A palavra liberdade, etimologicamente significa: isenção de qualquer coação ou
negação de determinação para uma coisa.
Pode-se entender como a faculdade de fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Ela tem sido entendida como a possibilidade de autodeterminação e de escolha, acto voluntário, espontaneidade, indeterminação, ausência de interferências, libertação de impedimentos, realização de necessidades, direcção prática para uma meta , ideal de maturidade, autonomia sapiencial ética, razão de ser da própria moralidade. A liberdade pode ser definida em dois sentidos imediatos: no nosso cotidiano e na linguagem filosófica. No nosso cotidiano, invocamos constantemente a palavra liberdade para reivindicar liberdade de opinião, de reunião, de livre circulação, considerando-se nesse sentido comum, a liberdade como ausência de constrangimentos externos; Na linguagem filosófica, referimo-nos à liberdade em termos absolutos e, neste sentido, à um poder de agir independentemente de quaisquer obstâculos ou determinismos. Ora, as escolhas do ser humano exercem-se num campo onde há tendências e limitações de vária ordem (biológica, psicológica e sociológica), e apesar disso são livres porque conseguem superar racionalmente esses obstâculos que acabam por se transformar em força impulsionadora. No âmbito da acção humana, podemos distinguir a liberdade em: liberdade jurídico- política e liberdade moral. A liberdade jurídico-política é a possibilidade de agir no quadro das leis estabelecidas pela sociedade que definem o conjunto dos direitos de deveres e a responsabilidade civil. Esta forma de liberdade, pressupõe logicamente a existência de certas condições e relaciona-se directamente com a existência das leis que, por um lado, limitam a acção do individuo, mas por outro, garantem. Este sentido de liberdade realiza-se no interior de uma comunidade ou Estado no qual os individuos, embora se submetam às leis estabelecidas mediante convenção ou acordo social, vêm asseguradas as chamadas liberdades concretas ou liberdades reais. A liberdade moral: manifesta-se na adesão a valores e implica a orientação da conduta pela razão, estabelecendo a consciente, intencional e voluntariamente metas para a própria existência. É esta liberdade de escolha que faz do Homem, um ser autônomo, possuidor de uma dignidade e originalidade ontológica, isto é, um ser que se auto- constrói, uma invensão de si por si. É por causa desta autodeterminação que o ser humano é o único responsável pelos seus actos. Somente um ser livre, consequentemente, dotado de possibilidade de optar e de decidir acerca dos valores a que quer aderir e das acções que quer concretizar, pode assumir compromissos de responder ou prestar contas pelos próprios actos e pelos seus efeitos, aceitando as suas consequências, isto é, a sua responsabilidade. Responsabilidade A palavra responsabilidade, deriva etimologicamente do latim respondere, que significa responder pelos próprios actos e ter a obrigação de prestar contas pelos actos praticados perante a nossa consciência e perante outras pessoas e a sociedade. A pessoa é moralmente responsável quando age livremente, isto é, na ausência de qualquer forma de constrangimento; quando se está plenamente consciente das intenções e das consequências de nossa acção, e quando, estando consciente da intenção, da acçãoe do seu efeito, se quer a sua realização. A responsabilidade pode assumir diferentes formas, que são: Responsabilidade civil: refere-se ao compromisso de ter de responder perante a autoridade social e a lei jurídica pelas consequências e implicações de nossos actos em relação à terceiros; Responsabilidade moral: refere-se à obrigação de responder perante nós mesmos, perante a nossa consciência, pela intenção dos nossos actos. Mérito O mérito é definido como sendo a aquisição de valores, em consequência do bem que se pratica. O seu oposto é o demérito, que é a perda de valor, em virtude dos factos cometidos. O mérito depende (em absoluto) do valor do próprio acto, e também (em relactivo) das condições em que o acto foi realizado, especialmente de dificuldade e de intenção. Por exemplo: um rico que, ao encontrar um mendigo, lhe dá a quantia duzentos mil meticais para ganhar a simpatia das pessoas em redor é menos meritório que um pobre que despende o valor de cinco mil meticais, mas que o faz por verdadeira solidariedade. A sanção A sanção é o prêmio ou o castigo inflingido pelo cumprimento ou violação da lei. Sancionar um acto é sublinhar o seu valor, quer reconhecendo-o como bom, por meio de elogios e recompensas, quer tomando-o como mau, através de sensuras e castigos. A sanção não é somente castigo como muitos entendem, mas também um prémio. As sanções dividem-se em terrenas e sobrenaturais. As sanções sobrenaturais compreendem à: Sanções de consciências: são assim considerados certos sentimentos, com os quais nos sentimos elevados (satisfação, paz interior) ou deprimidos (inquietação, remorso), consoante os nossos actos são bons ou maus. Sanções de opinião pública: sanciona as acções humana quer quando louva os bons, ou quando reprova os maus. Sanções naturais: são as consequências que resultam para nós da vida que levamos. Os actos morais traduzem-se, geralmente, em decadência pessoal (intelectual e física) ao passo que a saúde pode ser o fruto de uma vida moral pura. Sanções civis: são as que a sociedade aplica, por órgão apropriados, aos que transgridem leis e regulamentos. Sanções sobrenaturais: estão relacionadas com as religiões, e em todos os tempos, e incluem a crença (explícita ou implícita) num juízo final como recompensa última dos bons e castigo dos maus. Esta noção de sanções sobrenaturais corresponde a um objectivo moral positivo: evitar que, perante as insuficiências inevitáveis (em erros e omissões) das crenças terrenas, o homem possa cultivar a ideia moralmente corrupta, de que pode haver crime sem castigo ou pode haver virtude sem esperança de recompensa. O dever O dever pode ser entendido como um imperativo, isto é, como uma ordem a que o indivíduo se terá de submeter e que assume duas dimensões, que são as seguintes: Dimensão subjectiva: que traduz o sentimento de respeito devido à lei imposta pela consciência moral; Dimensão objectiva: que traduz uma obrigação de submissão e acatamento dessa lei. Assim, podemos concluir que a consciência moral é uma instância dinâmica na qual se interrelacionam factores de diversa ordem, como: Individuais: na qual o indivduo interioriza e assimila regras sociais, mas selecciona e escolhe, isto é, apenas assume como suas aquelas que ele próprio valorizou; Sociais: em que a vivência em sociedade impõe um conjunto de deveres necessários para o funcionamento harmonioso da comunidade. É por isso que as acções morais implicando as relações interindividuais tem repercussão ao nível colectivo; Racionais: em que a função judicativa da consciência traduz-se em juízos de valor e raciocínios acerca das razões a favor ou contra a tomada de determinadas decisões; Afectivos: em que na apreciação dos actos intervêm sentimentos de simpatia ou indiferença em relação ao objecto da acção; a realização dos actos é seguida de sentimentos de satisfação ou de remorso, conforme praticamos acções consideradas boas ou más. A Justiça As palavras hebraicas bíblicas que significam justiça (tzedek, tzedaká, mishpat) possuem muitas tonalidades de sentido (justiça, rectidão, bom comportamento, lealdade, integridade, etc). A palavra tzedaká veio a significar também bondade e, daí, caridade, sendo não raro discutível, por isso, a acepção em que os vários contextos bíblicos aplicam tais termos. Por justiça tem-se geralmente entendido a vontade firme e constante de reconhecer e atribuir o que é devido aos outros. Trata-se de uma virtude cardeal, a par da prudência, da fortaleza e da temperança. E trata-se também de um ideal, situado no plano axiológico dos padrões que iluminam o espírito dos homens e dão sentido à vida na tradição clássica, a justiça acaba por confundir-se com o direito. Assim, a palavra grega “dikaion” tanto exprime a idéia de direito como a de justo, ou a de justiça. A justiça é comumente dividida em retributiva e distributiva. Justiça distributiva: aquela parte da justiça que se preocupa com a justa distribuição de benefícios e sofrimentos dentro de uma sociedade. Na medicina (“quem recebe o que por quê”) que afectam toda a sociedade, bem como as questões de racionamento, que afectam paciêntes em particular ou grupos de pacientes em particular. Justiça retributiva: parte da teoria da justiça que considera a punição sob as bases do mero merecimento em vez de sob as bases de detenção ou reabilitação, baseada na ideia da compensação por um dano; baseada na ideia de “olho por olho, dente por dente”. John Rawls em sua obra Teoria da Justiça (1971), apresenta dois princípios de justiça: O primeiro princípio exige a igualdade das distribuições dos direitos e dos deveres básicos. Cada pessoa, diz-nos Rawls, tem um direito igual ao conjunto mais extenso de liberdades fundamentais, iguais para todos. O segundo princípio põe que as desigualdades sócio-econômicas são justas se produzem, em compensação, vantagens para cada um, se beneficiam os indivíduos menos favorecidos. Não há nenhuma injustiça em um pequeno número obter vantagens superiores à média, sob a condição de que seja melhorada a situação dos desfavorecidos. Uma sociedade justa, de acordo com a nossa concepção, seria aquela onde as pessoas pudessem melhorar suas posições por meio de trabalho ( com oportunidades de trabalho disponíveis para todos), mas elas não aproveitariam posições superiores simplesmente porque nasceram com sorte.