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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DA CATEPA-MALANJE DEPARTAMENTO

DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

(COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA)

APONTAMENTO DE PSICOLOGIA PEDAGÓGICA

APOSTILA PARA USO EXCLUSIVO DOS ESTUDANTES

MALANJE
2023
CONCEITO DE EDUCAÇÃO
O conceito de educação tem sido definido por diversos autores e em diversos contextos.
Muitas vezes é confundido com outros conceitos, como desenvolvimento, aprendizagem,
saber, cultura. Efectivamente estes termos não são sinónimos, apesar de inter-relacionados.
Por exemplo. Por exemplo, considera-se que as prácticas educativas têm uma função
primordial no desenvolvimento humano, devendo a educação ser considerada um dos factores
explicativos básicos das mudanças psicológicas que as pessoas experimentam.
O termo educação assume frequentemente significados morais. Dizer de um indivíduo que ele
é educado implica referência a um código de conducta, boas maneiras, porventura à excelência
de carácter. Nas escolas frequentemente os professores queixam-se de alunos mal-educados e
elogiam os alunos bem-educados.
Definição de educação. 1- Acção intencional ou voluntária de um adulto (educador) sobre uma
criança (educando), usando mais ou menos métodos autoritários ou dialogantes, tradicionais
ou modernos. 2- A educação é ainda vista como a inserção do indivíduo numa sociedade que
se pretende ordenada e harmónica (Estrela, 2002: 17). Esta definição é, de certo modo,
concordante com a postura de Durkheim (1996), que tal como referido por Postic (1984),
considerava que o sistema de educação não teria em vista, em primeiro lugar, o
desenvolvimento do indivíduo, mas seria um meio de a sociedade o integrar nas suas
estruturas.
Não obstante as diversas compreensões acerca do conceito de educação, a Declaração
Universal dos Direitos Homem, da Organização das Nações Unidas (1948), no seu artigo 26.º,
preconiza que a educação formal, é um direito fundamental.
1- Toda pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente
ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório, o ensino técnico e
profissional deve ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos
em plena igualdade, em função da meritocracia.
2- Aos pais pertence a prioridade do direito de escolher o género de educação a dar aos filhos.

CONCEPÇÕES ACTUAIS EM PSICOLOGIA PEDAGÓGICA


Os psicólogos da educação visam contribuir para a compreensão e melhoria da educação e do
ensino, oscilando entre posturas mais centradas nos processos psicológicos e posturas mais
centradas nos componentes educativos, verificando-se também uma tendência de alargar o
âmbito de acção a outros contextos educativos, como a família. ( Coll, 2000).
TRÊS PILARES DA PSICOLOGIA PEDAGÓGICA
1- Autores que entendem a Psicologia Pedagógica como um mero campo de aplicação dos
conhecimentos da Psicologia, isto é, uma Psicologia aplicada à educação. Este pensamento foi
a predominante até aos anos 50, nesta perspectiva, não se pode considerar a Psicologia
Pedagógica uma disciplina com identidade própria (não tem um objecto de estudo).
2- Autores que consideram os conteúdos da Psicologia Pedagógica como devendo ser integrados
numa disciplina mais ampla. Esta perspectiva defende a existência de uma ciência integrada da
educação que incluiria contribuições de outras áreas do saber como a Filosofia, a Sociologia e
a História.
3- Algumas propostas intermédias encaram a psicologia da educação como uma disciplina ponte
entre a psicologia e a educação, salientando a necessidade de ter em conta tanto os processos
psicológicos, como as características da situação educativa. Assim, pode contribuir de forma
original e substancial para o conhecimento psicológico e para a práctica educativa, não se
limitando a aplicar o conhecimento da psicologia à educação e ao ensino. É necessário, assim,
efectuar pesquisas aplicadas, dirigidas aos problemas, factores e variáveis das situações
educativas. Nesta perspectiva, a mais defendida na actualidade.

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Evolução Histórica da Psicologia Pedagógica
O surgimento da psicologia pedagógica está relacionado com o processo de ideias genéticas e
de evolução, na psicologia e com várias experiências ligadas a psicologia geral.
Os problemas ligados a psicologia pedagógica eram abordados pela psicologia. Ela começou a
manifestar no fim do século XIX e no princípio do século XX. Os representantes não tinham
ainda realizados obras de investigações particulares. Eles limitavam-se simplesmente em
apresentar os acontecimentos e as leis da psicologia geral, da psicologia das idades, necessárias
para os docentes. Por isso a pedagogia era na altura chamada como psicologia do professor.
A Psicologia pedagógica percorreu um longo caminho no processo para se tornar uma disciplina
com identidade própria, que ainda está em construção. Nesse processo muito são autores que
influenciaram sua história, problemas conceituais e definição do seu objeto de estudo.
Essas influências vêm de diferentes áreas do conhecimento, especialmente da filosofia,
educação e psicologia. Além disso, tem dado resposta a diferentes questões, influenciadas por
sua história e o contexto em que esteve desenvolvido.
Portanto, para entender oque é a psicologia hoje, é importante percorrer sua história e a partir
daí conhecer seus percussores e raízes conceituais. Essa mesma história é que influenciou as
dificuldades que está disciplina teve para definir seu objeto de estudo e para onde vai.
A Psicologia Pedagógica: Origem e evolução História
A psicologia é o estudo cientifico do comportamento e de processo mentais. A psicologia
pedagógica é o ramo da psicologia dedicado à compreensão do ensino e da aprendizagem em
ambientes educacionais.
Alguns autores entendem que a psicologia pedagógica é o resultado da seleção entre conjunto
de princípios e explicações que as diferentes áreas ou especialidade da psicologia
proporcionaram, os aspectos especialmente relevantes e pertinentes para educação e para o
ensino.
Antecedentes históricos da Psicologia Pedagógica
O campo da psicologia pedagógica foi criado por diversos pioneiros em psicologia no final do
Século XIX, bem antes do início do século XX, dois pioneiros- Wiliiam James e John Dewey,
destacaram-se no início da história da psicologia pedagógica.
Contribuição de Wiliam James

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Logo após lançar o primeiro livro-texto de psicologia, Principles Of William James Psychology
(1890), William James proferiu uma série de palestra intitulada Talks to teacher,(1899-1910),
em que discutia as aplicações da psicologia da educação de crianças.
James argumentou que os experimentos laboratoriais em psicologia muitas vezes não
conseguem nos dizer, eficientemente, como ensinar crianças. Ele enfatizou a importância de
observar do ensino e a aprendizagem em sala de aula para aprimorar a educação. Uma das suas
recomendações era a de criar as aulas em um ponto além do nível do conhecimento e
compreensão para expandir a mente dela.
Contribuição de John Dewey
Uma segunda figura importante no desenvolvimento do campo da psicologia pedagógica foi
John Dewey (1859-1952), que tronou uma força motriz na aplicação prática da psicologia.
Dewey, estabeleceu o primeiro e mais importante laboratório de psicologia educacional nos
Estados Unidos, na Universidade de Chicago, em 1894. Posteriormente na Universidade de
Columbia, continuou seu trabalho inovador.
Muitas ideias importantes devem a John Dewey (Berliner, 2006, Glassman, 2001).
Primeiramente, devemos a ele a visão do aprendiz activo, antes de Dewey, acreditava-se que as
crianças deveriam permanecer sentadas silenciosamente em suas cadeiras e aprender
passivamente de uma maneira mecânica. Em contraste, ele argumentou que as crianças
aprendem melhor realizado.
Em segundo lugar, devemos a Dewey a ideia de que a educação deve enfocar a criança como
um todo e enfatizar a adaptação da criança ao ambiente. Dewey considerou que as crianças não
devem ser educadas apenas em tópicos académicos, mais sim, aprender como pensar e se
adaptar em mundo fora da escola.
Em terceiro lugar, devemos a ele a crença de que todas as crianças merecem ter uma educação
competente. Este ideal democrático não estava em vigor no início da carreira de Dewey, no
final do século XIX, quando as qualidades da educação eram reservadas apenas para uma
pequena parcela das crianças, especialmente meninos de família abastadas.
Dewey lutou por uma educação competente para todas as crianças-meninos e meninas bem
como para as crianças, de diferentes grupos sócio-economico e étnicos.

A educação representa desde os primórdios e principalmente na actualidade o recurso


mais precioso numa sociedade, factor reforçado no mundo globalizado em que vivemos. As
gerações precedentes a nós fizeram muitos esforços para educar as novas gerações. Desse modo,
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a Psicologia da Educação constitui um campo do conhecimento que historicamente vem
actuando no sentido de subsidiar a prática educacional em todos os contextos nos quais o
homem torna-se humano. O interesse pela educação, suas condições e seus problemas foi
sempre uma constante entre filósofos, políticos, educadores e psicólogos.
A Psicologia da Educação é o ramo da psicologia que se propõe a estudar o processo
de ensino e aprendizagem em suas diversas vertentes: os mecanismos de aprendizagem nas
crianças e nos adultos; a eficiência e eficácia das estratégias educacionais; bem como o estudo
do funcionamento da própria instituição educacional enquanto organização buscando
compreender os processos de desenvolvimento e aprendizagem humana, bem como
compreender e explicar os fenômenos de ordem psicológica que ocorrem em contextos de
educação formal e não formal. Os psicólogos escolares desenvolvem o seu trabalho em conjunto
com os educadores e as famílias na tentativa de alcançar um processo de aprendizagem mais
efectivo, principalmente no que diz respeito à motivação e às dificuldades de aprendizagem.
As origens da Psicologia da Educação são observadas ainda na fase do Funcionalismo,
nos Estados Unidos, em função das características próprias da sociedade americana, em especial
o pragmatismo, onde só era valorizado o que era útil. Por essa razão, a Psicologia da Educação
surge inicialmente para resolver os problemas da educação nos Estados Unidos, por volta de
1894. A partir dessa década, o número de psicólogos voltados para esse campo teve um
crescimento admirável.
1.2. Conceito da Psicologia Pedagógica
A Psicologia Pedagógica (ou Psicologia Educacional, como também é conhecida)
corresponde ao ramo da Psicologia que se aprofunda no processo de ensino e aprendizado nas
mais diversas vertentes, sendo algumas delas:

• O funcionamento dos mecanismos de aprendizagem em crianças e adultos;


• A eficácia das estratégias educacionais;
• O funcionamento da própria escola enquanto organização.
Ela também é responsável por entender tudo aquilo que pode ser um entrave para a absorção
do fluxo de informação por parte dos alunos, como as dificuldades de aprendizagem —
transtornos de déficit de atenção, dislexia, dislalia, discalculia entre outras — e os problemas
emocionais.
Objecto de Estudo da Psicologia Pedagógica

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Coll (2000, p.27) refere que o objecto de estudo da Psicologia Pedagógica são os
processos de mudança comportamental, provocados ou induzidos as pessoas como resultado da
sua participação em actividades educativas.
Coll (2000, p.25) refere ainda que a Psicologia Pedagógica estuda os processos
educativos com três finalidades:
1- Contribuir para a elaboração de uma teoria explicativa destes processos;
2- Elaborar modelos e programas de intervenção dirigindo a sua acção sobre eles com uma
finalidade determinada;
3- Dar lugar a uma prática educativa coerente com as propostas teóricas formuladas.
A Psicologia da Educação estuda todos os aspectos das situações da educação, sob a
ótica psicológica, assim como as relações existentes entre as situações educacionais e os
diferentes factores que as determinam.
Tarefas da Psicologia Pedagógica

A psicologia pedagógica no âmbito escolar se norteia pela perspectiva de procurar


relacionar os conhecimentos específicos da psicologia com os conhecimentos educativos. Pois,
trata-se de um trabalho de reflexão sobre a prática, a partir da teoria.

Os profissionais precisam dispor de conhecimentos dos temas tratados pela educação,


da problemática do contexto escolar e das teorias pertinentes ao assunto a fim de explicitarem
e fundamentarem adequadamente suas práticas.

Uma das principais tarefas que o psicólogo escolar, pode desenvolver nas instituições
educacionais é participar da formação dos educadores, contribuindo para que eles estejam cada
vez fortalecidos e instrumentalizados para uma actuação de qualidade junto aos alunos, entre si
e com a comunidade escolar.

Para Souza (2002) as tarefas que o psicólogo desenvolve juntos dos educadores são;

 Ajudar o professor a reflectir sobre sua infância, para assim compreender melhor a infância de
seus alunos;
 Ajudar o professor a reflectir sobre sua família para compreender melhor a dinâmica familiar
dos alunos;
 Auxiliar o professor a conhecer e reflectir sobre o processo desenvolvimento humano e os
processos de ensino- aprendizagem e as teorias a respeito;

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 Reflectir sobre as questões éticas e políticas relacionadas à educação e ao cenário escolar;
conduzir intervenções no cenário escolar, com respeito à figura do professor, dialogando com
ele, colaborando em suas necessidades de reflexão e de construção do conhecimento, sem
imposições;
 Desenvolver trabalhos de Orientação Profissional e Vocacional com os alunos;
 Dialogar junto do corpo docente, com os pais e encarregados de educação sobre o
desenvolvimento acadêmicos dos alunos, metodologia e objectivos da escola bem como sobre
dificuldades dos alunos;
 Participar, junto da comunidade escolar, da construção do seu projecto educativo escolar.

Os psicólogos escolar desenvolvem seu trabalho em conjunto com os professores de


forma a tornar o processo de aprendizagem mais efectivo e significativo para o discente,
principalmente no que diz respeito à motivação e as dificuldades de aprendizagem, focam sua
atenção nas necessidades da criança na escola, no desenvolvimento das capacidades e nas
dificuldades de aprendizagem, como no caso da desordem por déficit de atenção, hiperatividade,
problemas emocionais, problemas comportamentais, entre outros.

Métodos da Psicologia Pedagógica


Na vida quotidiana estamos sempre perseguindo objectivos. Mas estes não se realizam
por si mesmos, sendo necessária à nossa actuação, ou seja, a organização de uma sequência de
acções para atingi-los. Os métodos são, assim, meios adequados para realizar objectivos.

Haydt (2011), refere que o termo método vem do grego (méthodo) que significa caminho
para chegar a um fim. Logo método de ensino expressa a relação conteúdo-método, no sentido
de que tem como base um conteúdo-método, no sentido de que tem como base um conteúdo
determinado (um facto, um processo, uma teoria etc.).

O método vai em busca das relações internas de um objecto, de um fenômeno, de um


problema, uma vez que esse objecto de estudo fornece as pistas, o caminho para conhecê-lo.
Mas, quando falamos que o método propicia a descoberta das relações entre as coisas que se
estudam, referimo-nos à ideia de que os factos, os fenômenos, os processos estão em
constante transformação, em constante desenvolvimento, em virtude de que é pela acção
humana que as coisas mudam.

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Feita esta apreciação, podemos afirmar que não existem métodos universais no ensino
que se apliquem ao ensino de todas as matérias escolares.

Importa perceber que os métodos psicopedagógicos são diferentes dos lógicos pelo facto
de o seu objectivo não ser a descoberta e a sistematização das verdades, mas sim a educação do
homem.

Como ser sobre o qual actua o método psicopedagógico não é um corpo inerte e sem
vida, mas sim um ser activo e criador, significa que a finalidade dos métodos psicopedagógicos
não é propriamente a transmissão do conhecimento e hábitos ao educando. Todavia, facilitar a
aquisição de conhecimento e hábitos pelo exercício da sua própria actividade espiritual.

As principais funções do método devem consistir em estimular e provocar, estimular e


dirigir a actividade daquele que aprende. E por esta razão, o método é adaptado à natureza
daquele que tem a vontade de aprender e aos fins da educação.

Divergência de opiniões sobre o uso dos métodos

Em função da complexidade do processo de ensino e aprendizagem, alguns educadores


revolucionários negam o valor dos métodos, argumentando que o verdadeiro método consiste
em não ter método nenhum.

Na opinião desses educadores, o método constitui a morte de toda a educação, a ruina


de toda a formação espiritual, pois mecaniza o ensino, impedindo o livre da actividade criadora
da criança e não só, assim como iniciativa criadora do mestre.

Nós defendemos que a objecção com que se identificam esses pensadores não tem razão
de ser, pois o método psicopedagógico não é considerado como uma série de fórmulas rígidas
e mecânica, mas como um conjunto de princípio plásticos e flexíveis que se podem ajustar à
actividade espontânea e livre do aluno e do mestre.

Embora o processo de ensino e da educação seja complexo, a psicologia pedagógica utiliza os


principais métodos da psicologia e da pedagogia, dentre os quais se destaca mais a observação.
Estrutura da Psicologia Pedagógica

A Psicologia do ensino

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Investiga as bases psicológicas do processo de ensino.

As características psicológicas do processo de ensino são:

- O processo de ensino é multilateral: para que se realize o processo de ensino, temos que
considerar o professor, o aluno (estudante) e o meio social;
- O processo de ensino é complexo: a complexidade do processo de ensino é justificada pela
participação de muitos professores e cada um deles com diferentes exigências. De igual modo,
participam muitos alunos com diferentes particularidades psicológicas, intelectuais e sociais,
dificultando, amiúde, o trabalho do professor e dos alunos;
- O processo de ensino é activo: o êxito desse processo depende do esforço do professor e do
aluno. É importante que tanto o professor, quanto o aluno se empenhem de forma activa para
ensinar e aprender;
- O processo de ensino é dirigido: o professor, de forma directa, dirige, organiza, orienta e
controla o processo de ensino e de forma indirecta, dirigem o ensino a direcção da escola, as
instituições municipais e provinciais;
- O processo de ensino é consciente: no processo de ensino os alunos recebem conhecimentos e
experiência humana de forma consciente e voluntária;
- O processo de ensino é educativo: o processo de ensino não se destina apenas a transmitir e
adquirir os conhecimentos científicos, mas também, facilitar que os alunos desenvolvam seus
processos, propriedade e estados psíquicos, proceder a formação do carácter dos alunos e a sua
conduta;
- O processo de ensino é sequencial: parte do mais simples ao complexo.

Psicologia do professor
Investiga as bases psicológicas e pedagógicas da actividade profissional da personalidade do
professor. Coelho (2010), fortalece esta ideia explicando que, para se ter “ensino de qualidade
é indispensável que o professor saiba como se processa o desenvolvimento da criança ou aluno
nos diferentes momentos do seu desenvolvimento” que tenha conhecimentos sólidos sobre
motivação, aprendizagem e ter interesses, atitudes e anseios que o aproximem e o habilitem a
compreender as outras pessoas de forma a trabalhar com elas dentro de um clima, onde
predomine o calor humano e harmonia. A tarefa do professor na formação de atitudes positivas
de seus alunos é grande.
Psicologia do aluno

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Indaga as atitudes e disposição do aluno perante o processo de ensino e educação.
Pretende-se realçar a ideia de que a atitude e a disposição do aluno ante o processo de ensino
representa uma base psicológica sólida para a aquisição e assimilação de conhecimentos.
Portanto, quer a atitude, quer a disposição do aluno perante o processo de ensino, dependem
de vários factores, destacando os seguintes:

1. A boa saúde física e mental;


2. A capacidade intelectual suficiente para assimilar e aprender determinados conhecimentos,
modos e maneira para a actividade escolar;
3. O bom ambiente familiar e escolar;
4. O esforço individual para a construção do conhecimento.

Orientação Metodológico do Professor

A escola e os professores existem para ensinar e educar. E ensinar e educar implica


preparação, actuação e reflexão das acções. Daí que, para o trabalho de orientação profissional
dos alunos, o professor como figura privilegiada deste labor, necessita também de uma
preparação metodológica. No contexto pedagógico, o conceito preparação metodológica, se
utiliza para representar um processo de apropriação de conhecimentos e desenvolvimento de
habilidades, que fazem com o professor não só instrua e eduque, mas que também, possa
orientar os alunos a partir da sala de aulas de forma adequada.

Importa aqui frisar que Álvarez (1999), concede grande importância ao conceito de
preparação e porque para ele é o ponto de partida da ciência pedagógica e uma das suas
categorias. Esta conotação está dada pela importância que tem para a sociedade satisfazer as
necessidades da formação das novas gerações, para a qual se requer da condução consciente e
óptima dos processos fundamentais que se desenvolvem para a preparação do homem, a quem
considera preparado para desempenhar um determinado papel, quando pode enfrentar-se com
os problemas que lhe são apresentados e os resolve. Sustenta, além de mais, que a função do
processo de formação é preparar o homem como ser social, o que implica que deve apropriar-
se da cultura que lhe há precedido e, desenvolver suas potencialidades espirituais e físicas e os
valores acumulados pela sociedade na sua origem histórica.

Estas considerações terão sua razão de ser, caso se assume a preparação dos professores
tendo em conta a educação permanente, cujo enfoque implica aprendizagens diversos, desde
análise e reflexão sobre a própria prática até ao domínio de novos conteúdos resultado de

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processos de actualização. Este é um dos motivos pelo qual, na actualidade, se promova
constantemente a preparação metodológica dos professores.

A flexibilidade na concepção e organização desta preparação não deve interpretar-se


como uma imposição, senão como uma crescente demanda que obriga à meditação, planificação
e consequentemente selecção de seus conteúdos e vias de realização, na busca de alternativas
viáveis para alcançar seus propósitos.

TEMA 2- OBSERVAÇÃO NA SALA DE AULA E AVALIAÇÃO ESCOLAR


Podemos admitir antes que avaliação faz parte da vida humana em todas as dimensões.
Logo, ela existe desde os primórdios da humanidade, porque é por meio da avaliação que
percebemos o nível do alcance dos objectivos preconizados, mas também projetarmos ou
reprojectarmos as futuras actividades. Dentro dessa perspectiva
A avaliação atravessa o acto de planificar e de executar; por isso, contribui em todo o percurso
da acção planificada. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva político
social, como também na seleção de meios alternativos e na execução do projecto, tendo em
vista a sua construção. (...) A avaliação é uma ferramenta da qual o ser humano não se livra.
Ela faz parte de seu modo de agir e, por isso, é necessário que seja usada da melhor forma
possível (Luckesi,2002, pag.80).
Para Coelho (2010), a Pedagogia actual, tem chamado a tenção para o papel desempenhado
pelos processos de observação e avaliação como fundamental para toda acção educativa.
2.1- A observação na sala de aula
A observação e a avaliação são dois principais pilares da educação. Um completa o outro
e neles assenta a relação entre professores e alunos para facilitar o processo de orientação das
actividades pedagógicas e didácticas.
A observação na sala de aula é um processo que inclui a atenção voluntária, a
inteligência dirigida e selectiva sobre uma pessoa, um objecto, a fim de sobre eles recolher
informações.
A observação é o principal pilar de regulação das actividades do professor e dos alunos,
uma vez que através desta se pode caracterizar a situação educativa.

Para o professor, uma boa observação pode ajudá-lo a identificar e reconhecer os problemas
dos alunos, identificar-se com a compreensão empática, colocar problemas e resolvê-los,
recolher objectivamente as informações e contribuir para o processo de avaliação.
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A observação é um método que o professor usa para melhor conhecer seus alunos,
identificando suas dificuldades e avaliando seu avanço nas várias atividades realizadas e seu
progresso na aprendizagem. É em função da observação directa dos alunos no contexto das
atividades cotidianas da sala de aula, onde os alunos agem espontaneamente, sem pressão
externa que altere sua conduta, como no caso de uma situação de prova, o professor pode
colher e registrar muitas informações úteis sobre o aproveitamento escolar, complementando
os dados fornecidos por provas e testes.

Levando em prática uma observação selectiva durante a relação professor-aluno e a


relação entre alunos - aluno-aluno, o professor pode, quando existirem, identificar alunos
problemáticos, agressivos, aqueles que procuram chamar atenção, desatentos, os que não se
preparam para as aulas, aqueles que apresentam sempre desculpas sobre as tarefas orientadas
pelos professores ou professoras, desanimados, com problemas psicológicos, etc.
A avaliação escolar
Piletti (2010), define avaliação como processo contínuo de pesquisas que visa interpretar
os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no
comportamento, propostas nos objectivos, a fim de que haja condições de decidir sobre
alternativas do trabalho do professor e da escola como um todo.
Na concepção de Haydt (2011), a avaliação não é um fim, mas um meio: para o aluno,
é um meio de superar as dificuldades e continuar progredindo na aprendizagem; para o
professor, é um meio de aperfeiçoar seus procedimentos de ensino. Neste sentido, a avaliação
assume um sentido orientador.

Do ponto de vista histórico, o estudo dos problemas psicopedagógicos da avaliação dos


conhecimentos escolares foi iniciado de maneira sistemática nos princípios dos anos 20 por
Henri Pieron, considerado o fundador da Docimologia.

Na visão deste autor, a Docimologia é o estudo sistemático dos exames, atribuição de


notas, variabilidade, Inter-individualidade e intraindividualidade dos examinadores, factores
subjectivos.

A avaliação é uma tarefa encarada por muitos alunos como uma ameaça imposta ou um
processo passivo de recompensas e punições, um meio de selecção social, de rejeição de uns e
escolha de outros.

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A independência que os professores têm em traduzir os resultados da avaliação dos
alunos nas pautas, causa satisfação para uns e insatisfação para outros. O estudante deve
consciencializar-se que no Ensino Superior não existe conselho nota, facto que torna muito sério
o esforço do estudante para aprender de forma activa e duradoura. O sucesso do estudante
depende de si mesmo.

Para Gil (2013, p. 239), ‘‘o maior problema da avaliação no Ensino Superior, está no
facto de que normalmente ela envolve sérias consequências para quem está sendo avaliado’’.
As notas das avaliações determinarão a aprovação ou reprovação do estudante. Ora, são os
resultados da avaliação, expressos em números, que poderão afectar a auto-estima, motivar o
estudante a se esforçar pelas leituras ou exercícios, levá-lo a pensar a abandonar o curso por ser
difícil segundo sua constatação, guiá-lo no campo de escolha pela sua especialização, afectar
seus planos de estudo para o mestrado, enfim, influenciar o desenvolvimento de sua carreira.
Funções da avaliação
A função da Avaliação no processo de ensino – aprendizagem
Para o professor
Ajuda o professor situar o aluno nas suas aprendizagens, identificando os seus pontos fortes e
fracos e, consequentemente rever os métodos e recursos didácticos de trabalho; Identificar
actividades apropriadas que colocam o aluno numa situação de aprendizagem efectiva e ativa,
por conseguinte, para o êxito do processo. Conhecer e compreender melhor o programa de
ensino e verificar a sua pertinência; Compreender melhor os factores que inflem no
desempenho do aluno nas diferentes matérias escolares. Fornece subsídios, para tomar decisões
acertadas acerca do aluno; Através do processo de avaliação, o professor pode detectar lacunas,
dificuldades e debilidades nos alunos e conceber estratégias pedagógicas propícias para
ultrapassar os problemas identificados. Pelo mesmo processo, a escola tem autonomia de alterar
os métodos de gestão de sua escola se for necessário.
Neste contexto, a avaliação não significa classificação apenas do aluno, mas sim, trata-se
também, de um conceito com significado mais abrangente. Serve para avaliar o
professor, aluno e o processo de ensino-aprendizagem.
Avaliação é um processo que proporciona ao especialista da educação, dados relevantes,
fiáveis, quantitativos e qualitativos para atribuição de um juízo de valor a partir de
procedimentos e instrumentos de mensuração (observações, provas, tarefas, exercícios
teóricos e práticos, projecções...).
Nesta conformidade, a avaliação cumpre muitas funções como:
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. Função da avaliação no aluno
Conhecer os seus pontos fortes e fracos de aprendizagens;. Fazer a sua auto - avaliação;
Cultivar o espírito crítico e de auto - estima; Conhecer o seu professor.
Para o Ministério da Educação
Conhecer o sistema educativo no seu todo e; Tomar medidas mais convenientes conducentes
à melhoria de qualidade de ensino, por exemplo, reciclar os professores, reformular os
programas de ensino, proporcionar meios de ensino mais adequados e adaptados a realize
cultural nacional.
Assim sendo, pode-se concluir que o objecto de avaliação não é apenas o aluno. As funções
de avaliação são várias, abrangentes e consistem na recolha de informação relevante sobre um
dado fenómeno com vista a obter a melhoria ou qualidade de educação.
Resumo da funções da avaliação
Função orientadora; (acção ou actividade do professor);
Função fiscalizadora;(fiscaliza o ritmo do processo);
Função correctiva;(corrige erros durante o percurso) e;
motivadora (motiva o progresso do aluno).
Assim, no início do processo temos a avaliação diagnóstica que se aplica para verificar:

- Conhecimentos que os alunos têm; - Pré-requisitos que os alunos

apresentam;

- Particularidades.
2.4 Características da avaliação de aprendizagem
A avaliação com finalidade educativa, normalmente, é sistemática, contínua e integral.
1- Avaliação sistemática: a sistematicidade da avaliação torna um facto quando obedece a um
programa, isto é, não é feita de modo ocasional ou acidental.
2- Avaliação contínua: é a avaliação que se realiza ao longo do processo de ensino aprendizagem.
Não se espera avaliar o aluno apenas no final do trimestre, semestre ou no final do ano.
3- Avaliação integral: esta avaliação incide sobre todos os elementos que intervêm em todo
processo de ensino. E esses elementos são:
a) Elementos materiais: edifício, salas, mobiliário, livros, e todo material.
b) Elementos formais: planos, programas, regulamentos, etc.
c) Elementos categoriais: espaços disponíveis, horários, etc.
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d) Elementos metodológicos: orientação, métodos de ensino.
e) Elementos pessoais: alunos e professores.
2.4 Modalidades de avaliação
Em função das finalidades que temos ao avaliar, podemos distinguir entre modalidades de
avaliação: a avaliação diagnostica, a avaliação formativa e avaliação sumativa. Vamos passar a
uma análise breve de cada uma destas modalidades.
2.4.1 A avaliação diagnóstica
A avaliação diagnostica é a modalidade de avaliação que averigua se os alunos possuem
os conhecimentos e aptidões para poderem iniciar novas aprendizagens. Permite identificar
problemas, no início de novas aprendizagens, servindo de base para decisões posteriores, no
sentido de adequação do ensino às características dos alunos.
Verifica-se o aluno possui as aprendizagens anteriores necessárias para que novas
aprendizagens tenham lugar (avaliação dos pré-requisitos) e também se os alunos já têm
conhecimentos da matéria que o professor vai ensinar, isto é, que parte das aprendizagens que
se pretendem iniciar são já dominadas pelos alunos (avaliação dos níveis de entrada). A
avaliação diagnóstica não corre em momentos temporais determinados, podendo realizar-se no
início do ano, no início de uma unidade de ensino e sempre que se retende introduzir uma nova
aprendizagem.
Bloom, Hasting e Madaus (1983) dizem que avaliação diagnostica “tem como função
principal a localização do aluno; isto é, tenta focalizar a instrução, através da localização do
ponto de partida mais adequado”. Isto é, procuramos assegurar-nos de que o aluno esteja numa
situação inicial propiciadora de sucesso na aprendizagem. Para isso, precisamos de conhecer os
seus interesses, aptidões, personalidade e o seu percurso de aprendizagem em relação a uma
determinada estratégia de ensino.
Ferreira (2007) entende que “determinar o grau de preparação do aluno antes de iniciar
uma unidade de aprendizagem, já determina o seu nível prévio e possibilita averiguar possíveis
dificuldades que possa ter no decorrer do processo de ensino-aprendizagem.
No entanto, o objectivo fundamental desta avaliação, reside no facto de ajudar o
professor a possuir uma ideia sobre o perfil de entrada, dos seus alunos num determinado ciclo
formativo.
2.4.2 A avaliação formativa
Ela também é chamada ou sistemática. Acontece durante a aula, trimestre ou durante o ano
lectivo. Visa verificar se a aprendizagem está a decorrer como previsto, nomeadamente, no que
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respeita aos obectivos e conteúdos essenciais. Assim, com esta avaliação procura-se identificar
as dificuldades de aprendizagem dos alunos, de forma a readaptar o ensino com a finalidade de
ajudar os alunos a superarem as dificuldades. Ela incide sobre as sequencias curtas de ensino,
mas que que avalia em profundidade e em pormenor o nível de aprendizagem, tal como diz
(Marques, 2010, p.15).
Pretende modificar e aperfeiçoar, durante o próprio processo a avaliar, tudo que se não ajuste
ao plano estabelecido, ou se afaste das metas fixadas. Na sua dimensão formativa, a avaliação
é usada para apoiar ou reforçar o desenvolvimento continuado de um programa ou de uma
pessoa, com o fim de reorientar a conduta de cada um. Em educação suporia avaliar o processo
completo que o aluno segue nas suas tarefas para introduzir, na sua marcha, ao ajuste do tempo,
a mudança de actividades, etc. (Rivilla e Mata, 2002, pag.76).
A avaliação formativa é a modalidade de avaliação que visa informar o aluno e o seu
encarregado de educação, os professores e outros intervenientes sobre a qualidade do processo
educativo e aprendizagem, bem como do estado do cumprimento dos efectivos do currículo.
Possui um carácter sistemático e continuo sendo da responsabilidade conjunta do professor, em
diálogo com os alunos e outros professores. A sua planificação deve permitir a existência de
momentos organizados de avaliação formativa, recolhendo informações com regularidade
acerca do processo de aprendizagem.
Mas, precisamos dirimir a ideia de identificar, de forma total, a avaliação formativa com
avaliação contínua, isto tudo porque a avaliação contínua pode ser também necessariamente
sumática, tal como acontece na realidade angolana, sendo que a avaliação formativa não.
As vantagens de uma avalição realizada continuadamente na sala de aula, isto e, da
avaliação formativa, permite a regulação do processo de aprendizagem pela adoção de medidas
de recuperação ou de estratégias de ensino individualizadas, o que se converte num factor de
êxitos para a realização da avaliação sumativa e, assim, torna o processo de ensino
aprendizagem mais motivador para o aluno proporciona a análise do processo didático no
sentido de melhorar e lhe atribuir mais qualidade, permite adaptar atempadamente medidas de
intervenção face as dificuldade e aos erros dos alunos, tornando-a economicamente vantajosa,
porque se evita a reprodução dos alunos e a produção de mais de ano, e que acarretaria gastos
para a administração e para as escolas ( Ferreira, 2007, pag. 29).
Mas, precisamos dirimir a ideia de identificar, de fora total, a avaliação formativa com
a avaliação contínua, isto tudo porque a avaliação continua pode ser também necessariamente

17
sumatica, tal como acontece na realidade angolana, sendo que avaliação formativa é igual ou
sinônimo da avaliação contínua.
2.4.3 A avalição Sumativa
Ocorre após a realização de uma actividade lectiva, de forma a conseguir fazer um
balaço final que os alunos aprenderam. Ela incide sobre seguimentos curto, médio e,
fundamentalmente, vasto de matéria, selecionando conteúdos relevantes e fornecendo uma
visão conjunta da turma ou mesmo, da escola em geral sobe aquilo que os alunos aprenderam
através da visualização de notas. Portanto a avaliação sumativa destina-se a obter dados
classificar os alunos, isto mesmo é o que nos diz (Marques, 2010, p.14)
A avalição sumativa tem por objectivo principal o controlo dos resultados, pretendendo
determinar se os objectivos previstos foram conseguidos ou não e até que ponto foram. Chama-
se de avaliação final exactamente porque pretende controlar somente a qualidade do produto
final. E neste que Sacristán (1993) diz que avalição sumativa faz referência ao juízo final global
de um processo que terminou e sobre o qual se emite uma valoração final.
2.4 Auto motivação e clima democrático
Proporcionar a todas as crianças e jovens o acesso e a permanência na escola, provendo-
lhe uma sólida e duradoura formação cultural e científica, é dever da sociedade e,
particularmente, do poder público. A escolarização é um dos requisitos fundamentais para o
processo de democratização da sociedade, entendendo por democratização a conquista, pelo
conjunto da população, das condições materiais, sociais, políticas e culturais que lhe
possibilitem participar na condução das decisões políticas.
A escolarização necessária é aquela capaz de proporcionar a todos os alunos, em
igualdade de condições, o domínio dos conhecimentos sistematizados e o desenvolvimento de
suas capacidades intelectuais requeridos para a continuidade dos estudos, e para as tarefas
sociais e profissionais, entre as quais se destacam as lutas pela democratização da sociedade.
A auto-avaliação é dos elementos da autonomia que acompanha a realização das
actividades com objectivos bem definidos. Auto-avaliação é busca do sucesso.
De que se trata quando se refere da autoavaliação?
Segundo Gil (2013, p. 253, para. 1), ‘‘autoavaliação é o processo pelo qual as pessoas
se apercebem do quanto aprenderam e em que medida se tornaram capazes de proporcionar a
si mesmas informações necessárias para o desenvolvimento da aprendizagem. Trata-se de
perceber a si mesmo’’.

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O sujeito em situação de aprendente ou de orientador avalia o seu próprio conhecimento,
conforme suas próprias opiniões e acaba por ser capaz de estabelecer um equilíbrio entre os
seus pontos de vista e de outros, revelando-se capaz de reconhecer as suas capacidades e
limitações.
Em síntese, a escola é um meio insubstituível de contribuição para as lutas democráticas,
na medida em que possibilita às classes populares, ao terem o acesso ao saber sistematizado e
às condições de aperfeiçoamento das potencialidades intelectuais, participarem activamente do
processo político e cultural. Uma pedagogia voltada para os interesses populares de
transformação da sociedade compreende o trabalho pedagógico e docente como processo de
transmissão/assimilação activa dos conteúdos escolares, inserido na totalidade mais ampla do
processo social. É uma pedagogia que articula os conhecimentos sistematizados com as
condições concretas de vida e de trabalho dos alunos, suas necessidades, interesses e lutas.
2.6 Empenho no Sucesso Escolar
O mais importante que o professor tem a fazer, enquanto facilitador do processo ensino
aprendizagem, é conseguir que seus alunos aprendam. Para levar seus alunos ao sucesso escolar,
o professor tem de ser capaz de diferenciar as situações de aprendizagem e saber integrar todos
os alunos, enquanto grupo e cada aluno, individualmente. Para esse efeito, o professor precisa
ter tempo e ser bem remunerado para levantar altos níveis de motivação. Integrar cada aluno no
processo de aprendizagem durante a aula, implica que o professor deva:
Conhecer cada aluno, com suas características pessoais, que incluem as capacidades,
potencialidades e aptidões, dificuldades e problemas, grau de autonomia e socialização e os
conhecimentos anteriores que possuem.
Facilitar a dinâmica própria do grupo de alunos, sendo crianças ou adultos, sobre
diferentes papeis assumidos no grupo, o modo como participam e são aceites na turma, como
encaram dificuldades de cada um e quais as possibilidades de inter-ajuda.
Ter conhecimento abrangente da escola e dos diferentes factores que a condicionam,
como é o caso dos espaços, ambiente físico e humano, recursos adicionais existentes ou
inexistentes, horários, currículo e as suas possibilidades de adaptação.
Convém reter que o sucesso escolar implica que o professor conheça o meio onde está
inserida a escola, nomeadamente os elementos que integram a comunidade e que podem
colaborar com as suas experiências e saberes ao nível da situação escolar.
Para a criança, o importante é o contexto e o envolvimento familiar, social, económico
e cultural da criança onde ela vive e cresce.
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O sucesso escolar é pessoal do aluno e depende em grande parte das condições de
informação, estimulação, motivação e segurança que o espaço lhe oferece.
TEMA 3 - TEORIAS DE APRENDIZAGEM
As teorias de aprendizagem buscam reconhecer a dinâmica envolvida nos atos de ensinar e
aprender, partindo do reconhecimento da evolução cognitiva do homem, e tentam explicar a
relação entre o conhecimento pré-existente e o novo conhecimento. A aprendizagem não seria
apenas inteligência e construção de conhecimento, mas, basicamente, identificação pessoal e
relação através da interação entre as pessoas.
Os ambientes computacionais destinados ao ensino devem trazer à tona fatores pertinentes à
mediação humana através da tecnologia. As teorias de aprendizagem têm em comum o fato de
assumirem que indivíduos são agentes ativos na busca e construção de conhecimento, dentro
de um contexto significativo.
Na Tabela abaixo, encontram-se resumidas as características de algumas das principais
teorias de aprendizagem.
Quadro adaptado (Psicologia de desenvolvimento e da aprendizagem)
Teorias de Características
Aprendizagem
Epistemologia Ponto central: estrutura cognitiva do sujeito. As estruturas cognitivas mudam através
Genética de Piaget dos processos de adaptação: assimilação e acomodação. A assimilação envolve a
interpretação de eventos em termos de estruturas cognitivas existentes, enquanto que a
acomodação se refere à mudança da estrutura cognitiva para compreender o meio.
Níveis diferentes de desenvolvimento cognitivo.

Teoria O aprendizado é um processo ativo, baseado em seus conhecimentos prévios e os que


Construtivista de estão sendo estudados. O aprendiz filtra e transforma a nova informação, infere
Bruner hipóteses e toma decisões. Aprendiz é participante ativo no processo de aquisição de
conhecimento. Instrução relacionada a contextos e experiências pessoais.

20
Desenvolvimento cognitivo é limitado a um determinado potencial para cada intervalo de idade
(ZPD); o indivíduo deve estar
Teoria Sócio-Cultural de em um grupo social e aprende o que seu grupo
Vygotsky produz; o conhecimento surge primeiro no grupo, para só depois ser interiorizado. A
aprendizagem ocorre no relacionamento do aluno com o professor e com outros alunos.

Aprendizagem Aprendizagem se inicia com um problema a ser resolvido. Aprendizado baseado em


baseada em tecnologia. As atividades de aprendizado e ensino devem ser criadas em torno de uma
"âncora", que deve ser algum tipo de estudo de um caso ou uma situação envolvendo
Problemas/
Instrução ancorada um problema.
(John Bransford &
the CTGV)

Teoria da Flexibilidade Trata da transferência do conhecimento e das habilidades. É


Cognitiva (R. Spiro, P. Feltovitch especialmente formulada para dar suporte ao uso da tecnologia
interativa. As atividades de aprendizado precisam fornecer
& R. Coulson) diferentes representações de conteúdo.

Aprendizagem ocorre em função da atividade, contexto e cultura e ambiente social na qual


está inserida. O aprendizado
do (J. Lave) é fortemente relacionado com a prática e não pode ser dissociado dela.

Gestaltismo Enfatiza a percepção ao invés da resposta. A resposta é


considerada como o sinal de que a aprendizagem ocorreu e não
como parte integral do processo. Não enfatiza a sequência
estímulo-resposta, mas o contexto ou campo no qual o
estímulo ocorre e o insight tem origem, quando a relação entre
estímulo e o campo é percebida pelo aprendiz.

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Teoria da Inclusão (D. Ausubel) O fator mais importante de aprendizagem é o que o aluno já
sabe. Para ocorrer a aprendizagem, conceitos relevantes e
inclusivos devem estar claros e disponíveis na estrutura
cognitiva do indivíduo. A aprendizagem ocorre quando uma
nova informação se ancora em conceitos ou proposições
relevantes preexistentes.

Aprendizado Experimental (C. Deve-se buscar sempre o aprendizado experimental, pois as


Rogers) pessoas aprendem melhor aquilo que é necessário. O interesse
e a motivação são essenciais para o aprendizado bem sucedido.
Enfatiza a importância do aspecto interacional do aprendizado.
O professor e o aluno aparecem como os co-responsáveis pela
aprendizagem.

Inteligências múltiplas (Gardner) No processo de ensino, deve-se procurar identificar as


inteligências mais marcantes em cada aprendiz e tentar
explorá-las para atingir o objetivo final, que é o aprendizado
de determinado conteúdo.

TEMA 4 – MOTIVAÇÃO DE APRENDIZAGEM


No seu cerne, a motivação na educação é uma expressão inata de curiosidade; um desejo
de aprender; uma manifestação de propósito e paixão que cada pessoa carrega dentro de si.
A palavra motivar vem do Latim “motus” que significa mover-se; para fornecer,
estimular ou efectuar alguma movimentação interna, impulso ou intenção que faz com que uma
pessoa aja de uma certa maneira. Assim, uma consideração primária para os professores é ajudar
os alunos a se mover para o cumprimento de sua missão. À medida que os professores
desenvolvem sua própria motivação, presença fundamentada em sua missão profissional, maior
será a sua capacidade de estimular a motivação dentro de cada aluno.
A motivação exerce um papel fundamental na aprendizagem e no desempenho em sala
de aula. A motivação pode afectar tanto a nova aprendizagem quanto o desempenho de
habilidades, estratégias e comportamentos previamente aprendidos. A motivação pode
influenciar o que, quando e como aprendemos em todas as fases do desenvolvimento humano.
Os professores se deparam constantemente com grandes desafios na educação. A criança
e o jovem actualmente vivem em um mundo tecnológico repleto de atrações interessantes,
22
quando se deparam com a escola, que muitas vezes não oferece os mesmos atrativos gerando
desinteresse e falta de motivação dos alunos. (Knuppe, 2006, pag.65).
A motivação do aluno para os estudos é considerada um factor muito importante para o
êxito escolar. Podemos definir motivação como uma força interior que estimula, dirige,
mobiliza a pessoa para uma acção com entusiasmo.
A motivação para a aprendizagem tornou-se uma chave para a educação, a sua ausência
representa queda de qualidade na aprendizagem. Alunos motivados a aprender estão aptos a se
engajar em actividades que acreditam que os ajudarão a aprender, como acompanhar
cuidadosamente a instrução, organizar mentalmente e ensaiar o material a ser aprendido.
Um dos objetivos de ensino para os professores é inspirar os alunos e incentivar e
estimulá-los a engajar-se no processo de aprendizagem de tal forma que eles comecem a gerar
sua própria motivação.
4.1 A Escola e o Professor Motivador
Diante disso, podemos dizer que a escola e o professor podem exercer um papel
fundamental na motivação escolar, seleccionando experiências úteis para que as crianças
construam conteúdos significativos, além de possibilitar condições para o desenvolvimento.
O conteúdo científico não deve ser descontextualizado da vida do aluno, os educadores
devem estar atentos as experiências que os alunos já vivenciaram, identificando factores
positivos e negativos, é importante levantar elementos que podem reduzir ou aumentar esse
interesse. Entre esses factores estão à relação professor aluno. (Perassinoto; Boruchovitch;
Bzneck, 2013).
Segundo (Mognon, 2010), no processo ensino aprendizagem, a motivação deve estar
presente em todos os momentos, e explica que para isso é necessário ter um bom professor, e
que também o bom professor é aquele que sabe motivar o aluno.
Toda motivação deve ser relacionada com objectivos, um bom professor possui metas
de ensino o que tornará o aluno motivado para aprender. Diante desta ideia o professor
influenciará o aluno no desenvolvimento da motivação da aprendizagem, e quanto mais
consciente for o professor em relação a esse aspecto melhor será a aprendizagem do aluno.
(Machado, 2012).
Para que o professor seja uma fonte motivadora ele também deve estar motivado, nisso
as autoras (Oliveira e Alves, 2005) identificam quatro aspectos: influências positivas e
negativas que receberam em sua trajetória escolar, sua experiência profissional, sua formação
pedagógica.
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O professor que se sente comprometido com seu aluno, conhece e utiliza recursos que o
motivarão a fim de proporcionar sua aprendizagem real e não a simples associação entre
estímulo e resposta. (Dias e Marchelli, 2008).
Os factores que permeiam o professor motivador seriam o envolvimento e dedicação no
trabalho, habilidade para perceber seu aluno de forma individualizada, afetividade, equilíbrio
com as cobranças dos conteúdos acadêmicos, prática pedagógica, responsabilidade, paciência,
compreensão e amorosidade.
É imperativo que o professor conheça o aluno e sua história de vida. Assim, o educador
poderá ficar próximo dele, saber seus interesses e sonhos para, a partir daí, preparar aulas
atrativas e significativas que atenderão às necessidades e aos interesses da turma.

No âmbito escolar o objectivo maior é a aprendizagem, onde o aluno tenha motivação


para descobrir o verdadeiro sentido da vivência escolar, aprendendo, numa relação comum e
mútua entre docentes e discentes, os conhecimentos ali apresentado

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
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psicologia. 13.ed São Paulo: Saraiva.
Coelho, N, N (2002). Panorama Histórico da Literatura Infantil/Juvenil. Ática, São Paulo.
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Luckesi, Cipriano C. (2002) Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez.
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Sacristán, G, J; Gomez, P, A. (1993) compreender e transformar o ensino. Porto Alegre:
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Vercelli, L, C, A. (2012) O trabalho do psicopedagogo institucional. Revista Espaço
Acadêmico.

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