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INSTITUTO EVOLUÇÃO – POLO AURORA

EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

EPIDEMIOLOGIA
BÁSICA

Aurora do Pará - PA

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

Sumário
CAPÍTULO I – Contexto histórico.
CAPÍTULO II – Processe saúde-doença.
CAPÍTULO III – Epidemiologia.
CAPÍTULO IV – Indicadores de saúde.
CAPÍTULO V – Distribuidores das doenças.
CAPÍTULO VI – Vigilância epidemiológica.
CAPÍTULO VII – Noções gerais para notificações de doenças e agravos.

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CAPÍTULO I:

Contexto histórico

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➢ CONTEXTO HISTÓRICO
A epidemiologia originou-se das observações de Hipócrates feitas há mais de
2000 anos de que fatores ambientais influenciam a ocorrência de doenças. Entretanto,
foi somente no século XIX que a distribuição das doenças em grupos humanos
específicos passou a ser medida em larga escala. Isso determinou não somente o início
formal da epidemiologia como também as suas mais espetaculares descobertas.
Falar em saúde no Brasil é falar no Sistema Único de Saúde (SUS), seja como
realidade, seja como utopia, com seus princípios de equidade, descentralização e
integralidade. Antes de tudo, o SUS é a impressão, no nosso sistema constitucional e
legal, de uma compreensão da saúde forjada em conceitos que, em longo processo,
fomos consolidando na saúde coletiva e na epidemiologia. Somente para relembrar,
citarei o artigo 196 da nossa Constituição Federal: "A saúde é direito de todos e dever
do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visam a redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação".
Aula do É importante também relembrar que uma das leis básicas que regula este
dia
17/03 princípio constitucional, a Lei 8.080 de 1990, em seu Artigo 3º., define que: "A saúde
tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o
transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde
expressam a organização social e econômica do país".
Deste modo, ficam definidos dois espaços interdependentes e nem sempre
claramente delimitados: o do conhecimento e o da ação. Temos uma epidemiologia
simultaneamente como disciplina científica (que estuda a saúde, a doença e os seus
determinantes) e como campo profissional da saúde coletiva (que produz e analisa
informações, desenvolve tecnologias e estratégias de prevenção).

➢ DA ANTIGUIDADE ATÉ O SÉCULO XIX


Os primeiros registros sobre a concepção da epidemiologia enquanto
manifestação da doença nos indivíduos e nas populações datam da Grécia Antiga,
período em que se acreditava que as enfermidades e seus desfechos (cura ou morte)
eram consequências da punição ou indulgência dos deuses e demônios.

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Contrapondo-se a tal crença, o médico grego Hipócrates, ao analisar o


processo de adoecimento com base no pensamento racional, afastou-se das teorias
sobrenaturais vigentes na época e a elas se contrapôs, introduzindo o conceito de
doença como produto das relações complexas entre o indivíduo e o ambiente que o
cerca, o que se aproxima muito do modelo ecológico da produção de doenças, vigente
até os dias atuais.
A teoria de Hipócrates foi perpetuada na Roma Antiga pelo médico Galeno,
mas perdeu força e foi substituída pela Teoria Miasmática ou Teoria dos Miasmas, que
perdurou até meados do século XIX. Tal teoria explicava a má qualidade do ar como
causa das doenças.

➢ DO SÉCULO XIX AOS DIAS ATUAIS


Durante a segunda metade do século XIX, a epidemiologia sofreu uma grande
revolução a partir dos estudos pioneiros do médico e sanitarista britânico John Snow
sobre a epidemia de cólera em Londres (1849-1854). Com base no mapeamento dos
casos, óbitos, do comportamento da população (consumo de água) e dos aspectos
ambientais da localidade em estudo, ele conseguiu incriminar o consumo de água
contaminada como responsável pela ocorrência da doença. Tal constatação só pode
ser confirmada 30 anos mais tarde, com o isolamento do agente etiológico da doença.
Tal feito rendeu a John Snow o título de “Pai da Epidemiologia”, uma vez que
conseguiu através de um extensivo e minucioso trabalho de investigação científica –
considerado um estudo clássico da Epidemiologia de Campo, determinar a fonte de
infecção de uma doença, mesmo sem conhecer seu agente etiológico. Ao final, relatou
que as feições clínicas da doença revelavam que “o veneno da cólera entra no canal
alimentar pela boca, e esse veneno seria um ser vivo, específico, oriundo das
excreções de um paciente com cólera. [...] Assinalou, afinal, que o esgotamento
insuficiente permitia que os perigosos refugos dos pacientes com cólera se infiltrassem
no solo e poluíssem poços”.
Outro cientista marcante do século XIX foi o francês Louis Pasteur (1822-
1895), considerado o “Pai da Bacteriologia”, pois identificou inúmeras bactérias e tratou
diversas doenças. Ele influenciou profundamente a história da epidemiologia, pois
introduziu as bases biológicas para o estudo das doenças infecciosas, determinando o

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agente etiológico das doenças e possibilitando o estabelecimento futuro de medidas de


prevenção e tratamento.

Pessoas importantes na história da epidemiologia neste período foram:

John Graunt (1620–1674)


Pioneiro em quantificar os padrões de natalidade e mortalidade.

Pierre Louis (1787–1872)


Utilizando o método epidemiológico em investigações clínicas

Louis Villermé (1782–1863)


Pesquisou o impacto da pobreza e das condições de trabalho na
saúde das pessoas.de doenças.

William Farr (1807–1883)


Responsável pela produção de informações epidemiológicas
sistemáticas para o planejamento de ações de saúde.

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Sem sombra de dúvidas os séculos XIX e XX foram marcados pela influência


da microbiologia sobre a epidemiologia, uma vez que permitiu não apenas identificar os
principais agentes etiológicos envolvidos na transmissão de doenças
infectocontagiosas responsáveis por altas taxas de morbimortalidade (tuberculose,
influenza, varíola, peste, entre outras), mas também possibilitar o desenvolvimento de
medidas de prevenção e tratamento dessas enfermidades.
Nesse período, a epidemiologia ganhou destaque científico e acadêmico, com
a construção de inúmeros institutos de pesquisa no Brasil e no mundo e a ampliação
da sua área de atuação, que culminou na subdivisão desta ciência, como é o caso da
Epidemiologia Nutricional, que elucidou as causas de algumas doenças tidas como
infecciosas, mas que, na realidade, eram de natureza nutricional. Alguns exemplos
desses achados são: prevenção do escorbuto (doença causada pela deficiência severa
de vitamina C), do beribéri (deficiência de tiamina – vitamina B1) e da pelagra
(deficiência de niacina).
Por fim, pode-se afirmar que, do final do século XX até os dias atuais, a
epidemiologia se firmou enquanto ciência, baseada em pesquisas e evidências
científicas que visam à determinação das condições de saúde da população e à busca
sistemática dos agentes etiológicos das doenças ou dos fatores de risco envolvidos no
seu aparecimento, através de diferentes tipos de estudos da avaliação de intervenções
em saúde para o efetivo controle das doenças que acometem a população.

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CAPÍTULO II:

Processo saúde-
doença

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➢ PROCESSO SAÚDE-DOENÇA

A mais ambiciosa definição de saúde foi a proposta pela Organização Mundial


de Saúde (OMS) em 1948: “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental
e social e não apenas a mera ausência de doença”.
Essa definição, embora criticada devido à dificuldade em definir e mensurar
bem-estar, permanece sendo um ideal. Em 1977, a Assembleia Mundial de Saúde
decidiu que a principal meta de todos os países membros da OMS seria alcançar para
todas as pessoas, até o ano 2000, um nível de saúde que permitisse o desempenho de
uma vida social e economicamente produtiva. Esse compromisso de “Saúde para
todos” foi renovado em 1998 e novamente em 2003.
A história natural das doenças é conceituada como “todas as interrelações do
agente, do hospedeiro e do meio ambiente que afetam o processo global e seu
desenvolvimento, desde os primeiros estímulos que criam o estímulo patológico no
meio ambiente ou em qualquer outro lugar (pré-patogênese), passando pela resposta
do homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez,
recuperação ou morte (patogênese)”.

➢ MODELOS BIOLÓGICOS DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA:

Concepção mágica e sobrenatural da saúde doença: A doença como resultado da


obra de demônios e espíritos malignos, os agentes de saúde são os feiticeiros e
sacerdotes.
Concepção empírica da saúde e da doença: Os "maus ares"," gazes" provenientes
da natureza seriam a causa do desequilíbrio o homem provocando a doença.
Teoria do contágio: partículas invisíveis ao ar penetram no corpo.
Concepção científica: a microbiologia descobre os agentes causadores das doenças,
intensificam-se nesta época estudos para o descobrimento dos antibióticos e
anticépticos.
Teoria multicausal: a doença como resultante de várias causas que ordenam dentro
de três categorias: o agente, o hospedeiro e o meio ambiente.
➢ Agente: é um microrganismo capaz de produzir infecção ou um agravo a saúde.
➢ Hospedeiro: é todo e qualquer ser vivo que abrigue um agente em seu
organismo.
➢ Meio Ambiente: meio pelo qual o micro-organismo é transmitido ao hospedeiro
(sangue, semêm, ar, água, solo).

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➢ MODELO DE DETERMINAÇÃO SOCIAL DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA:


Interação do homem com os ambientes físicos e sociais (relacionamento com outros
homens, condição de trabalho). Todos os agentes infecciosos possuem propriedades
que ajudam a determinar a ocorrência da doença, identificando-se, para cada um
destes microrganismos, mecanismos que permitem deter a sua disseminação. Um
esquema que facilita a compreensão destes mecanismos é a chamada cadeia de
transmissão de doenças ou cadeia epidemiológica ou cadeia de infecção, cujos elos
representam pontos importantes no processo de determinação da doença:
1. O agente causal específico: bactéria, vírus, outros;
2. O reservatório: homem ou animal que abriga o agente causador, apresentando ou
não a doença;
3. A porta de saída: local por onde o agente causador é eliminado (boca, nariz,
aparelho digestivo, etc.);
4. O modo de transmissão: maneira como o agente causador passa do doente para
o sadio (novo hospedeiro);
5. A porta de entrada para o novo hospedeiro: local por onde o agente causador
entra para o organismo;
6. Suscetibilidade: capacidade de o novo hospedeiro enfrentar o agente causador, o
que resulta ou não na ocorrência da doença.

➢ MEDIDAS DE PROFILAXIA E CONTROLE LIGADAS AO PROCESSO


SAÚDE-DOENÇA:
De acordo com o conceito de saúde preconizado pela OMS, as causas das
doenças encontram-se na relação do homem com seu meio ambiente podendo ser
estas, portanto, bastante extensas e variáveis:
Agentes biológicos: podem pode chegar ao organismo transportados pela água, ar,
utensílios, mosquitos
Agentes físicos: calor, frio, eletricidade, radioatividade.
Agentes químicos: podem contaminar o ar, água e os alimentos, causando danos ao
organismo.
Ambiente: iluminação, má ventilação, ruídos.
Outros: alimentação, ignorância, analfabetismo, miséria, habitação inadequada, falta
de lazer, tensão preocupações da vida.

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Dessa forma as medidas ligadas à profilaxia e controle da saúde são


extremamente amplas, necessitando, portanto, de um efetivo compromisso de todos
para sua conquista.
O período pré-patogênese configura-se como a interação dos fatores:
SOCIAIS: fatores econômicos, políticos, culturais, psicossociais.
AMBIENTAIS: vetores, poluentes, estrutura sanitária, ocupação de ambientes, etc.
PRÓPRIOS DO SUSCEPTÍVEL: biológicos, genéticos, imunológicos.
O período de patogênese inicia-se com a interação agente agressor-
susceptível, provocando alterações bioquímicas, fisioquímicas, fisiológicas, histológicas,
imunológicas, etc. A força de resposta do susceptível às alterações provocadas pelo
agente agressor ocasionará manifestações clínicas variadas, podendovariar desde sinais
e sintomas não perceptíveis até a expressão severa da doença. Alémdisso, a depender
de inúmeros fatores, o período de patogênese pode ser manifestado de forma aguda ou
crônica.
Por fim, o período de desenlace representa a recuperação da saúde (de forma
parcial ou completa) ou a morte. O período de cura pode ser representado por três
momentos: a remoção dos fatores causais, a convalescença e a recuperação da saúde.
Com base nessa compreensão sobre a história natural da doença, é possível
se pensar em modelos de atenção à saúde que vêm a impedir o processo de instalação
da doença a partir da identificação das necessidades de cada indivíduo e comunidade,
através do planejamento de ações preventivas em saúde a nível primário, secundário e
terciário.
Com base em tudo que já foi apresentado até o momento, é fácil deduzir que
existem vários modelos para se representar o processo saúde-doença, principalmente
quando este está associado aos aspectos etiológicos das doenças. Portanto, iremos
apresentar alguns desses modelos, salientando que não existe um modelo ideal de
representação deste processo, mas sim um que melhor se ajuste ao cenário individual
ou coletivo para a ocorrência da doença. Como principais modelos podem ser citados:
➢ Cadeia de eventos;
➢ Modelos ecológicos;
➢ Rede de causas;
➢ Múltiplas causas-múltiplos efeitos;
➢ Abordagem sistêmica da saúde;
➢ Etiologia social da doença.

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➢ DETERMINANTES DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA:

O processo saúde-doença é um conceito importante de epidemiologia social,


que procura caracterizar a saúde e a doença como componentes integrados, de modo
dinâmico, nas condições concretas de vida das pessoas e dos diversos grupos sociais;
cada situação de saúde específica, individual ou coletiva é o resultado, em dado
momento, de um conjunto de determinantes históricos, sociais, econômicos, culturais e
biológicos.
As definições de determinantes sociais de saúde (DSS) explicam que as
condições de vida e trabalho dos indivíduos e de grupos da população estão
relacionadas com sua situação de saúde. Para a Comissão Nacional sobre os
Determinantes Sociais da Saúde (CNDSS), os DSS são os fatores sociais, econômicos,
culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que influenciam a ocorrência
de problemas de saúde e seus fatores de risco na população.
Os pesquisadores Dahlgren e Whitehead propõem um esquema que permite
visualizar as relações hierárquicas entres os diversos determinantes da saúde.

Dessa forma, os Determinantes Sociais da Saúde – DSS se relacionam com


as condições de vida e de trabalho, educação e habitação. E esses determinantes
influenciam o estilo de vida das pessoas uma vez que o hábito de fumar, atividade física,
hábitos alimentares e outros estão também condicionadas pelos DSS.

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➢ CADEIA DE EVENTOS

Trata-se de um modelo simples que apresenta a doença como uma relação


estreita entre o agente causador e o indivíduo susceptível. O agente pode ser de
natureza biológica, genética, química, física, psíquica ou psicossocial. Nesse modelo, o
vetor pode ser necessário para fechar o ciclo de transmissão entre o agente e o
susceptível. A figura abaixo representa bem esse modelo, que é muito utilizado para
descrever as doenças infectocontagiosas.

➢ MODELOS ECOLÓGICOS
Um dos primeiros modelos que passou a considerar o ambiente como parte
determinante do processo saúde-doença. Os dois principais modelos ecológicos são: a
tríade ecológica (agente, hospedeiro e meio ambiente) e a dupla ecológica (hospedeiro
e meio ambiente). As grandes diferenças da dupla para a tríade ecológica são: a
ausência explícita do “agente” e a ampliação do conceito de ambiente e hospedeiro. O
primeiro trata-se de um modelo bastante conhecido e também muito utilizado para
representar as doenças infecciosas, como mostra a figura abaixo:

Já neste segundo modelo, como mostra a figura abaixo, podem ser


considerados inúmeros fatores do hospedeiro (estilo de vida, herança genética,
anatomia, fisiologia, etc.) e do ambiente (saneamento, presença de vetores,
disponibilidade de serviços de saúde, moradia, etc.) como causadores da doença,
dentro de um processo interativo, no qual tais fatores exercem influência entre si.

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➢ REDE DE CAUSAS

Modelos que são muito utilizados para representar a multicausalidade de


problemas de saúde, em que os fatores etiológicos representam pesos variados para
manifestação da doença e, assim como no modelo da dupla ecológica, podem interagir
entre si. Um exemplo clássico desse modelo é o da doença coronariana, que apresenta
inúmeros fatores de risco: altos níveis de colesterol, hipertensão arterial, obesidade,
idade, gênero, genética, entre outros.

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➢ MÚLTIPLAS CAUSAS-MÚLTIPLOS EFEITOS

Este modelo de representação da doença está bastante atual tendo em vista


a ocorrência de múltiplas doenças que compartilham dos mesmos fatores de risco.
Portanto, poderíamos utilizar a figura 9 como base e acrescentar ao desfecho o infarto
agudo do miocárdio ou o acidente vascular cerebral. Este é um modelo muito útil para
representar doenças crônico-degenerativas, em que o indivíduo está susceptível a
vários agentes ao longo da vida, que acabam provocando diversos efeitos (agravos à
saúde).

➢ ABORDAGEM SISTÊMICA DA SAÚDE

Abordagem dos problemas de saúde dentro de vários sistemas que constituem


a sociedade, nos quais vários sistemas englobam ou são englobados por outro(s), como
representa a figura abaixo:

Tal modelo representa a multicausalidade de uma doença ou condição de saúde dentro


de uma perspectiva mais subjetiva, na qual são consideradas as causas diretas e
indiretas que levaram ao desfecho (doença ou morte).

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➢ ETIOLOGIA SOCIAL DA DOENÇA

Este modelo tem como principal fundamento a busca por explicações sociais
(não biológicas) para a ocorrência e manutenção de doenças na sociedade, pois busca
identificar a epidemiologia social das doenças. Agravos relacionados à condição social,
à educação e à cultura de uma sociedade podem ser bem explicados por esse modelo.
Como exemplos, podem ser citados o desajuste sociofamiliar de indivíduos que
convivem com pacientes com transtorno psicossocial descompensado, bem como a
alta letalidade e as consequências físicas e psicológicas causadas pela mutilação
genital feminina por alguns grupos étnicos que têm como raiz a desigualdade de
gênero.
Como falado anteriormente, não existe modelo certo ou errado. O objetivo
dessas representações é explicar de forma mais adequada as manifestações das
doenças/ agravos à saúde dentro de diversos cenários epidemiológicos, nos quais
inúmeros são os fatores etiológicos que comprometem a saúde dos indivíduos e das
populações.
Por fim, espera-se que, ao final dessa unidade, você esteja apto a reconhecer
e utilizar os conceitos e ferramentas básicas da epidemiologia dentro de sua prática
diária nas Unidades de Saúde da Família e em inúmeros outros serviços de saúde.

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CAPÍTULO III:

Epidemiologia

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➢ EPIDEMIOLOGIA
Epidemiologia pode ser definida como a ciência que estuda o processo saúde-
doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes
das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo
medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo
indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das
ações de saúde. O significado etimológico do termo epidemiologia deriva do grego:

Portanto, de forma simplificada, o termo “epidemiologia” significa o estudo


sobre a população, que direcionado para o campo da saúde pode ser compreendido
como o estudo sobre o que afeta a população.
A epidemiologia congrega métodos e técnicas de três áreas principais de
conhecimento: estatística, ciências biológicas e ciências sociais. A área de atuação da
epidemiologia é bastante ampla e compreende em linhas gerais:
➢ O ensino e pesquisa em saúde;
➢ A descrição das condições de saúde da população;
➢ A investigação dos fatores determinantes da situação de saúde;
➢ A avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde.

A epidemiologia tem como princípio básico o entendimento de que os eventos


relacionados à saúde (como doenças, seus determinantes e o uso de serviços de
saúde) não se distribuem ao acaso entre as pessoas. Há grupos populacionais que
apresentam mais casos de certo agravo, e há outros que morrem mais por determinada
doença. Tais diferenças ocorrem porque os fatores que influenciam o estado de saúde
das pessoas não se distribuem igualmente na população, portanto, acometem mais
alguns grupos do que outros.
Em síntese, pode-se afirmar que a distribuição das doenças na população é
influenciada pelos aspectos biológicos dos indivíduos, pelos aspectos socioculturais e
econômicos de sua comunidade e pelos aspectos ambientais do seu entorno, fazendo
com que o processo saúde-doença se manifeste de forma diferenciada entre as
populações.

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Analisando-se a evolução da epidemiologia ao longo dos anos, pode-se


observar que os conceitos descritos acima, e que já estão tão bem consolidados dentro
do campo científico, precisaram ser reformulados à medida que as descobertas
científicas avançavam no campo da saúde, principalmente no que se refere ao processo
saúde-doença.
A epidemiologia tornou-se ao longo dos anos uma ciência ampla que abriga
inúmeras áreas do conhecimento e muitas subdivisões, tais como:

➢ Epidemiologia clínica;
➢ Epidemiologia investigativa;
➢ Epidemiologia nutricional;
➢ Epidemiologia de campo;
➢ Epidemiologia descritiva;

➢ DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO DE SAÚDE

O diagnóstico da situação de saúde consiste na coleta sistemática de dados


sobre a saúde da população, informações demográficas, econômicas, sociais, culturais
e ambientais, que servirão para compor os indicadores de saúde. Apesar de parecer
uma tarefa simples, o diagnóstico da situação de saúde apresenta minúcias importantes
para a sua realização.
O epidemiologista ou profissional de saúde que pretenda realizar tal
diagnóstico deve dominar a fundo conceitos e ferramentas da epidemiologia para que
sua avaliação não apresente erro metodológico:

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O diagnóstico de situação de saúde tem como principais objetivos a construção


de um plano de ação em saúde que venha a minimizar os problemas identificados e a
formulação de hipóteses sobre os fatores envolvidos na construção e manutenção de
um cenário epidemiológico. Tais hipóteses poderão e deverão ser testadas. Portanto, o
diagnóstico da situação de saúde é o primeiro passo para se compreender e se atuar
sobre os problemas de saúde encontrados em qualquer coletividade.

➢ INVESTIGAÇÃO ETIOLÓGICA

A investigação dos agentes etiológicos das doenças sempre foi, desde os seus
primórdios, um objetivo prioritário da epidemiologia. No final do século XIX até meados
do século XX, foi dado um grande enfoque às doenças infectocontagiosas, tendo em
vista a evolução da microbiologia e a grande prevalência de doenças infecciosas no
mundo.
Inicialmente, foi adotada uma abordagem unicausal para o processo de
adoecimento, ou seja, toda doença apresentava um agente etiológico que, uma vez
identificado, poderia ser combatido. Tal abordagem solucionou vários problemas de
saúde pública:

Tal abordagem também serviu para doenças não infecciosas, como é o caso
do “bócio endêmico”, que foi praticamente eliminado pela doação do sal de cozinha.

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Com a evolução do conhecimento científico, a abordagem unicausal não foi capaz de


explicar as causas de várias doenças, surgindo assim a abordagem multicausal para a
investigação dos agentes etiológicos. Alguns exemplos das descobertas propiciadas
por essa abordagem são:

Os numerosos fatores associados à ocorrência da asma brônquica. Exemplos:


➢ Infecções, exercício;
➢ Estresse emocional;
➢ Exposição a alérgicos;
➢ Etc.
A etologia das doenças coronarianas. Exemplos:
➢ Obesidade;
➢ Níveis de colesterol;
➢ Sedentarismo;
➢ Tabagismo;
➢ Etc.

➢ OBJETIVOS DA EPIDEMIOLOGIA:
Identificar o agente causal ou fatores relacionados à causa dos agravos à
saúde; Entender a causa dos agravos à saúde; Definir os modos de transmissão; Definir
e determinar os fatores contribuintes aos agravos à saúde; Identificar e explicar os
padrões de distribuição geográfica das doenças; Estabelecer os métodos e estratégias
de controle dos agravos à saúde; Estabelecer medidas preventivas; Auxiliar o
planejamento e desenvolvimento de serviços de saúde; Prover dados para
administração e avaliação de serviços de saúde.

➢ TERMINOLOGIAS DA EPIDEMIOLOGIA:
AGENTE: entidade biológica, física ou química capaz de causar doença.
AGENTE INFECCIOSO: agente biológico capaz de produzir infecção ou doença
infecciosa.
BUSCA ATIVA: é a busca de casos suspeitos, que se dá de forma permanente ou não;
visitas periódicas do serviço de saúde em áreas silenciosas e na ocorrência de casos
em municípios vizinhos.
CASO AUTÓCTONE: caso contraído pelo enfermo na zona de sua residência.

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CASO IMPORTADO: doente que adquiriu a doença em outra região de onde emigra
ou onde esteve ocasionalmente.

ELIMINAÇÃO: é a redução à zero da incidência de uma doença/agravo, porém com


manutenção indefinidamente no tempo, das medidas de controle.

ENDEMIA: ocorrência de casos de doença em frequência que não exceda à habitual


na mesma comunidade.

EPIDEMIA: elevação brusca, temporária e significante na incidência de uma moléstia,


causada pela alteração de um ou mais fatores da estrutura epidemiológica. O número
de casos que indica a existência de uma epidemia varia com o agente infeccioso, o
tamanho e as características da população exposta, sua experiência prévia ou falta de
exposição à enfermidade e o local e a época do ano em que ocorre.

ERRADICAÇÃO: é a cessação de toda a transmissão da infecção pela extinção


artificial da espécie do agente em questão, de forma a permitir a suspensão de qualquer
medida de prevenção ou controle.

FÔMITES: objetivos de uso pessoal do caso clínico ou portador, que podem estar
contaminados e transmitir agentes infecciosos e cujo controle é feito por meio da
desinfecção.

FONTE DE INFECÇÃO: pessoa, animal, objeto ou substância a partir da qual o agente


é transmitido para o hospedeiro.

HOSPEDEIRO: organismo simples ou complexo, incluindo o homem, que é capaz de


ser infectado por um agente específico.

IMUNIDADE: resistência usualmente associada à presença de anticorpos que têm o


efeito de inibir microrganismos específicos ou suas toxinas responsáveis por doenças
infecciosas.

IMUNIDADE ATIVA: imunidade adquirida naturalmente pela infecção, com ou sem


manifestações clínicas, ou artificialmente pela inoculação de frações ou produtos de
agentes infecciosos ou do próprio agente morto, modificado ou de uma forma variante.

IMUNIDADE PASSIVA: imunidade adquirida naturalmente da mãe ou artificialmente


pela inoculação de anticorpos protetores específicos (soro ou imunoglobulina).

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INCIDÊNCIA: número de casos novos de uma doença ocorridos em uma população


particular durante um período específico de tempo.

INFECÇÃO: penetração, alojamento e, em geral, multiplicação de um agente etiológico


animado no organismo de um hospedeiro, produzindo-lhe danos, com ou sem
aparecimento de sintomas clinicamente reconhecíveis.

INFECTIVIDADE: capacidade do agente etiológico se alojar e multiplicar-se no corpo


do hospedeiro.

NOTIFICAÇÃO: consiste na informação periódica do registro de doenças de notificação


compulsória, obtidas por meio de todas as fontes notificadoras.

PANDEMIA: epidemia de uma doença que afeta pessoas em muitos países e


continentes.

PATOGENICIDADE: capacidade de um agente biológico causar doença em um


hospedeiro suscetível.

PERÍODO DE INCUBAÇÃO: intervalo entre a exposição efetiva do hospedeiro


suscetível a um agente biológico e o início dos sinais e sintomas clínicos da doença
nesse hospedeiro.

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE: intervalo de tempo durante o qual uma pessoa


ou animal infectado elimina um agente biológico para o meio ambiente ou para o
organismo de um vetor hematófago, possível, portanto, a sua transmissão a outro
hospedeiro.

PROFILAXIA: conjunto de medidas que têm por finalidade prevenir ou atenuar as


doenças, suas complicações e consequências. Quando a profilaxia está baseada no
emprego de medicamentos, trata-se da quimioprofilaxia.

RESERVATÓRIO: o habitat de um agente infeccioso, no qual este vive, cresce e se


multiplica, sendo responsável pela sua sobrevivência e perpetuação na natureza. Ele
pode ser humano (sarampo, DST), animal (leptospirose, raiva) ou ambiental.

RESISTÊNCIA: conjunto de mecanismos corporais que servem de defesa contra a


invasão ou multiplicação de agentes infecciosos ou suas toxinas.

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SURTO EPIDÊMICO: epidemia de proporções reduzidas, atingindo uma pequena


comunidade humana ou instituições fechadas (colégios, hospitais, quartéis).

VIRULÊNCIA: grau de patogenicidade de um agente infeccioso, capacidade de


produzir casos graves e fatais.

VIA DE ELIMINAÇÃO: (porta de saída) a forma como o agente atinge o meio ambiente

(trato digestivo, respiratório, lesões na pele, trato geniturinário).

VIA DE PENETRAÇÃO: (porta de entrada) trajeto pelo qual o agente introduz-se no


novo hospedeiro. Basicamente são as mesmas de saída.

ZOONOSES: infecção ou doença infecciosa transmissível, sob condições naturais, de

homens a animais e vice-versa.

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CAPÍTULO IV:

Indicadores de
saúde

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

➢ INDICADORES DE SAÚDE
O indicador de saúde pode ser definido como um dado que represente uma
situação de saúde; em outras palavras, trata-se de um instrumento de mensuração
utilizado para avaliar situações de saúde, além de ser utilizado como base para o
planejamento, execução, gerenciamento e avaliação de ações e serviços de saúde. No
entanto, para que um indicador tenha todas essas aplicações, ele precisa atender a
certos critérios, que podem ser definidos como:
Para que sejam efetivamente utilizados, os indicadores precisam ser
organizados, atualizados, disponibilizados e comparados com outros indicadores. No
planejamento local, podem estar voltados para o interesse específico da Unidade de
Saúde que vai utilizá-los. Quem melhor define os indicadores são os profissionais da
saúde, a população e os gestores diretamente envolvidos no processo de trabalho.
Os indicadores de saúde podem ser classificados como negativos (taxa de
mortalidade) e positivos (expectativa de vida), no entanto estamos mais acostumados
com os primeiros. Em linhas gerais, os indicadores de saúde podem ser categorizados
em:
➢ Mortalidade e sobrevida;
➢ Morbidade;
➢ Nutrição, crescimento e desenvolvimento;
➢ Aspectos demográficos;
➢ Condições socioeconômicas,
➢ Saúde ambiental;
➢ Serviços de saúde.

O objetivo dos indicadores de saúde é a de resumir, em poucos números, um


grande quantitativo de dados que de outra forma se tornariam confusos e de difícil
interpretação.

➢ INDICADORES DE MORBIDADE: Incidência e Prevalência.


➢ INCIDÊNCIA:
A incidência quantifica o número de casos novos de uma doença, episódios ou
eventos na população dentro de um período definido de tempo (dia, semana, mês, ano);
é um dos melhores indicadores para avaliar se uma condição está diminuindo,
aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número de pessoas da população
que passou de um estado de não-doente para doente.

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

O coeficiente de incidência é a razão entre o número de casos novos de uma


doença que ocorre em uma comunidade, em um intervalo de tempo determinado, e a
população exposta ao risco de adquirir essa doença no mesmo período.

➢ PREVALÊNCIA:
A prevalência pode ser definida como a frequência de casos existentes de uma
determinada doença em uma determinada população e em um dado momento. Em
outras palavras, são os casos já existentes (antigos) somados aos casos novos, numa
dada população durante um período de tempo. A imagem abaixo expressa bem essas
definições:

A prevalência é uma medida estática que representa a aferição do número de


casos existentes em uma população em:

Um dado instante: chamada de prevalência pontual ou instantânea. Exemplo: aferição


dos casos no 1º dia do ano.

Num dado período: chamada de prevalência de período. Exemplo: aferição dos casos
durante 1 ano.

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

Vale salientar que, diferentemente da incidência, a prevalência só considera


um evento de determinada doença por indivíduo, ou seja, se o indivíduo tiver gripe por
três vezes durante o ano, o evento só será contado uma vez. Com exceção da
casualidade de ele se encontrar com gripe nos dois momentos em que for mensurada
a prevalência pontual para este agravo.

A incidência é bastante utilizada em investigações etiológicas para elucidar


relações de causa e efeito, avaliar o impacto de uma política, ação ou serviço de saúde,
além de estudos de prognóstico.

Já a prevalência pode ser utilizada para o planejamento de ações e serviços


de saúde, previsão de recursos humanos, diagnósticos e terapêuticos. Ressalta-se que
a prevalência é uma medida mais adequada para doenças crônicas ou de longa
duração.

➢ INDICADORES DE MORTALIDADE:
A medida de mortalidade tem sido tradicionalmente utilizada como indicador
de saúde há mais de um século. Historicamente, é o primeiro indicador utilizado em
avaliação de saúde coletiva; e ainda hoje, o mais empregado. Isso pode ser explicado
pelas facilidades operacionais, pois a morte é definitiva, ao contrário da doença, e cada
óbito tem que ser registrado.
Inicialmente, a mensuração de tal medida estava a cargo da igreja católica na
Europa. Só a partir do século XVII é que a regulamentação do registro sistemático de
fatos vitais passou a ser efetuada progressivamente pelo Estado. Atualmente, está
consolidada esta atribuição para os Estados, e, em geral, cabe aos Serviços de Saúde
realizar a notificação, mensuração e avaliação da causa morte.

Os indicadores de mortalidade são:

➢ Mortalidade geral e específica;

➢ Taxa de mortalidade específica (gênero, idade, causa);

➢ Mortalidade infantil (neonatal, precoce, tardia, pós-neonatal).

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

➢ OUTROS INDICADORES DE SAÚDE:


➢ INDICADORES NUTRICIONAIS:
Utilizados para a avaliação das condições de saúde e nutrição de populações.
Como exemplo, podemos citar: a proporção de recém-nascidos com baixo peso ao
nascer e a proporção de crianças com peso e altura inferiores para o esperado,
expressa pelo peso/idade e, mais especificamente, peso/altura e altura/idade. É
importante notar que alguns dos dados utilizados para gerar esses indicadores são
coletados na rotina da Unidade de Saúde da Família.

➢ INDICADORES DEMOGRÁFICOS:

São indicadores cruciais para a construção e compreensão de outros indicadores de


saúde, pois trabalham com dados demográficos como fonte primária de informação.
Alguns exemplos desses indicadores são: população total, razão de gênero, taxa de
crescimento da população, proporção de idosos na população, razão de nascidos vivos
estimados e informados, etc.

➢ INDICADORES SOCIAIS OU SOCIOECONÔMICOS:


utilizados como indicadores sanitários indiretos, são fundamentais para compreender
os fatores de risco para determinados agravos. Podemos citar no elenco desses
indicadores: a taxa de analfabetismo, escolaridade da população por faixa etária,
produto interno bruto, proporção de pessoas com baixa renda, entre outros.
➢ INDICADORES AMBIENTAIS:
Conhecidos como indicadores sanitários, estão diretamente relacionados às
condições socioeconômicas. Como exemplo, podemos citar: cobertura de saneamento
básico e abastecimento de água e a coleta de lixo.
➢ INDICADORES DE SERVIÇOS DE SAÚDE:
Refletem o que ocorre no âmbito da assistência à saúde e podem ser
subdivididos em 3 grupos:

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

Em síntese, pode-se dizer que os indicadores de saúde são elementos


fundamentais para a avaliação da situação de saúde e para a identificação de
problemas agudos e crônicos que acometem a população. Sem eles, seria impossível
estabelecer metas, traçar objetivos, executar ações de saúde e avaliar o impacto de
tais medidas sobre a saúde da população. Espera-se que, ao final dessa unidade, você
seja capaz de identificar os principais indicadores de saúde e utilizá-los de maneira
adequada para o aprimoramento dos serviços de saúde prestados às comunidades
assistidas pelas Unidades de Saúde da Família, dentro dos preceitos da Atenção
Básica à Saúde.

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CAPÍTULO V:

Distribuidores das
doenças

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

➢ DISTRIBUIDORES DAS DOENÇAS

Para melhor compreender como a doença acomete uma população, não basta
apenas analisar indicadores de saúde, tendo em vista que cada indicador apresenta
uma limitação em expressar a realidade. Portanto, nesta unidade, vamos abordar a
ocorrência da doença sobre a ótica do Tempo e do Espaço, sendo essa perspectiva
mais uma ferramenta da epidemiologia para representar situações que envolvem o
processo saúde-doença, respondendo a questões fundamentais da epidemiologia:
onde e quando a doença ocorre?

➢ DISTRIBUIÇÃO DA DOENÇA NO TEMPO:

A distribuição da doença no tempo é um conceito amplamente difundido na


área da saúde e no conhecimento geral da população sobre a ocorrência de doenças,
portanto, não é incomum escutar comentários sobre a expectativa de se registrar
elevação na incidência de certa doença em determinada época do ano. Exemplo: asma
nos períodos de inverno, leptospirose nos períodos de chuva, etc.

Segundo Medronho, Werneck e Perez (2009), o estudo sobre a distribuição da


doença no tempo fornece valiosas informações para a compreensão, previsão, busca
etiológica, prevenção de doenças e avaliação do impacto de intervenções em saúde.

Dentro desta perspectiva, faz-se necessário o registro e acompanhamento da


evolução temporal das doenças para que seja possível se reconhecer padrões e
tendências para a ocorrência de doenças ao longo do tempo (dias, semanas, meses e
anos) e se determinar os limites para as variações periódicas de um evento, fazendo
com que seja possível se identificar elevação da incidência ou prevalência de uma
doença para além do que se espera num dado período. Portanto, o conhecimento sobre
os principais tipos de evolução temporal de uma doença é fundamental para se
compreender as variações esperadas e não esperadas para a ocorrência de uma dada
doença.

São quadro os principais tipos de evolução temporal de uma doença:

➢ Tendência secular ou histórica;


➢ Variações cíclicas não sazonais;
➢ Variações sazonais;
➢ Variações irregulares.

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Uma epidemia é definida “como sendo a ocorrência, numa comunidade ou


região, de casos da mesma doença, em números que ultrapassam nitidamente a
incidência normalmente esperada”. Ela pode ser classificada de acordo com a
abrangência geográfica em:

Pandemia: é o nome dado à ocorrência epidêmica caracterizada por larga


distribuição espacial, atingindo várias nações. Em outras palavras, a pandemia pode
ser tratada como a ocorrência de uma série de epidemias localizadas em diferentes
regiões e que ocorrem em vários países ao mesmo tempo.

Surto: é uma ocorrência epidêmica onde todos os casos estão relacionados


entre si, atingindo uma área geográfica pequena e delimitada, como vilas e bairros, ou
uma população institucionalizada, como colégios, quartéis, creches, asilos.

Também é possível classificar uma epidemia de acordo com a velocidade de


instalação, propagação e desaparecimento, a sua duração e os mecanismos envolvidos
no seu desaparecimento. Como exemplo, podemos citar dois tipos de epidemia:

Epidemia por fonte comum: é a epidemia na qual o agente etiológico pode


ser veiculado pela água, alimentos ou pelo ar, permitindo a exposição de um elevado
número de indivíduos ao agente etiológico, portanto pode haver uma explosão de casos
em um curto período de tempo. Normalmente, a doença não é transmitida de pessoa
para pessoa, e a velocidade de progressão da epidemia vai depender das
características do agente etiológico (período de incubação).

Epidemia progressiva ou programada: trata-se de uma epidemia mais lenta,


na qual a forma de transmissão provavelmente se dá de pessoa para pessoa. A
transmissão pode ser direta ou indireta (fômites ou vetores).

➢ DISTRIBUIÇÃO DA DOENÇA NO ESPAÇO:

A distribuição da doença no tempo responde à questão: onde a doença ocorre?


Tal indagação é tão antiga quanto a origem da medicina, tendo em vista a obra de
Hipócrates datada do século V a.C., denominada Dos ares, dos mares e dos lugares.
Segundo Medronho, Werneck e Perez (2009), tal obra chamava a atenção para o fato
de que as investigações médicas deveriam considerar as características das
localidades onde as doenças ocorriam, principalmente no que diz respeito à
temperatura e à sua posição em relação ao vento e ao nascimento.

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

Também podemos destacar mais uma vez os estudos pioneiros de John Snow
ao investigar a epidemia de cólera na Inglaterra no século XIX, onde, só a partir do
mapeamento de vários fatores relacionados à doença, pôde-se chegar às conclusões
sobre a etiologia e a transmissão, sendo gravado um marco na história da
epidemiologia.

A grande importância de se mapear a ocorrência de doenças consiste na


determinação de condições e fatores de risco relacionados ao ambiente. Portanto,
quando se consolida um dado em um indicador de saúde ou em uma medida de
frequência da doença sem considerarmos o espaço, pode-se estar introduzindo um viés
de interpretação ou até de confundimento, tendo em vista o fato de que como as
condições ambientais variam, certamente o cenário epidemiológico é influenciado por
tais variações.

Vale a pena ressaltar que o conceito de ambiente no que tange à distribuição


espacial de doenças vai muito além do aspecto geofísico. O ponto de partida para a
espacialização da informação de saúde é a delimitação do espaço geográfico a ser
trabalhado (país, estado, cidade, bairro, área, microárea, etc.). Uma vez delimitado o
espaço, é necessário se construir um mapa da área, que pode ser desde um croqui,
até um mapa georreferenciado. Em seguida, é necessário se plotar a informação de
saúde/ou doença no mapa, portanto é sempre importante se coletar informações sobre
a localização da doença.

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CAPÍTULO VI:

Vigilância
Epidemiológica

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➢ VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

Uma das principais funções da análise temporal e espacial da ocorrência de


doenças na população é a identificação de situações atípicas, tais como epidemias de
doenças. Para tanto, é necessário um monitoramento contínuo das informações de
saúde na perspectiva de identificar o mais brevemente possível as situações de risco
para a saúde do indivíduo e das populações.
Portanto, faz-se necessária a implantação de sistemas de vigilância
epidemiológica, que pode ser definida como o processo sistemático e contínuo de
coleta, análise, interpretação e disseminação de informação com a finalidade de
recomendar e adotar medidas de prevenção e controle de problemas de saúde.
Com base nessa definição, pode-se compreender que a coleta de dados é
atividade primária para a vigilância epidemiológica. Entre os principais dados coletados,
podem ser citados os dados demográficos, ambientais, socioeconômicos e de
morbimortalidade, já abordados na unidade 2 deste livro. Após a etapa de coleta de
dados, os mesmos precisam ser registrados em banco de dados, que, na maioria das
vezes, geram a demanda de criação dos denominados Sistemas de Informação em
Saúde, que têm por atribuição máxima a consolidação de informações em saúde,
possibilitando a análise de situações de risco.
A vigilância epidemiológica identifica situações de anormalidade na ocorrência
de doenças, dar-se início a etapa de investigação epidemiológica que, consiste
geralmente em um trabalho de campo que tem por objetivo: estabelecer ou confirmar
diagnósticos; identificar a fonte de infecção e o modo de transmissão; identificar os
grupos expostos ao maior risco e buscar casos secundários; esclarecer as
circunstâncias que propiciaram a ocorrência e investigar fatores de risco; e determinar
as principais características epidemiológicas do evento.
O propósito final da investigação epidemiológica é orientar a recomendação e
adoção oportuna de medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos e
a manutenção da doença na população. Visando a atender as demandas da vigilância
epidemiológica e com o objetivo de aprimorar a resposta às situações de emergência
epidemiológica do país, o Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de
Vigilância em Saúde (SVS), inaugurou, em outubro de 2005, o Centro de Informações
Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS).

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

A intenção da vigilância epidemiológica é fornecer orientação técnica


constante para os profissionais de saúde que têm a responsabilidade de decidir sobre
a execução de ações de controle de doenças e agravos, tornando disponíveis, para
esse fim, informações atualizadas sobre a ocorrência dessas doenças e agravos, bem
como dos fatores que a condicionam, numa área geográfica ou população definida.
Apesar de a vigilância epidemiológica e em saúde ser uma atividade
institucionalizada e de responsabilidade dos poderes públicos, nos últimos anos, com
o aumento da acessibilidade à internet em todo o mundo e do uso de tecnologias
móveis, surgiu uma nova tendência dentro da vigilância epidemiológica, a vigilância
participativa. Esta tem os mesmos propósitos e objetivos da vigilância tradicional à
saúde.
A grande diferença é que os agravos à saúde ou as situações de risco para a
ocorrência de uma doença são reportados pela própria população a sistemas virtuais
de coleta de dados, que têm a capacidade de armazenar tais dados, consolidá-los,
analisá-los e transformá-los em informações em saúde. A grande vantagem deste
sistema de vigilância é a rapidez com que a informação pode chegar às autoridades
sanitárias, tendo em vista que não existem intermediadores entre o evento de saúde
(ex.: indivíduo doente) e o sistema de vigilância, propiciando assim uma resposta mais
rápida para problemas identificados.
Sua grande limitação é a confiabilidade e a representatividade dos dados,
tendo em vista que são informados voluntariamente e sem critérios pré-estabelecidos.
Só o futuro dirá se o sistema de vigilância participativa funcionará na área da saúde.
Com base em tudo que foi apresentado nesta unidade, espera-se que você seja capaz
de coletar e analisar dados de agravos à saúde, gerando informações úteis para a
compreensão de cenários epidemiológicos de risco e que possa traça medidas que
venham a restaurar a saúde da população, impedindo o processo de doenças e
prevenindo sua instalação em indivíduos susceptíveis.

➢ SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE

Para desenvolver atividades de vigilância em saúde, é necessário coletar e


analisar dados para gerar indicadores de saúde e que, para analisar a distribuição da
doença no tempo e no espaço, é preciso compreender como e onde esses dados são
armazenados e como podemos acessá-los, nesta unidade, iremos conhecer os
principais Sistemas de Informação em Saúde.

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

➢ DEFINIÇÃO E USO

Para melhor compreender o conceito de Sistema de Informação em Saúde, é


necessário entender a definição desses termos em separado. Dar-se o nome de
sistema a um conjunto integrado de partes que se articulam para uma finalidade comum
(COELI et al., 2009). Já o termo informação, de acordo com a etimologia da palavra,
pode ser compreendido como aquilo que “forma uma ideia de algo”.
Com base nessas definições, pode-se compreender o termo Sistema de
Informação como o conjunto de elementos relacionados à coleta, ao armazenamento,
à organização e ao processamento de dados, que tem por objetivo gerar informações
representativas sobre uma realidade. Segundo Coeli et al. (2009), dados podem ser
entendidos como uma representação de fatos na sua forma primária (exemplo: idade,
peso e tamanho de um paciente), enquanto a informação é o resultado da combinação
de vários dados que são trabalhados, organizados e interpretados, agregando valor
adicional para os fatos primários (exemplo: o cálculo do Índice de Massa Corporal a
partir de dados sobre peso e altura – gerando uma medida capaz de classificar a
condição física do indivíduo).
Vale ressaltar que uma característica fundamental para um Sistema de
Informação é a capacidade de agregar um grande volume de dados, que são
gerenciados por banco de dados que permitem a entrada dos dados no sistema, a
manipulação desses dados e a saída deles sob a forma de informação.
Dentro deste contexto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) define
Sistema de Informação em Saúde (SIS) como um mecanismo de coleta,
processamento, análise e transmissão da informação necessária para se planejar,
organizar, operar e avaliar os serviços de saúde, e, também, para a investigação e o
planejamento com vistas ao controle de doenças.

➢ PRINCIPAIS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO


No Brasil, existem inúmeros sistemas de informação em saúde, cada um criado
com o objetivo de atender a uma demanda dos serviços de saúde no que tange à
vigilância em saúde e ao gerenciamento dos serviços de saúde. É notório que, com o
advento do computador e da facilidade do acesso à informação através da internet, os
SIS têm se tornado cada dia mais amigáveis do ponto de vista operacional e acessíveis
aos profissionais de saúde e à população em geral, o que possibilita maior

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rapidez na coleta, armazenamento e manipulação dos dados, viabilizando a geração


de informações sobre os cenários epidemiológicos atuais. Neste subtópico, iremos
abordar os seguintes sistemas de informação em saúde:

➢ Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC);


➢ Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM);
➢ Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN);
➢ Sistema de Informação Hospitalar (SIH);
➢ Sistema de Informação Ambulatorial (SIA);
➢ Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB);
➢ Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (SISAB)/e-SUS Atenção
Básica (e-SUS AB).

➢ Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC):


O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC foi implantado
oficialmente a partir de 1990, com o objetivo de coletar dados sobre os nascimentos
informados em todo território nacional e fornecer dados sobre natalidade para todos
os níveis do Sistema de Saúde.

A implantação do SINASC ocorreu de forma gradual em todos os estados do


Brasil. E desde o ano de 1994 vem apresentando em muitos municípios um número
maior de registros do que o publicado pelo IBGE com base nos dados de Cartório
de Registro Civil.
O documento de entrada do sistema é a Declaração de Nascido Vivo - DNV,
padronizada em todo o país. A DNV é impressa em três vias previamente
numeradas, pelo Ministério da Saúde. É distribuída gratuitamente às Secretarias
Estaduais de Saúde que as fornecem às Secretarias Municipais de Saúde.

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EPIDEMIOLOGIA BÁSICA

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Exemplo de DNV preenchida:

As Unidades notificadoras que recebem os formulários das Secretarias


Municipais de Saúde: Estabelecimento e Serviço de Saúde; Cartório de Registro Civil;
Profissionais de saúde e parteiras tradicionais (apenas quando reconhecidas e
vinculadas à unidade de saúde), que realizem atendimento a parto domiciliar, mediante
cadastramento e controle da Secretaria Municipal de Saúde.
O SINASC contempla variáveis importantes, como: idade da mãe, sexo do
recém-nascido, peso ao nascer, duração da gestação, grau de instrução da mãe, índice
de Apgar, tipo de parto, paridade, estabelecimento onde ocorreu o parto e município de
origem da mãe.

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➢ Sistema de Informações de Mortalidade (SIM):


O Sistema de Informação Sobre Mortalidade - SIM desenvolvido pelo Ministério
da Saúde, em 1975 para coletar dados sobre mortalidade no país.
Apresentam variáveis que permitem, a partir da(s) causa(s) da morte
atestada(s) pelo médico, construir indicadores e processar análises epidemiológicas
que contribuam para a eficiência da gestão em saúde. O documento básico e essencial
à coleta de dados da mortalidade no Brasil é a Declaração de Óbito – DO, que possui
três vias (na cor branca, rosa e amarela).

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➢ Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN):

O Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN é alimentado,


principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças e agravos que
constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria nº 204, de
17 de fevereiro de 2016), mas é facultado a estados e municípios incluir outros
problemas de saúde importantes em sua região.

A notificação compulsória é um mecanismo utilizado para levar ao


conhecimento das autoridades sanitárias o surgimento da existência de determinada
doença ou situação que comprometa a saúde pública. Essa notificação existe em
diversos níveis. A notificação compulsória é regida pela Portaria do Ministério da Saúde,
e estabelece as espécies e os prazos para notificar autoridades de saúde. Nessa
portaria, existem três níveis de notificações compulsórias, as quais são:

➢ Notificação compulsória imediata — prazo de 24 horas;


➢ Notificação compulsória semanal — prazo de 7 dias;
➢ Notificação compulsória negativa — comunicação de que não foi identificada
nenhuma ocorrência, durante a semana.

A utilização efetiva permite a realização do diagnóstico dinâmico da ocorrência


de um evento na população, podendo fornecer subsídios para explicações causais dos
agravos de notificação compulsória, além de vir a indicar riscos aos quais as pessoas
estão sujeitas, contribuindo assim, para a identificação da realidade epidemiológica de
determinada área geográfica.
O seu uso sistemático, de forma descentralizada, contribui para a
democratização da informação, permitindo que todos os profissionais de saúde tenham
acesso à informação e as tornem disponíveis para a comunidade. É, portanto, um
instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de
intervenção, além de permitir que seja avaliado o impacto das intervenções.

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➢ Sistema de Informação Hospitalar (SIH):


A finalidade Sistema SIH é a de transcrever todos os atendimentos que
provenientes de internações hospitalares que foram FINANCIADAS PELO SUS, e após
o processamento, gerarem relatórios para os gestores que lhes possibilitem fazer os
pagamentos dos estabelecimentos de saúde. Além disso, o nível Federal recebe
mensalmente uma base de dados de todas as internações autorizadas (aprovadas ou
não para pagamento) para que possam ser repassados às Secretarias de Saúde os
valores de Produção de Média e Alta complexidade além dos valores de CNRAC, FAEC
e de Hospitais Universitários – em suas variadas formas de contrato de gestão.
População Alvo: Atendimentos que provenientes de internações hospitalares
que foram financiadas pelo SUS. Abrangência Geográfica: Federal, estadual e
Municipal. É realizado o preenchimento da Autorização de Internação Hospitalar (AIH)
pelo hospital, e após a alta hospitalar e enviada eletronicamente para a Secretaria de
Saúde municipal ou estadual, dependendo do nível de gestão municipal. Os dados são
consolidados no nível nacional.
Na AIH são preenchidos os dados da hospitalização: especialidade, tipo de
admissão (emergência, eletiva, etc.), data da admissão, data da alta, dias de
permanência, tipo e número de dias na UTI, número de dias do acompanhante, motivo
da alta, procedimentos realizados, diagnóstico primário e secundário. Custo hospitalar:
total, serviços hospitalares, serviços profissionais, serviços de diagnóstico e terapia,
cuidados neonatais, acompanhante, ortopedia e prótese, sangue, transplante,
analgesia obstétrica, UTI.

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➢ Sistema de Informação Ambulatorial (SIA):


O SIA é o sistema que permite aos gestores municipais e estaduais o
processamento das informações de atendimento ambulatorial registrados nos
aplicativos de captação do atendimento ambulatorial (APAC, BPA e RAAS) pelos
prestadores públicos e privados contratados/conveniados pelo SUS.
As informações extraídas do SIA são utilizadas como um importante
instrumento de gestão, subsidiando, assim, as ações de planejamento, programação,
regulação, avaliação, controle e auditoria da assistência ambulatorial.
Os componentes envolvidos na captação e processamento da produção
ambulatorial do SUS podem ser classificados como: sistemas de base, aplicativos de
captação do atendimento, sistema de processamento, aplicativos intermediários e
tabelas necessárias.
➢ SISTEMAS DE BASE:
➢ Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES):
É o sistema de informação oficial de cadastramento de informações de todos
os estabelecimentos de saúde no país, independentemente de sua natureza jurídica ou
de integrarem o Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se do cadastro oficial do
Ministério da Saúde (MS) no tocante à realidade da capacidade instalada e mão-de-
obra assistencial de saúde no Brasil em estabelecimentos de saúde públicos ou
privados, com convênio SUS ou não. Conheça mais sobre o CNES acessando o link
wiki.saude.gov.br/cnes.

➢ Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos do SUS (SIGTAP):


É um sistema de gestão da Tabela de Procedimentos do SUS que permite o
acompanhamento sistemático, inclusive com série histórica, das alterações realizadas
a cada competência/mês, detalhando os atributos de cada procedimento, bem como
compatibilidades e relacionamentos. Conheça mais sobre o SIGTAP acessando o
seguinte link wiki.saude.gov.br/sigtap.

➢ Aplicativos de Captação:
➢ Boletim de Produção Ambulatorial (BPA):
Aplicativo de captação do atendimento ambulatorial composto de dois módulos de
captação, BPA consolidado (BPA-C) e BPA individualizado (BPA-I).

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➢ Autorização de Procedimentos Ambulatoriais (APAC):


Aplicativo de captação do atendimento ambulatorial no qual são registrados os
procedimentos que exigem autorização prévia do gestor local para sua execução. Neste
aplicativo é digitada a maioria dos procedimentos da alta complexidade (AC) e alguns
da média complexidade (MC).
➢ Registro de Ações Ambulatoriais de Saúde (RAAS):
Aplicativo de captação do atendimento ambulatorial no qual são registrados
procedimentos de atenção psicossocial financiados por meio de incentivos da política
da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

➢ Aplicativos Intermediários:
➢ Ficha de Programação Orçamentária (FPO):
É o aplicativo que possibilita ao gestor local registrar a programação física-
orçamentária ambulatorial de cada estabelecimento de saúde, sob sua gestão, que
presta atendimento ao SUS. A programação deve estar coerente com o planejamento
anual das ações e serviços e baseada em contrato/convênio com o SUS.
➢ Transmissor:
É um aplicativo que possibilita o envio dos arquivos do banco de dados local
dos sistemas de processamento dos dados de atendimentos no SUS, visando alimentar
o Banco de Dados Nacional dos Sistemas de Informação da Atenção à Saúde.
Tabelas:
➢ BDSIA:
O Banco de Dados do Sistema de Informação Ambulatorial é uma tabela que
contém todos os procedimentos, atributos e regras vigentes na competência de
processamento, definidas no Sistema de Gerenciamento da Tabela de Procedimentos
do SUS - SIGTAP a cada mês, e que possibilitam o processamento da produção
ambulatorial. O BDSIA é disponibilizado no (Portal do SIA) para download
mensalmente, possibilitando a atualização mensal dos sistemas.

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➢ Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB):


O Sistema de Informação da Atenção Básica - SIAB foi implantado em 1998
em substituição ao Sistema de Informação do Programa de Agentes Comunitários de
Saúde - SIPACS, pela então Coordenação da Saúde da Comunidade/Secretaria de
Assistência à Saúde, hoje Departamento de Atenção Básica/Secretaria de Atenção à
Saúde, em conjunto com o Departamento de Informação e Informática do
SUS/Datasus/SE, para o acompanhamento das ações e dos resultados das atividades
realizadas pelas equipes do Programa Saúde da Família - PSF.
O SIAB foi desenvolvido como instrumento gerencial dos Sistemas Locais de
Saúde e incorporou em sua formulação conceitos como território, problema e
responsabilidade sanitária, completamente inserido no contexto de reorganização do
SUS no país, o que fez com que assumisse características distintas dos demais
sistemas existentes. Tais características significaram avanços concretos no campo da
informação em saúde. Dentre elas, destaca-se:
➢ Micro-espacialização de problemas de saúde e de avaliação de intervenções;
➢ Utilização mais ágil e oportuna da informação;
➢ Produção de indicadores capazes de cobrir todo o ciclo de organização das
ações de saúde a partir da identificação de problemas;
➢ Consolidação progressiva da informação, partindo de níveis menos agregados
para mais agregados.
Por meio do SIAB obtêm-se informações sobre cadastros de famílias,
condições de moradia e saneamento, situação de saúde, produção e composição das
equipes de saúde.
Principal instrumento de monitoramento das ações do Saúde da Família, tem
sua gestão na Coordenação de Acompanhamento e Avaliação/DAB/SAS
(CAA/DAB/SAS), cuja missão é monitorar e avaliar a atenção básica,
instrumentalizando a gestão e fomentar /consolidar a cultura avaliativa nas três
instâncias de gestão do SUS.
Atualmente, para que o sistema se transforme, de fato, num sistema que
permita o monitoramento e favoreça a avaliação da atenção básica, o Departamento
de Atenção Básica/SAS em conjunto com o Departamento de Informação e Informática
do SUS/Datasus/SE vem investindo em sua reformulação, articulada com os demais
sistemas de informação dos outros níveis de atenção.

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➢ Sistema de Informação em Saúde da Atenção Básica (SISAB) / e-SUS


Atenção Básica (e-SUS AB):
O e-SUS Atenção Básica (e-SUS AB) é uma estratégia do Ministério da Saúde
através do Departamento de Atenção Básica (DAB) para reestruturar as informações
da atenção primária à saúde (APS), modernizando sua plataforma tecnológica com o
objetivo de informatizar as unidades básicas de saúde, oferecer ferramentas para
ampliar o cuidado e melhorar o acompanhamento da gestão.
Pretende-se com o e-SUS AB, reduzir a carga de trabalho empenhada na
coleta, inserção, gestão e uso da informação na APS, permitindo que a coleta de dados
esteja dentro das atividades já desenvolvidas pelos profissionais, e não uma atividade
em separado.
Dentre as principais premissas do e-SUS, destacam-se:
➢ Reduzir o retrabalho de coleta dados;
➢ Individualização do Registro;
➢ Produção de informação integrada;
➢ Cuidado centrado no indivíduo, na família e na comunidade e no território;
➢ Desenvolvimento orientado pelas demandas do usuário da saúde.
À partir da implementação desta estratégia, pretende-se reestruturar o atual
Sistema de Informações da Atenção Básica (SIAB), substituído gradativamente por um
novo sistema de informação, o SISAB - Sistema de Informação em Saúde da Atenção
Básica. À partir do SISAB, outros sistemas com dados originados na atenção primária
seriam alimentados automaticamente. O quadro 1 resume as principais diferenças do
SISAB em relação ao SIAB:

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O e-SUS AB oferece dois desenhos de implementação:


➢ e-SUS AB CDS - Software para Coleta de Dados Simplificada:
Permitiria o registro integrado e simplificado através de fichas de cadastro do
domicílio e dos usuários, de atendimento individual, de atendimento odontológico, de
atividades coletivas, de procedimentos e de visita domiciliar, informações estas que vão
compor o SISAB.
• e-SUS AB PEC - Software com Prontuário Eletrônico do Cidadão:
Permitiria a gestão do cadastro dos indivíduos no território, organizar a agenda
dos profissionais da AB, realizar acolhimento à demanda espontânea, atendimento
individual e registro de atividades coletivas. Visando aproximar o registro dos dados de
onde eles estão sendo produzidos (e garantir o acesso às informações produzidas a
partir destes) para suportar os processos essenciais da atenção primária, o e-SUS AB
está sendo desenvolvido de forma a poder ser implantado em diferentes cenários, de
acordo com a realidade local. Assim, poderia ser utilizada a versão com coleta de dados
simplificada, a versão com prontuário eletrônico ou ambas as versões, nas diferentes
etapas do processo de trabalho.
A coleta de dados simplificada será o primeiro passo para a implantação do e-
SUS AB, permitindo a alimentação do SISAB mesmo em unidades de saúde ainda não
informatizadas, tendo como principal diferencial em relação ao SIAB, um menor número
de fichas a serem preenchidas, a individualização dos dados por cidadão e a
disponibilização de relatórios mais dinâmicos

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CAPÍTULO VII:

Noções gerais para


notificações de doenças e
agravos

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➢ CARACTERÍSTICAS GERAIS PARA A INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA:


1. Coleta de dados
2. Processamento dos dados coletados
3. Analise e interpretação dos dados processados
4. Recomendações das medidas de controle apropriadas
5. Promoção das ações de controle indicadas
6. Avaliação da eficácia das medidas adotadas
7. Divulgação de informações pertinentes

➢ NOTIFICAÇÃO DE DOENÇAS:
➢ NOTIFICAÇÃO ATIVA:
Procedimento que tem por objetivo detectar casos que não foram captados
pelo sistema de Notificação. É realizada através de visitas periódicas a serviços de
saúde como hospitais e laboratórios, instituições de ensino, ambulatórios, busca em
prontuários, CCIH e outros locais que possam ser fontes de notificação.

➢ NOTIFICAÇÃO NEGATIVA:
Denominação da notificação realizada periodicamente, mesmo na ausência de
casos. O serviço de saúde informa por intermédio de um boletim, telegrama ou até por
telefone, que não ocorreram casos de uma determinada doença.
A Notificação negativa é a notificação da não-ocorrência de doenças de notificação
compulsória na área de abrangência da unidade de saúde; demonstra que o sistema
de vigilância e os profissionais da área estão alertas para a ocorrência de tais eventos.
Esse sistema é útil:
➢ Sendo a doença objeto de erradicação, de eliminação ou controle;
➢ Quando a incidência da doença é baixa, e pode haver um período mais ou menos
longo sem que ocorram casos; dessa forma, os serviços de saúde obrigando-se
informar que não houve casos, estão sempre vigilantes.

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➢ TIPOS DE DADOS EPIDEMIOLÓGICOS:


De acordo com o Ministério da Saúde (2009), o sistema de vigilância
epidemiológica trabalha vários tipos de dados. Sua base é a notificação de casos
suspeitos e/ou confirmados de doenças, objetos de notificação compulsória, embora
ele possa, também, utilizar dados de mortalidade ou dados coletados em prontuários
médicos, por exemplo.
Os dados e informações que alimentam o Sistema Nacional de Vigilância
Epidemiológica são os dados demográficos, ambientais e socioeconômicos; dados de
morbidade e os dados de mortalidade.

➢ DADOS DEMOGRÁFICOS, AMBIENTAIS E SOCIOECONÔMICOS


Os dados demográficos permitem quantificar grupos populacionais. Os dados
sobre o número de habitantes, nascimentos e óbitos devem ser descritos de acordo
com as características de sua distribuição por sexo, idade, situação do domicílio,
escolaridade, ocupação, condições de saneamento, etc.
Os indicadores demográficos e socioeconômicos são importantes para a
caracterização da dinâmica populacional e das condições gerais de vida, às quais se
vinculam os fatores condicionantes da doença ou agravo sob vigilância. Os dados sobre
aspectos climáticos e ecológicos também podem ser necessários para a compreensão
do fenômeno analisado.
Como exemplo de dados demográficos, tem no Brasil os Indicadores e Dados
Básicos para a Saúde – IDB que fazem parte de uma ação integrada de base nacional
que utiliza dados do Ministério da Saúde, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
– IBGE, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e Ministério da Previdência
Social. O folheto IDB 2011 abordou o tema do envelhecimento da população brasileira,
à luz dos resultados do Censo Demográfico 2010.

➢ DADOS DE MORBIDADE:
São os dados mais utilizados em vigilância epidemiológica. Os dados de
morbidade permitem a detecção imediata ou precoce dos problemas sanitários. Refere-
se, em geral, de dados provenientes da notificação de casos e surtos, da produção de
serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigações epidemiológicas, da busca ativa
de casos, de estudos amostrais e de inquéritos, entre outras formas.

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➢ NOTIFICAÇÃO DE SURTOS E EPIDEMIAS


A identificação precoce de surtos e epidemias ocorre quando o sistema de
vigilância epidemiológica local está bem estruturado. O Surto epidêmico é definido
como uma epidemia de proporções reduzidas, atingindo pequena comunidade humana.
Exemplo: surtos em creches, escolas, instituições fechadas.
A Epidemia é a ocorrência, numa coletividade ou região, de casos da mesma
doença (ou surto epidêmico) em número que ultrapassa o quantitativo de casos
normalmente esperados. O número de casos que caracteriza a presença de uma
epidemia varia de acordo com o agente infeccioso, o tamanho e o tipo da população
exposta, sua experiência prévia com a doença ou a ausência de casos anteriores e o
tempo e o lugar da ocorrência.

ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO DE EPIDEMIAS E SURTOS:


O objetivo principal da investigação de uma epidemia ou surto de determinada
doença infecciosa é identificar formas de interromper a transmissão e evitar a
ocorrência de novos casos.

CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA DOENÇA:


Na ocorrência de uma epidemia é importante verificar se a suspeita inicial é de
fato uma suspeita ou confirmação da doença. Em seguida deve ser realizada a coleta
dos dados que servirão como base para os passos da investigação. Conforme a
suspeita, um plano diagnóstico deve ser definido para orientar a coleta de material para
exames laboratoriais, envolvendo - a depender da doença - amostra proveniente dos
indivíduos (fezes, sangue, líquor, etc.) e do ambiente (água, vetores, mechas, etc.).

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➢ CONFIRMAÇÃO DA EXISTÊNCIA DE EPIDEMIA/SURTO:


A confirmação de uma epidemia ou surto abrange o estabelecimento do
diagnóstico da doença e do estado epidêmico. A confirmação é realizada com base na
comparação dos coeficientes de incidência (ou do número de casos novos) da doença
no momento de ocorrência do evento investigado, com aqueles usualmente verificados
na mesma população.

➢ CARACTERIZAÇÃO DA EPIDEMIA:
As informações disponíveis devem ser organizadas de forma a permitir a
análise de algumas características e responder algumas questões relativas à sua
distribuição no tempo, lugar e pessoa.
As informações relativas ao tempo abrangem o período de duração da
epidemia e o período provável de exposição. As informações referentes ao lugar
envolvem a distribuição geográfica predominante, o bairro de residência, escola, local
de trabalho ou outra.
As características consideradas são as individuais (sexo, idade, etnia, estado
imunitário, estado civil), atividades (trabalho, esporte, práticas religiosas, costumes,
etc.) e condições de vida (estrato social, meio ambiente, situação econômica).

➢ VIGILÂNCIA DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS


As doenças transmissíveis podem ser caracterizadas como doenças cujo
agente etiológico é vivo e transmissível, podendo ser veiculada através de um vetor,
ambiente ou indivíduo.
Desde o início da década de 1980, a situação das doenças transmissíveis no
Brasil, apresenta três grandes tendências: doenças transmissíveis com tendência
declinante; doenças transmissíveis com quadro de persistência e doenças
transmissíveis emergentes e reemergentes. No grupo das doenças transmissíveis com
tendência declinante como exemplo estão: a varíola (erradicada em 1973); a
poliomielite (erradicada em 1989); o sarampo (transmissão interrompida desde o final
de 2000), o tétano neonatal, a raiva humana, a difteria, a coqueluche, a doença de
chagas, a filariose e o tétano acidental.
Dentre as doenças com quadro de persistência podemos citar a tuberculose;
as hepatites virais, especialmente as hepatites B e C; a leptospirose; as meningites;

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destacando-se as infecções causadas pelos meningococos B e C; as leishmanioses


(visceral e tegumentar); a esquistossomose, a febre amarela e a malária.
As doenças transmissíveis emergentes são aquelas que aumentaram o
número de casos na população humana como aids e influenza. As doenças
transmissíveis reemergentes são as que ressurgiram, como problema de saúde pública,
após terem sido controladas no passado como dengue e cólera.
➢ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI).
O objetivo da Imunização é a prevenção de doenças. Protegem contra
microrganismos específicos, considerados importantes para a saúde pública. A
Imunização pode ser ativa ou passiva. Imunização ativa é a que se consegue através
das vacinas. Imunização passiva é a que se consegue através da administração de
anticorpos, como soro.
O Programa Nacional de Imunização – PNI foi criado em 1973 pelo Ministério
da Saúde com o objetivo de coordenar as ações de Imunização no Brasil. O sucesso
das Campanhas de Vacinação contra a varíola na década dos anos sessenta mostrou
que a vacinação em massa conseguia erradicar a doença. O último caso de varíola
notificado no Brasil foi em 1971 e, no mundo em 1977 na Somália.
Após a erradicação da varíola, inicia-se em 1980 a 1ª Campanha Nacional de
vacinação contra a Poliomielite, com a meta de vacinar todas as crianças menores de
5 anos em um só dia. O último caso de poliomielite no Brasil ocorreu na Paraíba em
março de 1989. Em setembro de 1994 o Brasil junto com os demais países da região
das américas, recebeu da Comissão Internacional para a Certificação da Ausência de
Circulação Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas, o Certificado que a doença
e o vírus foram eliminados de nosso continente.
O Zé Gotinha foi um personagem criado em 1986 pelo artista plástico Darlan
Rosa para a campanha de vacinação contra o vírus da poliomielite.

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O PNI desde a sua criação teve muitos avanços. As metas mais recentes
contemplam erradicação do sarampo e a eliminação tétano neonatal. A essas, se soma
o controle de outras doenças imunopreveníveis como Difteria, Coqueluche e Tétano
acidental, Hepatite B, Meningites, Febre Amarela, formas graves da Tuberculose,
Rubéola e Caxumba em alguns Estados, bem como, a manutenção da erradicação da
Poliomielite.

A Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunização - CGPNI tem


como função adquirir, distribuir e normatizar o uso dos imunobiológicos especiais,
indicados para situações e grupos populacionais específicos que serão atendidos nos
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais - CRIEs. É também de
responsabilidade desta coordenação a implantação do Sistema de Informação e a
consolidação dos dados de cobertura vacinal em todo o país.

O principal objetivo do Programa é oferecer todas as vacinas com qualidade a


todas as crianças que nascem anualmente em nosso país, tentando alcançar
coberturas vacinais de forma homogênea em todos os municípios e em todos os
bairros.

A vacina aplicada deve ser anotada no cartão de vacina com nome da vacina,
lote, validade, data de aplicação, assinatura do profissional que aplicou a vacina e
agendado o retorno do paciente, caso tenha mais doses para serem aplicadas para
completar o esquema da vacina.

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