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Consequencias Jurídicas Das Principais Técnicas de Reprodução Assistida
Consequencias Jurídicas Das Principais Técnicas de Reprodução Assistida
REPRODUÇÃO ASSISTIDA
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1
Brasil, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, Código Civil, Vade Mecum Saraiva, 2018, Editora Saraiva, p.
219.
2
SCARPARO, Monica Sartori apud FUJITA, Jorge Shiguemitsu, Filiação, São Paulo, Editora Atlas, 2011, p. 63
Para melhor compreensão do presente trabalho é necessário que alguns
termos específicos sejam bem compreendidos em sua plenitude, assim, vejamos:
- Embrião: é o ser oriundo da junção de gametas humanos;4
Carlos Roberto Gonçalves, a respeito do inciso IV do art. 1.597, do CC, nos
diz que Paulo Luiz Lôbo considera embrião “o ser humano durante as oito primeiras
semanas de seu desenvolvimento intrauterino, ou em proveta e depois no útero, nos
casos de fecundação in vitro, que é a hipótese cogitada no inciso IV do artigo sob
comento”.5
Contudo, esse mesmo autor, em razão da omissão do Código Civil quanto ao
lapso temporal, menciona a Resolução 1.358/92, do Conselho Federal de Medicina,
no sentido de que “a partir de 14 dias, tem-se propriamente o embrião, ou vida
humana. Essa distinção é aceita em vários direitos estrangeiros, especialmente na
Europa”6. Assim sendo, antes desse prazo, 14 dias contados da fecundação, tem-se
pré-embrião.
- Zigoto: é o resultado da fertilização artificial de um óvulo e o sêmen;
- Gametas: sêmen ou óvulo;
- Embriões excedentários: provenientes de uma fertilização in vitro, mas não
foram utilizados, sendo conservados por técnicas especiais.
Entende-se por fecundação artificial homóloga quando é utilizado material
genético do casal, ou seja, o óvulo da mulher e o sêmen do marido, logo, há
presunção de que ambos consentiram no processo, e por fecundação artificial
heteróloga quando é utilizado material genético de terceiro, aproveitando ou não os
gametas de um ou de outro cônjuge ou companheiro.
Ainda que falecido o marido é possível a inseminação artificial, ou fertilização
in vitro, com o seu sêmen, que tenha sido conservado por meio de técnicas
especiais, desde que ele em vida tenha dado autorização por escrito, e que a mulher
ainda esteja na condição de viúva, conforme proposição na Jornada de Direito Civil
3
SILVA, Regina Beatriz Tavares da, apud GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, São Paulo, Saraiva,
2016, p. 320.
4
ibidem, p.320.
5
LÔBO, Paulo Luiz Netto, apud GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, São Paulo, Saraiva, 2016, p.
320.
6
ibidem, p. 320.
realizada no STJ em junho de 20027, bem como no Enunciado nº 106, aprovado na I
Jornada de Direito Civil, promovida pelo Centro de Estudos Judiciários do Conselho
da Justiça Federal.8
Aqui temos uma primeira discussão quanto à autorização por escrito do
marido falecido, pois como bem observou Jorge Fujita não haveria o reconhecimento
da paternidade da criança se o genitor biológico não tivesse previamente autorizado,
tirando dela o direito a ter um pai, o que fere o princípio do melhor interesse da
criança preconizado no Estatuto da Criança e do Adolescente.9
A segunda discussão refere-se à exclusão do filho havido por inseminação
artificial ou fertilização in vitro post mortem, na sucessão do pai biológico, pois para
suceder há que se estar vivo ou concebido no momento da abertura da sucessão,
isto é da morte (art. 1.798 do CC), e, no caso em tela, a concepção se dá
posteriormente. Desta forma, fere-se o princípio da isonomia entre filhos,
preconizado na Constituição da República Federativa do Brasil, vez que nem todos
os filhos sucederão na sucessão do ascendente.
Outra questão bastante discutida é a do destino dos embriões excedentários,
aqueles que não foram utilizados na mulher, quando da fecundação homóloga, uma
vez que o inciso IV do art. 1.597 do CC ao usar a expressão “a qualquer tempo”,
possibilita o entendimento de que podem ser introduzidos na mulher tanto na
vigência do casamento, conforme consta no caput do citado artigo, ou mesmo após
a sua dissolução, ou, ainda, após a morte do marido.
Contudo, há quem entenda, como é o caso de Jorge Fujita, que os embriões
excedentes são filhos, em havendo, a qualquer tempo, fecundação assistida
homóloga in vitro, e o nascimento se dê com vida, dependendo de autorização
expressa e escrita do casal, que se estiver separado judicialmente esta autorização
há que ser prévia, com base no Enunciado nº 107 aprovado na I Jornada de Direito
Civil do Conselho da Justiça Federal, 2002:
7
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, São Paulo, Saraiva, 2016, p. 319.
8
FUJITA, Jorge Shiguemitsu, Filiação, São Paulo, Editora Atlas, 2011, p. 63-64.
9
ibidem, p. 64.
excedentários, só podendo ser revogada até o início do
procedimento de implantação desses embriões”.10
10
FUJITA, Jorge Shiguemitsu, Filiação, São Paulo, Editora Atlas, 2011, p. 64.
11
GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro, São Paulo, Saraiva, 2016, p. 320-321.
12
LÔBO, Paulo Luiz Netto, Direito Civil – Família, São Paulo, Saraiva, 2009, p. 204.
13
ibidem, p. 204-205.