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Primavera árabe

Motivações
Primavera Árabe é a forma como ficou conhecido o conjunto de protestos
realizados em países árabes do Norte da África e do Oriente Médio a partir
de dezembro de 2010 contra regimes autoritários e por melhorias na
qualidade de vida da população. As manifestações tiveram início na Tunísia
e, com o auxílio das redes sociais, rapidamente tomaram conta das ruas de
outras nações, como Egito, Líbia, Síria, Iêmen, Barein e Marrocos, com
reivindicações que refletiam a conjuntura política e socioeconômica de cada
território.

Causas
A Primavera Árabe se deu em pelo menos dez países entre a porção
setentrional do continente africano e o Oriente Médio, motivada por questões
internas associadas ao andamento dos governos de cada um desses
territórios e também pelas graves consequências da crise econômica que
ocorreu em 2008, que recaíram sobre a vida cotidiana da população.

Assim, embora cada povo tenha tido razões individuais, intrínsecas à


conjuntura política e econômica de seu país, para sair às ruas, é possível
elencar alguns elementos em comum que ocasionaram a Primavera Árabe.

A opressão policial a um jovem vendedor de frutas e a recusa do diálogo por


parte do governo local foi o que motivou um protesto individual, mas que
suscitou o início de um grande movimento popular na Tunísia.

O desemprego em alta, especialmente entre a camada mais jovem da


população, e a ampliação da pobreza como resultado de crises econômicas,
a presença de governantes autoritários que se perpetuavam no poder há
décadas, denúncias de corrupção por parte dos integrantes desses governos
e a piora na qualidade de vida da população estão entre as causas em
comum da onda de protestos nos países árabes.
Consequências
A Primavera Árabe produziu consequências distintas nos países onde os
protestos tiveram lugar. Nem todas as manifestações populares obtiveram
sucesso nas suas requisições, ao mesmo tempo que a repressão violenta
por parte dos governos nacionais foi uma resposta comum. Em função disso,
muitas pessoas ficaram feridas e outras foram mortas durante tentativas de
reprimir os protestos, além dos milhares de desaparecidos e refugiados que
buscaram abrigo em outros países.

Estima-se que o número de vítimas fatais no Egito foi de 846 pessoas no


primeiro ano de protestos. Já na Líbia, o número de mortes pode superar 5
mil, considerando apenas as fatalidades entre as forças rebeldes. No Iêmen,
aproximadamente 200 mil pessoas foram mortas durante a guerra que se
seguiu aos protestos, enquanto a guerra civil da Síria já fez 306 mil vítimas
civis entre 2011 e 2021, segundo as estimativas do Escritório do Alto
Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Primavera árabe
Na Tunísia
A Primavera Árabe teve início na Tunísia, país localizado no Norte da África.
O que deu origem às manifestações populares no território tunisiano foi um
protesto individual realizado por um jovem vendedor de frutas de 26 anos,
chamado Mohamed Bouazizi, que vinha sofrendo intimidação da polícia
local.

O vendedor não estava conseguindo autorização para manter a sua banca


no local onde havia instalado, ao mesmo tempo em que era alvo da polícia
local com intimidações para que ele saísse de onde estava. Sua banca foi
confiscada pela autoridade policial no dia 17 de dezembro de 2010, e
Bouazizi não conseguiu dialogar com integrantes do governo. Como forma
de protesto, o jovem ateou fogo ao próprio corpo e acabou falecendo no
hospital um mês mais tarde, em 4 de janeiro de 2011.

A internet, mais precisamente as redes sociais, foi importante para que o ato
de Mohamed Bouazizi repercutisse nacional e internacionalmente, e isso deu
início às manifestações populares na Tunísia. Além disso, esse canal de
comunicações auxiliou na convocação dos protestos em outros países, como
ocorreu no Egito.
Os tunisianos foram às ruas contra a repressão policial e contra o
autoritarismo do seu então presidente, Zine El-Abidine Ben Ali, que
governava o país desde 1987. Uma das demandas era a realização de
eleições para a escolha de um novo presidente. Zine El-Abidine Ben Ali
renunciou no mês de janeiro de 2011, quando saiu do país em direção à
Arábia Saudita. O movimento tunisiano ficou conhecido como Revolução
Jasmim.

Primavera árabe
No Egito
Os protestos da Revolução Jasmim inspiraram os egípcios, e a população do
Egito saiu às ruas em um movimento que foi chamado de Revolução de
Lótus, que se iniciou em 25 de janeiro de 2011.

Os manifestantes demandavam a saída do presidente Hosni Mubarak do


poder depois de ele ocupar o cargo de presidente do Egito por cerca de 30
anos. Milhares de pessoas foram às ruas de grandes cidades como Cairo,
capital do país, onde os manifestantes se concentravam na praça Tahrir.

A renúncia de Mubarak aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2011, quando


milhões de pessoas protestavam em prol da democratização do Egito. Um
novo governante foi eleito em junho de 2012, mas ao final do ano uma nova
onda de protestos tomou o país contra o então presidente Mohamed Morsi,
que acabou deposto pelos militares em 2013.

Primavera árabe
Na Síria
"Manifestações pela reforma democrática na Síria tiveram início em março de
2011, iniciadas pela parcela mais jovem da população do país. Assim, a
principal demanda era a renúncia do presidente Bashar al-Assad, no cargo
desde 2000 e sucessor de seu pai, Hafez al-Assad, que governou o país
entre 1971 e o seu falecimento no ano 2000.

O governo sírio respondeu aos protestos de forma muito violenta, o que


desencadeou uma guerra civil que devastou o país e permanece ativa até o
presente. Para saber mais sobre o assunto, acesse: Guerra Civil Síria."
Primavera árabe
Na Líbia
Os protestos tiveram início na Líbia em fevereiro de 2011, quase no mesmo
período em que o presidente egípcio anunciou a sua renúncia.
Reivindicações muito semelhantes estavam sendo feitas pelos manifestantes
líbios, que saíram às ruas pela renúncia de Muamar Kadhafi, que estava no
poder desde 1969 e implantou um regime ditatorial na Líbia.

Da mesma forma como aconteceu em outros países, houve uma resposta


violenta por parte do governo, e a situação escalou rapidamente para uma
guerra civil. Houve a intervenção estrangeira através de países-membros da
Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), como Estados Unidos,
França e Reino Unido, que enviaram reforço militar para auxiliar os
opositores de Kadhafi, chamados então de rebeldes. Os rebeldes tomaram
Trípoli, capital do país, em agosto de 2011. Kadhafi foi assassinado dois
meses depois, na cidade de Sirte.
Primavera árabe
No Iêmen
Em busca de um governo democrático, do fim da corrupção e da erradicação
da alta taxa de desemprego no país, a população do Iêmen se uniu em
protestos ainda em janeiro de 2011. O então presidente, Ali Abdullah Saleh,
deixou o cargo depois de mais de 30 anos no poder. Em seu lugar assumiu o
então vice-presidente, Abdrabbuh Mansour Hadi.

Os protestos não cessaram, e uma série de conflitos internos culminaram em


uma guerra civil a partir de 2014, que tem sido chamada de “guerra
esquecida do Oriente Médio”.

Primavera árabe
No Barein
O Barein foi outro país onde houve manifestações por melhorias econômicas
e pela reforma políticas lideradas por ativistas dos direitos humanos e grupos
étnicos minoritários. Assim, uma das demandas era a troca do sistema de
governo, que permanece até o presente como uma monarquia constitucional.
Isso porque as manifestações foram violentamente reprimidas pelo governo
do país, resultando em milhares de pessoas presas e denúncias de tortura
na prisão.

Importante: Outros países tiveram protestos que fizeram parte da Primavera


Árabe, além dos listados anteriormente. Entre esses países estão Argélia,
Marrocos, Omã, Líbano, Jordânia e Arábia Saudita.

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