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Introdução

Também chamada de disenteria amébica, a amebíase é uma infecção causada por


um parasita que se aloja no cólon do paciente e que é capaz de causar uma série de
sintomas.

Pertence a um grupo maior de amebas, da família Entamoebidae, que são


parasitos comuns da nossa espécie. Integra o grupo das Entamoebas, ou amebas
interiores, porque geralmente são encontradas no interior de animais vertebrados.

A amebíase é mais comum em ambientes com pouco saneamento básico.

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Amebiase

A amebíase é uma doença parasitária presente em todo o mundo e provocada


pela Entamoeba histolytica, esta também é chamada de disenteria amebiana ou
disenteria amébica. As amebas foram descobertas em meados de 1875 em um teste
laboratorial feito em fezes de um camponês que sofria de disenteria crônica.

Sua principal característica é a alteração do nível regular do intestino fazendo


com que, ocasione uma diarreia intensa que pode ser acompanhada de sangue. A mesma
é responsável pela morte de milhares de pessoas durante o ano, sendo a segunda causa
de morte por protozoário.

No que diz respeito às formas evolutivas, apresentam-se em quatro fases:


Trofozoíto, cisto, pré-cisto e metacisto. Vale ressaltar que, a forma trofozoide é a forma
ativa do protozoário e é encontrada no intestino delgado e, a forma do cisto ou oocisto é
a forma de resistência e vai às fezes.

A transmissão acontece por meio da ingestão de água e alimentos contaminados;


Banho em rios que contenham a água contaminada. Dentre os meios profiláticos pode
citar a higiene dos alimentos (sempre lavando antes de comê-los); Utilizar sempre que
possível água tratada para beber; Lavar as mãos antes e após as refeições; Tratar a água
e fervê-la e, proporcionar um bom saneamento básico para a população.

Causas

A amebíase é causada pelo protozoário Entamoeba histolytica, cujos cistos


podem ser ingeridos por meio de água e alimentos contaminados ou mesmo por contato
com pessoas contaminadas.
Tipos

Existem quatro tipos de espécies de amebiase, são morfologicamente


indistinguíveis, mas técnicas moleculares mostram que são espécies diferentes:

 E. histolytica (patogênica)
 E. dispar (coloniza o cólon de maneira inofensiva, o mais comum)
 E. moshkovskii (menos comum, patogenicidade incerta)
 E. bangladeshi (menos comuns, patogenicidade incerta)

Amebíase é causada por E. histolytica e tende a ocorrer em regiões com


condições socioeconômicas desfavoráveis e saneamento precário. O parasita está
presente em todo o mundo, mas a maioria das infecções ocorre na América Central, no
oeste da América do Sul, no oeste e sudeste da África e no subcontinente da Índia.

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Em países com suprimento sanitário de alimentos e água (p. ex., Estados
Unidos), a maioria dos casos ocorre entre imigrantes e viajantes recentes que retornam
de regiões endêmicas.

A cada ano em todo o mundo, estima-se que 50 milhões de pessoas desenvolvam


colite amebiana ou doença extraintestinal, e até 100.000 morrem.

Sinais e Sintomas

A maioria das pessoas com amebíase é assintomática, mas transmite os cistos


nas fezes de forma crônica.

Os sintomas que ocorrem na invasão dos tecidos no colo intestinal geralmente se


desenvolvem 1 a 3 semanas após a ingestão dos cistos e incluem:

 Alternância entre constipação e diarreia


 Flatulência
 Dor abdominal em cólica
 Podem ocorrer sensibilidade no fígado ou cólon ascendente e febre, e as fezes
podem conter muco e sangue.
 Disenteria amebiana

A disenteria amebiana, comum nos trópicos, manifesta-se com episódios de


fezes frequentes semilíquidas que, na maioria das vezes, contêm sangue, muco e
trofozoítos vivos. Achados abdominais variam de leve sensibilidade à dor abdominal
intensa, com febre alta e sintomas sistêmicos tóxicos. Sensibilidade abdominal
comumente acompanha colite amebiana. Às vezes, colite fulminante complicada por
megacólon tóxico ou peritonite pode se desenvolver.

Entre recaídas, os sintomas diminuem para cólicas recorrentes e fezes soltas ou


muito moles, mas podem se desenvolver emagrecimento e anemia. Sintomas sugestivos
de apendicites podem ocorrer. A cirurgia, nesses casos, pode resultar em disseminação
peritoneal de amebas.

Infecção amebiana crônica do cólon

Infecção amebiana crônica do cólon pode mimetizar a doença inflamatória


intestinal e se manifesta como diarreia intermitente não disentérica acompanhada de dor
abdominal, muco, flatulência e perda ponderal.

A infecção crônica também pode se apresentar como massas palpáveis,


amolecidas, ou como lesões anulares (amebomas) semelhantes a carcinomas no ceco e
no cólon ascendente. O ameboma pode ser confundido com carcinoma de colo
intestinal ou abscesso piogênico.

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Doença hepática ou outra doença extraintestinal amebiana

Doença amebiana extraintestinal origina-se da infecção no cólon e pode


comprometer qualquer órgão, mas o abscesso hepático é forma a mais comum.

Abscesso hepático é geralmente único e no lobo direito. Pode estar presente em


pacientes que não tiveram sintomas prévios, é mais comum em homens do que em
mulheres (7:1 a 9:1) e pode se desenvolver de forma insidiosa. Os sintomas incluem dor
ou desconforto sobre o fígado, que é ocasionalmente referido no ombro direito; febre
intermitente; sudorese; calafrios; náuseas; vômitos; fraqueza e perda ponderal. Icterícia
não é comum e, quando presente, é de grau leve. O abscesso pode ser perfurado no
espaço subfrênico, na cavidade pleural direita, no pulmão direito, ou em outros órgãos
adjacentes (p. ex., pericárdio).

Lesões de pele são algumas vezes observadas, em especial ao redor do períneo e


da região glútea na infecção crônica, podendo ocorrer também em feridas traumáticas
ou operatórias.
Diagnostico

 Infecção intestinal: exame microscópico e, quando disponível, imunoensaio


enzimático de fezes, testes moleculares para DNA do parasita nas fezes e/ou
sorologia

 Infecção extraintestinal: exames de imagem e sorologia ou prova terapêutica


com um amebicida

A amebíase não disentérica pode ser mal diagnosticada como síndrome do


intestino irritável, enterite regional, ou diverticulite. Uma massa no cólon ascendente
também pode ser confundida com câncer, tuberculose, actinomicose ou linfoma. A
disenteria amebiana pode ser confundidacom shigelose, salmonelose, esquistossomose,
ou colite ulcerativa. Na disenteria amebiana, as fezes são normalmente menos
frequentes e menos líquidas do que na disenteria bacilar.

Caracteristicamente, contêm muco viscoso e estrias de sangue. Ao contrário das


fezes na shigelose, na salmonelose e na colite ulcerativa, as fezes amebianas não contêm
grandes quantidades de leucócitos porque estes são lisados pelos trofozoítos.

Amebíase hepática e abscesso amebiano devem ser diferenciados de outras


infecções e tumores hepáticos. Os pacientes com abscesso hepático amebiano
frequentemente apresentam dor no hipocôndrio direito e febre. O abscesso hepático
amebiano é mais comum em homens e adultos jovens expostos a áreas endêmicas,
enquanto o abscesso hepático piogênico é mais comum em pacientes idosos.

Além disso, a equinococose raramente produz sintomas até que o diâmetro do


cisto chegue a 10 cm; o carcinoma hepatocelular geralmente não apresenta outros
sintomas além daqueles causados pela doença hepática crônica. Entretanto,

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frequentemente são necessários exames de imagem, testes laboratoriais e biópsia
tecidual. Em geral, os testes são hemograma completo, exames hepáticos e TC
abdominal.

Pacientes com abscesso hepático piogênico costumam apresentar desvio à


esquerda na contagem de leucócitos, concentração sérica de bilirrubina elevada, história
de cálculos biliares e diabetes mellitus. Em geral, o abscesso hepático amebiano não
causa desvio à esquerda na contagem de leucócitos nem elevação na concentração sérica
de bilirrubina.

O diagnóstico de amebíase é reforçado pela descoberta de trofozoítos amebianos


e/ou cistos em fezes ou tecidos; contudo, a E. histolytica patogênica é morfologicamente
indiferenciável da E. dispar não patogênica e da E. moshkovskii e E. bangladeshi, que
são de patogenicidade incerta. Imunoensaios que detectam antígenos de E.
histolytica nas fezes são sensíveis e específicos e são feitos para confirmar o
diagnóstico. Ensaios de detecção de DNA específicos para E. histolytica utilizando
reação em cadeia da polimerase estão disponíveis em laboratórios diagnósticos de
referência e apresentam sensibilidade e especifidade altas.

Infecção intestinal amebiana

A Identificação microscópica de amebas intestinais pode requerer exames de 3 a


6 amostras de fezes e métodos de concentração (ver tabela Coleta e manipulação das
amostras para o diagnóstico microscópico das infecções parasitárias ).

Antibióticos, antiácidos, antidiarreicos, enemas e meios de radiocontraste


intestinais interferem na recuperação do parasita e não devem ser administrados até que
as fezes sejam examinadas. A E. histolytica é morfologicamente indistinguível da E.
dispar, E. moshkovskii e E. bangladeshi, mas pode ser diferenciada de uma série de
amebas não patogênicas microscopicamente, incluindo E. coli, E. hartmanni, E.
polecki, Endolimax nana e Iodamoeba bütschlii.

A análise molecular usando ensaios baseados na reação em cadeias da


polimerase e ensaio imunoenzimático para antígenos fecais são mais sensíveis e
diferenciam a E. histolytica das outras amebas.

Em pacientes sintomáticos, a sigmoidoscopia ou colonoscopia podem mostrar


alterações inflamatórias inespecíficas ou lesões mucosas em forma de frasco
características, que devem ser aspiradas, e o aspirado examinado à procura de
trofozoítos e testado para antígeno ou DNA específicos da E. histolytica. Amostras de
biópsia de lesões retossigmoides também podem mostrar trofozoítos.

Infecção hepática amebiana

Infecção extraintestinal amebiana é mais difícil de diagnosticar. O exame de


fezes é normalmente negativo e a recuperação de trofozoítos de pus aspirado não é
comum. Na suspeita de um abscesso de fígado, deve-se realizar ultrassonografia,
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tomografia computadorizada (TC), ou ressonância magnética (RM). São de
sensibilidade semelhante, mas nenhuma técnica pode diferenciar abscesso amebiano de
piogênico com toda certeza.

Reserva-se aspiração por agulha para:

 Aqueles em que é provável fungos ou bactérias piogênicas


 Aqueles em que a ruptura parece iminente
 Aqueles que respondem mal aos fármacos

Os abscessos contêm um material espesso e semilíquido que varia de amarelo a


castanho-achocolatado. Uma biópsia por agulha pode mostrar tecido necrótico, mas
amebas móveis são dificilmente encontradas no material do abscesso e cistos amebianos
não estão presentes.

Uma tentativa terapêutica com um amebicida é, muitas vezes, a ferramenta de


diagnóstico mais útil para um abscesso amebiano no fígado.

Tratamento

 Inicialmente, metronidazol, tinidazol ou, às vezes, nitazoxanida.


 Iodoquinol, paromomicina, ou furoato de diloxanida subsequentemente para
erradicação de cistos.

Para sintomas gastrintestinais e amebíase extraintestinal, usa-se um dos seguintes:

 Metronidazol oral, 500 a 750 mg 3 vezes ao dia em adultos (12 a 17 mg/kg 3


vezes ao dia em crianças), durante 7 a 10 dias.

 Tinidazol, 2 g, por via oral uma vez ao dia em adultos (50 mg/kg [máximo de 2
g] por via oral uma vez ao dia em crianças > 3 anos de idade) por 3 dias para
sintomas gastrintestinais moderados, 5 dias para sintomas gastrintestinais
graves, e 3 a 5 dias para abscesso hepático amebiano.

Metronidazol e tinidazol não devem ser administrados para gestantes. Deve-se


evitar álcool porque esses fármacos têm efeito semelhante ao do dissulfiram. Em termos
dos efeitos gastrintestinais adversos, tinidazol geralmente é mais bem tolerado que
metronidazol.

A nitazoxanida é uma alternativa eficaz para a amebíase intestinal não invasiva


(500 mg por via oral, 2 vezes ao dia, durante 3 dias, ingerida com alimentos), mas a
eficácia contra a doença invasiva não é conhecida; portanto, só deve ser usada se outros
tratamentos são contraindicados (1, 2).

Terapia para pacientes com sintomas gastrintestinais significativos deve incluir


reidratação com líquidos e eletrólitos e outras medidas de suporte.

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Embora metronidazol, tinidazol e nitazoxanida tenham alguma atividade contra
cistos de E. histolytica, não são suficientes para erradicá-los. Consequentemente, usa-se
um 2º fármaco oral para erradicar os cistos residuais no intestino.

Opções para a erradicação dos cistos são:

 Iodoquinol, 650 mg por via oral 3 vezes ao dia, depois das refeições, em adultos
(10 a 13 mg/kg por via oral 3 vezes ao dia [máximo de 2 g/dia], para crianças),
durante 20 dias

 Paromomicina, 8 a 11 mg/kg por via oral 3 vezes ao dia, com as refeições,


durante 7 dias

 Furoato de diloxanida 500 mg 3 vezes ao dia para adultos (7 mg/kg 3 vezes ao


dia para crianças), durante 10 dias

O furoato de diloxanida não está disponível comercialmente nos Estados Unidos,


mas pode ser obtido em algumas farmácias de manipulação.

A patogenicidade do E. moshkovskii e E. bangladeshi é incerta. Foram


identificados nas fezes principalmente em crianças com e sem diarreia que vivem em
regiões pobres onde há contaminação fecal de alimentos e água. Testes diagnósticos
moleculares para identificá-los só estão disponíveis em contextos de pesquisa. O
tratamento ideal é desconhecido, mas é provável que respondam aos fármacos utilizados
contra E. histolytica.

Deve-se tratar as pessoas assintomáticas que transmitem os cistos de E.


histolytica com paromomicina, iodoquinol ou furoato de diloxanida (ver acima para as
doses) a fim de prevenir o desenvolvimento da doença invasiva e a disseminação para
outros locais no corpo e para outras pessoas.

O tratamento não é necessário para infecções por E. díspar, E. moshkovskii e E.


bangladeshi assintomáticas até que se conheça mais sobre sua patogenicidade.

Prevenção

Para prevenir a amebíase, deve-se evitar a contaminação de alimentos e água


com fezes humanas — um problema complicado pela alta incidência de portadores
assintomáticos. Deve-se evitar alimentos crus como saladas e vegetais, água e gelo
potencialmente contaminados em regiões com condições sanitárias precárias.

A água fervente mata os cistos de E. histolytica. A efetividade da antissepsia


química com iodo ou compostos contendo cloro depende da temperatura da água e da
quantidade de produtos orgânicos presentes neles. Filtros portáteis fornecem vários
graus de proteção.

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Continua-se trabalhando no desenvolvimento de uma vacina, mas nenhuma
ainda está disponível.
Cuidados de Enfermagem

A enfermagem é a área da saúde que apresenta uma maior ligação frente ao


surgimento de amebíase em crianças. Os enfermeiros principalmente aqueles que
trabalham em unidades básicas apresentam um maior vínculo pois, estão sempre
prestando cuidado aquele paciente que apresente o parasita em seu organismo desde a
hora da consulta até as orientações.

O enfermeiro é um profissional que por apresentar o cuidado em prática, pode


contribuir para a formação de educadores, profissionais de orfanatos e creches,
faxineiras realizando o planejamento, orientando e supervisionando os cuidados em
saúde afim de que, ocorra a mudança nos hábitos alimentares. Logo, pode-se dizer que o
enfermeiro assume o papel de promoção e proteção de saúde dos indivíduos como
também, informa ações de saúde como a prevenção de doenças ocasionando uma
melhoria na saúde da população.

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Conclusão

De acordo as pesquisas feitas para a realização do presente trabalho, concluímos


que a amebíase é, ainda nos dias actuais, responsável por alguns problemas de saúde da
população, em especial das crianças e adolescentes. A prevenção eficaz é a melhor
forma de evitar o surgimento de tal parasita e, para isto, foram desenvolvidas algumas
ferramentas para auxiliar na prevenção.

Assim por ser um parasito que causa milhares de mortes anualmente, é


necessário que mais atenção seja dada a ele, não somente por parte dos pesquisadores,
mas principalmente pelas autoridades, já que o saneamento básico é a melhor forma de
prevenir a doença. Muitos aspectos, principalmente os que aumentam a virulência do
parasito, têm de ser objecto de melhores estudos para que uma possível vacina seja
desenvolvida.

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Referências Bibliográficas

 MARQUES, Filipa Carlota et al. Abcesso hepática amebiano em idade


pediátrica: um caminho do intestino ao fígado.

 GONÇALVES, Erik Tavares et al. Actuação do enfermeiro na prevenção de


parasitoses. In: Anais da VII Mostra de Pesquisa em Ciência e Tecnologia
DeVry Brasil. 2016.

 SILVA, Mónica Cristina de Soares et al. Determinação da infecção por


Entamoeba histolytica em residentes da área metropolitana de Belém, Pará,
Brasil, utilizando ensaio imunoenzimático (ELISA) para detecção de antígenos.
 guia de bolso. 7. ed. Brasília; Ministério da Saúde, 2008.

 R. Bonita, R. Beaglehole, T. Kjellström. Epidemiologia Básica. 2 Ed. São Paulo,


2010.

 Neves, David Pereira. Parasitologia Humana. 13 Ed. São Paulo. Editora


Atheneu, 2016.

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