Você está na página 1de 18

Eu sentiria falta daquele lugar, principalmente da vó Marié e da Liz.

Eu
amo o Arizona, realmente amo, mas Wisconsin é o meu lar, minha casa.
Refleti enquanto arrumava minha mala preta simples.
- Docinho, desce! O café está pronto. – Gritou minha avó com o sotaque
caipira forte, que eu acho particularmente fofo, da sala de jantar.
Fechei a mala e peguei meu celular enquanto me dirigia às escadas em
direção ao andar de baixo, onde ficava a sala de jantar.
- Que cheiro bom, vó. – Disse dando um beijo em sua bochecha e me
sentando para a refeição.
- Obrigada, coração. – Agradeceu ela, enrubescendo levemente. Vovó
Marie é uma senhorinha de tirar o fôlego. Tem uma beleza clássica,
agraciada com olhos únicos de tom ciano e avelã, sedosos cabelos
castanhos e um nariz suavemente arrebitado. Eu pareço mais com ela em
questão de personalidade.
- O cheiro está realmente delicioso, vó. – Constatou Liz, minha irmã, se
sentando. Elizabeth é parecida comigo, temos o mesmo cabelo preto, o meu
sendo um pouco mais puxado para o castanho, e os olhos negros
característicos das Blackwood. Liz é anos luz mais bronzeada que eu, ela
mora no Arizona o que justifica totalmente seu tom de pele. Ela e minha
avó moram juntas porque minha avó precisa de alguém de olho nela e
minha irmãzinha estuda enfermaria, sendo a mais capacitada de nós para tal
responsabilidade. No começo eu fiquei receosa da idéia, mas percebi que
era o melhor, eu não seria de grande aqui mesmo.
- Alguém sabe dizer por onde a Daisy anda ! Era pra ela já ter chegado,
pegamos o vôo na mesma hora. – Perguntei pra ninguém em especial
comendo o meu cereal.
- Ela saiu ontem de madrugada com uma das amigas dela, ela já devia ter
chegado, você sabe que ela não é menina disso. – Disse Liz com um tom
cauteloso e preocupado. Porra, ela tava certa. D não era disso, na verdade,
ela odeia nos deixar preocupadas e se atrasar pra algo, tínhamos isso em
comum.
- Ela deve ter ido se divertir com algum garoto e acabou perdendo a hora.
– Arriscou minha avó, bebendo seu chá. Eu odeio chá, não tem gosto de
nada. Nem imagino consigo imaginar como ela consegue gostar daquilo.
- Ela tem namorado. – A lembrei bruscamente. Minha prima irmã namora
meu amigo. Luca tinha pagado algumas cadeiras comigo, ele se formou em
Engenharia no ano passado e eu não tenho a porra da menor idéia de como
ele e Daisy se conheceram. Minha vó murmurou um “ah é”.
- Ela já deve chegar. – Disse minha irmã fazendo pouco caso, voltando a
comer suas panquecas. Terminamos de comer em silencio, todas focadas
em seus pensamentos.
- Salém, desce do meu sofá agora! – Rosnou minha vó pro meu gato.
Salém é a coisa mais linda e majestosa do mundo. Eu o resgatei da rua a
alguns bons anos atrás, enquanto eu ainda fazia a faculdade de direito. Nós
somos almas gêmeas, ele tem a pelagem da cor dos meus cabelos e os olhos
verdes como os meus e a personalidade também é a mesma, somos dois
antisocias, mal humorados e levemente manhosos.
- Ei, vem aqui. – Falei me aproximando dele, o pegando no colo e fazendo
carinho na região atrás da orelha que eu sei que ele ama.
Após um tempo fazendo carinho nele, subi pra terminar de fazer as minhas
malas, as fiz e fiquei me perguntando onde caralhos Daisy está. Peguei me
celular pra ligar pra ela, mas como se a desgraçada soubesse, a porta se
abre e começa o interrogatório lá em baixo. Fechei mais algumas
necesseries pra esfriar a cabeça e não ir brigar com ela. Estava o fazendo
tranquilamente a ter ouvir soluços intensos e muitas perguntas sobre o que
aconteceu. Desci como um raio, obviamente. Estava no fim das escadas
quando murmurei.
- O que aconteceu! – Perguntei cautelosa e preocupada com o estado no
qual ela se encontrava. Analisei-a e o que a minha experiência na policia e
no FBI constatou não me agradou nem um pouco. Ela se jogou nos meus
braços, me agarrando pela cintura como se eu fosse um bote salva-vidas.
Afaguei seu cabelo cor de fogo e murmurei um “está tudo bem, já passou
em sua orelha”.
- Ele me pegou... Eu tentei resistir, fugir... Mas ele me pegou. – Disse ela
entre os soluços. Puta merda, eu infelizmente estava certa.
- Quem te pegou! O que aconteceu! – Perguntou minha irmã, exasperada
pela preocupação e desespero. No momento que eu iria responder a babaca,
Daisy revelou.
- Um cara deu em cima de mim no bar e eu neguei, porque eu namoro. Eu
fiquei no bar com a Abby até tarde bebendo, fofocando e dançando.
Quando saímos de lá, já tinha amanhecido. Ela pegou um uber com o cara
que ela levaria pra casa e eu fiquei esperando o meu. O mesmo cara que
tinha me cantado no bar me puxou pelo cabelo e começou a me agarrar. Ele
me arrastou para o beco da balada e eu tentei brigar com ele, juro que
tentei, mas ele foi mais forte e me estuprou... Quando ele terminou, eu já
tinha entrado em estado de choque, tava paralisada. Ele me deu uns
tapinhas no rosto, agradeceu e saiu de lá como se nada tivesse acontecido. –
Quando ela terminou de contar, Liz vomitou no assoalho de madeira da
minha avó. Minha vó ficou pálida como o inferno e caiu no sofá e eu
apenas a abracei com mais força e disse que o pior já tinha passado. Eu
menti. Minha avó se levantou do sofá e veio em nossa direção.
- Vem, minha florzinha, vamos tomar um banho para ver se te acalma um
pouco. –Murmurou nossa avó docemente enquanto abraçava a ruiva e a
arrastava para o banheiro no segundo andar.
- Você sabe que nada disso foi sua culpa né! – Disse minha irmã enquanto
as acompanhava. Daisy apenas deu um leve aceno como resposta. Esperei
até todas chegarem ao segundo andar para correr para pia e despejar todo o
meu café da manhã.
Quando finalmente me recuperei, subi as escadas em direção ao quarto que
a Daisy fica. Bati na porta e esperei até ouvir um “entra” para entrar. Entrei
e só a olhei, enquanto reunia coragem o suficiente pra fazer o que eu tinha
que fazer.
- Eu sinto muito por te pedir isso, mas eu preciso. Eu sei que vai doer, que
vai te destruir mais um pouquinho, mas você é uma sobrevivente, é forte e
vai sobreviver a isso. – Disse com suavidade e firmeza.
- Se eu sou tudo isso, então por que eu não me sinto assim! – Murmurou
ela olhando pra mim com os olhos cheios de lagrimas. Os mesmos olhos
castanhos que irradiam felicidade, agora estão expondo a dor.
- Eu não sei. – Murmurei de volta com toda sinceridade. – Não faço a
menor idéia de como você está se sentindo e para outras garotas não
sentirem o que você sente, preciso que me diga como o desgraçado que fez
isso com você é. Se não conseguir ou não quiser lembrar, tudo bem. Você
sabe que eu nunca exigiria isso de você. – Disse apertando sua mão em
sinal de solidariedade.
- Você ta com a sua prancheta! – Perguntou baixinho e quando de um
aceno de cabeça pra confirmar, ela o descreveu.
Quando o desenho estava finalizado, Liz entrou e quando viu o desenho
disse o nome dele. Blaine Campbell. Ela realmente conhecia todo mundo
da cidade e ele estava realmente fodido.
- Descansa um pouco, se tiver pesadelo ou precisar de alguma coisa a vó e
a Liz estão aqui. Quando acordar nós vamos ao medico e amanhã
prestamos queixa. – Disse a fazendo deitar e beijando a mesma na testa. –
Amo você. – Falei como forma de despedida. Blaine Campbell me
esperava. E ele não sobreviveria a mim.
Fui ao me quarto e peguei o meu revolver, junto com o seu silenciador.
Troquei a calça de moletom por uma legging e o cropped, por um suéter
preto largo o suficiente pra não evidenciar a arma e fino o suficiente pra eu
não morrer cozida. Que Deus e as ancestrais me ajudassem porque eu iria
começar a minha caça.

Essa era a porta do loft dele. A madeira é fodida, provavelmente culpa dos
cupins, as paredes todas descascadas e rachadas, o teto parece com a
barriga de uma pessoa com cirrose. Completamente fodido. Não tem
câmeras, nem porteiro, ou seja, perfeito para praticar um crime. Eu trabalho
pro FBI e se alguém soubesse ou descobrisse iria dar merda pra caralho.
Mas valia o risco. Ele merece isso. Ele merece uma morte lenta e dolorosa
e é isso que eu vou proporcionar a ele.
Bati três vezes na porta. Ele demorou exatamente um minuto e vinte sete
segundos pra abrir a porta. O desgraçado abriu a porta apenas de cueca e eu
nunca quis tanto matar alguém na minha vida e o único problema é que eu
tenho uma arma e sou altamente letal, com ou sem ela. “Fria como gelo e
letal como adaga” preciso repassar meu mantra pra não atirar no meio da
testa dele. Ele não merecia morrer desse jeito, seria rápido demais.
Então me esforço ao máximo pra conseguir por um sorriso sexy no rosto.
– Boa tarde, garotão. – Ronronei, implorando aos céus pra que tenha
parecido real e que meu nojo passasse despercebido. Quando ele abriu um
sorriso sujo não me surpreendeu em nada, mas me enojou pra cacete. –
Bom dia, princesa. – Disse ele com a voz rouca de sono, me dando
passagem pra entrar no chiqueiro dele. Fácil demais.
Dei uma coronhada na cabeça do imbecil assim que ele trancou a porta.
Agradeci a mim mesma por isso, não agüentaria ouvir mais uma palavra
proferida por ele. A voz dele me dá nojo.
Peguei alguns fios da televisão pra prender ele. Amarrei as mãos e os pés
e o arrasto pra cozinha. Deixo o lá enquanto procuro algo altamente
inflamável. Peguei a vodca e o álcool setenta. Dava pro gasto. Volto pra
cozinha e espero pacientemente o infeliz acordar.
Demorou um bom tempo para ele recobrar a consciência, dando assim
tempo de organizar mais coisas. Planejei como eu o faria sofrer até o seu
ultimo suspiro na terra. Foi razoavelmente fácil.
- Demorou demais pro meu gosto. – Reclamei assim que percebi que ele
estava ficando consciente de novo. Ele arregalou seus olhos castanhos, sem
vida e comuns, para mim. O cortei antes mesmo dele começar a falar. –
Você estuprou a minha prima e parente favorita. Ela é a melhor de nós. Ela
nunca, jamais mereceu ou merecera aquilo. Ninguém merece. E eu estou
aqui pra fazer você pagar pelo que fez com ela e lhe dar um passe direto,
apenas de ida para o inferno. – Vomitei as palavras em cima dele, dando
um sorriso maldoso com a última parte.
Atirei no meio do joelho e na coxa de ambas as pernas. Ele urrou e
começou a chorar com a dor. Esplêndido. Fascinante. E divertido pra
cacete.
O puxei pelo cabelo, até ele estar de frente para o balde, que enchi
enquanto ele ainda estava inconsciente. Afundei sua cabeça na água e logo
ele tentou se soltar e começar a falar em baixo d’água.
- O que, porra! – Perguntei exasperada e puta pra caralho. Ele hesitou, mas
falou. – Você é louca pra caralho! – Gritou ele desesperado e puto. Ele me
lembrava meu ex, ambos terminaram da mesma forma. – E você vai ta se
afogando pra caralho. – Falei risonha, afundando a cabeça dele de novo. –
Você agora está sentindo a falta do ar nos seus pulmões, está tentando
respirar, mas só ta piorando as coisas, ta sentindo a água queimando
enquanto ela se infiltra pra dentro dos seus pulmões. Eu vou queimar você
de dentro pra fora e depois, de fora pra dentro. – Quando acabei de falar ele
já estava inconsciente.
Peguei uma grande faca da cozinha dele. Abaixei sua cueca e cortei o seu
pau nojento. Ele recobrou a consciência pela dor e antes que ele pudesse
gritar enfiei o seu penis em sua boca. Ele começou a chorar, antes de perder
a consciência, de novo, pela dor.
O arrastei até o colchão feito de cimento, que ele tinha a audácia de
chamar de cama, o deitei nela e joguei todo o frasco de álcool setenta e
vodca em cima dele. Agora era só riscar um fósforo e o ver ele ser
queimado vivo. Peguei o isqueiro dele, acendi e joguei. O fogo logo cobriu
seu corpo. – Nos vemos no inferno, mas se ver o demônio ou mais alguém
que eu já despachei pra lá, diga que eu mandei lembranças. E se você vê
alguma das minhas ancestrais por lá diga que eu pedi que me desejem
sorte. – Gritei sobre o ombro enquanto andava em direção a porta.
O próximo passo foi gritar e avisar aos vizinhos do finado que estava
pegando fogo. Só tinha uma menina e o seu namorado, que eu presumia
estarem transando, pois ambos saíram praticamente sem roupa. Fora eles,
mais ninguém. Não que eu esperasse algo diferente, era horário comercial,
todo mundo tava trabalhando ou ocupado sendo produtivo de alguma
maneira. Sai de lá e tirei as luvas e o suéter, agora estragado, que eu usava
e os joguei em uma lixeira á duas quadras de distancia de lá.
Cheguei à minha casa de infância e subi direto pra tomar um banho.
Quando sai do banheiro, me deparei com a minha avó sentada na minha
cama, me olhando com soubesse de alguma que eu não sei que ela sabe. A
ignorei e persisti a ignorando enquanto penteava o cabelo e me perfumava.
Os fios negros como ébano caiam como uma cascata até o fim das minhas
costas, eu precisava dar um corte neles, já estava ficando sem forma e
movimento. Assim que eu voltasse pra Milwaukee, eu marcaria um horário
no Malik’s.
- Você não me engana, Catherine Kyle Blackwood. – Ralhou à velha
mulher, matriarca das Blackwood. – Não sei do que a senhora está falando.
– Me fiz de dissimulada, enquanto colocava os meus amados coturnos. Eles
eram de cano médio alto e tinham o salto médio e o melhor de tudo, eram
pretos.
- Eu sei quando se faz de dissimulada, criança. – Disse minha avó
sorrindo, enquanto se retirava do meu quarto.
Eu estava pensando no que deveria fazer pra ajudar Daisy, quando meu
telefone tocou me tirando dos meus devaneios. Quando vi de quem era o
numero na tela, me arrependi de ter pegado o celular. Revirando os olhos
atendi. – Cat, cadê você! Era pra você estar no avião agora. – Disse Max, o
carrapato que coincidentemente era meu amigo e também agente do FBI.
Porra, tinha esquecido que o vôo seria hoje de tarde. Puta merda, viu. –
Avisa ao chefe que rolaram alguns imprevistos por aqui e que essa semana
ainda Daisy e eu voltamos. – Desliguei na cara dele, antes do mesmo fazer
alguma objeção.

Lar doce lar, pensei entrando no meu pequeno apartamento. Era bom pra
caralho está em casa, pena que eu não ficaria muito. O dever me chama. Eu
só queria tomar um banho e apagar essa semana da minha vida, mas a vida
é uma vadia e eu só poderia fazer um dos dois. Daisy estava melhor,
tínhamos ido ao hospital e prestado queixa, inutilmente, pois Blaine estava
morto e eu o havia matado, mas eles não sabiam disso quando nós
prestamos queixa. As autoridades vieram nos notificar que ele estava morto
apenas vinte quatro horas depois. Lentos pra cacete. Até agora ninguém
desconfiou de mim, ainda bem, mas é melhor prevenir do que remediar.
Daisy decidiu ficar em Phoenix por mais algum tempo, eu gostaria de ficar
lá dando apoio a ela e desfrutando da companhia da minha irmã e avó, mas
seria impossível, visto que a minha folga tinha acabado e eu precisaria
voltar à realidade. Daisy me prometeu fazer terapia em nossa despedida.
Ela estava fragilizada, mas bem na medida do possível. Refleti sobre tudo
isso no banho e enquanto me arrumava também. Salém estava se
reacostumando a nossa casa, deitado preguiçosamente no sofá de couro que
tem na sala. Eu adoraria estar como ele, mas eu tinha uma reunião com o
meu superior em vinte minutos. Chequei-me no espelho antes de sair, eu
estava vestida com uma calça cintura alta jeans com lycra preta, uma blusa
preta colada e confortável e meus coturnos de sempre, o de sempre.

Eu estava dentro do elevador com o meu café e seria por esse expresso que
eu levaria uma bronca por estar cinco minutos atrasada, nada que eu não
conseguisse lidar. Eu tinha recebido um rápido relatório sobre do que se
tratava essa “reunião”, mas não tive tempo de ler. Que Deus me ajudasse.
Sai do elevador e passei pelo escritório dando um baixo “bom dia a todos”.
Bati na porta da sala dele e esperei ele abrir ou murmurar um “entra” e
quando ele o fez entrei e dei de cara com um tio carrancudo. Eu estava
fodida.
- Você está seis minutos e quarenta e dois segundos atrasada. – Rosnou ele
assim que eu fechei a porta e eu resmunguei um “porra” baixinho.
- Culpa da cafeteira, você deveria comprar algumas mais modernas pro
setor. – Disse dando de ombros, sentando na cadeira a frente dele.
- Não brinque comigo, Catherine. – Disse ele estreitando os olhos pra
mim. Ele tinha olhos azuis gelados, nada parecidos com os da mãe dele,
minha avó, mas em compensação tinha o nariz dela e os cílios também.
- Aqui eu sou a agente Blackwood, achei que você tinha dito para
deixarmos as coisas estritamente profissionais. – Ronronei, bebericando
meu café. Ele estava forte, amargo e quente, basicamente perfeito.
- Enfim... – Disse ele fazendo a escolha correta de não discutir comigo. –
Tenho uma promoção pra você. – Foi direto ao ponto. Meu tio era um
homem maravilhoso, tinha me criado como uma filha, mas não precisei e
nem quis a ajude dele pra chegar aonde eu cheguei. Poucas pessoas sabem
que a gente tem algum tipo de parentesco, no trabalho sempre mantemos as
coisas profissionais. E tudo, tudo mesmo que eu conquistei em minha
carreira foi por mérito próprio.
- Eu aceito, mas você vai ter que me fazer um favor. – Disse sem rodeios
também. Precisava daquilo e faria o que fosse necessário pra conseguir.
Barganhar com ele nunca era fácil, mas eu estava disposta a tentar.
- Eu estou te dando uma missão, uma promoção, uma chance de ser
promovida e você ainda pede um favor! – Explodiu ele.
- Você precisa de mim nessa missão porque não pode mandar outro agente
e eu estou pedindo um favor pra compensar o que quer que você esteja
pedindo. – Falei com indiferença. – Preciso que arquive esse caso pra mim.
– Disse jogando o jornal com a matéria sobre o assassinato de Blaine nele.
- O que porra você fez! – Perguntou ele retoricamente, explodindo de raiva.
– Por que caralhos você fez isso! Cacete, Catherine, você tem noção de
quão isso prejudicar você! – Perguntou me olhando nos olhos. E sim eu
sabia o quanto eu poderia me prejudicar, mas o fiz mesmo assim.
- Sim, eu tenho. – Falei calmamente sustentando o seu olhar.
- E mesmo assim você o fez! Você é mais instável, burra e imatura do que
imaginava. Você envergonha nossa família, Catherine. – Falou ele me
olhando cima a baixo com nojo, superioridade e cólera. Queria que não
tivesse me magoado, mas magoou, mas mesmo assim não me arrependo e
não iria demonstrar vulnerabilidade ou vergonha.
- Fiz isso porque esse desgraçado estuprou a sua filha e eu não me
arrependo nem um pouco de o ter matado. – Explodo também, mas no
momento que as palavras deixam a minha boca, me sinto culpada, pois não
era uma coisa minha pra contar pra ninguém. Minha fala foi o suficiente
para o deixar pálido e sem palavras.
- Ele o que... – Disse ele hesitante.
- Foi o que você ouviu. – Falei engolindo em seco.
- Como você o matou! – Indagou baixo, ainda sem jeito.
- Foi uma morte lenta e dolorosa, mas nada nunca vai chegar aos pés do
que ele fez Daisy passar. – Disse com dureza e frieza. – Do que se trata
essa missão! – Perguntei mudando de assunto. Seria melhor assim, o
assunto era pessoal de mais pra ser tratado no trabalho.
- Vamos nos aliar a INTERPOL nessa missão. Estamos tentando desvendar
uma organização de trafico humano e exploração sexual infantil. Sabemos
que são magnatas e gente rica que estão por trás disso e você, agente
Blackwood, é a pessoa perfeita pra se infiltrar nisso. Você e o agente que a
INTERPOL vai selecionar vão se passar por um casal da alta sociedade que
querem lucrar com isso. Vamos bancar festas, leilões e bailes o suficiente
para vocês se entrosarem e pegarem os responsáveis e os envolvidos com
isso. Você topa! – Disse ele vomitando todas as informações em mim.
Porra, ele sabia que aquela era uma área que eu gostava de trabalhar. A
pergunta deveria ser retórica porque não havia jeito nenhum no inferno de
eu negar.
- Quanto tempo vai durar essa missão! – Perguntei, me levantando pra
jogar o copo onde estava o café no lixo.
- Aproximadamente dois meses. – Falou ele esperando minha resposta.
- Eu vou levar o meu gato. – Aviso por fim, aceitando a promoção.
- Mandarei um relatório com mais detalhes pro seu e-mail. – Disse ele se
levantando para abrir a porta pra mim.
- Com licença, agente Cartier. – Falei como forma de despedida.
- Até mais, Catherine. – Diz meu tio com carinho. – E obrigado pelo que
fez pela Daisy... Eu vou tentar conversar com ela sobre. – Murmura baixo o
suficiente para que apenas eu possa ouvir. Dou apenas um sorriso sem
dentes e um leve aceno de cabeça e saio.
Dirijo-me pra minha sala e espero em frente ao meu computador o
relatório que meu superior disse que iria mandar. O relatório chegou cinco
minutos depois e que Deus me desse paciência, pois aquela merda tinha
mais de vinte páginas. Decidi imprimir para facilitar o processo. Comecei a
ler o relatório recém imprimido. Eu trabalharia com o agente Wayne, John
Wayne, ele tinha 28 anos, o dia do seu aniversário era nove de abril, a
missão se passaria em Greenwich, Connecticut, a missão era extremamente
confidencial. Eu teria que me passar por noiva do agente Wayne, que era
herdeiro e dono de uma companhia de joalherias e eu ficaríamos instalados
na casa que aconteceria os eventos. Nada demais.
Passei o inicio da amanhã até metade da tarde lendo o relatório e tentando
achar algo em comum com outros casos como esse. Nada, eu não havia
achado nada. Esse caso estava em outro patamar, um patamar próximo ao
esquema de Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell e isso era péssimo pra
caralho. Não havia testemunhas ou vitimas e isso só fodia ainda mais.
Quando minha cabeça começou a latejar e meu estomago a roncar, me
dirigi à sala de Lily, secretaria do meu tio, pra assinar o contrato de
confidencialidade que era exigido. Assinei umas cinco folhas dessa merda.
Lily me informou que eu estava dispensada do trabalho essa semana para
me preparar pra missão e também esclareceu o fato de que eu tinha
assinado um contrato que fazia a missão ter um prazo indeterminado, ou
seja, se a missão durasse um ano eu teria que está ativa na missão durante
um ano. Levemente fodido, mas aceitável, o pior é que fazia sentido.
Quando sai do escritório, me dirigi o mais rápido possível em direção ao
italiano que ficava a uma quadra do meu trabalho. Eu precisava
urgentemente do macarrão a bolonhesa deles, necessitava dele pra afogar
minhas magoas. Porra, mal cheguei aqui e já vou sair de novo.
A última semana passou como um borrão. Eu fiquei entediada na maior
parte do tempo e na menor fiquei lendo ou fazendo ginástica ou
desenhando. Eu estava em forma pra caralho. E com uma puta dor de
cabeça também, pensei encostando minha cabeça no banco do carro, o vôo
de cinco horas e o vinho, principalmente o vinho, eram responsáveis por tal
desgraça. Mas tudo isso foi esquecido assim que eu passei pelo grande
portão daquela mansão. Caralho. Aquilo não era uma mansão, era a porra
de um castelo. Olhei para Salém apenas para verificar como ele estava, o
meu lindo gato preto estava adormecido. Salém não era velho, mas era tão
ranzinza quanto um e eu estava em duvida se deveria trazê-lo ou não. No
final decidi trazer ele e cá estávamos. O motorista parou e disse que eu
deveria descer ali. Pedi ajuda com as malas e após as mesmas serem
colocadas do lado de fora, em frente à porta da mansão, bati e esperei
alguém abrir. Quando ela foi aberta, me surpreendi com a figura atrás dela.
Ele era lindo pra caralho, parecia um maldito deus grego, tinha olhos em
um tom de azul ciano, um maxilar marcado e quadrado, um nariz reto feito
uma flecha e uma boca linda, altamente beijavel.
- Agente Wayne. – Cumprimentei com um leve tom de duvida a figura
loira esguia e de tirar o fôlego a minha frente.
- Agente Blackwood. – Disse ele, com um sorriso ladino brotando em seus
lábios. Foi mais para o lado, me dando passagem. Maldito seja, não era
justo alguém ser bonito daquele jeito. Ali conclui que seria difícil manter as
coisas estritamente profissionais. Ele me ajudou a colocar as malas para
dentro e eu murmurei um “obrigada” baixo e ele apenas acenou a cabeça
positivamente.
- Isso é um gato! – Perguntou ele apontando Salém com o queixo perfeito.
- Sim. – Respondi dando de ombros, fazendo pouco caso.
- Qual o nome dele! – Indagou parecendo genuinamente curioso.
- Salém. – Falei tirando o mesmo da sua caixinha e o ajeitando em meu
colo. Meu vestido iria ficar todo cheio de pelo, mas pela pelagem do meu
gato e a cor do meu vestido serem as mesmas, não iria parecer.
- Por que Salém! – Perguntou, tirando dos meus devaneios. Fofo, porém
curioso.
- Porque combina com ele. – Digo fazendo carinho na cabeça do gato e
ficamos assim até ele tentar me arranhar fazendo me soltar ele. Filho da
puta arisco do cacete, pensei apertando meu rabo de cavalo que já estava
ficando frouxo. Eu havia cortado meu cabelo em algum momento da
semana passada, não tirou praticamente nada do comprimento, apenas deu
um pouco mais de volumo e movimento pra ele.
- Onde fica o meu quarto! – Perguntei o encarando fixamente.
- Me siga. – Murmurou ele, indo em direção as escadas. Fui atrás dele
levando a minha mala de mão comigo. Salém depois me encontraria, ele
sabia se virar. Subimos duas levas de escada e passamos por quatro portas
até ele parar em frente a uma.
- Esse é o seu quarto, por enquanto. – Não analisei tanto sentido em que o
“por enquanto” foi dito, estava ocupada admirando o meu quarto e
contando a quantidade de possíveis saídas que nele havia. Duas grandes
janelas e três portas, a primeira era onde Wayne se encontrava encostado, a
segunda dava para uma espécie de closet e a ultima dava para um banheiro
divino. Todas as paredes daquele cômodo eram revestidas por cerâmica
preta e o chão era de mármore no mesmo tom, tinha uma banheira
embutida e um chuveiro, caso se eu não quisesse usar a banheira, o lavabo
era todo de madeira branca e a parte de cima era de mármore também
branco. Quando sai do banheiro, percebi que Wayne ainda continuava
encostado na porta, observando a minha reação.
- Aqui tem algum lugar onde eu possa me exercitar! – Perguntei levantando
uma sobrancelha, o encarando de volta.
- Que tipo de exercício você pratica! – Ronronou ele sorrindo de lado.
- Ginástica e boxe. – Digo erguendo um pouco mais a cabeça e cruzando os
braços.
- Bem, você pode usar a minha academia ou a sala de bale da minha irmã,
você é quem sabe. – Falou ele, ainda com a porra do sorriso ladino no
rosto.
- Esse não é o momento que você me deixa sozinha pra eu poder me
acomodar em paz! – Pergunto docemente, sorrindo sem mostrar os dentes.
- Tsc, tsc, tsc... – Repreende ele, diminuindo a distancia entre nós. Ele só
para quando está próximo o suficiente do meu rosto. – Você é insolente
demais para uma pessoa tão minúscula, coração. – Fala dando uma
batidinha na ponta do meu nariz com o dedo, ele está tão perto que consigo
sentir sua respiração acariciar minha boca e bochechas.
Agarro seu dedo e o viro para trás, forte o suficiente para doer e contido o
suficiente para não quebrar, e rosno pra ele: - Toque em mim de novo e
quebro o seu dedo. – Viro seu dedo um pouco mais, só para deixar claro.
- Ui, ui, ui a gatinha tem garras e pode quebrar meu dedo. – Zomba de
mim.
Solto o seu dedo e deslizo a mão pelos seus ombros, abrindo um sozinho de
lado enquanto os agarro. Tão delicioso e tão patético. Quando meu joelho
vai de encontro com suas partes baixas e o olhar que antes era de confusão
e desejo, logo muda para surpresa e dor. – Não só posso quebrar seu dedo,
como também posso causar danos maiores e permanentes em seu corpo. –
Sussurro em seu ouvido. Wayne se ajoelha com a mão no meio das pernas,
bem onde eu o ajoelhei.
- Onde você disse que ficava a cozinha mesmo, coração! – Pergunto
docemente, dando ênfase na ultima palavra. Wayne rosna um vai se foder
em resposta. Então decidi ir descobrir por conta própria.

Depois de descer as escadas, me perder duas vezes e perguntar a três


funcionários onde ficava a cozinha, eu finalmente cheguei nela. Era
deslumbrante, igual a qualquer outro cômodo dessa casa, parecia cozinha
de restaurante de cinco estrelas pra cima. Era composta por equipamentos
de ultima, uma ilha grande de mármore preto com lindas peônias em cima,
armários de carvalho negro e vários funcionários trabalhando nela. Porra,
eu deveria estar atrapalhando eles. Eu seria rápida e os deixaria em paz
logo. Aproximei-me de uma mulher que tinha por volta dos trinta anos, ela
estava fazendo algo que parecia recheio de chocolate e puta merda, parecia
fodidamente gostoso.
- Com licença, desculpa o incômodo, mas você poderia, por favor, me
dizer onde eu posso conseguir uma xícara de café! – Falo fazendo ela se
assustar e virar pra mim. No crachá constava que o nome dela era Dakota.
Dakota tinha olhos castanhos com pequenos salpicos de verde e amarelo,
bochechas enfeitadas com sardas e a boca tinha um tom de cereja. E agora
me olhava com olhos arregalados e com a boca levemente entreaberta.
- Ah, um, claro. – Gaguejou ela nervosa com um sotaque britânico
carregado. Eu tinha deixado ela nervosa! Eu, com certeza, não deveria
parecer intimidante com o vestido preto curto e o cabelo amarrado. Dakota
usava um uniforme branco e uma toquinha, para evitar o cabelo cair na
comida, na cabeça. Era um uniforme consideravelmente fofo.
- Eu sou Catherine Blackwood. – Me apresento, estendendo a mão em sua
direção.
- Eu sei quem você é, avisaram aos funcionários sobre sua chegada e
estadia por aqui. Você é a noiva do patrão ou talvez só mais uma foda dele.
Após Serena, ele nunca durou com ninguém. – Tagarelou ela apertando
minha mão e após perceber tudo que havia falado tapou a boca com a mão.
Gostei dela. – Ai meu deus, me desculpa, eu não deveria ter falado aquilo.
– Disse ela corando.
- Está tudo bem. – Dou de ombros. – Mais algo sobre o senhor Wayne que
eu deva saber! – Pergunto levantando a sobrancelha, sorrindo
maliciosamente para ela.
- Nada que eu deva contar. – Fala ela, correspondendo ao meu sorriso.
- Então, Dakota, o que está fazendo! – Pergunto apontando para o recheio
de chocolate com o queixo.
- Ah, aquilo ali é a cobertura de chocolate que vai a cima do croissant. –
Diz ela voltando a preparar o mesmo. Abri um sorriso grande e genuíno
como o de uma criança.
- Você está fazendo croissant! – Pergunto esperançosa, com o sorriso no
rosto.
- Sim... – Diz ela desconfiada, olhando para mim. – Você gosta! – Pergunta
se voltando a cobertura.
- Eu amo, é meu doce favorito. – Confesso, me sentando na ilha.
- O do patrão também. – Revela ela, dando de ombros.
- Vai demorar muito pra terminar! – Perguntei fazendo bico. Porra eu
estava com fome, e também precisava de um café.
- Daqui á cinco minutos eu vou os tirar do forno.
Ficamos conversando futilidades até Dakota, finalmente, tirar os croissants
do forno. Estavam cheirosos como o inferno e eu tentei, e falhei
miseravelmente, pegar um deles. Dakota me impediu com um tapa na mão
e eu olhei para ela indignada.
- Estão quentes, vou iria se queimar. Vá esperar na sala de jantar que eu já
os levo. – Ralhou ela. Obedeci, mas de mau gosto e revirando os olhos.
- E onde, exatamente, fica a sala de jantar! – Perguntei sobre o ombro,
Dakota apenas murmurou algo como “siga o fluxo de empregados
carregando comida”. E foi exatamente o que eu fiz. Em frente e depois
virando à direita, cheguei à sala de jantar. E o meu deslumbrante falso
noivo estava acomodado bem na cabeceira da mesa. Lá vamos nós, de
novo.
- Bom dia, amorzinho. Dormiu bem! Ainda está com dor ou ressentido
comigo! – O cumprimento sorrindo maliciosamente, enquanto sento na
outra cabeceira da mesa.
- Vai se foder, Catherine. Essa merda doeu de verdade e até dificuldade de
andar eu tive. – Rosnou ele. Nervosinho e com dor, que lindo.
- Esse é o momento que peço desculpas e imploro seu perdão! – Debocho,
levantando uma sobrancelha em sua direção.
- Você está completamente fodida, Blackwood. – Fala por fim.
- Mal posso esperar pra ver o que você planeja fazer e faça o favor de da
próxima vez fazer um blefe mais intimidante. – Falo mexendo em minhas
unhas.
No momento que o bastardo iria responder, Dakota apareceu com os
desejados croissants. Que Deus a abençoasse pelo talento na cozinha com
os doces franceses. Fiz questão de tentar me servir o primeiro, mas Wayne,
maldito seja, interrompeu.
- Dakota vai me servir os croissants primeiro, amorzinho. Você não se
importa não é! – Bastardo! Maldito seja mil vezes.
- Sim, me importo. Dakota vai me servir primeiro porque além de ser visita
e sua noiva, também sou amiga dela. – Digo sorrindo descaradamente para
ele. Dakota arregalou os olhos para mim e depois intercalou o olhar entre
eu e seu patrão, seguiu minha ordem e veio em minha direção com um
sorriso cúmplice, os portões do céu haviam se aberto para ela apenas por
aquilo. Abri um grande sorriso para ela. Eu tinha uma aliada e talvez, se
tivesse sorte, uma amiga. Dakota me serviu quatro, enormes, croissants e
após servir Wayne, se retirou. Wayne rosnou um “traidora” em sua direção
enquanto ela saia e ela apenas deu um sorrisinho em resposta.
- Onde posso encontrar uma xícara de café neste lugar! – Perguntei
abocanhando um dos croissants. Porra, estava incrível, espetacular,
esplêndido, perfeito e qualquer outro sinônimo que correspondesse a esses.
Dakota era um anjo, literalmente um anjo, retirada do céu apenas para
converter as pessoas usando o seu dom culinário. Eu tinha certeza que tinha
tido um orgasmo gastronômico assim que o chocolate tocou minha língua.
Eu tinha entrado em colapso. Aquele croissant com certeza melhorara meu
dia.
- Dentro do veneno para ratos. – Respondeu bebericando algo em sua
xícara. Eu apostaria um croissant meu que aquilo, naquela xícara era café.
Levantei-me para confirmar minha suspeita, arranquei o objeto de
porcelana de suas mãos, recebendo xingamentos e ameaças em resposta, e
bebi. Café, constatei. Doce para caralho, mas ainda assim, café.
- Como consegue beber algo tão doce! – Perguntei lhe devolvendo a xícara
com o liquido preto e enjoativo.
- Você tem algum problema! – Exclamou de volta irritadiço.
- Além de trabalhar com você, não. – Ralhei em resposta. Era a maior
mentira do século. Eu tinha mais problemas do que cômodos que essa casa
tinha, mais problemas do que Wayne tinha de ego inflado e mais problemas
do que Dakota tinha de habilidade na cozinha. Mas Wayne não precisava e
nem iria saber disso.
- Reformulando a pergunta, qual o seu problema comigo! – Perguntou,
olhando para mim com curiosidade.
- Se você me disser onde caralhos eu posso conseguir um café, nenhum. –
Digo abocanhando outro croissant. Tava bom para cacete. Dakota deveria
receber um aumento apenas por aquilo.
- Peça a sua cúmplice, Dakota, pra lhe mostrar onde fica. – Disse ele
mordendo seu primeiro croissant.
- Ora, não me diga que ficou chateado apenas porque ela me escolheu. Está
com ciúmes, amor! – Zombo me dirigindo para a cozinha.
- Faça o favor de ir se foder, amor. – Disse ele docemente. Era a terceira
vez no dia que ele falava isso e não fazia nem duas horas que haviam se
conhecido.
Dakota me mostrou onde ficava a maquina e logo que me servi o café e
assim que provei a bebida forte e quente tive certeza que soltei um gemido
de prazer. Era tudo que eu precisava. Agradeci aos céus e quem quer que
fosse o responsável pela descoberta dele. Roubei um croissant de Wayne
no processo de volta para o meu lugar na mesa.
- Você ainda tem DOIS croissants no seu prato, sua demônia esfomeada. –
Protestou ele.
- E você terá mais um croissant a menos no seu prato se continuar
reclamando. – Ameaço. Wayne bufou, mas pelo menos se calou. Ambos
terminamos nossas refeições em silencio, perdidos em nossos pensamentos.
Quando Wayne se levantou, também me levantei e quando ele tentou
passar por mim, me pus em sua frente.
- Preciso que me diga ou me mostre onde ficam as salas de exercício. –
Falo firmemente, o encarando.
- Qual das duas! – Pergunta desinteressado, me tirando de sua frente.
- Ambas. – Digo o acompanhando.
- Qual vai praticar hoje! – Indagou parecendo de repente interessado.
- Por que o interesse! – Indago de volta.
- Porque se for treinar boxe hoje, quero treinar com você, mas caso vá
praticar a ginástica, quero pelo menos admirar a vista. – Fala a ultima parte
me olhando com um sorriso malicioso.
- Vai se foder. – O soco no braço. Eu queria treinar a ginástica hoje, mas
escolheria o boxe apenas para dar um soco forte o suficiente para Wayne
engolir os próprios dentes.
- Alguém já falou que para uma coisa minúscula, você tem uma força
impressionante! – Perguntou me olhando minuciosamente
- Você ainda não viu nada, mas está prestes a ver. Vamos praticar boxe
hoje. – Falo dando um sorriso convencido.
- Eu prometo pegar leve com você, amor. Você sabe, a vantagem da força e
tudo mais e juro que vou tentar não lascar nenhuma unha sua. – Eu o
mataria apenas pelo machismo exorbitante contido naquela frase. Bastardo.
- Me encontre no corredor do meu quarto em quinze minutos. Preciso
tomar um banho e me trocar.
- Isso é um convite para ir tomar banho com você! – Perguntou sorrindo e
mexendo as sobrancelhas sugestivamente.
- Definitivamente não. – Falo rigidamente. Com certeza seria maravilhoso,
mas além dele ser o meu parceiro de trabalho, ele era um grande babaca.
Subi as escadas indo em direção ao meu quarto.

Você também pode gostar