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ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

37º EXAME DE ORDEM UNIFICADO


PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL
SIMULADO 3
ÁREA: DIREITO PENAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.

PADRÃO DE RESPOSTA - PEÇA PROFISSIONAL

Enunciado

Márcia, jovem de 19 anos de idade, ganha a vida como diarista na cidade de Salvador/BA, realizando trabalhos de
faxina em várias residências em dias distintos. Certo dia, Márcia combinou com Joana que passaria a realizar faxinas
na sua residência um dia por semana, ficando combinado quarta-feira o dia da faxina semanal. Na segunda semana
em que foi trabalhar, ao chegar um pouco atrasada para fazer faxina na casa de Joana, Márcia foi rispidamente
repreendida por ela, ficando, em razão disso, extremamente chateada. Embora profundamente irritada por ter sido
ofendida pela patroa, começa a realizar o seu trabalho, quando observa uma movimentação suspeita no lado externo
da casa, concluindo que era alguém analisando o local para praticar o delito de furto. Para facilitar o sucesso da
subtração, Márcia deixa aberta a porta da frente da residência. Durante a empreitada criminosa, sem saber que a
porta da frente se encontrava destrancada, uma pessoa, cuja identidade não foi possível elucidar, arrombou a porta
dos fundos, ingressou na residência, e subtraiu diversos objetos. Diante disso, foi instaurado inquérito policial, sendo
constatado, a partir das câmeras de vigilância da residência, que Márcia havia deixado a porta da frente da residência
discretamente aberta. Não foi possível, no entanto, identificar o agente que ingressou na residência, já que usava
um capuz que cobria o seu rosto. Após conclusão do inquérito policial, os autos foram enviados para o Ministério
Público que ofereceu denúncia imputando a Márcia o crime de furto qualificado pelo abuso de confiança e concurso
de pessoas, nos termos do artigo 155, § 4º, II e IV, do Código Penal. A denúncia foi recebida pelo Juízo da 2ª Vara
Criminal de Salvador/BA, sendo, na sequência, Márcia devidamente citada, que deixou transcorrer o prazo para a
resposta à acusação sem oferecê-la, e também não constituiu defensor. Diante disso, o magistrado, de imediato,
designou audiência de instrução e julgamento. Durante a audiência, por ocasião do seu interrogatório, Márcia
confirmou ter deixado a porta da frente aberta, acrescentando que havia sido ofendida pela patroa. Encerrada a
instrução, foi juntada aos autos a folha de antecedentes criminais da ré, onde consta apenas um registro de inquérito
policial pela prática do crime de receptação, bem como uma condenação pela prática do crime de apropriação
indébita, que se encontra em grau de recurso. Encaminhados os autos para o Ministério Público, foi apresentada
manifestação requerendo condenação nos termos da denúncia, com aplicação da pena-base acima do mínimo legal
e reconhecimento da agravante da reincidência. Em seguida, a defesa técnica de Márcia foi intimada, em 04 de
setembro de 2018, terça-feira, sendo quarta-feira dia útil em todo o país, para apresentação da medida cabível.
Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado(a) de Márcia, redija a peça jurídica
cabível, diferente de habeas corpus, apresentando todas as teses jurídicas pertinentes. A peça deverá ser datada
do último dia do prazo para interposição (Valor:5,00)

Obs.: A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão.
A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado

Padrão de Resposta Simulado Página 1


Prova Prático-Profissional –Exame de Ordem Unificado -Prof. Nidal Ahmad
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
37º EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL
SIMULADO 3
ÁREA: DIREITO PENAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.

O(A) examinando(a) deve elaborar, na condição de advogado de Márcia, MEMORIAIS OU ALEGAÇÕES FINAIS
POR MEMORIAIS, com fundamento no Art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal, devendo a petição ser direcionada
ao Juízo da 2ª Vara Criminal da Comarca de Salvador/BA.
Deveria o examinando apontar que a peça é tempestiva, pois apresentada dentro do prazo de 5 dias,
conforme o artigo 403, § 3º, do Código de Processo Penal.
Preliminarmente, de início, deveria o examinando requerer a nulidade do processo a partir da citação, em
razão da ausência de nomeação de defensor para apresentar a resposta à acusação. Nos termos do artigo 396-A, §
2º, do Código de Processo Penal, se o réu, devidamente citado, não apresentar resposta à acusação ou não constituir
defensor, deverá o juiz nomear defensor para oferecê-la no prazo de 10 (dez) dias. Em assim não procedendo, o
Magistrado se equivocou, ensejando evidente cerceamento ao exercício do direito de defesa, violando, assim, o
disposto nos artigos 261 e 564, inciso III, alínea “c”, ambos do Código de Processo Penal, bem como no artigo 5º,
inciso LV, da Constituição Federal/88. Esse, ainda, é o entendimento que se extrai da Súmula 523 do STF, segundo a
qual a falta da defesa, no processo penal, constitui nulidade absoluta.
No mérito, caberia ao examinando pleitear a absolvição de Márcia, na forma do Art. 386, IV, V ou VII, do
Código de Processo Penal, pois ficou provado que ela não concorreu para o furto. Extrai-se, ainda, do artigo 29, caput,
do Código Penal, que, para incidir a hipótese de concurso de pessoas, a conduta do agente deve concorrer para o
crime, contribuindo, ainda que minimamente, para a produção do resultado. É imprescindível, pois, que a conduta
do agente tenha sido relevante para a infração penal, a ponto de o resultado não ter ocorrido da forma como ocorreu,
se excluída do curso causal. Em outras palavras, se a conduta não se revestiu de qualquer relevância causal, isto é,
se não contribuiu em nada para a produção do resultado, não há que se falar em concurso de pessoas, e, por
conseguinte, a responsabilização criminal da ré.
Subsidiariamente, pela eventualidade no caso de condenação do denunciado, deveria o examinando
analisar eventual pena a ser aplicada.
De início, deveria o examinando buscar o afastamento da qualificadora do abuso de confiança, já que não
havia relação de confiança entre a Joana e Márcia, uma vez que fazia faxina semanal, e o fato ocorreu na segunda
semana de faxina.
Na aplicação da pena-base, deveria o examinando postular a fixação no mínimo legal, afirmando que todas
as circunstâncias judiciais do artigo 59 do Código Penal são favoráveis, buscando o não reconhecimento dos maus
antecedentes, uma vez que não é possível utilizar inquérito policial em curso para tal fim, nos termos da Súmula 444
do Superior Tribunal de Justiça, bem como em atenção ao princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º,
LVII, da Constituição Federal/88.
Na determinação da pena intermediária, deveria o examinando postular o reconhecimento da atenuante da
confissão espontânea, prevista no artigo 65, inciso III, “d”, do Código Penal, bem como da menoridade relativa, uma
vez que Márcia era menor de 21 anos da data do fato, nos termos do artigo 65, inciso I, do Código Penal.
Deveria, ainda, o examinando buscar afastar a agravante da reincidência OU prevista no artigo 61, I, do CP,
já que a condenação anterior pelo crime de apropriação indébita ainda não transitou em julgado OU porque não há
sentença condenatória transitada em julgado por crime anterior, não se enquadrando no conceito de reincidência,
previsto no artigo 63 do CP.

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podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
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**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
O regime adequado para cumprimento de pena é o aberto, na forma do Art. 33, §2º, alínea “c”, do Código
Penal, pois a pena final não ultrapassará 04 anos, a acusada é primário e não existem circunstâncias desfavoráveis
do Art. 59 do Código Penal.
Deverá, ainda, o candidato postular a substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos,
uma vez que preenchidos os requisitos do artigo 44 do CP.
Em conclusão, deve o examinando formular os seguintes pedidos:
a) Preliminarmente, nulidade do processo a partir da citação;
b) No mérito, a absolvição de Márcia, com base no artigo 386, inciso IV ou V ou VII, do Código de Processo
Penal;
c) Na eventualidade de condenação, o afastamento da qualificadora do abuso de confiança;
d) O não reconhecimento dos maus antecedentes, com fixação da pena-base no mínimo legal, já que todas
as circunstâncias judiciais são favoráveis;
e) O reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, nos termos do artigo 65, inciso III, “d”, do
Código Penal;
f) O reconhecimento da atenuante da menoridade relativa, prevista no artigo 65, inciso I, do Código Penal;
g) O afastamento da agravante da reincidência;
h) Aplicação do regime aberto para início do cumprimento de pena, nos termos do artigo 33, § 2º, “c”, do
Código Penal;
i) A substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos.

A data a ser indicada é 10 de setembro de 2018, tendo em vista que o prazo para Alegações Finais é de 05
dias, mas o prazo se encerraria em um domingo, devendo ser prorrogado para o primeiro dia útil seguinte.

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Fundação Getúlio Vargas.
Distribuição de pontos

PONTUAÇÃO DO
ITEM PONTUAÇÃO
ALUNO
Endereçamento 0 0
1) Endereçamento correto: 2ª Vara Criminal da Comarca de Salvador/BA
0,00/0,10
(0,10)
Cabimento 0 0
2) Fundamento legal: Art. 403, §3º, do Código de Processo Penal (0,10). 0,00/0,10
3) Tempestividade: 5 dias, conforme o artigo 403, § 3º, do CPP (0,10). 0,00/0,10
Fundamentação 0 0
4) Preliminarmente, reconhecimento da nulidade do processo a partir da
citação dos atos da instrução (0,20), diante da ausência de nomeação de
0,00/0,10/
defensor para apresentar a resposta à acusação (0,10), violando, assim, o
0,20/0,30/
disposto nos artigos 261 do CPP OU 564, inciso III, alínea “c”, do CPP OU
0,40
artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal/88, OU Súmula 523 do STF
(0,10),
Mérito 0 0
5) No mérito, postular a absolvição de Márcia (0,20), nos termos do artigo 0,00/0,10/
386, inciso IV OU V OU VII, do Código de Processo Penal (0,10) 0,20/0,30
5.1) Desenvolvimento fundamentado no sentido de que a ré não agiu em
concurso de pessoas (0,40), já que não contribuiu para o furto, conforme
0,00/0,20/0,40/
prevê o artigo 29, “caput”, do CP (0,20) OU que a conduta da ré não foi
0,60
relevante para a prática do crime de furto (0,40), conforme exige o artigo 29,
“caput”, do CP (0,20).
6) Subsidiariamente, afastamento da qualificadora do abuso de confiança
0,00/0,20/0,30
(0,20), já que não havia relação de confiança (0,10).
7) Aplicação da pena-base no mínimo legal, pois a existência de inquérito
policial não pode configurar circunstância judicial desfavorável (0,20), nos 0,00/0,10/
termos da Súmula 444 do Superior Tribunal de Justiça OU em atenção ao 0,20/0,30
princípio da presunção da inocência (0,10)
8) Desenvolvimento fundamento acerca do reconhecimento da atenuante da
0,00/0,10/
confissão espontânea (0,20), prevista no artigo 65, inciso III, alínea “d”, do
0,20/0,30
Código Penal (0,10).
9) Desenvolvimento fundamento acerca do reconhecimento da atenuante
0,00/0,10/
da menoridade relativa (0,20), prevista no artigo 65, inciso I, do Código
0,20/0,30
Penal (0,10).

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“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
10) Desenvolvimento fundamentado acerca do afastamento da agravante da
reincidência (0,20), já que a condenação anterior pelo crime de apropriação 0,00/0,10/
indébita ainda não transitou em julgado OU porque não há sentença 0,20/0,30
condenatória transitada em julgado por crime anterior (0,10)
11) Aplicação do regime aberto, considerando a pena a ser aplicada (0,20), 0,00/0,10/
nos termos do artigo 33, § 2º, alínea “c”, do Código Penal (0,10). 0,20/0,30
12) Aplicação da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de 0,00/0,10/
direitos (0,20), já que preenchidos os requisitos do artigo 44 do CP (0,10). 0,20/0,30
Dos Pedidos 0 0

13) Nulidade do processo a partir da citação (0,10); 0,00/0,10


14) Absolvição (0,20), com base no artigo 386, inciso IV OU V OU VII, do 0,00/0,10/0,20/
Código de Processo Penal (0,10) 0,30
15.1) Afastamento da qualificadora do abuso de confiança (0,10) 0,00/0,10
15.2) Aplicação da pena-base no mínimo legal (0,10) 0,00/0,10
15.3) Afastamento da agravante da reincidência (0,10). 0,00/0,10
15.4) Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea (0,05),
0,00/0,05/0,10
prevista no artigo 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal (0,05).
15.5) Reconhecimento da atenuante da menoridade relativa (0,05), prevista
0,00/0,05/0,10
no artigo 65, inciso I, do Código Penal (0,05).
15.6) Fixação do regime inicial aberto (0,05), nos termos do artigo 33, § 2º,
0,00/0,05/0,10
alínea “c”, do Código Penal (0,05).
15.7) Aplicação da pena restritiva de direitos (0,05), nos termos do artigo 44
0,00/0,05/0,10
do Código Penal (0,05).
Prazo 0

16) Datar a peça no dia 10 de setembro de 2018 (0,10) 0,00/0,10


Fechamento 0 0

Data, local, assinatura, OAB (0,10) 0,00/0,10


TOTAL 5,00 0,00

Padrão de Resposta Simulado Página 5


Prova Prático-Profissional –Exame de Ordem Unificado -Prof. Nidal Ahmad
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA
CRIMINAL DA COMARCA DE SALVADOR/BA

Processo nº

MÁRCIA, já qualificada nos autos, por seu procurador infra-


assinado, com procuração em anexo, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência apresentar MEMORIAIS, com base no artigo 403, §3º, do
Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

I) DA TEMPESTIVIDADE
Os presentes memoriais são tempestivos, já que
apresentados dentro do prazo de 5 dias, previstos no artigo 403, §3º, do
Código de Processo Penal.

II) DOS FATOS


A ré foi denunciada pela prática do crime furto qualificado
pelo abuso de confiança e concurso de pessoas, nos termos do artigo 155,
§4º, incisos II e IV, do Código Penal.
A denúncia foi recebida, e, na sequência a ré foi
devidamente citada, deixando, contudo, transcorrer o prazo para a resposta à
acusação sem oferecê-la, e não constituindo defensor.
Após a audiência de instrução e julgamento, o Ministério
Público pugnou pela condenação nos termos da denúncia.
A defesa constituída pela ré foi intimada no dia 04 de
setembro de 2018.
III) DO DIREITO
A) DA NULIDADE DO PROCESSO
O Magistrado recebeu a denúncia, e, na sequência a ré
foi devidamente citada, deixando transcorrer o prazo para a resposta à
acusação sem oferecê-la, e não constituindo defensor, tendo o Magistrado
de imediato, designado audiência de instrução e julgamento.
Todavia, deve ser reconhecida a nulidade do processo,
a partir da citação, tendo em vista que não houve nomeação de defensor
para apresentar resposta à acusação, conforme dispõe o artigo 396-A, §2º,
do Código de Processo Penal.
Logo, deve ser declarada nulidade do processo, a partir
da citação, uma vez que ocorreu o cerceamento de defesa, violando o artigo
5º, inciso LV, da Constituição Federal, bem como os artigos 261 e 564,
inciso III, alínea “c”, ambos do Código de Processo Penal, e súmula 523 do
Supremo Tribunal Federal.

B) DO CONCURSO DE PESSOAS
A ré foi acusada de ter praticado crime furto qualificado
pelo abuso de confiança e concurso de pessoas, nos termos do artigo 155,
§4º, incisos II e IV, do Código Penal.
Todavia, e acordo com o artigo 29, caput, do Código
Penal, para incidir na hipótese de concurso de pessoas, a conduta do
agente deve contribuir, ainda que minimamente, para a produção do
resultado.
No caso, Márcia, profundamente irritada por ter sido
ofendida pela patroa, deixou a porta da frente da residência destrancada,
tendo uma pessoa não identificada arrombado a porta dos fundos,
ingressado na residência, e subtraiu diversos objetos.
Logo, a ré não concorreu para o furto, uma vez que sua
conduta não foi relevante para a subtração dos objetos razão pela qual deve
ser absolvida nos termos do artigo 386, incisos IV OU V OU VII, do Código
de Processo Penal.

C) DO AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA
A ré foi denunciada pela prática do crime furto qualificado
pelo abuso de confiança e concurso de pessoas, nos termos do artigo 155,
§4º, incisos II e IV, do Código Penal.
Todavia, a ré estava na sua segunda semana de faxina,
ou seja, não havia relação de confiança entre a ré e Joana.
Sendo assim, requer o afastamento da qualificadora do
abuso de confiança.

D) DA PENA-BASE NO MÍNIMO LEGAL


A ré foi acusada de ter praticado crime furto qualificado
pelo abuso de confiança e concurso de pessoas, nos termos do artigo 155,
§4º, incisos II e IV, do Código Penal.
Todavia, conforme o princípio da presunção da inocência,
previsto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, bem como Súmula
444 do Superior Tribunal de Justiça, inquérito policial ou ação penal em curso
não autoriza o acréscimo da pena-base a pretexto de maus antecedentes.
Assim, como todas as circunstâncias judiciais do artigo 59
do Código Penal são favoráveis, deve ser, se condenada a ré, aplicada a
pena-base no mínimo legal.

E) DA CONFISSÃO ESPONTÂNEA
A ré, em seu interrogatório, confirmou ter deixado a porta
da frente aberta.
Desta forma, deve ser reconhecida a atenuante da
confissão espontânea, nos termos do artigo 65, inciso III, alínea “d”, do
Código Penal.
F) DA ATENUANTE DA MENORIDADE
A ré contava com 19 anos de idade na época do fato,
razão pela qual deve ser reconhecida a atenuante da menoridade relativa,
prevista no artigo 65, inciso I, do Código Penal.

G) DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE
A ré possui um registro de inquérito policial pela prática
do crime de receptação, bem como uma condenação pela prática do crime
de apropriação indébita, que se encontra em grau de recurso.
Todavia, não há sentença condenatória transitada em
julgado por crime anterior, assim a ré não se enquadra como reincidente, de
acordo com o artigo 63 do Código Penal.
Sendo assim, requer o afastamento da agravante da
reincidência.

H) DO REGIME ABERTO
Considerando que a ré é primária, que não existem
circunstâncias desfavoráveis do artigo 59 do Código Penal, e que a pena
aplicada não será superior a 04 anos, na hipótese de eventual condenação,
o Magistrado deverá fixar o regime inicial de cumprimento de pena o aberto,
nos termos do artigo 33, §2º, alínea ‘c’, do Código Penal.

I) DA PENA RESTRITIVA DE DIREITOS


A ré possui direito à substituição da pena privativa de
liberdade por pena restritiva de direitos, uma vez que preenchidos os
requisitos do artigo 44 do Código Penal, já que eventual pena não será
superior a 4 anos, não é reincidente em crime doloso, o crime imputado a ela
é sem violência ou grave ameaça.
IV) DO PEDIDO
Ante o exposto, requer a denunciada:
a) Reconhecimento da nulidade do processo a partir da citação;
b) Absolvição, com base no artigo 386, inciso IV ou V ou VII, do Código de
Processo Penal;
c) Afastamento da qualificadora do abuso de confiança;
d) Não reconhecimento dos maus antecedentes, com fixação da pena-base
no mínimo legal, já que todas as circunstâncias judiciais são favoráveis;
e) O afastamento da agravante da reincidência;
f) Reconhecimento da atenuante da menoridade relativa, prevista no artigo 65,
inciso I, do Código Penal;
g) Reconhecimento da atenuante da confissão espontânea, prevista no artigo
65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal;
h) Fixação do regime inicial aberto, nos termos do artigo 33, §2º, alínea “c” do
Código Penal.
i) Substituição da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos.

Nestes termos,
Pede deferimento.

Local..., 10 de setembro de 2018


Advogado...
OAB...
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
37º EXAME DE ORDEM UNIFICADO
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“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 1

Enunciado

Pedro, motorista de aplicativo, teve apreendido seu veículo pela financeira por falta de pagamento. Não podendo
ficar sem o carro para o cumprimento de suas atividades diárias, resolve certa noite se dirigir a um restaurante
conhecido da cidade e, fingindo ser manobrista, recebe do proprietário a respectiva chave do carro e, em seguida,
desaparece com o veículo, sendo o fato registrado pelo lesado na delegacia da área. Após conclusão do inquérito
policial, o Ministério Público ofereceu denúncia, imputando a Pedro a prática do crime furto qualificado mediante
fraude, previsto no artigo 155, § 4º, II, do Código Penal. Após regular instrução, o Magistrado proferiu sentença,
condenando o réu, nos termos da denúncia. Na dosimetria da pena, o juiz fixou a pena-base em 2 anos,
acrescentando, na segunda fase de fixação da pena, mais 6 meses, em face de o réu ser reincidente, o que ficou
devidamente comprovado pela folha de antecedentes criminais, resultando na pena total de 2 anos e 6 meses, de
reclusão. Em face da reincidência, o juiz fixou o regime inicial fechado. Considerando apenas as informações
narradas, na condição de advogado(a) de Pedro, responda aos questionamentos a seguir.

A) Qual argumento poderá ser apresentado para questionar a capitulação atribuída pelo Ministério Público e
acolhida pelo juiz na sentença condenatória? Justifique. (Valor: 0,60)

B) Existe argumento de direito material a ser apresentado para questionar a fixação do regime inicial fechado?
(Valor: 0,65)

Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.

Gabarito comentado

A) Relativamente ao item “A” da questão, o examinando, para garantir a atribuição integral dos pontos respectivos,
deverá desenvolver raciocínio no sentido de que Pedro cometeu apenas o crime de estelionato, previsto no art.
171 do Código Penal. Isso porque empregou fraude como meio de obter o consentimento da vítima que, iludida,
entrega voluntariamente a chave de seu carro para Pedro.

B) Desenvolvimento fundamentado acerca da incidência da Súmula 269 do STJ, segundo a qual “É admissível a
adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se
favoráveis as circunstâncias judiciais.” No caso, o juiz fixou a pena-base no mínimo legal, considerando, portanto,
as circunstâncias judiciais favoráveis, sendo cabível o regime semiaberto.

Padrão de Resposta Simulado Página 6


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podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
Distribuição de pontos

PONTUAÇÃO DO
ITEM PONTUAÇÃO
ALUNO
A) O argumento seria o de que Pedro cometeu apenas o crime de
estelionato (0,30), previsto no art. 171 do Código Penal (0,10), pois 0,00/0,10/0,20/
empregou fraude para iludir a vítima a entregar a chave do seu carro 0,30/0,40/0,50/0,60
OU para obter vantagem indevida em prejuízo da vítima (0,20).
B) Desenvolvimento fundamentado acerca da fixação do regime 0,00/0,10/0,20/
semiaberto (0,35), já que as circunstâncias judiciais são favoráveis 0,30/0,35/0,45/
(0,20), conforme a Súmula 269 do STJ (0,10). 0,55/0,65
TOTAL: 0,00

Padrão de Resposta Simulado Página 7


Prova Prático-Profissional –Exame de Ordem Unificado -Prof. Nidal Ahmad
A) O argumento a ser apresentado para questionar a capitulação é que Pedro
cometeu o crime de estelionato, previsto no artigo 171 do Código Penal. No
caso, Pedro teve seu carro apreendido pela financeira por falta de pagamento.
Assim, fingiu ser manobrista de um restaurante e recebeu do proprietário a
respectiva chave do carro, e, em seguida, desaparece com o veículo. Sendo
assim, considerando que empregou fraude como meio de obter consentimento
da vítima que, iludida, entrega voluntariamente a chave de seu carro, a
capitulação correta seria o crime de estelionato.

B) O argumento de direito material a ser apresentado é que o juiz fixou a pena-


base no mínimo legal, considerando as circunstâncias judiciais favoráveis,
sendo cabível o regime semiaberto. No caso, o juiz fixou a pena-base em 2
anos, acrescentando, na segunda fase de fixação da pena, mais 6 meses, em
face de o réu ser reincidente, resultando na pena total de 2 anos e 6 meses,
fixando o regime inicial fechado em face da reincidência. Todavia, aos
reincidentes, condenados a penal igual ou inferior a 4 anos e sendo favoráveis
as circunstâncias, é admissível a fixação do regime inicial semiaberto, de
acordo com a súmula 269 do Superior Tribunal de Justiça. Dessa forma, cabível
o regime semiaberto.

Padrão de Resposta Simulado Página 8


Prova Prático-Profissional –Exame de Ordem Unificado -Prof. Nidal Ahmad
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
37º EXAME DE ORDEM UNIFICADO
PROVA PRÁTICO-PROFISSIONAL
SIMULADO 3
ÁREA: DIREITO PENAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 2

Enunciado

Mauro Corona, após ministrar aula sobre o tema de competência no processo penal num conceituado curso
preparatório para o Exame de Ordem e Concursos Públicos do Brasil, quando se deslocava pelo estacionamento do
estabelecimento comercial em questão e se preparava para regressar para a cidade de Santa Maria/RS, percebeu
que sua estilosa bolsa masculina da marca Hugo Boss, a qual continha um macbook e um Iphone 15, que estavam no
estacionamento, havia sido subtraída. Após exitosa investigação, a autoridade policial conseguiu identificar o autor
do furto, visualizando, por meio de imagens registradas pelo sistema de monitoramento estabelecimento comercial,
que Wilson, com emprego de chave mixa, conseguiu abrir a BMW de Mauro, e subtraiu os objetos mencionados.
Oferecida a denúncia pela prática do delito de furto qualificado pelo emprego de chave falsa, nos termos do artigo
155, § 4º, III, do Código Penal, Wilson foi pessoalmente citado e manifestou interesse em ser assistido pela Defensoria
Pública. No curso da instrução, a vítima Mauro confirmou a subtração dos seus luxuosos objetos. O acusado Wilson
não compareceu ao ato processual em questão, já que não havia sido intimado, uma vez que, segundo a certidão do
oficial de justiça, não se encontrava no endereço indicado no mandado. A pretensão punitiva foi acolhida nos termos
do pedido inicial, tendo o Juiz condenado Wilson à pena de 2 anos, de reclusão, fixando regime inicial aberto. Deixou,
no entanto, de substituir a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, uma vez que Wilson registrava contra
si sentença condenatória transitada em julgado pelo crime de lesão corporal culposa, sendo, portanto, reincidente.
Considerando apenas as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de Wilson, aos itens a seguir.

A) Qual o argumento de direito processual pode ser apresentado pela defesa de Wilson, para desconstituir a
sentença condenatória? Justifique. (Valor: 0,60)

B) Existe argumento de direito material a ser apresentado para questionar a decisão do magistrado em não
substituir a pena privativa de liberdade em restritiva de direitos? Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não pontua.

Gabarito comentado

A) O argumento é o de que houve nulidade em razão da ausência de intimação do réu para a audiência de instrução
e julgamento. Isso porque o réu não foi intimado para comparecer em juízo, não sendo adequada a realização da
audiência de instrução, sem a presença do acusado. Ocorreu, portanto, nulidade em razão da violação ao princípio
da ampla defesa, previsto no Art. 5º, inciso LV, CRFB.

B) Sim, é possível ao advogado buscar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. De
fato, como destacado pelo magistrado, a princípio, o Art. 44, inciso II, do Código Penal, veda a substituição da pena

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ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
37º EXAME DE ORDEM UNIFICADO
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SIMULADO 3
ÁREA: DIREITO PENAL
“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
privativa de liberdade por restritiva de direitos na hipótese de o réu ser reincidente na prática de crimes dolosos.
Não há dúvida que Wilson era reincidente, já que possuía condenação pela prática de crime de lesão corporal
culposa. Logo, embora reincidente, não é por crime doloso, já que a condenação anterior foi pela prática de crime
culposo, não incidindo, portanto, a vedação do artigo 44, II, do CP.

Distribuição de pontos

PONTUAÇÃO DO
ITEM PONTUAÇÃO
ALUNO
A) Nulidade da sentença condenatória OU nulidade da instrução (0,30),
0,00/0,10/0,20/
tendo em vista que o réu não foi intimado para audiência OU porque
0,30/0,40/
houve violação do princípio da ampla defesa e contraditório (0,20),
0,50/0,60
previsto no artigo 5º, LV, da CRFB (0,10)
B) É possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos, tendo em vista que o réu não é reincidente em crime doloso OU 0,00/0,10/
que a condenação anterior foi por crime culposo (0,55), não incidindo a 0,55/0,65
vedação do artigo 44, II, do CP (0,10)
TOTAL: 0,00

Padrão de Resposta Simulado Página 9


Prova Prático-Profissional –Exame de Ordem Unificado -Prof. Nidal Ahmad
A) O argumento de direito processual para desconstituir a sentença
condenatória é o de que ocorreu a nulidade em razão da ausência da
intimação do réu para audiência de instrução e julgamento. Wilson não havia
sido intimado, uma vez que, segundo a certidão do oficial de justiça, não se
encontrava no endereço indicado no mandado. Sendo assim, houve a
nulidade em razão da violação ao princípio da ampla defesa, previsto no
artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal.

B) O argumento de direito processual a ser apresentado é que Wilson possui


direito da substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos. No caso, o juiz deixou de substituir a pena privativa de liberdade
por restritiva de direitos, pois Wilson registrava contra si sentença
condenatória transitada em julgado pelo crime de lesão corporal culposa.
Todavia, o artigo 44, inciso II, do Código Penal, veda a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos na hipótese de o réu ser
reincidente na prática de crimes dolosos. Sendo assim, considerando que
Wilson não é reincidente por crime doloso, faz jus a substituição da pena
privativa de liberdade por restritiva de direitos.

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“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 3

Enunciado

Wilson, a pedido de um amigo de infância, com quem mantinha relação intensa de confiança, concordou em
transportar uma caixa com cápsulas que acreditava ser medicamentos, conforme lhe foi dito pelo amigo. Durante
uma blitz, o policial militar, em rotina de praxe, procedeu à revista no veículo de Wilson e abriu a caixa, que
continha, na verdade, quantidade de cocaína em seu interior, sendo constatada a natureza da substância
entorpecente por meio de laudo pericial. Diante disso, Wilson foi preso em flagrante, sendo após denunciado pelo
Ministério Público, acusado pela prática do crime de tráfico ilícito de drogas, previsto no artigo 33 da Lei
11.343/2006. Após regular instrução, com a oitiva dos policiais que realizaram a apreensão da droga, Wilson foi
interrogado, oportunidade em que alegou que desconhecia que a caixa continha drogas, acrescentando que supôs
estar transportando medicamentos, a pedido de um amigo de infância, não havendo nenhum motivo para suspeitar
dele. Encerrada a instrução, o Ministério Público pugnou pela condenação do réu, nos termos da denúncia. A defesa
foi intimada no dia 24 de agosto de 2016, quarta-feira. Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir,
empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

A) Indique a peça processual cabível no caso e o último dia do prazo para apresentá-la? (Valor: 0,60)

B) Qual argumento de direito material a ser apresentado em favor de Wilson e o pedido absolutório que poderia
ser formulado? (Valor: 0,65)

Obs.: O(a) examinando(a) deve fundamentar corretamente sua resposta. A simples menção ou transcrição do
dispositivo legal não pontua.

Gabarito comentado

A) O examinando deve indicar a peça Memoriais ou Alegações Finais na forma de Memoriais, com fundamento no
Art. 403, § 3º, do Código de Processo Penal. Último dia do prazo 29 de agosto de 2016.

B) Desenvolvimento fundamentado acerca do erro de tipo essencial invencível, previsto no artigo 20, “caput”, do
Código Penal OU erro determinado por terceiro, previsto no artigo 20, § 2º, do Código Penal, uma vez que lhe
faltava consciência de que praticava conduta descrita em tipo penal OU não sabia que portava drogas, circunstância
elementar do tipo, já que não sabia que estava transportando cocaína, supondo estar transportando medicamento
a pedido do amigo de infância. Assim, como há exclusão do dolo e da culpa, o fato é atípico. Pedido de absolvição,
com base no artigo 386, inciso III OU VI, do CPP.

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“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta,
podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
Qualquer semelhança nominal e/ou situacional presente nos enunciados das questões é mera coincidência.”‘
**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
Distribuição de pontos

PONTUAÇÃO DO
ITEM PONTUAÇÃO
ALUNO
A) O meio de impugnação cabível seria Alegações Finais na forma de 0,00/0,10/0,20/
Memoriais OU Memoriais (0,30), com base no artigo 403, § 3º, do CPP 0,30/0,40/0,50/
(0,10). Último dia do prazo: 29.08.2016 (0,20) 0,60
B) Desenvolvimento fundamentado acerca do erro de tipo essencial
invencível (0,35), previsto no artigo 20, “caput”, do Código Penal 0,00/0,10/0,20/
(0,10) OU erro determinado por terceiro (0,35), previsto no artigo 20, 0,30/0,35/0,45/
§ 2º, do Código Penal (0,10). Pedido de absolvição (0,10), com base 0,55/0,65
no artigo 386, inciso III OU inciso VI, do CPP (0,10)
TOTAL: 0,00

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Prova Prático-Profissional –Exame de Ordem Unificado -Prof. Nidal Ahmad
A) A peça processual cabível é Memoriais, com base no artigo 403, §3º, do
Código de Processo Penal. Último dia do prazo seria 29 de agosto de 2016.

B) Wilson foi denunciado pelo crime de tráfico drogas, previsto no artigo 33


da Lei 11.343/2006. Todavia, incidiu, no caso, o erro de tipo essencial
invencível, previsto no artigo 20, “caput”, do Código Penal, agindo, ainda,
por erro provocado por terceiro, previsto no artigo 20, § 2º, do Código Penal.
Wilson não sabia que a caixa que levava consigo tinha cocaína, supondo
estar transportando medicamento a pedido do amigo de infância. Assim,
como há exclusão do dolo e da culpa, o fato é atípico. Ainda que se
admitisse erro de tipo vencível, o fato seria atípico, já que não há crime de
tráfico de drogas na modalidade culposa. O pedido seria de absolvição, com
base no artigo 386, inciso III OU inciso VI, do Código de Processo Penal.
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podendo ser alterado até a divulgação do padrão de respostas definitivo.”
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**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
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PADRÃO DE RESPOSTA – QUESTÃO 4

Enunciado

No dia 05 de fevereiro de 2017, Wilson, que contava com 20 anos de idade ao tempo do fato, foi acusado de
praticar, em Niterói/RJ, um crime de receptação, previsto no artigo 180 do Código Penal, sendo, no entanto, após
regular investigação, localizado na cidade do Rio de Janeiro, onde o acusado mantém domicílio. Após a conclusão
do inquérito policial, o Ministério Público, considerando o local do domicílio do réu, ofereceu denúncia perante a
Vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro, imputando a Wilson a prática do crime previsto no artigo 180, “caput”,
do Código Penal. A denúncia foi recebida em 5 de março de 2018. O processo se desenvolveu lentamente, por conta
das reiteradas tentativas de localizar o réu, que foi encontrado e citado no dia 15 de abril de 2022. Considerando
as informações narradas, responda, na condição de advogado(a) de Wilson, contratado para apresentar a resposta
à acusação, os seguintes itens:

A) Qual argumento de direito processual poderia ser alegado para combater o oferecimento da denúncia perante
a Vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro? Justifique. (Valor: 0,60)

B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para buscar a absolvição sumária de Wilson?
Justifique. (Valor: 0,65)

Obs.: O examinando deve fundamentar suas respostas. A simples menção ao dispositivo legal não confere
pontuação.

Gabarito comentado

A) O argumento de direito processual seria a incompetência da Vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro para
processar e julgar o feito. Pela narrativa apresentada no enunciado é possível concluir que o crime foi praticado,
inclusive consumado, na cidade de Niterói/RJ. Assim, nos termos do artigo 70 do Código de Processo Penal, o juízo
competente será o da comarca de Niterói/RJ, já que segue a regra do local da consumação do delito.

B) Em relação ao argumento de direito material, a questão exige do candidato conhecimento acerca do tema
prescrição. O crime de receptação prevê pena máxima de 4 anos. Logo, o prazo prescricional seria de 8 anos (art.
109, IV, do CP). Todavia, como Wilson era menor de 21 anos na época do fato, o prazo prescricional é reduzido pela
metade, nos termos do artigo 115 do CP, sendo, portanto, de 4 anos. Entre a data do recebimento da denúncia
(05/03/2018) e a data informada no enunciado que o réu havia sido citado (15/04/2022), já teriam se passado mais
de 4 anos, sem, evidentemente, a incidência da causa interruptiva da prescrição, consistente na publicação da
sentença penal condenatória. Logo, estamos diante da prescrição da pretensão punitiva em abstrato, causa de
extinção da punibilidade, nos termos do artigo 107, IV, do CP.

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**Esse documento é uma simulação que usa os mesmos padrões da prova prático-profissional aplicada pela
Fundação Getúlio Vargas.
Distribuição de pontos

PONTUAÇÃO DO
ITEM PONTUAÇÃO
ALUNO
A) Incompetência da Vara Criminal da Comarca do Rio de Janeiro
(0,30), uma vez que a competência é estabelecida, via de regra, pelo 0,00/0,10/0,20/
local da consumação, que ocorreu em Niterói/RJ (0,20), nos termos do 0,30/0,40/0,50/0,60
artigo 70 do Código de Processo Penal (0,10).
B) Sim, o argumento seria de que ocorreu a prescrição da pretensão
punitiva em abstrato (0,20), já que o prazo é contado pela metade
diante do fato de o réu ser menor de 21 anos à época do fato (0,15), 0,00/0,10/0,15/0,20/
0,25/0,30/0,35/0,40/
nos termos do artigo 115 do CP (0,10), com consequente extinção da
0,45/0,50/0,55/0,65
punibilidade do agente (0,10), conforme o Art. 107, inciso IV, do CP
(0,10).
TOTAL: 0,00

Padrão de Resposta Simulado Página 13


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A) O argumento de direito processual seria a incompetência da Vara
Criminal da Comarca do Rio de Janeiro para processar e julgar o feito. Pela
narrativa apresentada no enunciado é possível concluir que o crime foi
praticado, inclusive consumado, na cidade de Niterói/RJ. Assim, nos termos
do Artigo 70 do Código de Processo Penal, o juízo competente será o da
comarca de Niterói/RJ, já que segue a regra do local da consumação do
delito.

B) O argumento em busca da absolvição de Wilson é que ocorreu a


prescrição da pretensão punitiva em abstrato. No caso, Wilson foi acusado
de praticar o crime de receptação, que prevê a pena máxima de 4 anos, ou
seja, o prazo prescricional seria de 08 anos, conforme artigo 109, inciso IV,
do Código Penal. Todavia, Wilson era menor de 21 anos na época do fato,
sendo assim, o prazo prescricional é reduzido pela metade, ou seja, 04
anos, nos termos do artigo 115 do Código Penal.
Deste modo, entre a data do recebimento da denúncia, 05 de março de
2018, e a data em que o réu havia sido citado, 15 de abril de 2022, já teriam
se passado mais de 04 anos. Sendo assim, ocorreu a prescrição da
pretensão punitiva em abstrato, causa de extinção da punibilidade, nos
termos do artigo 107, inciso IV, do Código Penal, com pedido de absolvição
sumária, com base no artigo 397, inciso IV, do Código de Processo Penal.

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