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O professor frente aos desafios da sociedade pós moderna

Vivemos em uma sociedade tecnológica onde o acesso aos meios de informação


tornasse cada vez mais comum, simplificado, ágil e abundante e a escola não figura mais
como o único lugar onde se possa aprender. Nesse ponto de vista, qual a utilidade da profissão
docente? A função do professor ou deve ser resignificada ou posta em xeque? Para tais
questionamentos uma reflexão deve ser realizada acerca do papel do professor na sociedade
atual, da sua contribuição para a produção do conhecimento, dos aspectos envolvidos em sua
formação inicial e continuada, da sua identidade profissional e da sua relevância não mais
como reprodutor de conhecimento historicamente acumulados, mas como mediador no
processo de construção a cidadania dos alunos
A priori é preciso compreender que antes ser professor, somos pessoas, e que cada
pessoa traz consigo sua história de vida e suas crenças sobre o papel da educação para o
homem. Como acadêmicos estamos no processo de construção da nossa identidade docente, e
essa identidade não pode ser simplesmente adquirida e tampouco é algo definitivo, a
identidade profissional se constrói em um processo continuo e historicamente situado. E essa
construção se dá a partir do significado social e pessoal da profissão, da história de vida, das
experiências acumuladas, do modo como cada um se situa no mundo, da representação dos
saberes, das emoções e das relações com outros professores. A clareza desses aspectos, o
pleno conhecimento das responsabilidades social e do porquê exercer a profissão docente,
bem como um conceito formado de educação são de suma importância para a prática docente.
Nessa perspectiva o estágio se configura em uma oportunidade de formação e também de
construção da identidade profissional, “o estágio é o espaço por excelência onde podemos
refletir sobre essas e outras questões alusivas à vida e ao trabalho docente, na sala de aula, na
organização escolar e na sociedade (PIMENTA, 2011, p. 147).
Os saberes acumulados na experiência de vida tanto como professor, tanto como
aluno, são importantes no momento de articular os conhecimentos específicos e pedagógicos
na prática docente. Vale ressaltar que, é teoria que embasa a prática, e que a atividade de
ação-reflexão-ação é indispensável para o bom desempenho do trabalho do profissional
docente. Ainda é possível observarmos nos dias atuais duas posturas, extremas e opostas na
prática docente. Há nos professores, sobretudo das disciplinas especifica, a supervalorização
do conhecimento cognitivo em detrimento das demais competências do desenvolvimento dos
alunos, esta postura está voltada para os conteúdos da matéria ministrada, aposto que a outra
postura desloca o foco dos conteúdos para a formação individual. Partindo dessa situação de
dicotomia, faz-se necessário que o papel das disciplinas pedagógicas e da Didática no ensino
das disciplinas especificas sejam repensados, levando em consideração que a sala de aula é
um lugar de convivência e múltiplas aprendizagens.
A Didática ainda hoje é vista como um conjunto de normas e técnicas de ensino, por
essa razão é tão comum o discurso “ aquele professor não tem didática”. Todavia, a Didática
vai além desse pressuposto, para melhor compreensão da Didática é preciso antes
compreender os conceitos de Ensino e Pedagogia. Pimenta (1997), descreve o ensino como
atividade complexa na qual estão presentes diversos campos do conhecimento dentre os quais,
a Pedagogia e a Didática. A primeira vista esses dois campos do conhecimento podem ser
confundidos, no entanto são campos bem distintos entre si, cada um com suas especificidades.
A atividade educativa é inerente à sociedade humana, dessa forma, ensino e aprendizagem são
ações que podem ser observadas nos mais diferentes lugares, nas inúmeras formas pela qual a
educação pode se apresentar, assim embora a escola sistematize o ensino e o utilize de forma
intencional, ela não é o único lugar onde o ensino é praticado. Ações pedagógicas são
praticadas diariamente na sociedade, seja na mídia, nos programas sociais ou instituições
educativas, o pedagógico permeia os diversos âmbitos sociais, contudo ele não se resume ao
metodológico. Segundo Libâneo, Pedagogia é ante de tudo um campo do conhecimento sobre
a problemática educativa na sua totalidade e historicidade, Saviane descreve a Pedagogia
como a ciência da prática educativa destacando que por vezes ela foi identificada como o
modo intencional de se praticar a educação. Pedagogia pode ser entendida como a ciência da e
para a educação; como campo teórico da prática educacional. Didática por sua vez é uma área
da Pedagogia que investiga fundamentos e condições para a educação possa ser realizada por
meio do ensino, é uma ação historicamente situada, por meio da qual os conteúdos específicos
são transformados em mateias de ensino.
Entender os conceitos inerentes a Pedagogia, assim como a relevância da Didática nas
disciplinas especificas é fundamental para o trabalho do professor em sala de aula. A sala de
aula deve ser vista de forma ampla, como sendo o espaço onde haja a interação entre
professor e aluno; um espaço de convivência e troca de saberes. Nem professor nem aluno
chegam na sala de aula vazios, sem qualquer conhecimento prévio, ambos trazem consigo
além dos conhecimentos específicos as suas experiências acumuladas, nesse encontro
conflitos podem surgir, daí a importância de saber respeitar e compreender o outro, levando
em consideração que antes de assumirem o papel de professor e aluno são estes indivíduos
pessoas com históricos socioculturais diferentes. É na sala de aula que as representações da
escola se projetam, nesse espaço educativo a Pedagogia e a Didática se manifestam de forma
múltipla e diversificada de acoco com as pessoas que nela interagem, por essa razão a sala de
aula é um espaço privilegiado para a formação docente.
Hoje vivemos em uma sociedade “ilhada” por informações, onde muitos chegam a
contestar a importância do profissional docente. Em primeiro lugar é importante saber que há
um enorme abismo entre informar e forma. Conhecimento não limita a informação, conhecer
implicar em trabalhar a informação, se apropriar dela reelaborá-la por meio de processo
reflexivo e exercitar a inteligência afim utilizar o saber resultante desse processo de forma
útil. Nessa perspectiva, não basta o simples acesso aos meios de informação é necessário que
haja todo um trabalho para transformar essa informação em conhecimento e nesse contexto, o
professor tem uma responsabilidade e função a cumprir. Ao professor cabe a missão de
produzir a humanidade no homem. Ter consciência sobre o papel da educação para si e para o
outro é um fator relevante para a formação da identidade docente. A caracterização do
profissional docente se dá antes mesmo da formação inicial, quando ingressamos em uma
instituição de ensino superior já trazemos conosco saberes acerca de ser professor, saberes
advindos de nossas experiências de vida como alunos e das representações e estereótipos que
a sociedade propaga. A experiência como acadêmico durante a formação inicial, a experiência
adquirida no cotidiano dos espaços educativos, assim como a constante reflexão sobre a
prática e a internalização o ser professor vão construindo a identidade docente.
No trabalho docente é preciso saber articular os saberes pedagógicos e didáticos como
os conhecimentos específicos e a experiência. No entanto, por vezes o que acontece nos
cursos de formação docente é justamente a desarticulação dos saberes, sendo estes trabalhados
de forma isolada e descontextualizada valorizando um ou outro desses saberes de acordo
como os valores adotados nesta ou naquela instituição de ensino superior. Vivemos hoje em
uma sociedade tecnológica onde esse novo modo de vida exige uma nova postura mais
conscientes e crítica da prática, por isso repensar a o papel da didática é tão para o professor
nessa nova conjectura social. É certo que a teoria ilumina a prática mas a prática também pode
servir como base para a construção de novas teorias, para tanto registrar deve ser uma
habilidade exercitada tanto na formação quanto no exercício profissional, os memoriais são
excelentes fonte de pesquisa que podem alimentar a discursão em torno da educação com
prática social. O desafio da formação na atualidade está em proporcionar uma formação com
caráter crítico reflexivo que leve em consideração a complexidade da escola dentro da
sociedade e da sociedade dentro da escola.
A partir da década de 1990, ampliou-se a discursão em torno da qualidade do ensino,
hoje em dia as mudanças oriundas da revolução tecnológica fazem com que a busca pela
qualidade seja uma questão de necessidade, e não se pode pensar nessa conquista sem pôr em
discursão a formação inicial e continuada do professor. No cenário atual, em todas as esferas
sociais o que se espera são profissionais que tenham iniciativa, criatividade e criticidade, essas
competências pedem que seja repensado a formação dos profissionais docentes em todos os
níveis da educação.
Apesar da discussão acerca da qualidade de ensino trazer à tona a fragilidade da
formação inicial e continuada do professor, essa ainda é uma questão complexa. No tocante a
formação continuada, historicamente podemos observar a existência de dois modelos de
formação: o modelo clássico e as novas tendências de educação continuada. No modelo
clássico o professor que já possui uma formação inicial e está atuando nas escolas volta a
instituição de ensino superior para renovar seus conhecimentos por meio de cursos,
congressos, seminários entre outros eventos promovidos pelas secretarias de educação em
acordo com as universidades. Esse modelo é criticado por desconsiderar a escola como
produtoras de conhecimento conferindo esse status unicamente as Universidades. Embora
esse seja o modelo mais difundido e aceito, frequentemente ele é praticado sem que se leve
em consideração as reais necessidades dos profissionais da educação e esse pode ser um dos
motivos pelos quais muitos professores não demostrem interesse por participar de uma
formação continuada. Contrapondo-se ao modelo clássico de formação as novas tendências
em educação que apontam para um trabalho reflexivo da pratica docente, nessa perspectiva a
escola é vista como o espaço ideal para a construção e reconstrução do conhecimento
possibilitando ao professor viver em processo de constante construção de sua identidade. Essa
nova proposta leva em consideração o ciclo de vida docente permitindo que as diferenças
entre os docentes, seus anseios e necessidades sejam respeitadas.
No contexto atual da educação, a Pedagogia deve ir além dos aspectos meramente
organizacionais. O papel do pedagogo nessa conjuntura também está associado a promoção de
formação dos professores dentro da escola, atuando como um orientador pedagógico e não
apenas como o indivíduo que “cobra” os planos de aula. Sair da zona de conforto, deixar de
figurar como ocupante de um cargo administrativo e contribuir ativamente para a promoção
da qualidade e do ensino dentro da unidade escolar é papel do pedagogo dentro das novas
tendências em educação.
A sociedade assim como o próprio homem está em constante transformação, a
educação como ação inerente a sociedade também passa por transformações ocorridas na
sociedade e esse processo contínuo de mudança traz novos desafios para a Pedagogia e para o
professor. Desta forma, a compreensão do papel da educação na humanização do homem, da
significação pessoal e sociocultural do ser professor, da construção da identidade docente e de
todos os elementos intrínsecos a essa construção, da importância da formação inicial e
continuada, da articulação dos saberes pedagógicos, das experiências, do conhecimento da
importância da reflexão na ação sobre a ação e a reflexão na ação, se constitui como elemento
essencial para uma mudança na postura do ação docente e para o alcance de um objetivo
maior, a melhoria da educação nas escolas e a formação do cidadão crítico e autônomo.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA
Cento De Ciências Sociais Saúde E Tecnologia
Acadêmica: Ana Karla Pereira Silva
Estagio Em Disciplinas Pedagógicas

O Professor Frente aos Desafios da Sociedade Pós Moderna

Imperatriz
2014

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