑀 − 𝑞𝑑𝑥 + 𝑀 + 𝑑𝑀 − 𝑉 + 𝑑𝑉 𝑑𝑥 = 0 =𝑉
2 𝑑𝑥
𝑑𝑉 𝑑 𝑑𝑀 𝑑2 𝑀
= = −𝑞(𝑥) = −𝑞(𝑥)
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 2
FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR (Cont...)
b) Carga concentrada

෍ 𝐹𝑦 = 0 𝑉 − 𝑉 + 𝑉1 − 𝑃 = 0 𝑉1 = −𝑃

𝑑𝑥 0
෍ 𝑀D = 0 −𝑀 − 𝑉𝑑𝑥 + 𝑃 + 𝑀 + 𝑑𝑀 = 0
2

Logo, no lado esquerdo do elemento (i.é., à


𝑑𝑀
esquerda à partir do ponto de aplicação da (𝑒) = 𝑉
𝑑𝑥
carga) a variação do momento fletor é:
FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR (Cont...)
𝑑𝑥
෍ 𝑀C = 0 −𝑀 − 𝑃 + 𝑀 + 𝑑𝑀 − 𝑉 + 𝑉1 𝑑𝑥 = 0
2
0
𝑑𝑥
−𝑃 + 𝑑𝑀 − 𝑉𝑑𝑥 − 𝑉1 𝑑𝑥 = 0
2
Logo, no lado direito do
elemento (i.é., à direita à partir 𝑑𝑀 𝑑𝑀
do ponto de aplicação da carga) (𝑑) = 𝑉 + 𝑉1 𝑑 =𝑉−𝑃
𝑑𝑥 𝑑𝑥
a variação do momento fletor é:

No ponto de aplicação da carga a variação do momento fletor é:


𝑑𝑀 𝑑𝑀 𝑑𝑀 𝑑𝑀
= 𝑑 − (𝑒) = 𝑉−𝑃 −𝑉
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥

𝑑𝑀
= −𝑃
𝑑𝑥
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Flexão Simétrica
Quando as vigas têm pelo menos
um plano de simetria onde as
cargas atuam e quando a flexão
também ocorre nele, é
caracterizada a Flexão Simétrica.

Seções transversais com pelo menos um plano de simetria


FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Flexão Pura
Ocorre quando elementos prismáticos
são submetidos a momentos fletores
iguais e opostos atuando no mesmo
plano de simetria

A viga tem sua parte central


sob efeito da Flexão Pura!

A condição de momento
fletor constante caracteriza a
FLEXÃO PURA
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Premissas - deformação da viga em flexão pura
As seções transversais
são deformadas

As linhas
horizontais
tornam-se
curvas As linhas verticais permanecem
retas, porém sofrem rotação

➢ O eixo longitudinal da viga não sofre qualquer mudança no


comprimento. O momento deformará a viga de modo que essa
linha se torne uma curva no plano vertical de simetria.
➢ Todas as seções transversais da viga permanecem planas e
perpendiculares ao eixo longitudinal durante a deformação.
Admitiremos, porém, que as deformações da seção transversal
dentro de seu próprio plano podem ser desprezadas
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)

Convenção:

Quando a fibra considerada


está abaixo do Eixo Neutro, a
deformação e a distância são
positivas e acima, negativas
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Deformações na Flexão Pura
O alongamento das fibras na parte inferior da viga, a uma distância y da
superfície neutra, pode ser obtido por semelhança dos triângulos aOb e b’s’b.
𝑏′ 𝑏 𝑦 𝑏′ 𝑏 𝑦
= como: 𝜀𝑥 = 𝜀𝑥 =
𝑠𝑠′ 𝜌 𝑠𝑠′ 𝜌
1 1
Fazendo: 𝐾 = m
𝜌
Curvatura

𝜀𝑥 = 𝐾𝑦

As deformações na seção transversal variam


linearmente com a distância até o eixo neutro.
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Tensões Normais na Flexão Pura
Como somente a deformação depende das premissas
adotadas, adotamos a premissa adicional de que o momento
provoca apenas tensão normal na direção longitudinal.
Logo, para um material que segue a Lei de Hooke, temos:
𝜎𝑥 = 𝐸𝜀𝑥 𝜎𝑥 = 𝐾𝐸𝑦
𝑑𝐹 = 𝜎𝑥 𝑑𝐴 𝐹 = න𝜎𝑥 𝑑𝐴

? Como: 𝐹𝑒𝑥𝑡 = 0

න𝜎𝑥 𝑑𝐴 = 0
e: 𝐹 = 𝐹𝑒𝑥𝑡

1º Momento O E-N TEM que


න𝐾𝐸𝑦𝑑𝐴 = 0 න𝑦𝑑𝐴 = 0 de Área passar pelo centróide
da seção transversal!
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)

𝑑𝑀 = 𝑦𝜎𝑥 𝑑𝐴 𝑀 = න𝜎𝑥 𝑦𝑑𝐴 = න 𝐾𝐸𝑦𝑦𝑑𝐴 = 𝐾𝐸 න𝑦 2 𝑑𝐴

𝑀 EI: Rigidez
𝐼= න𝑦 2 𝑑𝐴 𝑀 = 𝐾𝐸𝐼 𝐾=
𝐸𝐼 à Flexão
2º Momento de Área
𝜎𝑥 𝑀 𝜎𝑥
Como: 𝜎𝑥 = 𝐾𝐸𝑦 𝐾= =
𝐸𝑦 𝐸𝐼 𝐸𝑦

𝑀𝑦 Fórmula
𝜎𝑥 =
𝐼 da Flexão

✓As tensões na seção transversal variam linearmente


com a distância y até o eixo neutro.
✓O momento da força resultante na seção em relação
ao E.N. é igual ao momento M que age na seção.
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
...voltando ao desenho da seção transversal:

Como c1 e c2 são as distâncias da


superfície tracionada e da superfície
comprimida ao eixo neutro, temos:

𝑀𝑐1 𝑀𝑐2 𝐼 𝐼
𝜎𝑥 𝑚𝑎𝑥 = e 𝜎𝑥 𝑚𝑖𝑛 =− 𝑍1 = e 𝑍2 =
𝐼 𝐼 𝑐1 𝑐2

𝑀 𝑀 Z1 e Z2 : módulos de
𝜎𝑥 𝑚𝑎𝑥 = e 𝜎𝑥 𝑚𝑖𝑛 =− resistência à flexão da
𝑍1 𝑍2
seção transversal

Esta expressão permite calcular a resistência à flexão de vigas com


diferentes seções transversais (simétricas em relação ao eixo neutro),
desde que se conheçam I e o momento interno na seção.
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Quando a seção é simétrica em relação ao eixo neutro (eixo z):

𝑐1 = 𝑐2 = 𝑐 e 𝑍1 = 𝑍2 = 𝑍

𝑏ℎ3 𝜋𝑑 4
𝐼= 𝐼=
12 64
𝑏ℎ2 𝜋𝑑3
𝑍= 𝑍=
6 32

𝑀
𝜎𝑥 𝑚𝑎𝑥 = −𝜎𝑥 𝑚𝑖𝑛 =
𝑍
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Considerações sobre a Fórmula da Flexão
➢ A análise das tensões normais nas vigas foi feita para o caso da
flexão pura, onde não há força cortante na seção transversal.
➢ Os casos de flexão pura não são muito comuns nas aplicações
práticas, onde ocorrem outro tipo de carregamentos (cargas
transversais e cargas normais excêntricas).
➢ As tensões de cisalhamento provocam na seção transversal
deformações de cisalhamento (do tipo “empenamento”) que
tendem a distorcer a seção transversal de maneira complexa:
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
➢ Pode-se provar que as tensões normais, calculadas pela fórmula da
flexão, não sofrem alterações importantes na presença de tensões
cisalhantes e que a distorção resultante pode ser desprezada.
➢ Se na viga atuar uma carga distribuída e a força cortante variar
continuamente ao longo da viga, uma análise mais cuidadosa
mostra que a curvatura das seções transversais também não afeta
substancialmente a deformação das fibras longitudinais.
➢ No caso de cargas concentradas, a distribuição das tensões perto
delas é mais complicada, mas, estas irregularidades são fenômenos
locais que não afetam significativamente a distribuição geral das
tensões na viga, desde que se aplique o princípio de Saint-Venant.

Portanto, justifica-se o uso do emprego da teoria da flexão


pura para o cálculo de tensões normais, mesmo no caso da
flexão não uniforme.
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Flexão de Vigas Carregadas Transversalmente
➢ Desenvolvemos as fórmulas da carga axial e da flexão com base em
premissas referentes à deformação da seção transversal.
➢ No caso do cisalhamento transversal, a distribuição da deformação
por cisalhamento ao longo da largura de uma viga não pode ser
expressa facilmente em termos matemáticos (ela não é uniforme
nem linear para seções transversais retangulares).
➢ Portanto, a análise de tensão de cisalhamento será desenvolvida de
maneira diferente da usada para estudar os carregamentos citados:

Desenvolveremos uma expressão para a tensão de


cisalhamento de forma indireta, usando a fórmula da flexão e
a relação entre momento fletor e força cortante.
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Cisalhamento Transversal

Podemos provar a existência de tensões de cisalhamento longitudinal:


FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)

... retomando a
análise da nossa viga:
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
A força normal elementar na área dA na face esquerda do elemento é:

𝑀𝑦 2 𝑀𝑦
𝑑𝐹𝑛(𝑒) = 𝜎𝑥 𝑑𝐴 = 𝑑𝐴 𝐹𝑛(𝑒) = න 𝑑𝐴
𝐼 𝑦1 𝐼

A força normal elementar na área dA na face direita do elemento é:



𝑀 + 𝑑𝑀 𝑦 2 𝑀 + 𝑑𝑀 𝑦
𝑑𝐹𝑛(𝑑) = 𝜎𝑥 𝑑𝐴 = 𝑑𝐴 𝐹𝑛(𝑑) = න 𝑑𝐴
𝐼 𝑦1 𝐼

A força de cisalhamento na face superior do elemento é:


𝐹𝑐 = 𝜏𝑏𝑑𝑥

No equilíbrio: ෍ 𝐹𝑥 = 𝐹𝑛 − 𝐹𝑛 − 𝐹𝑐 = 0
𝑑 𝑒
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
ℎ ℎ
2 𝑀 + 𝑑𝑀 𝑦 2 𝑀𝑦
න 𝑑𝐴 − න 𝑑𝐴 − 𝜏𝑏𝑑𝑥 = 0
𝑦1 𝐼 𝑦1 𝐼

ℎ ℎ
2 𝑀 + 𝑑𝑀 𝑦 2 𝑀𝑦
𝜏𝑏𝑑𝑥 = න 𝑑𝐴 − න 𝑑𝐴
𝑦1 𝐼 𝑦1 𝐼

ℎ ℎ
1 2 𝑑𝑀 1 2
𝜏= 𝑑𝑀 න 𝑦 𝑑𝐴 = න 𝑦 𝑑𝐴
𝑏𝑑𝑥𝐼 𝑦1 𝑑𝑥 𝑏𝐼 𝑦1

Q: 1º momento estático da área 𝑉𝑄 Fórmula do


em relação ao eixo neutro 𝜏= Cisalhamento
𝑏𝐼
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
𝑏 ℎ2 𝑉 ℎ2
Como: 𝑄 = − 𝑦12 𝜏= − 𝑦12
2 4 2𝐼 4

Para 𝑦1 = ±ℎ/2, temos:


0
𝑉 ℎ2 ℎ2
𝜏= − =0 𝜏min = 0
2𝐼 4 4
Para 𝑦1 = 0, temos:
𝑉 ℎ2 𝑉ℎ2 3𝑉
𝜏= −0 = 𝜏max =
2𝐼 4 𝑏ℎ3 2𝐴
8
12
𝑉
onde: 𝐴 = 𝑏ℎ como: 𝜏méd = 𝜏max = 1,5𝜏méd
𝐴
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)
Para um material elástico-linear: 𝛾 = 𝜏ൗ𝐺

➢ Como τ varia parabolicamente do topo até a base da viga com y1,


concluímos que  deve variar do mesmo modo.
➢ Logo, seções transversais que antes eram planas, tornam-se curvas.
➢ Devemos avaliar se essa curvatura afeta o alongamento ou
encurtamento das fibras longitudinais produzido por M:
FLEXÃO SIMÉTRICA (Cont...)

➢ A análise mostra que, enquanto a força cortante for constante ao


longo de toda a viga, a curvatura de todas as seções transversais
será a mesma.
➢ Portanto, o alongamento ou encurtamento das fibras longitudinais,
produzido pelo momento fletor, não será afetado e a distribuição
das tensões normais será idêntica à da flexão pura.

Portanto, justifica-se o uso do emprego da teoria da flexão


pura para o cálculo de tensões normais, mesmo no caso da
flexão não uniforme.

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