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Gestão do

Conhecimento e
da Aprendizagem
Organizacional

Introdução
à Gestão do
Conhecimento
APRESENTAÇÃO

C aro(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a)! Várias organizações têm dificuldades de


sobrevivência, não só pelas regras dos mercados onde atuam, mas sobremaneira pela
ausência de fundamentação teórica e prática de seus gestores. E é isto que nós propomos
a partir de agora.
Conte comigo para, ao longo deste módulo, orientá-lo (a) de maneira profissional e clara.
Desde já, o(a) parabenizo por decidir aprofundar seus conhecimentos sobre as teorias e
práticas da Gestão do Conhecimento e da Aprendizagem Organizacional.
Neste módulo, vamos abordar a evolução histórica do conhecimento e a importância
das organizações estarem preparadas para mudanças em sua forma de agir e pensar. E
por último, com o intuito de compreender o processo que envolve a criação e a gestão
do conhecimento, apresentaremos as principais características, diferenças e formas de
transformação entre dados, informação e conhecimento.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de:
• Entender que a empresa precisa estar preparada para mudanças culturais, para atender as
demandas do mercado, que no nosso caso é propiciar condições favoráveis à criação, disse-
minação e gestão do conhecimento e da aprendizagem organizacional.
• Compreender que o conhecimento e a informação são imprescindíveis para tomadas de decisão.
• Conseguir observar que as ferramentas da tecnologia da informação auxiliam no armazena-
mento e disseminação do conhecimento.

FUMEC VIRTUAL - SETOR DE Produção de Infra-Estrututura e Suporte


FICHA TÉCNICA

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Design Multimídia Coordenação


Coordenação Anderson Peixoto da Silva
Gestão Pedagógica
Rodrigo Tito M. Valadares
Coordenação
Design Multimídia AUTORIA
Gabrielle Nunes Paixão
Dennis Henrique Dias Peçanha
Transposição Pedagógica Prof. Vinícius Castilho
Raphael Gonçalves Porto Nascimento
Deluma Kele Machado

BELO HORIZONTE - 2013


INTRODUÇÃO À GESTÃO
DO CONHECIMENTO

Evolução histórica do conhecimento


Nos primeiros anos do século XXI e até o presente momento, muitos setores da socie-
dade vêm se transformando. Avanços científicos e tecnológicos foram obtidos, os meios
de transporte e de comunicação evoluíram e a consequente diminuição das distâncias
consolidou o fenômeno da globalização.

Hoje, é possível conversar com um amigo, seja ele um


vizinho ou um morador do hemisfério oposto. Já percebeu
que os efeitos de uma crise econômica na Europa afeta os
cinco continentes? E que produtos são vendidos em uma
cidade e entregues e consumidos em outra?

As mudanças ocorridas no período são


facilmente percebidas, entretanto, a prin-
cipal modificação do panorama social,
cultural, político e econômico na virada
do século XXI relacionam-se à impor-
tância e à dimensão que o conhe-
cimento atingiu. E essa é a causa e
consequência do desenvolvimento da
tecnologia da informação, formando uma
espécie de círculo vicioso.

Por um lado, a flexibilidade e o


poderio das novas Tecnologias da
Informação (TI) tornam o conheci-
mento uma das prioridades estra-
tégicas da organização. Os produ-
tos das novas indústrias de TI são
dispositivos de processamento de
informação ou o próprio processa-
mento. Segundo Castells (2000),
o avanço da TI, assim, permite
que a informação se transforme
no centro do processo produtivo,
proporcionando mais competitividade
às organizações.

Introdução à Gestão do Conhecimento 7


A globalização também gerou um novo contexto político e econômico, em que as organi-
zações competem, cooperam e se comunicam em escala mundial, amplificando a concor-
rência e as possibilidades para além dos limites geográficos.

Você já parou pra pensar que a inovação


contínua tornou-se um aspecto vital para
o sucesso e a manutenção da empre-
sa? De acordo com Takahashi (2000), o
maior desafio das organizações é adqui-
rir a competência necessária para trans-
formar a informação e o conhecimento
em um recurso econômico estratégico,
através de inovações, que podem ser
em produtos, serviços ou processos que
devem ser apresentadas em intervalos de
tempo cada vez menores.

O círculo vicioso se fecha quando o


conhecimento, centro estratégico das
organizações, justifica o aprimoramen-
to das tecnologias. As redes funcionam
como canais de transmissão de informa-
ções. Os limites de volume dos sistemas
de armazenamento aumentam rapida-
mente. Os bancos de dados incorporam novas funcionalidades e adquirem maior robustez
e segurança ao longo do tempo. Segundo Davenport e Prusak (1998), a evolução técnica
precisa acompanhar a necessidade da geração, manutenção e disseminação do conheci-
mento organizacional. Podemos constatar esta situação, ao verificarmos que, atualmente,
computadores e redes disponibilizam vários recursos, como o correio eletrônico, groupware,
intranets e a internet, aptos a indicar pessoas com conhecimento e interligar indivíduos que
precisem compartilhar conhecimento à distância.

Há vários indicadores econômicos de que a sociedade, hoje,


pode serclassificada como uma “Sociedade do
Conhecimento”. Veja a seguir:

• A importância da inovação tecnoló-


gica para o crescimento econômico
e a competitividade empresarial.
Nos anos 90, a inovação tecno-
lógica foiresponsável por cerca de
70% do crescimento econômico e
proporcionou um ganho de produti-
vidade de 80 a 90%. No fim da déca-
da, o setor de alta tecnologia foires-
ponsável por 35% do crescimento do
PIB norte-americano.
• Queda de preços e da participação na
economia dos Recursos Naturais e Agricultura. Estima-se
que os preços dos recursos naturais tenham caído quase60%
entre os anos 70 e 90 e cerca de 0,6% ao ano de 1800 até os
dias dehoje. Nos países desenvolvidos, a participação da agricultura gira em torno
de 1a 3% do PIB.
• Evolução dos setores de informática e telecomunicações. Em 1998, havia mais de
200 milhões de computadores e mais de 15 bilhões de chips instalado sem diver-
sos tipos de máquinas e equipamentos. Em 1981, nos EUA, osinvestimentos em
telecomunicações e informática correspondiam à metade doinvestido em setores

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tradicionais. Dez anos depois, os valores se igualaram. Em1997, o panorama inverteu-
-se: os investimentos nos setores de informática chegaram a cerca de 225 bilhões de
dólares, correspondendo ao dobro dos investimentos nos setores tradicionais.

Como você pode observar, um dos maiores desafios das


organizações na atualidade é transformar a informação e
o conhecimento em um recurso estratégico. No entanto,
isto demanda mudanças no modo de agir das empresas
e é isto que veremos a seguir, a cultura organizacional.

CULTURA ORGANIZACIONAL
Você sabia que a cultura de uma organização influen-
cia todo o processo de criação, implantação
e sucesso da estratégia de uma empresa?
E é imprescindível que ela esteja centrada
no compartilhamento de conhecimentos
e no aprendizado contínuo, resultando
em informações valiosas e fundamen-
tais na “guerra” do mercado.

Você sabe de que é constituída a cultu-


ra organizacional de uma empresa? Ela é
constituída de valores, normas, cerimônias,
rituais, crenças e pressupostos, dentre
outros, que são compartilhados em um
determinado tempo. Esta cultura é
o resultado do aprendizado coletivo
que será a identidade de cada organi-
zação, isto é, a aquisição de valores,
atitudes e conhecimentos será obtida
através de um processo contínuo de trocas de experiências coletivas e individuais.

Segundo Kotter e Heskett (1994), a cultura organizacional pode cegar até mesmo os
executivos mais experientes para fatos que não combinem com suas suposições. A cultu-
ra arraigada pode dificultar significativamente a implementação de novas estratégias e
de uma política de inovação. Dessa forma, influenciará diversos aspectos dentro das
organizações, em especial decisões estratégicas que afetarão diretamente os processos
relacionados a criação, disseminação e gestão do conhecimento e da aprendizagem orga-
nizacional, rotinas e resultados.

IMPORTANTE
O que toda empresa busca é uma cultura organizacional com um ambiente de apoio e educa-
ção em que todos os funcionários da organização sintam que sua contribuição e seu conhe-
cimento são valorizados e necessários para a conquista dos objetivos.

Porém, quando se fala em compartilhamento de conhecimentos surgem diversas barrei-


ras, tais como: a crença de queconhecimento é poder, insegurança e medo.

Introdução à Gestão do Conhecimento


Estar em constante transformação é uma necessidade da cultura organizacional, que
exige esta flexibilidade para acompanhar as mudanças ocorridas no mercado. Além de
variar de organização para organização, ela é construída ao longo do tempo, adquirindo
seu próprio sistema de valores.

ATENÇÃO
A mudança organizacional está diretamente ligada a uma mudança cultural, uma vez que
contempla alterações em políticas, estratégias e comportamentos.

Devido à sua complexidade e importância, toda mudança deve ser gerida no sentido de
ser um processo planejado e organizado, considerando pessoas, processos e tecnologias,
visando aos objetivos da organização e envolvendo todos os colaboradores. Considerando
que a meta das empresas é ser altamente competitivas, é fundamental, durante um proces-
so de mudança, que as organizações tenham condições favoráveis ao crescimento e desen-
volvimento, possuindo uma estrutura ágil e flexível para estar continuamente inovando.

Para melhor entender o que significa estrutura ágil e flexível, as organizações precisam
ser essencialmente caracterizadas pela sinergia dos trabalhadores doconhecimento, pela
aprendizagem organizacional, e pela flexibilidadeque lhe permite se reorganizar constan-
temente, em face às mudanças nos ambientes mercadológicos onde estão inseridas, bem
como às exigências dos clientes que lhes permitem sobreviver e crescer.

10 Introdução à Gestão do Conhecimento


O clássico modelo de estrutura organizacional
orientado na forma racional-legal norteou as
empresas de base tecnológica para o paradigma
taylorista-fordista representado pelo organogra-
ma, também conhecido como estrutura clássi-
ca. Você acha que esta forma de estruturação
semostra adequada para prover flexibilidade,
aprendizagem organizacional e sinergia dos
trabalhadores do conhecimento?

Não, ela não se mostra adequada para prover


flexibilidade, aprendizagem organizacional e
sinergia dos trabalhadores do conhecimento.

Tais estruturas devem favorecer a inovação e a


captura de oportunidades pelas múltiplas inte-
rações necessárias à sobrevivência e ao cresci-
mento das empresas.

As organizações devem estar estruturadas de forma


a estimular, inicialmente, as interações entre os
colaboradores da empresa e os clientes, objetivando
identificar e diagnosticar os problemase as dificuldades
enfrentadas por eles.

Certo é que a rigidez das estruturas organizacionais hierárquicas, reforçadas por formas
de controle lineares, fechadas, amarradas em modelos de comando e ligadas por canais
de comunicaçãofixos e formais darão espaço para estruturas circulares e abertas enseja-
doras de diálogos criadores de riquezas.

A seguir, abordaremos as definições e relações entre dado, informação, conhecimento e


inteligência.

DADO, INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

Você já observou que em conversas informais, é muito


comum usar expressões como: dado, informação e
sabedoria, como sinônimas de conhecimento? No
entanto, vários autores distinguem o significado de cada
um desses termos. Veja!

Davenport e Prusak (1998), ícones no estudo deste assunto, afirmam que conhecimento
pode incluir os conceitos de sabedoria e insight, mas diferencia-se de dados e informa-
ções. Dados é um conjunto de fatos distintos e objetivos, relativos a eventos. O exemplo
dos autores baseia-se no abastecimento de um automóvel feito por um consumidor. A
data da compra, os litros de gasolina consumidos e o valor pago são dados relativos à
venda. Veja que estes dados isolados não têm muita utilidade.

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As informações são dados dotados de relevância e propósito, capazes de exercer algum
impacto sobre o julgamento ou comportamento de quem as recebem.

IMPORTANTE
Dados tornam-se informações quando o seu criador lhes acrescenta significado.

No exemplo apresentado anteriormente, podemos montar uma tabela contendo a quan-


tidade de litros de gasolina vendida num ano, dividida mês a mês. Assim poderemos
verificar qual o mês em que o consumo de combustível foi mais alto e aquele em que foi
mais baixo.

IMPORTANTE
A informação corresponde aos dados processados/relacionados que façam algum sentido,
que tenham significado e utilidade.

Perceba que, no exemplo acima, quando a pessoa montou uma tabela, fez os cálculos,
concluiu que o carro gastou mais no último mês e tomou uma decisão de investigar o
veículo, ela usou seu conhecimento! E este conhecimento pode ser explícito ou tácito!

Você sabe o que é conhecimento explícito?


E conhecimento tácito? Veja a seguir.

O conhecimento explícito é formal e sistemático, e pode


ser facilmente comunicado e compartilhado. Já
o conhecimento tácito é altamente pessoal,
de difícil formalização e comunicação. O
conhecimento organizacional explícito é o
conhecimento exibido em manuais de
procedimentos, memórias de compu-
tador, relatórios e pesquisas. O táci-
to é aquele que inclui o discerni-
mento, o instinto a habilidade.

Para Takeuchi e Nonaka (2008),


o conhecimento em si é forma-
do por dois componentes, os
conhecimentos tácito e explí-
cito. O conhecimento explícito
pode ser expresso em palavras,
números ou sons e compartilha-
do na forma de dados, fórmulas
científicas, recursos virtuais, ainda
em fitas de vídeo ou especificações
de produtos ou manuais.

12 Introdução à Gestão do Conhecimento


O conhecimento explícito pode ser
rapidamente transmitido de forma
sistemática e formal às pessoas.

O conhecimento tácito é de difícil explicação e visualização. Ele é altamente pessoal e


por isso de difícil formalização, comunicação e compartilhamento. É composto por intui-
ções e palpites subjetivos e são profundamente enraizados nas ações e nas experiências
corporais do indivíduo como também nos ideais, valores ou emoções que ele incorpora.

Podemos concluir que a informação e o conhecimento são fenômenos indissociáveis e


complementares da vida organizacional, bem como importantes recursos para tomadas de
decisão. Podemos concluir ainda, que as inovações tecnológicas das áreas de computa-
ção e de telecomunicações contribuem para o compartilhamento de informação e conhe-
cimento nas organizações.

Introdução à Gestão do Conhecimento 13


Síntese
Neste módulo você viu que a informação e o conhecimento são recursos imprescindíveis
para a tomada de decisões organizacionais. Viu também que as empresas precisam estar
preparadas para mudanças culturais, principalmente, como proporcionar um ambiente
propício para criação, disseminação e gestão do conhecimento.

Referências
CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. 6. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.

DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence. Conhecimento Empresarial. São Paulo. 4.


ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

KOTTER, John P.; HESKETT, James L. Cultura corporativa e o desempenho empresarial.


1. ed. São Paulo: Makron Books, 1994.

ANGELONI, Maria Terezinha. Organizações do Conhecimento: infra-estrutura, pessoas e


tecnologias. 1. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

CARVALHO, Rodrigo Baroni. Tecnologia da informação aplicada à gestão do conhecimen-


to. 1 ed. Belo Horizonte: ComArte, 2003.

BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Sociedade da informação no Brasil. Brasília:


MCT, 2000.

Disponível em <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0004/4809.zip>. Acesso em: 10


out. 2013.)

TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008.

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