Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 4
Introdução...................................................................................................................................... 7
Unidade i
Conflitos e seu Gerenciamento...................................................................................................... 9
capítulo 1
Conflitos.............................................................................................................................. 9
Capítulo 2
Gerenciamento de conflitos........................................................................................... 12
Unidade iI
Habilidades Essenciais..................................................................................................................... 23
Capítulo 1
Negociação...................................................................................................................... 23
Referências .................................................................................................................................... 36
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
6
Introdução
Pretender uma vida sem conflitos é uma utopia. Os conflitos fazem parte da vida humana.
Evidentemente apresentam-se de magnitude, intensidade e colorido diferentes que nascem das
personalidades dos envolvidos e das variáveis que compõem o conflito. O básico é entender que
sempre haverá diferenças entre pessoas, sejam de valores e de percepções, sejam de atitudes e de
propósitos. E sempre haverá diferenças entre os conflitos.
Este trabalho enfatiza a Gestão do Conflito como matéria amplamente necessária e complementar à
Negociação. Essa, por sua vez, tanto pode ser entendida como geradora de conflitos, quanto uma de
suas principais formas de gerir o conflito. Depois dela, temos formas alternativas, que constituem
matéria a parte, tais como mediação, conciliação e arbitragem.
O tema conflito está intrinsecamente ligado a todos os temas cujo foco central seja
RELACIONAMENTO. Portanto, o primeiro tema ligado a ele refere-se ao fenômeno da COGNIÇÃO
SOCIAL, da qual fazem parte dois elementos da maior importância para o gestor de conflitos:
emoções e empatia. Ambos, bem empregados, de forma consciente, irão melhorar outro fenômeno,
chamado efeito Primeira Impressão.
Dessas habilidades depende o êxito de uma NEGOCIAÇÃO, portanto o êxito da Gestão do Conflito.
Objetivos
»» Compreender os conceitos de Conflito e de Negociação.
7
8
Conflitos Unidade i
e seu Gerenciamento
capítulo 1
Conflitos
.
“Dos conflitos que temos com outras pessoas, fazemos retórica; dos conflitos que
temos com nós mesmos, fazemos poesia.”
(William Butler Yeats)
Para gerenciar uma situação conflituosa, é preciso conhecimento das variáveis que compõem
ambas as linhas, a horizontal e a vertical. É preciso saber quais as formas de lidar com isso e,
principalmente, quais comportamentos são apropriados.
9
UNIDADE I │ CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO
EMOÇÕES:
RAIVA
MEDO
FRUSTRAÇÃO
Seja como for, o mais importante é desenvolver a Cultura da Pacificação, do não confronto e isso
é o mais difícil, porque vivemos a era da competição, do melhor corredor, do ganhador, do que faz
mais gols. Os advogados considerados bons são os campeões em processos na justiça. No Japão,
é o contrário: o bom advogado é o que tem poucas ações judiciais, porque isso significa que ele
conseguiu acordos para seu cliente antes de avançar pelo território judicial.
Nossa sociedade ocidental debate-se entre estímulos e respostas que formam um doloroso círculo
vicioso: ao mesmo tempo em que aplaude e perdoa as ações competitivas, vê seus filhos serem vítimas
emocionais dessa mesma competição. E nossas vítimas têm pouco conhecimento desse processo,
o que poderia lançar a luz da compreensão. Ao invés disso, reagem, fazendo outras vítimas, pois a
confrontação é filha dessa cultura. E isso jamais acaba.
O resultado é dramático, judiciário, atolado de papéis, em que a justiça rápida não se dá em menos
de dois anos. E violência crescente, até porque há mais atores do conflito do que scripts favoráveis
ao desenvolvimento da cultura de pacificação.
Porque um conflito não se resolve, se gerencia. Um conflito bem gerenciado implica um processo e,
dele, a “melhor solução”, que nem sempre, ou quase nunca, resolve. E, quando resolve pontualmente,
deixa resíduos causadores de outros conflitos ou do mesmo, como uma brasa que ainda pode se
transformar em fogo. Pode-se estancar o conflito, como se estanca um sangramento. Mas vistos
os componentes emocionais, o sangramento pode parar, mas a ferida não irá cicatrizar facilmente.
Talvez nunca cicatrize. E talvez ainda gere novos e mais perigosos conflitos.
O importante é que a “gestão” nos leva ao conceito de “processo”, algo que terá um ritual de
condução. Fará parte desse ritual a melhor prática para se pacificar o conflito e seus atores. Ao
contrário, o conceito de “resolução” foca as ações no final do processo, podendo criar a falsa ideia
de que se pode resolver algo com ações aleatórias, apenas estimulando a ideia de um “acordo” fora
das vias judiciais.
10
CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO │ UNIDADE I
Lembramos que, apesar de nossa posição, o termo internacionalmente aceito – Resolução – faz
parte da expressão criada para especificar a busca por soluções extrajudiciais, de maneira pacífica:
Métodos Alternativos de Resolução de Conflitos, cujos adeptos são cada vez maiores e criaram
associações de mediadores e foram os responsáveis pela aplicação da Arbitragem. Em inglês, a sigla
é ADR, que significa Alternative Dispute Resolution.
A menos que o indivíduo esteja em uma ilha deserta será sempre um gestor de conflitos. Ou, pelo
menos, deveria. Mas, para isso, é preciso que desenvolva a Cultura da Pacificação, os valores da
cooperação e comportamentos conciliatórios. Deverá abdicar para sempre das ferramentas e ideias
competidoras e confrontativas e buscar o sucesso, lembrando-se sempre de que existe espaço para
todos. Ficar alegre com o sucesso alheio faz bem ao coração!
Conflitos Positivos?
Temos uma ideia preconcebida de que o conflito seja sempre negativo. Nossa educação e cultura
são frequentemente estimuladas pelas informações que nos chegam de diversos modos, em que
a comunicação usada relaciona a palavra conflito com combate, briga, violência, especialmente
conflito armado. Tradicionalmente, o conflito passou a ser visto como um mal a evitar.
O essencial, no entanto, é que o conflito poderá desafiar a acomodação das ideias, desvendar
problemas, aguçar a percepção e estimular a criatividade. As grandes mudanças do mundo sempre
ocorreram como consequência de conflitos.
11
Capítulo 2
Gerenciamento de conflitos
Tipologia
São três os tipos de conflitos:
Exemplo: Uma pessoa fez um concurso para auditor da Holding da Souza Cruz
que, entre diversos empreendimentos, tem uma indústria fumegeira no Rio
Grande do Sul. Aprovada, essa pessoa poderia ser designada para qualquer
uma das empresas, nem todas fabricantes de cigarro, algo que contrariava os
valores da pessoa de nosso exemplo. Ao se deparar com essa designação, essa
pessoa entrou em conflito. Seus valores se chocaram com a necessidade de
sobreviver. Para ela, pesou mais os valores, por isso pediu demissão. Mas, se
tivesse continuado, a tendência seria o agravamento desse conflito.
12
CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO │ UNIDADE I
Assista ao filme Por um Fio (Phone Booth, 2002, Diretor: Joel Schumacher)
Os conflitos reais referem-se a situações objetivas, geralmente tendo como foco algo material, uma
informação ou o tempo. Enquanto isso, os conflitos emocionais dão um significado simbólico para
as situações objetivas.
Os conflitos reais acontecem aqui e agora e podem ser resolvidos pelos atores, a partir de seus
papéis de adultos, com ou sem assessoramento técnico ou mediação. Os conflitos emocionais
revivem o passado, trazendo situações não resolvidas, muitas vezes inconscientes. Dificilmente
esse tipo de conflito poderá dispensar o assessoramento de terceiros ou mediação, pois será
necessário mexer em um vespeiro: os dados emocionais prévios que esquentam o conflito presente.
Obrigatoriamente será necessário corrigir gravações prévias que alimentam o conflito. Exemplo
disso é o conflito entre dois herdeiros que discordam sobre o valor de venda de um bem. Por trás
desse conflito podem estar antigas rixas, humilhações, desentendimentos que, agora, encontram
campo fértil para um movimento de compensação e novo equilíbrio.
13
UNIDADE I │ CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO
ASSERTIVIDADE COMPROMISSO
FUGA ACOMODAÇÃO
– COOPERATIVIDADE +
O gestor de conflitos, para fazer um bom gerenciamento e acertar com a “melhor solução”, terá de,
primeiramente, melhorar o nível de assertividade e cooperatividade das partes.
14
CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO │ UNIDADE I
a. STU
b. Livre Atirador
c. Capitão
d. O negociador profissional
O processo do conflito
Segundo Chiavenato, o processo do conflito tem as seguintes etapas:
Vejamos um exemplo:
15
UNIDADE I │ CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO
As etapas 2, 3 e 4 implicam interação com a outra parte, criando nela um comportamento ressonante
às iniciativas de cada uma das etapas.
Questão 1 – Fale sobre os antecedentes do caso. Quanto custa (va) um BTU? Quem
determina o preço do BTU? Você sabe quanto o Brasil pagava? (Lembrando que
esses antecedentes não foram noticiados. Por que será?)
Questão 2 – Na sua opinião quem tem razão? É possível, para dar sua opinião, despir-
se de seu nacionalismo e ser imparcial nessa análise?
Percepção do Conflito
Resolução
Resultado
16
CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO │ UNIDADE I
Há muitos autores que dedicam especial espaço para a Estratégia de Gerenciamento. Há certa
similaridade entre eles. Podemos, pois, citar, como estratégias de solução, sem a pretensão de criar
uma hierarquia:
1. Abrir mão: quando uma das partes “desiste” da contenda, sacrificando suas
crenças.
2. Vencer a qualquer custo: uma das partes fecha questão, não escuta argumentos,
posiciona-se na chamada “trincheira” e a única forma de sair dali é com o que
considera uma vitória.
Essas estratégias são derivadas de um ESTILO, mais comum nos conflitos organizacionais e
familiares. Temos, então, o estilo da evitação, o estilo da acomodação, o estilo competitivo, o estilo
colaborador e, finalmente, o estilo de compromisso.
Exercício:
17
UNIDADE I │ CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO
18
CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO │ UNIDADE I
sua utilização implica no uso da força moral e autoritária de alguém mais forte,
que fará uso de seu poder para subjugar o outro, o mais forte sempre ganha. O
mais fraco sempre perde. Em decorrência, geram-se sentimentos de vingança
e ressentimentos.
Essa é a única técnica que permite chegar a uma melhor solução, com ou
sem a intermediação de uma terceira pessoa. Ela permite que as alternativas
sejam NEGOCIADAS em clima de respeito mútuo, confiança e compreensão.
A questão é tratada em termos de “nós” e a solução deverá surgir de forma a
beneficiar todos os envolvidos.
19
UNIDADE I │ CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO
A NEGOCIAÇÃO é a única técnica dentro da categoria do ganha-ganha, pois implica comunicação clara e
clima de respeito mútuo, confiança e compreensão.
A verdadeira negociação pressupõe um fechamento que seja bom para todos. É habilidade essencial para
a Gestão de Conflitos.
Respondidas essas e outras questões, é possível ter uma definição do conflito. Se uma das partes
está envolvida no conflito, terá ainda de fazer uma autoavaliação, checando inclusive preconceitos e
estereótipos aplicados ao conflito.
Envolver-se no conflito
Envolver-se significa o contrário da fuga. As partes deverão predispor-se ao encontro em um
momento mais adequado. Deverão ter em mãos, não novas armas, mas possíveis soluções, em
forma de propostas sensatas e respeitosas. Nessa fase é fundamental que cada uma das partes
diga o que sente, como foi afetada pelo ato da outra. Isso é um feedback e, como tal, tem fases e
cuidados especiais. É importante ressaltar o valor da empatia, de colocar-se no lugar do outro, ver o
mundo com os olhos do outro, ver o conflito pela perspectiva do outro. Não utilizar estereótipos ou
preconceitos. Focar no problema e não na pessoa pode ser um bom caminho.
20
CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO │ UNIDADE I
Escutar
A escuta ativa é o item número um no perfil de um negociador. Para que se compreenda a posição
do outro é preciso ouvi-lo. Para se ouvir, é necessário prestar atenção. Sun Tzu deixou dito: “Ouça
com os olhos. Fale com os ouvidos.” Isso é ouvir.
Como regra geral, as pessoas têm uma profunda tendência a se defender. Ao invés de ouvir o
argumento do outro, ou ela se concentra na defesa, ou se concentra em continuar sua fala antes de
ser “interrompida” pelo outro. Esse comportamento acirra os ânimos e aumenta a “temperatura”
de um conflito.
Resolver o problema
Para isso, além de todos os passos apresentados acima, é preciso:
e. Ele fez exigências intermediárias para Stu, isto é, cresceu sua necessidade
por mais concessões?
21
UNIDADE I │ CONFLITOS E SEU GERENCIAMENTO
22
Habilidades Unidade iI
Essenciais
Capítulo 1
Negociação
Qualquer profissional tem o seu CHA, ou seja, Conhecimento, Habilidade e Atitudes que formam
o perfil profissiográfico daquela atividade. Algumas se centram em conhecimento, outras, em
habilidades e, ainda outras, em atitude. Negociação centra em habilidade.
Por isso é um tema difícil de ser tratado a distância, porque não é possível focar a prática negocial.
Daremos, portanto, alguns conceitos básicos, pois esse tema é da maior importância para a Gestão de
Conflitos.
Corrente de pensamento
Seguimos a corrente de pensamento da Escola de Negociação, do Instituto Latinoamericano de
Analisis del Conflicto – Ilacon, com sede em Montevidéu, Uruguai.
23
UNIDADE II │ HABILIDADES ESSENCIAIS
Há uma outra grande escola no mundo que centra a negociação em Atitudes. Não discordamos
dela, porque atitude é algo muito difícil de perceber e ainda mais difícil de alterar. Mas para que
serve ter uma atitude condizente com o processo negocial, cooperativa, ganha-ganha, se você não
sabe o que fazer com uma contraparte que só deseja jantar o seu fígado à luz de velas? Você precisa
de Ferramentas e, para isso, precisa compreender como funciona o processo negocial; praticar,
praticar e praticar é o que tira a negociação da área atitudinal, fazendo-a migrar para habilidades.
Conhecimento e Atitudes precisam se transformar em habilidades.
Mas há mais uma diferença: trata-se da grande ferramenta. Letras maiúsculas para a grande dama,
que ganhou guerras, derrotou príncipes e mendigos, transformou pobres em milionários e soldados
em generais. Fabricou Alexandre, o Grande, e Napoleão Bonaparte, entre outros grandes homens
que alteraram a trajetória do mundo. Apresentamos a Estratégia.
E, finalmente, a sua própria atitude, você, negociador, que está lendo esse material. Sua vida está
dentro dessa gigantesca mesa de negociação, da qual fazem parte vendedores, competidores,
políticos, entidades, governo, sistema. A maneira como você encara esses encontros determinará se
a sua vida terá prazer e satisfação. Determinará seu sucesso em obter o que deseja.
Já sabemos que o melhor profissional não é exatamente o melhor aluno. Nós mudaríamos essa
afirmação para: O melhor profissional não é exatamente o que tem mais conhecimento, mas aquele
que conseguiu transformar seu conhecimento em habilidades e potencializá-las com atitudes
favoráveis, que se desenvolverão sobre as sólidas bases dos valores.
Conceito de negociação
Antes de conceituar, um dado: se queremos algo, estamos em negociação.
Ocorre que nem sempre sabemos disso. E, entre nós e o objeto de nossos desejos, interesses ou
necessidades, haverá sempre alguém.
Talvez por isso um autor conceituasse negociação como “o campo de conhecimento e da habilidade
que objetiva a conquista de pessoas de quem se deseja alguma coisa”.
E até por isso, a Escola de Negociação define Negociação como uma arte, a arte de ampliar
possibilidades e uma forma de relacionamento entre indivíduos.
Pilares básicos
São três os pilares básicos da negociação: informação, tempo e poder.
24
HABILIDADES ESSENCIAIS │ UNIDADE II
Informação
Digamos que você vai comprar um apartamento. Primeiramente, é necessário que tenha seu
objetivo definido. “Quero um apartamento de dois quartos, situado no bairro X, que tenha varanda,
mínimo de 60 metros quadrados, dois banheiros, uma suíte. Esteja longe de barulhos de crianças e
de avenidas.”
A partir daí, para negociar bem essa compra, é necessário buscar algumas informações no mercado,
que poderão ser obtidas em sites especializados, visitas ao local, conversas com porteiros etc.
Por outro lado, se precisa desse apartamento com urgência absoluta, essa informação jamais poderá
ser repassada, seja verbal ou gestualmente, para o corretor ou vendedor. Se for transmitida, o seu
desespero vai constituir uma informação que funciona como bala vinda em sua direção.
A regra é simples: Você precisa ter o máximo de informações sobre o que deseja e que será objeto
da sua negociação. E terá de passar comedidamente as informações que a contraparte deve ter a seu
respeito, para evitar que ela faça mau uso disso.
Tempo
É como um elástico: pode ser esticado ou encolhido. Os japoneses são os especialistas culturais
em esticar. Uma negociação com eles dura uma eternidade. O negociador que tem pressa é
quebrado ao meio pelos japoneses. Já os ocidentais querem tudo para ontem e criam a pressão do
tempo escasso sobre o negociador. É preciso desenvolver a habilidade de lidar com o tempo, e um
controle emocional aprimorado para isso.
Poder
O poder é a capacidade de conduzir um processo negocial. Se quiser comprar um BMW, mas não tem
dinheiro, não tem o poder para essa compra; se sua empresa precisa adquirir uma peça no exterior,
mas não pode assinar pela empresa, não tem o poder instituído; se quiser adquirir cadeiras, mas não
entende nada de cadeiras, tem carência do poder do conhecimento.
O Papa só pode conduzir a Igreja porque tem o poder do carisma. Sem esse poder é quase impossível
firmar-se nessa imensa seara de relacionamentos.
25
UNIDADE II │ HABILIDADES ESSENCIAIS
O jogo de Damas e o jogo de Xadrez são dois jogos populares que exemplificam as duas formas de
negociar.
No jogo de Damas temos o claro desejo de ganhar e, para isso, só precisamos “comer” a última peça.
É uma relação de causa e efeito que vai se delineando ao longo do jogo. Ganhar ou perder é algo
aleatório.
O jogo de Xadrez, entretanto, exige clareza quanto ao que significa ganhar: a morte do rei. Dali, o
jogador anda para trás no tempo e no espaço e desenvolve um caminho para matar o rei do outro
jogador e, claro, preservar o seu. Não existem resultados aleatórios. O jogo se concentra no processo
e não no final. O tempo é menos importante que o processo. E a estratégia é a grande rainha e
comanda o jogo. O mesmo ocorre com a negociação.
Tipos de negociação
A negociação pode ser:
b. integrativa: o nome já dá a dica. É uma negociação que integra, não separa, não
diverge, não cria conflitos. A atitude predominante é a cooperativa e o valor que a
mantém é a cooperação;
O negociador
São três classes de negociador:
a. improvisado: não analisa, não planeja, não elabora hipóteses, não prevê passos a
seguir. Tem mais fracassos que êxitos em suas tentativas de negociar;
26
HABILIDADES ESSENCIAIS │ UNIDADE II
a. habilidades de relacionamento;
Exemplificando: Um negociador que não transmite confiança para a contraparte tem uma deficiência
séria de ordem comportamental, portanto lhe faltam habilidades de relacionamento.
Um negociador que chega sem se preparar, sem conhecer o outro, sem conhecer o mercado, tem
deficiências na área da tecnologia da negociação. É preciso planejar os passos a seguir. E, claro,
um negociador que vende cadeiras e não conhece o mercado de cadeiras, os tipos de cadeiras, seus
concorrentes, entre outras informações importantes, tem carência na área específica, objeto de seu
negócio.
Metodologia Clássica
Essa gravura explica exatamente o que significa a Metodologia Clássica. É uma briga de carneiros,
de uma espécie específica que vive no Afganistão. Eles disputam tudo: a comida e a fêmea. Pode
existir comida para quinze carneiros. Não importa. Está na natureza deles que apenas um vai se
servir. Podem existir dez fêmeas. Tampouco importa. Apenas um vai aproveitar.
27
UNIDADE II │ HABILIDADES ESSENCIAIS
O irônico dessa disputa é que, ao final da contenda, o carneiro vencedor está tão cansado que não
tem energia nem para comer nem para usufruir do acasalamento.
Metodologia Estratégica
Voltamos ao jogo de Xadrez, símbolo maior da estratégia. Essa metodologia pode ser resumida a
uma frase de Sun Tzu:
Conhece-te a ti: É preciso saber tudo sobre si mesmo. Pontos fortes e pontos frágeis. Emoções.
Conhecer também a empresa, se você é um negociador empresarial. Quais as fragilidades da
empresa? Quais os pontos fortes? O que eu quero? O que minha empresa quer? Importantíssimo
identificar os objetivos vitais, fazendo a distinção desses com os importantes e os acessórios.
28
HABILIDADES ESSENCIAIS │ UNIDADE II
Conhece o outro: Se for necessário é preciso fazer reunião exploratória e responder questões
como: Quem é ele? Qual seu estilo? Como é a empresa? O que ele está querendo efetivamente?
Conhece o lugar: Aqui no sentido de conhecer o mercado, o contexto que envolve o produto ou o
objeto da negociação. Mas pode ser aplicado também dentro de seu conceito original. Qual o melhor
lugar para negociar? O lugar é agradável, inspira tranquilidade, confiança? Ou o contrário?
Conhece o tempo: Literalmente pode ser entendida com o tempo do processo negocial, tal qual o
tempo das batalhas da época de Sun Tzu. Ele dizia que uma guerra não podia durar tempo demais,
porque isso exauria a moral dos soldados. Esse tempo, em negociação, é a noção do tempo para se
atingir o objetivo. O negociador deve ter em mente que seu objetivo é o objetivo. Isso é, feitas as
concessões, pare! Não tente “espremer” o outro como se espreme uma laranja para se tirar mais
suco. Há uma noção de tempo embutida mas também uma atitude vital.
29
UNIDADE II │ HABILIDADES ESSENCIAIS
Ocorre que esse fenômeno produz, de imediato, outro, que é inevitável por ser inconsciente: o
fenômeno da primeira impressão. O fenômeno da primeira impressão é extremamente importante
para a negociação e se trata de um processo de percepção do outro que ocorre em um tempo mínimo
de 2 a 4 minutos de contato pessoal e alguns segundos de contato telefônico. É uma espécie de
diagnóstico que fazemos do outro e que o outro faz de nós.
A partir do quê, fazemos esse diagnóstico? De tudo: roupa, jeito de ser, fala, timbre de voz, altura da
voz, cabelos, forma de falar, cor da pele, sapatos etc. Entretanto esse diagnóstico é matizado pelos
processos de inferência social, ou seja, se dá por uma comparação entre o que vemos e o que temos
armazenado em nossa memória. E aí temos um problema para o negociador: temos armazenada
muita coisa desagradável e muito preconceito. Exemplo: Se na minha memória, vinda lá da infância,
existe um conceito do tipo “moça de saia curta é sem-vergonha” e minha contraparte em uma
negociação é uma moça de saia curta, a primeira impressão será errada e vai influir negativamente
no processo.
Como você negocia com chances de êxito com uma primeira impressão errada que vai interferir em
sua forma de olhar, de falar, de se dirigir ao outro?
Como você utiliza a negociação em uma gestão de conflitos com uma primeira impressão errada,
cujas partes também têm impressões erradas? Resposta: Impossível.
Essa, portanto, é uma armadilha. E é inconsciente, portanto, mais perigosa que outras.
1. pela empatia;
30
HABILIDADES ESSENCIAIS │ UNIDADE II
M – medo
A – amor
R – raiva
T – tristeza
A – alegria
As emoções são estados afetivos que experimentamos, uma reação subjetiva ao ambiente, e que vem
acompanhada de mudanças orgânicas – físico-endócrinas, de origem inata. As emoções têm função
adaptativa ao que nos rodeia.
No homem, a emoção envolve um conjunto de cognições, atitudes e crenças sobre o mundo. Se, em
uma sala, entrar uma cobra, todos sentirão medo, porque, em seu urbanismo, o homem equipara a
cobra a perigo, por sua incapacidade de lidar com ela. Se houver um “mateiro” nessa sala, ele não
sentirá medo, porque ele convive com ela e, em seu sistema de crenças, ela não é perigosa.
O medo causa agressividade, fuga ou paralisação, como formas de reação. Imagine um negociador
completamente paralisado!
Normalmente o medo é uma reação por algo real. O que vem ocorrendo com frequência é um medo
por algo imaginário, um medo difuso, medo do futuro, medo de não se sair bem, medo do fracasso,
medo de não atingir metas, medo da rejeição, medo de ser considerado incompetente.
Esse medo se traduz em ansiedade, stress, preocupação. Além dos prejuízos no dia a dia, esses
medos são letais para o negociador, pois gera informações indevidas que podem ser facilmente mal
interpretadas.
31
UNIDADE II │ HABILIDADES ESSENCIAIS
A raiva é um fogo que cega o negociador e ainda dá uma preciosa informação à contraparte.
Negociador irritado perde a capacidade de ver o processo como ele é. Passa a imaginar. O processo
negocial é visto distorcido por sua ótica interna e o negociador torna-se presa fácil da contraparte
que poderá irritar o negociador como tática. Preso a esse círculo vicioso o negociador terá poucas
chances de êxito e sempre será um gerador de conflitos ao invés de ser um gestor de conflitos. O
melhor é seguir o conselho de Dom Corleone, de O Poderoso Chefão, o que pode parecer irônico,
mas é um bom conselho:
O controle emocional tem uma vasta literatura a respeito, que vocês poderão adquirir para ampliar
o conhecimento do tema, muito útil ao conhecimento de si mesmo e ao conhecimento do outro,
partes essenciais de um bom negociador e um bom gestor de conflitos.
Um negociador com controle emocional terá, portanto, maior capacidade de ter uma primeira
impressão mais correta. Pelo menos, seu percentual de acerto será maior.
E, como foi dito anteriormente, a empatia é a melhor forma de ter uma primeira impressão boa do
outro, o que será essencial para torná-lo receptivo.
A empatia é a melhor forma de desenvolver o controle emocional. Exemplo: Se você foi “cortado”
no trânsito, qual a reação mais óbvia? Ficar furioso com o desrespeito. Agora, faça duas coisas.
Primeiro elimine os registros antigos que lhe dizem que aqueles que “cortam” no trânsito são
safados, abusados, sem-vergonhas e outros adjetivos menos nobres. Segundo, use a empatia.
O que pode estar acontecendo com essa pessoa? Você não a conhece, portanto, ela pode estar
correndo para se despedir de um filho, correndo para socorrer alguém, correndo para ir ao hospital,
correndo para atender a um amigo. Seja o que for, compreenda. Use sua compreensão com o outro,
dando-lhe o devido e respeitoso direito de correr um dia, porque tem uma necessidade qualquer.
Isso é empatia. A primeira pessoa a se sentir melhor será você, porque o fogo da raiva é uma xérox
que dificilmente chega ao outro nesses casos, mas o original ficará dentro de você causando todo
tipo de estragos.
A sequência é simples:
A empatia melhora seu controle emocional, que melhora sua capacidade de acertar a primeira
impressão. E esse conjunto em cascata lhe aumentará sensivelmente as chances de êxito em uma
negociação e, portanto, na gestão de conflitos.
32
HABILIDADES ESSENCIAIS │ UNIDADE II
Ouvir é a principal ferramenta do negociador, essencial na comunicação. E, ainda citando Sun Tzu:
Para falar corretamente com o outro, a argumentação deve ser diferenciada, adaptada ao outro.
Exemplo: Se a contraparte é uma pessoa muito técnica, o ideal é usar o “idioma” técnico com ela. Se,
ao invés disso, for uma pessoa muito emocional, há que se usar o “idioma” emocional. Caso estejamos
mediando um conflito, a cautela nas palavras e nas mensagens deve preservar a imparcialidade
e a equidistância das partes e, assim, ganhar a confiança delas, condição para o êxito da gestão.
Entretanto, tudo isso depende da fase do planejamento que é conhecer o outro.
Nós falamos com o corpo, com os gestos. O detalhe é que eles não mentem, enquanto nossa boca
mente.
A distância mínima entre as pessoas não íntimas é de um braço. Jamais se aproxime aquém disso
em um processo negocial ou de gestão de conflitos.
»» Gestos
»» Posturas
»» Posições e Distâncias
A comunicação não verbal é um processo complexo em que intervêm as pessoas, o tom de voz e os
movimentos do corpo.
»» A linguagem gestual própria de uma pessoa pode ser melhorada para que se converta
em um instrumento útil.
Alguns exemplos
Rosto
33
UNIDADE II │ HABILIDADES ESSENCIAIS
»» O olhar transmite nossa mensagem e permite calibrar a pessoa que temos em frente
e suas reações ao que dizemos.
Gestos
»» Fingir a linguagem corporal é altamente complicado, uma vez que ela é muito
“automática” e revela rapidamente a falta de congruência ente as palavras, os gestos
principais e os microssinais do corpo.
»» Aperto de mãos:
›› Relação entre a altura das mãos e a intensidade da atitude negativa. Quanto mais
alta, mais difícil será o trato com essa pessoa.
34
Para (não) Finalizar
O CÍRCULO DO CONFLITO
2. RECONHECER QUE SE
COMPARTILHA COM O OUTRO
SIM CÍRCULO
NÃO VICIOSO
SATISFAZ
3. TER ATITUDE DE RESOLUÇÃO
35
Referências
BERNSTEIN, Albert J. Vampiros emocionais. São Paulo: Campus [s. d.].
DAVIS, Flora. A comunicação não verbal. São Paulo: Summus, [s. d.].
FLEURY, Maria Tereza Leme.; FISCHER, Rosa Mara (Org). Processos e relações de trabalho...
Teoria e prática da negociação. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
36