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O significado de “empreendedorismo social”
J. Gregory Dees
Rascunho Original: 31 de outubro de
1998 Reformatado e revisado: 30 de maio de 2001
A ideia de “empreendedorismo social” atingiu um acorde
responsivo. É uma frase bem adequada aos nossos tempos.
É a paixão de uma missão social com uma imagem de
disciplina empresarial, inovação e determinação comumente
associada a, por exemplo, os pioneiros da alta tecnologia do
Vale do Silício. O tempo certamente está maduro para
abordagens empreendedoras aos problemas sociais. Muitos
esforços governamentais e filantrópicos falharam muito
aquém de nossas expectativas.
As principais instituições do setor social são muitas vezes
vistas como ineficientes, ineficazes e indiferentes.
Os empreendedores sociais são necessários para desenvolver
novos modelos para um novo século.
A linguagem do empreendedorismo social pode ser nova,
mas o fenômeno não é. Sempre tivemos empreendedores
sociais, mesmo que não os chamemos assim. Eles
originalmente construíram muitas das instituições que hoje
consideramos garantidas. No entanto, o novo nome é
importante porque implica uma indefinição dos limites do
setor. Além de empreendimentos sociais inovadores sem
fins lucrativos, o empreendedorismo pode
empreendimentos
incluir
comerciais com fins sociais, como bancos de desenvolvimento
comunitário com fins lucrativos e organizações híbridas que
misturam elementos sem fins lucrativos e com fins lucrativos,
como abrigos para sem-teto que começam empresas para
treinar e empregar seus moradores. A nova linguagem ajuda
a ampliar o campo de jogo. Os empreendedores sociais
procuram os métodos mais eficazes para cumprir suas
missões sociais.
Embora o conceito de “empreendedorismo social” esteja
ganhando popularidade, ele significa coisas diferentes para
pessoas diferentes. Isso pode ser confuso. Muitos associam
o empreendedorismo social exclusivamente a organizações
sem fins lucrativos que iniciam empreendimentos com fins
lucrativos ou de renda auferida. Outros o usam para
descrever qualquer pessoa que inicie uma organização sem fins lucrativos.economia avançar.
Outros ainda o usam para se referir a empresários que
integram a responsabilidade social em suas operações. O
que realmente significa "empreendedorismo social"? O que
é preciso para ser um empreendedor social? Para responder
a essas perguntas, devemos começar examinando as raízes
do termo “empreendedor”.
Origens da palavra “empreendedor”
Na linguagem comum, ser empreendedor está associado a
iniciar um negócio, mas esta é uma aplicação muito solta
de um termo que tem uma história rica e um significado
muito mais significativo.
O termo “empreendedor” originou-se na economia francesa
já nos séculos XVII e XVIII. Em francês, significa alguém
que "empreende", não um "agente funerário" no sentido de
um agente funerário, mas alguém que realiza um projeto ou
atividade significativa. Mais especificamente, passou a ser
usado para identificar os indivíduos aventureiros que
estimulavam o progresso econômico ao encontrar maneiras
novas e melhores de fazer as coisas. O economista francês
mais comumente creditado por dar ao termo esse significado
específico é Jean Baptiste Say. Escrevendo por volta da
virada do dia 19
No século XX, Say colocou desta forma: “O empreendedor
transfere recursos econômicos de uma área de menor para
uma área de maior produtividade e maior rendimento”.
Empreendedores criam valor.
No século 20 , o economista mais associado ao termo foi
Joseph Schumpeter.
Ele descreveu os empreendedores como os inovadores que
conduzem o processo "criativo-destrutivo" do capitalismo.
Em suas palavras, “a função dos empresários é reformar ou
revolucionar o padrão de produção”. de uma nova maneira,
abrindo uma nova fonte de fornecimento de materiais ou
uma nova saída para produtos, reorganizando uma indústria
e assim por diante.
Os empreendedores Schumpeteris são os agentes de
mudança na economia. Servindo novos mercados ou
criando novas formas de fazer as coisas, eles fazem a
É verdade que muitos dos empreendedores que Say e
Schumpeter têm em mente cumprem sua função iniciando
novos empreendimentos comerciais com fins lucrativos,
mas iniciar um negócio não é a essência do
empreendedorismo. Embora outros economistas possam
ter usado o termo com várias nuances, a tradição de Say-
Schumpeter que identifica
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Os empreendedores como catalisadores e inovadores
por trás do progresso econômico serviram de base para
o uso contemporâneo desse conceito.
Teorias Atuais do Empreendedorismo
Escritores contemporâneos em administração e negócios
apresentaram uma ampla gama de teorias de
empreendedorismo. Muitos dos principais pensadores
permanecem fiéis à tradição de Say-Schumpeter enquanto
oferecem variações sobre o tema. Por exemplo, em sua
tentativa de chegar ao que há de especial nos
empreendedores, Peter Drucker começa com a definição
de Say, mas a amplia para focar na oportunidade. Drucker
não exige que os empreendedores causem mudanças,
mas os vê explorando as oportunidades que a mudança
(em tecnologia, preferências do consumidor, normas
sociais etc.) cria. Ele, “isso define empreendedor e
empreendedorismo – o empreendedor diz que sempre
busca a mudança, responde a ela e a explora como uma
oportunidade ”. A noção de “oportunidade” tornou-se
central para muitas definições atuais de empreendedorismo.
É assim que os teóricos da administração de hoje captam
a noção de Say de transferir recursos para áreas de maior
rendimento. Uma oportunidade, presumivelmente, significa
uma oportunidade de criar valor dessa maneira. Os
empreendedores têm uma mentalidade que vê as
possibilidades e não os problemas criados pela mudança.
Para Drucker, abrir um negócio não é necessário nem
suficiente para o empreendedorismo. Ele comenta
explicitamente: “Nem todo pequeno negócio novo é
empreendedor ou representa empreendedorismo”. Ele cita
o exemplo de um “marido e mulher que abrem outra loja
de delicatessen ou outro restaurante mexicano no subúrbio
americano” como um exemplo. Não há nada de
especialmente inovador ou orientado para a mudança
nisso. O mesmo aconteceria com as novas organizações
sem fins lucrativos. Nem toda nova organização seria
empreendedora. Drucker também deixa claro que o
empreendedorismo não requer um motivo de lucro. No
início de seu livro sobre Inovação e Empreendedorismo,
Drucker afirma: “Nenhum texto melhor para uma História
do Empreendedorismo poderia ser encontrado do que a
criação da universidade moderna, e especialmente da
universidade americana moderna”.
A Hora. Mais adiante no livro, ele dedicou um capítulo ao
empreendedorismo em instituições de serviço público.
Howard Stevenson, um dos principais teóricos do
empreendedorismo da Harvard Business School,
acrescentou um elemento de desenvoltura à definição
orientada para a oportunidade com base em pesquisas
que realizou para determinar o que distingue a gestão
empreendedora das formas mais comuns de gestão
“administrativa”. Após identificar várias dimensões de
diferença, ele sugere definir o cerne da gestão
empreendedora como “a busca de oportunidades sem
levar em conta os recursos atualmente controlados”.
Descobri que os empreendedores não apenas veem e
buscam oportunidades que escapam aos gerentes
administrativos; os empreendedores não permitem que
seus próprios recursos iniciais limitem suas opções.
Para emprestar uma metáfora de Elizabeth Barrett
Browning, seu alcance excede seu alcance.
Os empreendedores mobilizam os recursos de outros para
atingir seus objetivos empresariais.
Os administradores permitem que seus recursos existentes
e suas descrições de trabalho restrinjam suas visões e
ações. Mais uma vez, temos uma definição de
empreendedorismo que não se limita a start-ups de
negócios.
Diferenças entre Negócios e Sociais
Empreendedores
As ideias de Say, Schumpeter, Drucker e Stevenson são
atraentes porque podem ser aplicadas tão facilmente no
setor social quanto no setor empresarial. Eles descrevem
uma mentalidade e um tipo de comportamento que pode
se manifestar em qualquer lugar. Em um mundo em que
as fronteiras do setor estão se confundindo, isso é uma
vantagem. Devemos construir nossa compreensão do
empreendedorismo social nesta forte tradição de teoria e
pesquisa de empreendedorismo. Os empreendedores
sociais são uma espécie do gênero empreendedor. São
empreendedores com uma missão social. No entanto, por
causa dessa missão, eles enfrentam alguns desafios
distintos e qualquer definição deve refletir isso.
Para empreendedores sociais, a missão social é explícita
e central. Isso obviamente afeta a forma como os
empreendedores sociais percebem e avaliam as
oportunidades. O impacto relacionado à missão torna-se
o critério central, não a criação de riqueza. A riqueza é
dois
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apenas um meio para um fim para os empreendedores sociais.
Com empreendedores de negócios, a criação de riqueza é uma
forma de medir a criação de valor. Isso ocorre porque os
empreendedores de negócios estão sujeitos à disciplina de
mercado, que determina em grande parte se eles estão criando
valor. Se não transferirem recursos para usos economicamente
mais produtivos, tenderão a ser expulsos do negócio.
Os mercados não são perfeitos, mas, a longo prazo, funcionam
razoavelmente bem como um teste de criação de valor privado,
especificamente a criação de valor para clientes dispostos e
capazes de pagar. A capacidade de um empreendedor de atrair
recursos (capital, mão de obra, equipamentos, etc.) em um
mercado competitivo é uma indicação razoavelmente boa de
que o empreendimento representa um uso mais produtivo
desses recursos do que as alternativas com as quais está
competindo. A lógica é simples.
Os empreendedores que podem pagar mais pelos recursos são
normalmente aqueles que podem colocar os recursos em usos
de maior valor, conforme determinado no mercado. O valor é
criado nos negócios quando os clientes estão dispostos a pagar
mais do que custa para produzir o bem ou serviço que está
sendo vendido. O lucro (receita menos custos) que um
empreendimento gera é um indicador razoavelmente bom do
valor que ele criou. Se um empreendedor não consegue
convencer um número suficiente de clientes a pagar um preço
adequado para gerar lucro, isso é um forte indício de que está
sendo criado valor insuficiente para justificar esse uso de
recursos. Uma redistribuição dos recursos acontece naturalmente
porque as empresas que não conseguem criar valor não podem
comprar recursos suficientes ou levantar capital. Eles saem do
negócio.
As empresas que criam o maior valor econômico têm caixa para
atrair os recursos necessários para crescer.
Os mercados não funcionam tão bem para empreendedores
sociais. Em particular, os mercados não fazem um bom trabalho
ao avaliar melhorias sociais, bens e danos públicos e benefícios
para pessoas que não podem pagar. Esses elementos são
muitas vezes essenciais para o empreendedorismo social. Isso
é o que torna o empreendedorismo social. Como resultado, é
muito mais difícil determinar se um empreendedor social está
criando valor social suficiente para justificar os recursos usados
na criação desse valor.
A sobrevivência ou crescimento de um empreendimento social
não é prova de sua eficiência ou eficácia em
melhorar as condições sociais. É apenas um indicador fraco, na
melhor das hipóteses.
Os empreendedores sociais operam em mercados, mas esses
mercados muitas vezes não oferecem a disciplina certa.
Muitas organizações de propósito social cobram taxas por alguns
de seus serviços. Eles também concorrem a doações, voluntários
e outros tipos de apoio.
Mas a disciplina desses "mercados" frequentemente não está
intimamente alinhada com a missão do empreendedor social.
Depende de quem está pagando as taxas ou fornecendo os
recursos, quais são suas motivações e quão bem eles podem
avaliar o valor social criado pelo empreendimento. É
inerentemente difícil medir a criação de valor social. Quanto
valor social é criado reduzindo a poluição em um determinado
córrego, salvando a coruja malhada ou proporcionando
companhia aos idosos? Os cálculos não são apenas difíceis,
mas também controversos. Mesmo quando as melhorias podem
ser medidas, muitas vezes é difícil atribuí-las a uma intervenção
específica. As taxas de criminalidade mais baixas em uma área
são devido ao Block Watch, novas técnicas de policiamento ou
apenas uma economia melhor? Mesmo quando as melhorias
podem ser medidas e atribuídas a uma determinada intervenção,
os empreendedores sociais muitas vezes não conseguem
capturar o valor que criaram de forma econômica para pagar
pelos recursos que utilizam.
De quem eles cobram pela limpeza do stream ou pela execução
do Block Watch? Como eles fazem com que todos que se
beneficiam paguem? Para compensar esse problema de captura
de valor, os empreendedores sociais contam com subsídios,
doações e voluntários, mas isso turva ainda mais as águas da
disciplina de mercado.
A capacidade de atrair esses recursos filantrópicos pode fornecer
alguma indicação de criação de valor aos olhos dos provedores
de recursos, mas não é um indicador muito confiável. A renda
psíquica que as pessoas obtêm de doações ou voluntariado
provavelmente está apenas vagamente conectada com o impacto
social real, se é que está conectada.
Definindo Empreendedorismo Social
Qualquer definição de empreendedorismo social deve refletir a
necessidade de um substituto para a disciplina de mercado que
funciona para empreendedores de negócios.
Não podemos presumir que a disciplina de mercado eliminará
automaticamente os empreendimentos sociais que não utilizam
recursos de forma eficaz e eficiente.
A definição a seguir combina uma ênfase
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sobre disciplina e responsabilidade com as noções de
criação de valor tiradas de Say, agentes de inovação e
mudança de Schumpeter, busca de oportunidades de
Drucker e desenvoltura de Stevenson. Resumidamente,
essa definição pode ser assim formulada:
Os empreendedores sociais desempenham o papel de
agentes de mudança no setor social: • Adotando a missão
de criar e sustentar valor social (não apenas valor
privado), • Reconhecendo e buscando incansavelmente
novas oportunidades para servir essa missão, • Engajando-
se em um processo de inovação, adaptação e
aprendizado contínuos, • Agir com ousadia sem ser
limitado pelos recursos atualmente disponíveis, e •
Demonstrar maior responsabilidade para com os públicos
atendidos e para os resultados criados.
Esta é claramente uma definição "idealizada". Os líderes
do setor social exemplificarão essas características de
diferentes maneiras e em diferentes graus. Quanto mais
uma pessoa se aproxima de satisfazer todas essas
condições, mais ela se encaixa no modelo de
empreendedor social. Aqueles que são mais inovadores
em seu trabalho e que criam melhorias sociais mais
significativas serão naturalmente vistos como mais
empreendedores. Aqueles que são verdadeiramente
schumpeterianos reformarão ou revolucionarão suas
indústrias. Cada elemento nesta breve definição merece
alguma elaboração. Vamos considerar cada um por sua
vez.
Agentes de mudança no setor social: Os empreendedores
sociais são reformadores e revolucionários, conforme
descrito por Schumpeter, mas com uma missão social.
Eles fazem mudanças fundamentais na forma como as
coisas são feitas no setor social. Suas visões são
ousadas. Eles atacam as causas subjacentes dos
problemas, em vez de simplesmente tratar os sintomas.
Eles geralmente reduzem as necessidades em vez de
apenas satisfazê-las. Eles buscam criar mudanças
sistêmicas e melhorias sustentáveis. Embora possam
atuar localmente, suas ações têm o potencial de estimular
melhorias globais em suas áreas escolhidas, seja
educação, saúde, desenvolvimento econômico, meio
ambiente, artes ou qualquer outro campo social.
Adotar uma missão para criar e sustentar valor social:
Este é o cerne do que distingue empreendedores sociais
de empreendedores de negócios, mesmo de empresas
socialmente responsáveis. Para um empreendedor social,
a missão social é fundamental.
Esta é uma missão de melhoria social que não pode ser
reduzida à criação de benefícios privados (retornos
financeiros ou benefícios de consumo) para os indivíduos.
Ter lucro, criar riqueza ou atender aos desejos dos
clientes pode fazer parte do modelo, mas esses são meios
para um fim social, não um fim em si mesmo. O lucro não
é a medida da criação de valor; nem a satisfação do
cliente; impacto social é o indicador. Os empreendedores
sociais buscam um retorno social de longo prazo sobre o
investimento. Os empreendedores sociais querem mais
do que um sucesso rápido; eles querem criar melhorias
duradouras. Eles pensam em sustentar o impacto.
Reconhecendo e buscando incansavelmente novas
oportunidades: Onde os outros veem problemas, os
empreendedores sociais veem oportunidades. Eles não
são simplesmente movidos pela percepção de uma
necessidade social ou por sua compaixão, mas têm uma
visão de como alcançar a melhoria e estão determinados
a fazer com que sua visão funcione. Eles são persistentes.
Os modelos que desenvolvem e as abordagens que
adotam podem mudar, e muitas vezes mudam, à medida
que os empreendedores aprendem sobre o que funciona
e o que não funciona. O elemento-chave é a persistência
combinada com a vontade de fazer ajustes à medida que
avança. Em vez de desistir quando um obstáculo é
encontrado, os empreendedores perguntam: “Como
podemos superar esse obstáculo? Como podemos fazer
isso funcionar?
Engajar-se em um processo de inovação, adaptação e
aprendizado contínuos: Empreendedores são inovadores.
Eles abrem novos caminhos, desenvolvem novos modelos
e são pioneiros em novas abordagens. No entanto, como
observa Schumpeter, a inovação pode assumir muitas
formas. Não requer inventar algo totalmente novo; pode
simplesmente envolver a aplicação de uma ideia existente
de uma nova maneira ou a uma nova situação.
Os empreendedores não precisam ser inventores. Eles
simplesmente precisam ser criativos ao aplicar o que os
outros inventaram. Suas inovações podem aparecer na
forma como estruturam seus programas centrais ou na
forma como reúnem os recursos e financiam seu trabalho.
Do lado do financiamento, os empreendedores sociais
buscam formas inovadoras de garantir que seus empreendimentos
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têm acesso a recursos desde que estejam criando valor
social. Essa vontade de inovar faz parte do modus operandi
dos empreendedores. Não é apenas uma explosão única de
criatividade. É um processo contínuo de explorar, aprender e
melhorar. Claro, com a inovação vem a incerteza e o risco de
fracasso. Os empreendedores tendem a ter uma alta
tolerância à ambiguidade e aprendem a gerenciar riscos para
si e para os outros.
Eles tratam o fracasso de um projeto como uma experiência
de aprendizado, não uma tragédia pessoal.
Agir com ousadia sem ser limitado pelos recursos disponíveis:
os empreendedores sociais não permitem que seus próprios
recursos limitados os impeçam de perseguir suas visões. Eles
são hábeis em fazer mais com menos e em atrair recursos de
outros. Eles usam recursos escassos com eficiência e
aproveitam seus recursos limitados atraindo parceiros e
colaborando com outros. Eles exploram todas as opções de
recursos, desde a pura filantropia até os métodos comerciais
do setor empresarial. Eles não estão vinculados a normas ou
tradições setoriais. Eles desenvolvem estratégias de recursos
que provavelmente apoiarão e reforçarão suas missões
sociais. Eles assumem riscos calculados e gerenciam o lado
negativo, de modo a reduzir os danos que resultarão da falha.
Eles entendem as tolerâncias ao risco de seus stakeholders
e usam isso para espalhar o risco para aqueles que estão
mais bem preparados para aceitá-lo.
Exibindo um maior senso de responsabilidade para com os
públicos atendidos e para os resultados criados: Como a
disciplina de mercado não elimina automaticamente
empreendimentos sociais ineficientes ou ineficazes, os
empreendedores sociais tomam medidas para garantir que
estão criando valor. Isso significa que eles buscam uma
compreensão sólida das constituições que estão servindo.
Eles garantem que avaliaram corretamente as necessidades
e valores das pessoas que pretendem servir e das
comunidades em que atuam. Em alguns casos, isso requer
conexões estreitas com essas comunidades. Eles entendem
as expectativas e valores de seus investidores, incluindo
qualquer pessoa que invista dinheiro, tempo e/ou experiência
para ajudá-los. Buscam proporcionar reais melhorias sociais
aos seus beneficiários e suas comunidades, bem como
retorno atrativo (social e/ou financeiro) aos seus investidores.
Criando um ajuste
entre os valores do investidor e as necessidades da
comunidade é uma parte importante do desafio. Quando
viável, os empreendedores sociais criam mecanismos de
feedback semelhantes ao mercado para reforçar essa
responsabilidade. Eles avaliam seu progresso em termos de
resultados sociais, financeiros e gerenciais, não apenas em
termos de tamanho, resultados ou processos. Eles usam
essas informações para fazer correções de curso conforme necessário.
Empreendedores sociais: uma raça rara
O empreendedorismo social descreve um conjunto de
comportamentos que são excepcionais. Esses comportamentos
devem ser incentivados e recompensados naqueles que têm
capacidade e temperamento para esse tipo de trabalho.
Poderíamos usar muitos mais deles.
Todos devem aspirar a ser um empreendedor social? Não.
Nem todo líder do setor social é adequado para ser
empreendedor. O mesmo acontece nos negócios. Nem todo
líder empresarial é um empreendedor no sentido que Say,
Schumpeter, Drucker e Stevenson tinham em mente. Embora
possamos desejar um comportamento mais empreendedor
em ambos os setores, a sociedade precisa de diferentes tipos
e estilos de liderança. Os empreendedores sociais são um
tipo especial de líder e devem ser reconhecidos como tal.
Essa definição preserva seu status distintivo e garante que o
empreendedorismo social não seja tratado com leviandade.
Precisamos de empreendedores sociais para nos ajudar a
encontrar novos caminhos para a melhoria social à medida
que entramos no próximo século.
Nota: O Professor Dees é o Diretor do Corpo Docente do
Centro para o Avanço do Empreendedorismo Social da Fuqua
School of Business da Duke University. Na época em que isso
foi escrito, ele era o Miriam and Peter Haas Centennial
Professor in Public Service na Stanford's Graduate School of
Business e um empreendedor residente no Kauffman Center
for Entrepreneurial Leadership.
A Fundação Kauffman forneceu o financiamento para este
artigo. O artigo se beneficiou enormemente dos comentários
e sugestões dos membros do Social Entrepreneurship Funders
Working Group, particularmente Suzanne Aisenberg, Morgan
Binswanger, Jed Emerson, Jim Pitofsky, Tom Reis e Steve
Roling.