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De modo simples, empresa é um tipo de organização que fornece bens e/ou presta
serviços demandados pela sociedade. A sua raiz etimológica vem do latim 'prehensa', que
significa empreendimento. Em se tratando de terminologias que se fazem presentes no linguajar
cotidiano em diversos contextos, faz-se crucial examinar os termos empresário, empresa e
empreendimento em suas semelhanças e diferenças antes de focalizar a discussão no processo
de empreender.
O termo empresário, segundo o Código Civil Brasileiro, em seu artigo 966, define-se por
“quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços” (Brasil, 2002). Para o jurista Fabio Ulhoa Coelho (2010),
empresária é a sociedade composta e não as pessoas que a compõem. Na compreensão desse
autor, assim, o termo empresário pode ser utilizado direcionando-se ao sujeito de direito que
explora a atividade proveniente da sociedade empresária, a empresa.
A empresa, por sua vez, constitui-se como a atividade econômica organizada para a
produção ou circulação de bens ou serviços, em um estabelecimento (local físico) e sob um
nome de inscrição (razão social) (Brasil, 2002). Conjugando-se as duas definições, pode-se
estabelecer como síntese, então, que o empresário é aquele que gera resultado econômico por
meio da empresa, a qual é uma atividade organizada para a produção de bens e serviços.
Alguns autores (Drucker, 1985; Degen & Mello, 1989) nomeiam o economista francês J.
B. Say como o “pai do empreendedorismo” e aquele que teria criado esse termo, em 1803.
Entretanto, esses autores registram que, décadas antes, em 1755, o franco-irlandês Richard
Cantillon apresentou a primeira definição de empreendedores, entendendo-os como pessoas
que inovavam, corriam riscos e trabalhavam por conta própria, encontrando oportunidades
para empreendimentos e diferenciando-os dos capitalistas, aqueles que forneciam o capital
(Drucker, 1985; Degen & Mello, 1989).
Nessa mesma década de 1980, Gifford Pinchot III difundiu o conceito de equipes
empreendedoras e adicionou uma nova subdivisão ao construto: o intraempreendedor. Em seu
livro “Intrapreneuring: porque você não deve deixar a empresa para se tornar um
empreendedor”, definiu o intraempreendedorismo como “o ato de um indivíduo ou de uma
equipe tomarem iniciativas, motivados pelo desejo de correr riscos calculados, agindo para criar
oportunidades de empreendimentos que atendam às necessidades de crescimento e de
melhoria contínua da organização” (Pinchot III, 1989, p. 29). Ao abordar o conceito de
empreendedor dentro das organizações, inaugurou uma nova era na área, permitindo que
pesquisadores adentrassem contextos organizacionais, com o propósito de investigar e
incentivar os funcionários ao empreendedorismo e aumentando significativamente o número
de pesquisas sobre o tema.
Corroborando com a contribuição de Gifford Pinchot III, alguns anos depois, Kuratko,
Ireland e Hornsby (2001) retomaram o tema do intraempreendedorismo em uma perspectiva
popular, descrevendo em diversos livros o “passo a passo” para qualquer trabalhador poder se
tornar um intraempreendedor. Segundo sua compreensão, “aqueles gerentes ou empregados
que não seguem o status quo de seus colegas são classificados como visionários, que sonham
em levar a companhia a novas direções” (2001, p. 61). Essa compreensão comportava uma
perspectiva gerencialista, objetivando, segundo pretendiam seus autores, ensinar aos gestores
como desenvolver seus funcionários rumo ao empreender.
Como se pode perceber, desde as ideias iniciais de Cantillon até o momento presente,
muitas são as elaborações conceituais a respeito do empreendedorismo. Os contextos que
serviram de pano de fundo à emergência dessas elaborações sofreram transformações
significativas, que não podem ser desconsideradas, sobretudo nas últimas décadas do século XX
e na organização do trabalho no sistema capitalista.
Outro conceito fundamental nessa contribuição, tal qual uma de suas alcunhas, é o de
capacidades dinâmicas, definido por Eisenhardt e Martin (2000) como a habilidade de
reconfigurar as bases de recursos empresariais visando adequar-se às demandas de mudanças.
Essa concepção ainda chama a atenção para o processo de mudança organizacional e para a
vantagem competitiva nas organizações. A esse respeito, Barney (1991) ressalta que essas
capacidades dinâmicas se transformam em estratégias de criação de valores raros,
insubstituíveis e que não podem ser copiados, fator que gera vantagem competitiva para as
organizações. Ademais, essa preparação para reconfigurações de contexto agrega vantagem aos
profissionais no mercado de trabalho e principalmente aos que escolhem seguir na vereda do
empreendedorismo, haja vista o ambiente em constante mudança que encontram.
A relação entre a existência das oportunidades para empreender e sua descoberta era,
até o advento dessa teoria, atribuída à sorte ou a características estáveis de personalidade
(Venkatamaran, 1997). Para além dessas proposições, a teoria do processo direciona seus
esforços para compreender porque algumas pessoas e não outras enxergam e aproveitam
oportunidades, além de que condições propiciam a essas oportunidades acontecerem e que
resultados decorrem delas.