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Projeto Pela Primeira Infância

Temas do Desenvolvimento Infantil

Desenvolvimento
emocional e
comportamental II
Organizadores Sumário
Mônica C. Miranda
Carolina T. Piza
André Luiz de Sousa
Juliana C. Ferreira
Tatiana Góes Freitas
Pompeia Villachan-Lyra
Carolina Nikaedo
Orlando F. A. Bueno

A autonomia e
Colaboradores
Daniele Pereira de Souza
4 a autoconfiança
Emmanuelle Chaves
Maria Cristina C. R. Oliveira
Nelma Assis
Silvia Maciel
Renata Trefiglio Mendes

Projeto Gráfico
Priscilla Ballarin
Promovendo o
Diagramação
Flávio Della Torre 12 desenvolvimento emocional:
limites, regras e incentivo
Ilustrações
Eliza Freire

Agradecimentos
Um especial agradecimento à direção, coordenação e professores das escolas: Centro de Educa-
ção Infantil - CEI Arrastão, EMEI do Lar Sírio, EMEI São Paulo, CEI Nova Santana, que se pronti-
ficaram a receber a equipe de pesquisadores, auxiliando na primeira fase desse projeto em que
foi possível levantar as necessidades formativas do professor da educação infantil.
“Quando a mãe faz
Não existem manuais ou receitas prontas a
respeito de como devemos cuidar e educar
O manejo desses dois “ingredientes” no dia-
-a-dia dessas relações nem sempre é fácil.
tudo pela criança e
bebês e crianças, não é mesmo? Apesar de Pelo contrário, muitas vezes costuma ser um com a criança, ocorre
concordarmos com essa afirmação, vamos
aqui continuar nossa reflexão sobre alguns
grande desafio. Em muitos momentos surgem
dúvidas a respeito do que se deve priorizar um apego exagerado
possíveis caminhos, apontados pela psicolo-
gia e neurociência, que visam favorecer um
nas relações. Esse dilema entre como lidar
com afeto/suporte e o limite surge em mui-
(chamado de inseguro
desenvolvimento emocional infantil rico em tas situações do nosso cotidiano, ao longo de ansioso) entre elas e
oportunidades. todo o processo de educação da criança. Por
exemplo, quando a criança está brincando e
a separação da mãe,
Sabemos que este investimento, principal- se depara com algo novo, como um escor- mesmo por curtos
períodos, se torna
mente nos primeiros anos de vida, contribui regador muito alto, que inicialmente lhe pa-
para a formação de uma pessoa com maior rece ameaçador, ela geralmente solicita (ou
repertório sócio-emocional, mais apta a so-
lucionar problemas e enfrentar os obstácu-
requer) ajuda para se sentir segura e superar
aquele desafio inicial, que é escorregar. Uma
aversiva para a criança
los da vida, acreditando em si mesma, etc. forma de oferecer à criança essa segurança e que tem, então, reações
Pois é, como temos visto, todas essas carac-
terísticas começam a se delinear no início
confiança, é (o adulto) encorajá-la e motivá-la
a escorregar. Perceba que, ao dar este supor-
emocionais como: choro
da vida, na relação que a criança estabelece te, o professor não abandonou a criança, não e birras nos momentos
de afastamento e
com sua família, professores e amigos. considerou “bobagem” esse medo, mas vali-
dou o sentimento da criança e oportunizou a
Para nos aprofundarmos nesta reflexão, gos-
taríamos de propor uma analogia. Como em
ela a experiência de concretizar aquela situa-
ção. Desta maneira, o professor funcionou
mais tarde, se não for
toda boa receita culinária há aquele ingre- como um suporte para que ela conseguisse alterada a situação,
diente principal, responsável pelo sucesso
da receita. O processo de desenvolvimento
superar suas próprias dificuldades. Em uma
situação similar, na qual uma criança mais
podem aparecer fobias
infantil, considerando esta mesma analogia, agitada e destemida ameaça “se jogar” do sociais ou de situações.”
também tem um “ingrediente” imprescindí- escorregador, sem prever os riscos ou con-
vel, que não pode faltar: o afeto. Todo in- sequências, o adulto terá que auxiliá-la, es-
divíduo necessita de afeto (e cuidados) para tabelecendo limites e expondo os cuidados,
se sentir amado. Um bebê ou criança sem novamente com afeto, para que aos poucos,
alimento/nutrição fica desnutrido; sem ca- a criança comece a compreender seus riscos. Portanto, como em uma boa receita, temos dois grandes assuntos de interesse dos profis-
rinho, a criança poderá se sentir sozinha e Sendo assim, nós adultos, vamos aos poucos, que dosar bem os ingredientes, para não sionais que trabalham com a Primeira Infância:
desamparada. Assim, uma vida afetuosa e dosando os gestos de amor e encorajamen- abandoná-la, nem fazer por ela, mas sim, ser como potencializar o desenvolvimento da au-
emocionalmente saudável, que favoreça o to, para minimizar riscos e ajudar a criança a suporte para que ela consiga superar suas tonomia da criança (tornando-a cada vez mais
crescimento é fundamental! Mas, vale lem- superar seus obstáculos, enfrentando com próprias dificuldades. independente do adulto na realização das suas
brar que, como duas faces da mesma moe- maior autonomia seus pequenos desafios diá- tarefas), e como lidar com os comportamentos
da, o afeto e suas interfaces não se separam rios. Para isso, temos que entrar em contato Na apostila anterior tivemos a oportunidade de típicos dessa faixa etária na escola (estabele-
do limite. O queremos dizer com isso? Que- com nossos próprios medos e desafios, pois conhecer melhor como se dá o processo de de- cendo limites, regras e disciplina).
remos dizer que tão importante quanto se como já vimos, cuidadores excessivamente senvolvimento emocional da criança e suas in-
sentir amado e protegido é aprender a lidar preocupados também podem agir de maneira terfaces, quais os seus agentes complicadores e Começaremos falando sobre a autonomia e a
com limites, a frustração e os afetos a ela superprotetora, evitando que crianças explo- facilitadores e alguns conceitos complementa- autoconfiança, dois temas que se entrelaçam
inerentes, como também se apropriar das rem o ambiente e experimentem novidades. res, como a cognição social, a disciplina, a birra e cujo conhecimento deve vir antes da aplica-
regras de convivência. Como diz o psicólogo Helio Guilhardi: e a agressividade. Nesta apostila, abordaremos ção de qualquer método de disciplina.

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A autoconfiança
e a autonomia
Conhecemos e usamos muito a
palavra autoconfiança na nossa vida, mas será que
sabemos realmente o que ela significa?

De acordo com alguns teóricos da psico- está diretamente associado às experiências desenvolvimento da autoconfiança. Isso é o que aquilo que pode ou não realizar com seguran-
logia, a autoconfiança define-se como um e relacionamentos estabelecidos durante a desencadeia sua motivação para tomar novas ça, tendo como referência suas próprias expe-
sentimento aprendido, que se desenvolve primeira infância. iniciativas, resolver problemas, persistir diante riências. No entanto, deve-se ficar atento para
durante a nossa vida, a partir de nossos de tentativas fracassadas e assumir uma postura que as tarefas propostas sejam adequadas às
próprios atos, à medida que conseguimos Como já vimos anteriormente, na educação in- independente na vida. Em outras palavras, isto é suas habilidades e aos interesses da criança,
aquilo que queremos. Ela se desenvolve fantil, lidamos com inúmeras situações nas quais o que permite que a criança se torne um indiví- dosando adequadamente o desafio à motiva-
por meio de relações afetivas positivas que podemos auxiliar as crianças a desenvolverem duo com AUTONOMIA. ção. Quando o desafio está muito além de sua
construímos com outras pessoas, e que vão sua autoconfiança. Isso ocorre, por exemplo, possibilidade atual, corre-se o risco de provo-
demonstrando que é possível confiar nelas. quando uma criança quer se engajar em uma Deixar que a criança realize sozinha ativida- car o efeito contrário, gerando um sentimento
Consequentemente, isso aumenta a sensa- brincadeira nova e se desafia por saber que pode des do dia-a-dia, como as de autocuidado de fracasso e incapacidade.
ção de segurança, que nos permite ousar e contar com o suporte de um adulto de referên- (vestir-se, pentear-se, alimentar-se, escovar os
explorar o ambiente, contando com o apoio cia. Como destacado no exemplo do escorrega- dentes), ou dar a ela atividades físicas, como, Vejamos um novo exemplo com a figura acima.
de terceiros. Assim, na medida em que con- dor, ao sentir-se segura, se arrisca a fazer coisas por exemplo, subir em árvores, andar sobre
fiamos em outras pessoas e vivemos expe- que ainda não conseguia sozinha, obtendo no- um pequeno obstáculo (com supervisão para Pedir a uma criança que tem pouco contato
riências positivas de exploração do mun- vas conquistas. Assim, por meio das novas ex- evitar riscos), jogar bola, pular corda, realizar com a natureza, que suba em uma árvore alta
do, tendemos a construir um sentimento periências diárias, vai ampliando seu repertório , trabalhos manuais, etc.; possibilita criar con- para pegar uma flor, é fazer uma exigência para
de confiança em nós mesmos. É algo que aumenta sua valorização pessoal, favorecendo o dições para que ela, pouco a pouco, conheça além da sua capacidade atual. Possivelmente,

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propor esta mesma tarefa a uma criança de o espaço para que as conquistas sejam realiza- excessivos (por exemplo, fobia de altura, de bi- Existem crianças que também se sentem desa-
zona rural e/ou que tem maior contato com a das pela criança. chos, de certos ambientes, de correr). fiadas em situações nas quais tem que se expor,
natureza, será muito diferente. Se a primeira como, por exemplo, quando tem que solicitar
criança não conseguir realizar a tarefa com su- Resumidamente, os adultos devem estar sem- É importante que os pais e os cuidadores sai- ajuda ou orientação a alguém, fazer um pedi-
cesso, ela possivelmente se sentirá frustrada e pre revendo os seus critérios de exigência com bam que não é possível livrar a criança de to- do a uma atendente, dar uma opinião ou contar
fracassada, e não terá motivação para subir em a criança, procurando adequá-los o máximo dos os perigos, pois, eventualmente, alguns um caso para um grupo, dentre outras. Nesses
outras árvores nas próximas oportunidades que possível ao nível de desempenho dela e estar acidentes vão ocorrer. Quando isto acontece, casos, saber que existe alguém por perto, dis-
surgirem (mesmo que sejam arvores menores e disponível para ajudá-la se isso se fizer neces- o adulto que a acompanha poderá minimizar ponível para lhe ajudar, a deixará mais confian-
a tarefa adequada às suas capacidades), usando sário. Trabalhar com a equidade, implica em o seu sofrimento, ajudando-a a se levantar, te e segura para enfrentar o desafio e superar
desculpas como, por exemplo: “não quero brin- escolher as atividades de forma justa e realis- perguntando-lhe onde dói, dizendo-lhe de situações futuras semelhantes. Citemos como
car disso.”; “tenho medo de subir em árvores.”; ta, dentro do potencial de cada criança. Com maneira clara e sincera, como irá tratar do ma- exemplo, Joana, uma criança de quatro anos,
“não gosto de flor” ou mesmo “não consigo”. isso, evitamos usar como parâmetro o “ideal”, chucado dela (“vou lavar o seu dodói, vai doer que é extremamente tímida, esquece as pala-
Em função disto, os adultos devem se atentar “a perfeição”, ou a “igualdade”, pois sabemos um pouquinho, mas você consegue aguentar” vras e tem dificuldade para se expressar. Ela
ao grau de dificuldade da tarefa e à motivação que cada criança tem suas particularidades. ou “vou te levar ao hospital para o médico ver sente-se extremamente desafiada ao ter que
da criança. Do mesmo modo, deve-se cuidar ao o que precisa ser feito”). O adulto deve apro- contar um fato à sua turma, em sala de aula, por
propor tarefas que a criança ainda não é capaz Um fator muito comum, que afeta enorme- veitar a situação para dar um bom modelo de achar que não conseguirá falar direito.
de cumprir, ou ao colocar exigências muito al- mente a obtenção da autoconfiança e auto- como lidar com acidentes, portando-se de ma-
tas de desempenho nas atividades. Tal condu- nomia, é quando a criança, com frequência, é neira calma e controlada. As reações exaltadas Diante desta situação, sua professora poderá
ta poderá desencadear sentimentos de medo, impedida de realizar situações de desafio so- e exageradas assustam a criança e não lhe en- incentivá-la a contar o fato, dizendo que ela e
preocupação e ansiedade na criança, fazendo zinha, pois seus pais, professores, ou cuidado- sinam a lidar com as adversidades. seus colegas estão curiosos para saber o que
com que ela fuja ou evite tais situações (às ve- res consideram (de forma irrealista), que todas Lembre-se: o seu comportamento e a forma ela tem a dizer e que vai lhe ajudar caso precise.
zes, criando desculpas, mentindo, se omitindo apresentam perigos. Ao agirem desta forma, como você reage diante de uma situação pode Ao dar suporte, normalmente a criança sente-se
ou não enfrentando), ao invés de enfrentá-las eles restringem as oportunidades para a que a interferir em como a criança vai desenvolver mais confortável e segura para seguir à diante.
com apoio e segurança. criança desenvolva habilidades motoras, além seu repertório (e suas reações) emocionais. Imagine então, que logo depois que Joana co-
de promover nela sentimentos de medo, inse- O adulto representa um importante modelo, meça a narrar o fato um coleguinha a interrom-
Ainda, considerando o exemplo anterior, po- gurança e incapacidade. que colabora para o desenvolvimento de bons pe! Tal interrupção pode ser compreendida por
deria ser feita uma escolha mais adequada comportamentos da criança. À medida que re- ela como uma critica, ou um desencorajador e
ao perfil da criança, por exemplo, uma árvore Para contribuir para o desenvolvimento da fletimos sobre as situações e proporcionamos diante disso, ela pode ter a sua motivação en-
mais baixa para aquele que está subindo pela autoconfiança, os cuidadores devem deixar a novos modelos comportamentais e emocio- fraquecida para seguir narrando o fato. O que
primeira vez, ou então, uma ajuda física para criança se locomover livremente o máximo que nais, as ajudamos a ampliar seus repertórios. fazer então nesta situação? Para evitar que a
aquela que quer subir, mas precisa sentir-se puder, sempre mantendo-se atentos e dispo- criança perca a autoconfiança diante de impre-
vistos (neste caso, devido à interrupção do co-
com mais segurança. A ajuda física pode ser níveis para evitar perigos. Deve-se permitir e, Até agora vimos como se dá a
usada, como uma mediação, considerando a inclusive, incentivar que ela explore o ambien- lega), quando necessário, os professores podem
possibilidade de que seja reduzida progressi- te. Quando a criança se colocar em alguma si- construção da autoconfiança e intermediar a situação, pedindo que o colega
vamente à medida que a criança vai aprimo- tuação de risco, o ideal é conduzi-la pela mão da autonomia e sua importância aguarde sua vez e que não interrompa o outro,
voltando o olhar para Joana, de forma a lhe dar
rando sua habilidade para realizar a atividade ou chamá-la para um lugar mais seguro. Gritar, para a realização de atividades.
sozinha. Este é o tipo de ajuda que contribui usar frases de advertência, ou preveni-la de pe- completa atenção e segurança enquanto fala.
para o desenvolvimento da autoconfiança e rigos improváveis e/ou exagerados antes mes- Vale ressaltar a importância Tais gestos de aprovação surgem como supor-
tais considerações também devem ser levadas mo dela iniciar alguma atividade (por exemplo, das relações sociais para te de alguém que é referência para a criança (e
em quem ela pode confiar!) e servirão como um
em conta em situações acadêmicas/escolares, “cuidado para não cair no buraco!” ou “cuida- essa construção... A maneira
nas quais uma boa mediação também facilita do com o cachorro!”), são fatores geradores de novo impulso para que ela retome a sua fala e
muito a aquisição de novas aprendizagens. ansiedade e de insegurança, e podem, quando como o outro reage aos finalize a tarefa que lhe foi dada com êxito.
De tal forma, a disponibilidade e apoio são usados de forma exagerada, inibir a liberdade comportamentos da criança será
Assim, no dia-a-dia da criança é essencial que
fundamentais para a promoção da autocon- de experimentar novidades da criança, e/ou até fundamental nesse processo.
fiança e autonomia, mas com o cuidado de dar contribuir para o desencadeamento de medos os pais e professores criem inúmeras condições

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para que a criança adquira autoconfiança nas -lhe o pão, e que a professora e outras criança que ela se sinta segura para expressar os seus habilidade e a alcançar o objetivo esperado,
relações sociais, e isso pode ser feito de várias prestaram atenção à sua leitura, costumam tra- pontos de vista. Caso a criança exponha uma precisamos estar atentos ao tipo de apoio que
maneiras. Uma delas é dando oportunidades zer grande satisfação à criança. Com isso, se sen- ideia em uma hora inoportuna, interrompendo ela precisa e qual a intensidade deste apoio.
para ela desempenhar, no lugar deles, alguns tirá capaz, segura e autoconfiante para realizar a aula, se possível, faça um breve comentário a Podemos oferecer diferentes níveis de me-
papéis sociais que são compatíveis com as suas repetidamente esses comportamentos, sendo respeito do que ela falou e, em seguida, deixe diação e temos que ajustá-lo de acordo com a
habilidades, como, por exemplo, ao ir com o filho essa uma boa maneira de iniciar, aos poucos, o claro que aquele não é o momento apropriado necessidade da criança. Esses níveis de media-
fazer compras em um mercado, deixá-lo pedir aumento de sua independência, sem que se sin- para ela falar. Desta maneira ela compreende- ção se configuram como dicas e auxílios que
o pão ao balconista, dar-lhe o dinheiro para ele ta abandonada ou desamparada. rá os limites e combinados, mas não se sentirá os adultos oferecem, com o intuito de ajudá-la
realizar o pagamento sozinho no caixa, etc. Na constrangida por ter exposto a sua ideia. a sentir-se segura e confiante para aprimorar
escola, quando possível, deixe-a resolver algum Se por ventura a criança se apresentar inse- um comportamento. Existe uma abordagem
pequeno conflito na relação com um colega. Os gura ou hesitante na realização da tarefa, os Oferecer à criança mediação com dife- sequencial simples ao ensino de uma criança.
mais velhos, quando sentirem-se a vontade, po- cuidadores podem ajudá-la nas primeiras ten- rentes níveis de apoio. Quando queremos Este método em quatro etapas pode ser apli-
dem ler para o grupo durante uma atividade de tativas, por exemplo, chamando a balconista ajudar à criança a desenvolver uma nova cado a quase qualquer tarefa comum.
leitura coletiva ou ainda, em situações de lazer, e lhe dizendo: “olhe, acho que ele/a quer lhe
avalie situações nas quais eles podem tomar a fazer um pedido” ou, na sala de aula, chamar
iniciativa parra fazer novas amizades.. Estes são a atenção dos coleguinhas para que ouçam a
leitura que será realizada. Desta forma, eles FAÇA POR. O adulto faz a tarefa enquanto a criança observa. Nesta fase o adulto
alguns exemplos de condições nas quais é exigi-
da maior interação social por parte da criança, e também a ajudam a ter sucesso na sua expe- 1 PASSO
0 deve apontar cuidadosamente os estágios da tarefa à medida que completa cada
etapa. Encoraje a criança a fazer perguntas sobre o que ela esta observando.
que, muito provavelmente, vão ajudá-la a desen- riência, levando-a a persistir, e colocando-se
volver sua autoconfiança. Perceber que conse- como suporte e apoio para a realização da
FAÇA COM. O adulto integra a criança na tarefa lentamente.
guiu fazer o pedido à balconista, que entregou- atividade com autoconfiança.
2 PASSO
0 Ao integrar a criança ao processo, faça com que ela o ajude em vários estágios.
Elogie e encoraje seu crescente envolvimento.

OBSERVE ENQUANTO A CRIANÇA FAZ. O adulto observa enquanto a criança


3 PASSO
0 executa a tarefa. Anime-o e aponte gentilmente quaisquer enganos que ela possa
Contribuindo com a aquisição da autonomia e cometer (isso evitará a formação de maus hábitos).

autoconfiança da criança na escola EXIJA QUE A CRIANÇA FAÇA SOZINHA. Agora que a tarefa foi dominada,
incentive que a criança faça a tarefa de forma autônoma.
40 PASSO Deixe a criança fazer a tarefa de forma autônoma por algum tempo,
repetindo a tarefa por alguns dias, assim ela usa a habilidade que aprendeu.
Para que os profissionais da educação infantil Fornecer uma ajuda inicial nas ativida-
possam contribuir ainda mais com o desen- des mais difíceis e colocar-se disponível
volvimento da autoconfiança e da autonomia às demandas da criança. Sempre que ne-
Por fim, para concluirmos esta primeira refle- seus comportamentos, acaba por apresentar
das crianças durante as atividades acadêmi- cessário, ofereça apoio e ajuda às crianças
xão, vimos acima que o estabelecimento de dificuldades em situações cotidianas, uma vez
cas, propomos algumas sugestões: que demonstrarem dúvidas. Vá retirando
relações afetivas positivas na primeira infân- que não aprende a tomar iniciativas nem a so-
este apoio gradualmente, até que a criança
cia pode contribuir positivamente para que as lucionar problemas, desiste facilmente diante
Organizar atividades em etapas suces- possa fazer a atividade sozinha. Isto a ajudará
crianças construam autoconfiança e autono- do fracasso, torna-se dependente dos outros
sivas e diferentes níveis de dificuldade, a não criar dependência do adulto para fazer
mia, e consequentemente tenham maior capa- e desenvolve, entre outros, sentimentos de
permitindo que crianças em diferentes suas atividades, mas evitará que se sinta des-
cidade para tomar iniciativas, resolver proble- medo, de ansiedade, de insegurança e fobias.
estágios possam responder e aprender. Este motivada diante da dificuldade da tarefa.
mas e ser independe dos outros.
é um modo de aumentar a probabilidade das
Desta forma, reforçamos o quanto o educador
crianças realizarem as atividades correta- Ouvir a criança, acolher as suas pergun-
Por outro lado, a criança que não recebe su- pode tornar-se um importante mediador, con-
mente, sentindo-se motivadas. Isso facilitará tas e incentivar que exponha argumentos
portes consistentes de seus cuidadores e ain- tribuindo para o bom desenvolvimento emo-
e aumentará o interesse pela aprendizagem. e opiniões. Este é o primeiro passo para
da é constantemente impedida de apresentar cional de seus alunos na primeira infância

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Promovendo o
desenvolvimento
emocional:
limites, regras
e incentivo
Nos nossos temas anteriores já falamos so- ser cumpridas e que alguns comportamentos
bre a birra, o choro e a agressividade. Vimos não são aceitáveis pelos adultos. No entan-
que estes comportamentos estão relaciona- to, como vimos em outras apostilas, nessa
dos ao autocontrole, que é a habilidade para idade as crianças ainda não desenvolveram
lidar com os sentimentos e deter o impulso totalmente a habilidade de interromper ou
de fazer algo que queremos, mas que não é inibir um comportamento que não é permi-
permitido ou adequado em um determinado tido. Citaremos como exemplo uma situação
momento. Para que a criança possa seguir as na qual uma criança, em torno dos dois anos
regras e entender os limites, ela precisa de- de idade, quer brincar com o brinquedo do
senvolver o autocontrole. É importante que seu colega. Os dois estão sentados próximos
os pais, os cuidadores e os educadores traba- e ela repentinamente pega o brinquedo dele,
lhem esta habilidade com cuidado, com ativi- que naturalmente tenta pegá-lo de volta. Em
dades simples que podem fazer a diferença seguida, ela bate no seu colega, e os dois
na vida da criança. começam a chorar. Diante dessa situação, a
professora pode estabelecer um diálogo com
A partir dos dois ou três anos a criança come- as duas crianças para que as mesmas pensem
ça a entender que existem regras que devem sobre o que aconteceu, refletindo sobre suas

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ações. Ao mediar o ocorrido, vale ajudar as Os comportamentos sociais de uma criança, preender que aquilo não foi bom, e oferecer são valorizados ou passam despercebidos pe-
crianças a avaliarem se agiram corretamen- assim como as outras áreas do seu desenvol- a ela possibilidades para que em uma próxima los adultos. Devemos sempre buscar validar
te, permitindo que repensem a situação, e vimento, encontram-se em constante proces- situação, ela se comporte de outra maneira. as atitudes das crianças e mostrar para elas
reflitam sobre como poderiam ter resolvido so de mudança, adaptações e readaptações. quando a atitude é condizente ao contexto e/
o ocorrido de outra maneira. Nessa idade, é Portanto, as crianças recebem e lidam com as Quando uma criança recebe um elogio por ter ou quando ela pode aprimorar sua forma de
muito importante estabelecer e explicar para demandas de interação social de diversas ma- realizado bem determinada tarefa, ela costu- agir, por estar sendo pouco habilidosa. Falar
as crianças as regras que devem ser seguidas neiras e a partir desta interação multifatorial ma sentir-se satisfeita e valorizada pela sua de recompensa ou de reforço é uma maneira
e isto pode e deve ser realizado em parceria desenvolvem características de personalida- conquista e se motiva a realizá-la de novo. de compreender como podemos aprimorar o
com os adultos que interagem com as mes- de que, com o passar dos anos, vão se mol- Em contrapartida, inúmeros estudos têm nos comportamento, sinalizando para a criança o
mas de maneira que elas sejam encorajadas a dando. Existem crianças mais tímidas, mais mostrado que punir as crianças quando elas que se espera dela. Por isto alguns teóricos
reconhecer quando não conseguiram se com- quietas, que evitam se expor em sala de aula. fizeram algo de errado, não necessariamente da psicologia e educação defendem a ideia
portar de acordo com os combinados. Em contrapartida, também tem àquelas que as ajudará a agir diferente em uma próxima de reforçar positivamente a criança quando
se caracterizam por apresentar um compor- situação. Os elogios e recompensas preci- ela atinge o objetivo da tarefa: para que ela
Conhecer as regras apropriadas para sua ida- tamento mais agitado, impulsivo, e que são sam ser usados com o objetivo de permitir perceba o sinal do adulto, compreenda que
de permite que a criança saiba o que é espe- crianças mais ativas em sala de aula, que se que a criança experimente situações e lide aquilo é aceito e que aquela era a expectativa
rado dela, e isso normalmente, a deixa mais expõe mais em relação ao grupo. com suas emoções de uma maneira positiva. do adulto em relação a ela.
segura. Estes são os ingredientes essenciais É importante valorizar o esforço, e ajuda-la a
para um desenvolvimento social e emocional Ao estabelecermos limites e regras, devemos reconhecer o progresso obtido. Quando as Na apostila anterior, falamos sobre as birras,
saudável, pois é por meio das interações com levar em conta o perfil da criança, e quando crianças entendem o que está sendo exigido que são comportamentos comummente ob-
seus pais e educadores que a criança apren- possível, compreender como algumas de suas dela, e até onde deve chegar, fica menos pro- servados em crianças. Diante de uma situação
de o que é certo e errado, o que é esperado experiências cotidianas (nos vários ambientes pensa a desanimar e a desistir. de birra, o primeiro passo é tentar comumen-
dela, quais são as regras da sua família e da pelos quais circula) podem estar relaciona- te compreender o que está ocasionando tal
sociedade em geral. A criança necessita de das aos padrões que apresenta. Em muitas No nosso dia-a-dia é comum que pais e edu- comportamento. Lembremos que é comum
um meio social, do contato com outras crian- situações, seu comportamento pode ser um cadores chamem mais atenção dos compor- que as crianças apresentem maior agitação
ças e adultos, que se tornam exemplos. Caso reflexo das situações às quais está exposta, tamentos inabilidosos, ou preocupantes da motora ou inquietação na primeira infância,
seja privada deste contato, terá muito mais bem como das respostas que ela recebe do criança, do que reconheçam e elogiem os pois esta também é uma forma dela expres-
dificuldade para desenvolver e compreender ambiente (por exemplo, de cuidados, afetos, comportamentos habilidosos. Chamamos de sar como está se sentindo. Por exemplo, um
esses comportamentos sociais. elogios, recompensas, negligências, punições, ‘inabilidoso’ aquele comportamento que não bebê usa o corpo, choro e movimentos para
etc.). Estes fatores, geralmente se relacionam favorece a criança, não a ajuda a atingir a sua expressar um incomodo, e nem sempre isto
Como temos visto, o comportamento de uma e influenciam a intensidade e a frequência dos expectativa, podendo ter consequências pre- é birra. Uma criança pequena, que ainda não
criança pode ser influenciado por diversos comportamentos apresentados pela criança. judiciais para seu desenvolvimento e/ou à sua consegue verbalizar algum desconforto in-
fatores, e isto também tem a ver com as rela- interação social. terno (por exemplo: cansaço, sono, dor, irri-
ções que ela vai estabelecendo nos primeiros Isso quer dizer que, geralmente as conse- tação, tristeza, medo, etc.), possivelmente faz
anos de vida. São alguns exemplos, fatores quências que uma criança recebe após ma- Os comportamentos inabilidosos incomo- o mesmo e age com maior inquietação e às
como seu histórico familiar, sua origem e as nifestar certos comportamentos contribuem dam, portanto costumamos querer acabar vezes, irritação, pois não consegue nomear
características da sua família, os hábitos, pa- para que aqueles comportamentos aconte- com eles logo. Suas reações podem gerar seu desconforto. Tais comportamentos ten-
drões de relacionamento (afetivos ou agressi- çam novamente. Em outras palavras, quando consequências imediatas, como a agressivida- dem a diminuir com a idade e à medida que
vos, dentre outros), problemas interpessoais uma criança faz algo bom ou esperado, deve- de e indisciplina, e, ainda, problemas futuros a criança aprimora seu repertório simbólico e
e instabilidade emocional; ou ainda, variáveis mos demonstrar a ela que gostamos daquilo, de ajustamento social, solidão. Por exemplo, de linguagem, torna-se capaz de reconhecer
atuais, que dizem respeito à forma como os por exemplo, elogiando-a, sorrindo, dando- uma criança que agride a si e aos outros com e verbalizar tais desconfortos.
adultos interagem com a criança, como lidam -lhe um beijo e isso faz com que ela, em ou- frequência, acaba afastando seus colegas
com diferentes situações, suas (in)constân- tras circunstancias, tenda a repetir este mes- e a depender do contexto, pode se colocar Contudo, como já vimos, existem situações nas
cias nos combinados que estabelecem, a saú- mo comportamento. Por outro lado, quando em situação de risco. Já os comportamentos quais a criança faz birra para desafiar o adulto
de e segurança da criança, risco a situações ela tem dificuldade em se comportar de uma habilidosos socialmente parecem fazer parte ou outros pares. Em algumas circunstâncias a
de negligência, etc. maneira adequada, devemos ajudá-la a com- da ‘obrigação’ da criança e muitas vezes, não birra pode ser consequência de uma falta de

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limite.. nestes casos, é importante que os res- o que deseja. É possível que logo no primeiro Crie momentos para conversar com as crianças reflita sobre quais podem ser os riscos gerados
ponsáveis mantenham-se firmes e não cedam momento, quando a criança percebe que está sobre os combinados e regras coletivas. Esco- ao não serem cumpridas. Na escola, isto pode
“pelo cansaço”. Diante destes contextos, é sendo ignorada, que ela aumente a birra e ten- lha um momento calmo, e explique-lhes clara- ocorrer no início do ano e no retorno das fé-
aconselhável tentar conversar com a criança te chamar a sua atenção, fazendo mais coisas mente e sem ameaças. Verifique se compreen- rias, para que as crianças se recordem que na-
e nomear para ela o que está ocorrendo. Caso erradas, mas quando nos mantemos firmes, ela dem o porquê das regras e quando necessário, quele ambiente existem normas.
ela persista, vale explicar que vai aguardá-la se percebe que agindo assim não conseguirá re-
acalmar, e quando necessário, redirecione o solver o problema. Esta atitude do adulto vai
foco para outra atividade, para que ela se acal- reforçando à ela as regras e limites, mostrando
me. Ao retirar a sua atenção daquela situação, que aquele comportamento não era o espera-

O que fazer quando


a tendência é que ela deixe de apresentar esse do e que existem outras formas de expressar o
comportamento, pois percebe que não obterá que se sente e o que se quer.

as regras forem desrespeitadas


• Você pode lembrar a criança de que uma regra • Quando consequências são utilizadas pelos
rompimentos das regras ou pelos comportamen-
Esteja atento aos comportamentos da criança. Às foi quebrada, ou que ela não se compor tou
tos não adequados, estamos mostrando para a
dentro dos combinados, agindo de forma ina-
IMPORTANTE: vezes uma resposta inadequada pode ser um sinal dequada. Neste contexto, vale rever o ocorrido, criança que ela é responsável pelo seu compor-
esclarecer como ela compreendeu a situação e tamento.
de que algo não está bem. Se ela chora demais
descrevendo qual será a consequência, mas sem
e tem medo das pessoas, verifique o que pode usar um tom ameaçador. • Evite as discussões ou os confrontos com a
criança, isto pode ensiná-la a se comportar de
estar acontecendo. Em situações como estas, o maneira agressiva.
comportamento não deve ser ignorado e a criança
deve ser acolhida e cuidada.

A retirada dos priv


ilégios
Na escola é importante estabelecer as princi-
pais regras e combinados em conjunto com a
equipe de docentes, para que todos possam
discutir sobre as condutas que serão adotadas
em situações mais críticas. Estabelecer uma • Uma forma de conseq
uência é a retirada do
rotina diária e pequenos combinados também Esta é uma consequê s privilégios. • O privilégio deve ser
ncia segura e que te
ajuda a criança a ficar menos ansiosa e a ter IMPORTANTE: tivos, e consiste em
ça de algo que ela go
privar, temporariam
m efe itos posi-
ente, a crian-
to ter ocorrido. Faze
retirado logo após o
r ameaças e/ou prom
comportamen-
eter a retirada
clareza do que se espera dela. Por exemplo: ste ou deseje. No en de privilégios para o
privação deve ser te tanto, esta futuro (por exemplo
mporária e deve esta não poderá usar esse , “amanhã você
Os adultos também devem novamente assim qu
e este combinado se
r disponível
de espaço de tempo
lápis”) fará com que
e dificultará a reflexã
haja um gran-
encerra. o
• Ao chegar colocar as mochilas cumprir as regras e dar • Na primeira vez que
uma vez que esses co
nceitos ainda são mu
da criança,
ito abstratos
em determinado local; ocorrer, você deve ex para a criança na ida
exemplo para a criança. ça que aquilo faz pa
rte da regra, se ocor
plicar à crian- de pré-escolar.
re r outra vez, •
• Na hora de dormir, tirar os sapatos; Se a criança não pode certifique-se de que
ela entendeu o comb Não ameace tirar um
privilégio e não cump
se é necessário dar no inado e avalie ra. Evite se
vas explicações. exaltar ou dar bronca
• Lavar as mãos antes de comer; gritar, o adulto também calma, sendo breve
s muito extensas e te
e pontual. Não fale
nte manter a
mu ito , apenas
• Não gritar com os colegas. não grita. aja. O sermão só os
deixará chateados.

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d e fo rm a in d is criminada
r u m te m p o” n ã o pode ser feita ça e fazer com
té c n ica d e “D a d e m a is a c ri a n
A
q u e n te ), p o is is to pode frustrar le v a n d o -a a d e senvolver
(muito fre u e recompensada,
e s e s in ta m a is p u n id a d o q
b a ix a n d o a s u a autoestima
q u re
to s n e g a ti vo s s obre si mesma, o é a d u ração/período
e nti m e n s id e ra d
s
va n d o -a . O u tr o fator a ser con e a c o rd o com a idade
e d e s m o ti e e s ta r d
q u e fic a rá re fl etindo. Isso dev e s ta b e le cer o tempo
e te m p o o d ic a
d
a . A lg u n s e s p e c ialistas dão com la te m 2 anos, ficará 2
d a c ri a n ç p lo , s e e
e n a id a d e d a c riança, por exem
com bas ra se acalmar.
n o c a n ti n h o p a
minutos

ATENÇÃO:
cia deve
Nenhuma consequên
essidades básicas
comprometer as nec
limentação,
da criança, como a a
e, o afeto, etc.
a educação, a higien

“Dando um tempo”
• Outra estratégia de disciplina para estabelecer • Neste momento, você pode recordar por
limites é “dar um tempo” para a criança, o que que ela estava lá e elogia-la pelo esforço
significa retirá-la de um ambiente legal e deixá- que fez para ficar quietinha. Após o período
la em um cantinho até que ela se acalme. Com estipulado, a criança deve retornar às suas
esta atitude, a criança aprenderá novamente atividades normais e cotidianas, até mesmo
que o seu comportamento não adequado tem aquela que foi interrompida.
consequências.
• Quando um privilégio é retirado por um
• Explique à criança que quando ela estiver “dando período longo (por exemplo, ficar sem o
um tempo” não pode conversar com ninguém e computador), corre-se o risco da criança perder
deverá tentar se acalmar. o interesse por aquela atividade e o efeito da
consequência se perde.
• Depois de alguns minutos e, depois que a criança
se acalmar, vá até ela e diga-lhe que já pode sair.

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Lidando com os
comportamentos desafiadores
Seja firme. A firmeza no estabelecimento das regras é a chave para ajudar
Procure manter a calma, quanto mais calmo você estiver, mais calma a criança a fazer boas escolhas. Se toda vez que ela atirar um brinquedo e

1 ficará a criança. A criança precisa que você esteja no controle quando ela
o está perdendo.
7 este for retirado dela, ela aprenderá rapidamente a não atirar brinquedos.
Agora, se as regras sempre mudam, é difícil para a criança pequena
entender que as regras são “reais”.
Tente uma distração. Não se deixe contaminar pelos gritos e os chutes,
tente mudar o foco e crie uma distração alternativa, fazendo algo que a Se a criança tem que esperar a sua vez, dê ajuda visual enquanto ela

2 criança não está esperando. Pergunte-lhe, enquanto ela está nervosa e


gritando, se ela quer jogar com você ou te ajudar a preparar a próxima
atividade ou, ainda, mude o foco propondo que olhe um lindo pássaro pela
8
espera. Utilize cronômetros, ou marque o tempo pintando os quartos de
um relógio de papel, para que ela tenha um auxílio concreto de quanto
deve esperar. Isto a ajuda a sentir-se no controle e a lidar melhor com a
janela ou, então, apenas vá até ela e lhe dê um grande “abraço de urso”. situação e/ou a frustração.

Sugira à criança “dar um tempo”. Muitas crianças se acalmam Observe os sinais do comportamento da criança. Às vezes é possível
rapidamente quando podem ser elas mesmas em um local seguro. Isto notar quando ela está prestes a perder o controle. Antecipar essas

3
não é uma punição, mas sim uma maneira da criança se acalmar. Você
pode nomear esse local seguro e calmo como sendo um “cantinho
aconchegante”. Este pode ter travesseiros, almofadas, bichos de pelúcia,
9 situações pode até ajudá-la a prevenir comportamentos de difícil controle.
Por exemplo, se você percebe que uma criança tem dificuldades com
transições, como terminar o almoço e em seguida dormir, você pode avisá-
livros e brinquedos seguros. Quando a criança estiver neste espaço, diga- la com antecedência (por exemplo, 5 minutos antes).
lhe que ela que fez um bom trabalho para procurar se acalmar.
Dê opções que acabem com o mau comportamento. Se uma criança não
Converse sobre o que ocorreu e a solução que ela utilizou. “Você está quer dividir a bola, diga-lhe: “você tem duas opções, dividir, jogar junto

4 realmente nervoso e bateu no seu colega. É normal ficar nervoso,


mas, na nossa escola, nós não batemos ou nos machucamos uns aos
10 com o seu amigo ou guardar a bola”. Mantenha o seu tom de voz positivo
e no mesmo nível (altura) da criança. Isto a ajuda a compreender que ela
outros. Bater machuca.” tem escolhas e que cada escolha tem uma consequência.

Ajude a criança a pensar nas diferentes formas de resolver a situação em Procure formas de ajudar a criança a praticar o autocontrole. Utilize jogos

5 uma próxima vez. Quando necessário, proponha algumas alternativas


do que poderia fazer, por exemplo: “vamos dar ao seu colega algumas
11 como rolar uma bola para frente e para traz, pois isto exige da criança
esperar e controlar os seus impulsos.
canecas dele para que ele brinque, assim ele não bagunçará as suas.”
Pare e espere. Quando a criança está fazendo uma birra, a não ser que ela
Sugira formas de lidar com as emoções fortes. Quando uma criança esteja em perigo, pare por um momento e pense a respeito: “por que ela
está realmente nervosa, sugira que ela use o corpo (por exemplo: pule, está fazendo isto? Será que está cansada, com fome, com medo, nervosa...

6 pinte um desenho com cores fortes) ou expresse verbalmente o que está


sentindo ou, então proponha algo que você considere apropriado para seu
12 e por quê? Como eu posso ajudá-la a lidar com estes sentimentos? O que eu
quero que ela aprenda com esta situação? O que estou sentido e como estou
perfil. Ensine a criança que há formas saudáveis, e que não machucam, reagindo?” Dar um tempo e refletir sobre o que está acontecendo com você e
para expressar seus sentimentos. com a criança irá ajudá-lo a responder de maneira calma e efetiva.

{ 20 | Desenvolvimento emocional e comportamento II | 2016 Desenvolvimento emocional e comportamento II | 2016 | 21 }


Referências bibliográfi Sobre nós
cas
Este material é resultado do projeto “Desenvolvimento de um Programa de Forma-
GUILHARDI, H.J. Au ção em Desenvolvimento Cognitivo para Profissionais da Educação Infantil: o mode-
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campinas.com. br/pdf mpinas. Disponível em de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), da Fundação Maria Cecília
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WILLIANS, L. C. O., M
ALDONADO, D. P. A. de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE) – integraram o projeto,
dos seus filhos – Proje , AR AUJO, E. A. C. –
to Parceria módulo 2. Educação Positiva visando aprimorar seu conteúdo e ampliar as perspectivas de atuação para outros
Carlos – Departamen - Cartilha Universida
to de Psicologia 2008 de Federal de São Estados do país.
.
O Mundo da Criança
- Guia de pais e profes
S. A.,1988. sores – World Book.19 O projeto, agora denominado Projeto Pela Primeira Infância, é um conjunto de ações
87 – Editora Delta
de pesquisa e de formação de profissionais da Educação Infantil. Ele foi criado tendo
por base o fato, já apontado por diversas pesquisas, de que as principais demandas
formativas dos profissionais da educação infantil se referem à sua necessidade de
uma compreensão, mais adequada e abrangente, das teorias e das bases do desen-
volvimento cognitivo, socioafetivo e comportamental da criança.

Além disso, também é consenso na comunidade científica, o reconhecimento da im-


portância de uma intervenção adequada na primeira infância (inclusive no ambiente
escolar) para um desenvolvimento infantil pleno e saudável.

Links úteis
Assim, faz parte do Projeto Pela Primeira Infância, um ciclo de debates teóricos in-
titulado: “Formação continuada em Desenvolvimento Infantil, com base nas neuro-
ciências, para profissionais da Educação Infantil” – constituído por 10 encontros,
nos quais há a disponibilização de material apostilado. Após a participação em todo
• http://www.zerotothree.org/child-development/social-emotional-development/self- o ciclo de debates, são desenvolvidas discussões práticas para a implementação de
-control- 24-36-months-1.html estratégias de estimulação do desenvolvimento da criança na primeira infância.

• http://www.radardaprimeirainfancia.org.br/como-lidar-com-agressividade-das-crian-
Nós acreditamos que um programa desta natureza deve incluir material estruturado
cas- pequenas/
e formação continuada, com intenso diálogo com aqueles envolvidos com a criança
(famílias, comunidades, profissionais da educação e da saúde).
Apoio:

Realização:

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