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Teorico I
Teorico I
Introdução à Psicofarmacologia
Revisão Textual:
Aline Gonçalves
Introdução à Psicofarmacologia
• Introdução;
• Farmacocinética;
• Farmacodinâmica.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender as propriedades das medicações, o que o corpo faz com a medicação e o que
a medicação faz com o corpo.
UNIDADE Introdução à Psicofarmacologia
Introdução
A psicofarmacologia é o estudo de como substâncias interagem no organismo por
meio dos processos químicos, podendo gerar um efeito terapêutico benéfico para o
paciente, ou mesmo efeitos tóxicos (KATZUNG; TREVOR, 2017). Phármakon é a pa-
lavra grega que designa a ciência dos medicamentos; inicialmente considera que essa
substância pode ser benéfica ou maléfica, curar ou envenenar, e é desse termo original
que derivam palavras como farmacologia, farmacodinâmica, farmacodependência, far-
macoterapia e tantas outras (CHANTRAINE, 1984).
A farmacologia, portanto, centra-se no estudo do fármaco, que é a substância utiliza-
da para alteração no organismo, e a psicofarmacologia, por sua vez, pretende compre-
ender a atuação desse fármaco sobre o funcionamento cognitivo, emocional e compor-
tamental do indivíduo.
Desse modo, é essencial entender os componentes da farmacologia, que são a Far-
macocinética e a Farmacodinâmica.
FARMACODINÂMICA
Atividade
FÁRMACO ORGANISMO
FARMACOCINÉTICA
ADME
Farmacocinética
É a área específica da farmacologia que se ocupa do estudo das etapas que o fár-
maco atravessa desde a administração até sua chegada ao local de ação no organismo.
Essas etapas são a Absorção, Distribuição, Metabolismo (biotransformação) e Excreção
(ADME). Assim, a farmacocinética envolve o estudo e a caracterização dos processos
ADME e sua relação com efeitos terapêuticos e tóxicos das substâncias no organismo do
sujeito (BRUM, 2018).
O primeiro aspecto a ser considerado é o transporte da substância através das mem-
branas celulares, que pode ser realizado com ação local ou com ação sistêmica. Nos
fármacos de ação local, temos aqueles administrados diretamente no local onde deverá
produzir o efeito terapêutico, por exemplo, preparações para doenças de pele.
Por sua vez, os fármacos de ação sistêmica necessitam entrar na corrente sanguínea
para atingir o local específico de ação, por exemplo, um comprimido ingerido para dor
de cabeça precisa primeiro ser absorvido na corrente sanguínea para que o princípio
ativo chegue ao local de ação na cabeça.
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Você Sabia?
Os antidepressivos são fármacos de ação sistêmica, uma vez que são administrados oral-
mente, absorvidos pelo trato gastrointestinal, a partir daí seguem pela corrente san-
guínea e são distribuídos ao organismo, chegando, assim, ao sistema nervoso central,
provocando o efeito esperado.
Por outro lado, é importante destacar que o efeito de uma substância no organismo
está diretamente relacionado à quantidade do fármaco que é absorvida e a concentração
dele que chega até o local de ação, bem como ao tempo que essa substância permanece
no organismo; isso nomeamos de biodisponibilidade (BRUM, 2018).
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UNIDADE Introdução à Psicofarmacologia
Absorção
Especifica o processo de entrada da substância no organismo. Após administração, o
fármaco deve ser transportado pela circulação para seu local de ação, para isso é neces-
sário ser absorvido do seu local de administração (YELLEPEDDI, 2017).
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• Via de ingestão oral: a absorção tem bastante variabilidade, dependendo de inúme-
ros fatores relacionados à dosagem e ao organismo, sua utilidade é principalmente
pela economia e segurança na administração, contudo sua eficácia é dependente da
adesão do paciente, e a biodisponibilidade nem sempre é eficiente (BRUM, 2018).
Importante!
Quando a absorção do fármaco é feita pela via gastrointestinal, pode sofrer impacto de outros
medicamentos, além de interferência de nutrientes. Assim, é importante considerar o tipo de
dieta e alimentação que pode aumentar, diminuir ou retardar a absorção do princípio ativo.
Distribuição
É o processo de passagem da substância da corrente sanguínea para as células dos
tecidos. Os tecidos mais vascularizados, que são rins, fígado e coração, recebem a maior
quantidade do fármaco, já os menos vascularizados, pele, tecido adiposo e cartilagem,
são os que recebem menor quantidade de droga.
A distribuição de uma substância ocorre tanto pelo sistema circulatório quanto pelo siste-
ma linfático. O fármaco deve se deslocar e atravessar barreiras, tais como paredes dos vasos
capilares e das membranas celulares (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2016).
Importante!
Determinadas patologias podem interferir no volume de distribuição, é o que pode ser
observado, por exemplo, quando um paciente com insuficiência cardíaca recebe lidoca-
ína, o número de efeitos colaterais costuma ser mais elevado em função do aumento da
concentração no plasma.
Metabolismo ou biotransformação
É a transformação química pela qual o fármaco passa para que se torne mais facil-
mente excretado pelo organismo. Esse processo tem por objetivo tornar mais rápida a
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retirada do fármaco do corpo, uma vez que são reconhecidos como produtos estranhos
ao organismo. Nesse processo, o principal órgão é o fígado, por sua vez, qualquer
patologia hepática pode causar dificuldade para a eliminação dessas substâncias, como
no caso dos pacientes dependentes alcoólicos.
Além disso, devem-se observar alguns fatores que podem interferir na metabolização
dos fármacos, tais como raça e etnia, dieta e ambiente, idade e gênero, bem como pos-
síveis interações medicamentosas.
Excreção ou eliminação
O processo de eliminação das substâncias farmacológicas se dá majoritariamente
por excreção renal ou biliar. Na excreção renal, tem-se o mecanismo mais comum de
eliminação da medicação e relaciona-se com a natureza hidrofílica do fármaco. A ex-
creção biliar, por sua vez, é menor, e muitos fármacos de administração oral podem ser
eliminados por via fecal, além disso, outras vias de eliminação podem ser suor, saliva,
cabelo e o leite materno.
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Importante!
Outros conceitos importantes na farmacocinética são:
• Depuração ou Clearance (CL): refere-se à quantidade da substância que foi meta-
bolizada no organismo;
• Volume de distribuição (Vd): informa a quantidade total de um fármaco no organismo;
• Meia vida de eliminação (t1/2): indica o tempo necessário para que a concentra-
ção da substância decline.
Essas propriedades se relacionam com as características físico-químicas das substâncias
e devem ser consideradas pelo médico na prescrição de um tratamento medicamentoso.
Farmacodinâmica
É a área da farmacologia responsável pelo estudo da relação entre concentração
de uma substância em seu local de ação e a intensidade dos efeitos obtidos por esse
fármaco. A farmacodinâmica investiga os locais de ação, mecanismos de ação e efeito
da substância no organismo, além da relação entre a dose do fármaco e o impacto dos
efeitos e possíveis variações de resposta de um fármaco (SILVA, 2010).
Receptor é qualquer molécula com a qual um fármaco irá interagir e produzir uma resposta
biológica (BRUM, 2018).
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Agonista Antagonista
Receptor
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Além disso, os fármacos agonistas podem ser agrupados como agonistas plenos,
parciais ou inversos. Os agonistas plenos são aqueles que produzem a resposta máxi-
ma em um local de ação. Já os agonistas parciais demonstram eficácia parcial mesmo
quando usados com concentração elevada. E os agonistas inversos são os fármacos que
regulam o receptor em um estado inativo (BRUM, 2018).
Agonista total
Agonista parcial
Agonista inverso
Figura 7 – Agonistas
Por sua vez, os fármacos antagonistas atuam bloqueando o efeito de uma substância
específica, ou seja, bloqueiam ou minimizam a ação de substâncias por meio da ligação
aos receptores, inativando-os e impedindo a ligação de outro fármaco. Um exemplo
seria dizer que esse fármaco funciona como uma chave na fechadura, impedindo a
inserção de outra chave.
Importante!
Quando um fármaco é administrado de forma prolongada, ele pode produzir uma des-
sensibilização dos receptores, mesmo atuando como agonista, o que exigirá ajustes na
dosagem da medicação para atingir a eficácia desejada no tratamento.
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Por outro lado, devemos considerar aspectos como raça, etnia e sexo dos pacientes,
que podem interferir em medicações como antipsicóticos, benzodiazepínicos, antide-
pressivos, anti-hipertensivos e outros medicamentos cardiovasculares, atropina e analgé-
sicos. Quanto ao sexo, por exemplo, mulheres podem necessitar de menor dose de um
fármaco quando em comparação ao padrão de homens, isso ocorre porque muitas vezes
uma mulher será menor fisicamente que um homem, apresentando razão gordura-água
diferente dos homens.
Além disso, há outros fatores que devem ser levados em conta, como
ciclo menstrual, gravidez, lactação, menopausa e uso de anticoncepcio-
nais. Existem inúmeros estudos clínicos mostrando as diferenças de efei-
tos dos fármacos no homem e na mulher, especialmente com antipsicó-
ticos, antidepressivos, ansiolíticos e analgésicos. (BRUM, 2018, p. 99)
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Figura 9 – Administração de fármacos
Fonte: Pixabay
Em Síntese
Os princípios básicos da farmacologia nos orientam sobre como essas substâncias atu-
am e interagem com o organismo e como o organismo responde e é alterado por essas
substâncias. Compreender esses princípios auxilia o psicólogo a ter um melhor domínio
sobre as queixas trazidas pelo seu paciente e, desse modo, propor as melhores estraté-
gias de atendimento.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Farmacologia: texto e atlas
LÜLLMANN, H.; MOHR, K.; HEIN, L. Farmacologia: texto e atlas. 7. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2017.
Introdução à farmacocinética e à farmacodinâmica: as bases quantitativas da terapia farmacológica
TOZER, T. N.; ROWLAND, M. Introdução à farmacocinética e à farmacodinâ-
mica: as bases quantitativas da terapia farmacológica. Porto Alegre: Artmed, 2009.
Vídeos
Farmacocinética em 15 Minutos! – Farmacologia
https://youtu.be/rvUKv0D9cdY
Farmacodinâmica em 21 minutos! – Farmacologia
https://youtu.be/6Zh54NitXPs
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Referências
BRUM, L. F. da S. Farmacologia básica. Porto Alegre: SAGAH, 2018.
FORD, S. M. Farmacologia clínica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.
KATZUNG, B. G.; TREVOR, A. J. Farmacologia básica e clínica. 13. ed. Porto Alegre:
AMGH, 2017.
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